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No episódio desta quarta-feira (24) do programa "Na Real", a bancada mergulhou na face oculta do mercado de trabalho. Com a jornalista e especialista em comunicação Izabella Camargo, que superou um burnout, e a consultora de RH Andréa Krug, foi discutido o motivo do trabalho se tornar uma prisão, o peso da demissão na vida profissional, além da pessoal. Como líderes e empresas podem criar um ambiente que não "enlouqueça" e nem "adoeça" os funcionários?

Confira o Na Real na íntegra em:
https://youtube.com/live/XrqrSEPGlRA?feature=share

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Transcrição
00:00Tá muito em alta, né? A gente sabe que mexe.
00:04Uma demissão, eu falo, no meu caso, passei por uma recentemente, né?
00:08Que foi, parece que eu tinha sido rejeitada num casamento.
00:12Eu tava nove anos numa empresa, num sonho, né?
00:16Porque vim de lá de Belém do Pará, tive as oportunidades aqui, cresci profissionalmente.
00:20A empresa me deu todas essas possibilidades e eu também trabalhei muito, né?
00:24E aí, de repente, de uma hora pra outra, a empresa para de te amar.
00:27É como se fosse um casamento interrompido, Isa.
00:31Não sei se você tá se vendo um pouco na minha história.
00:35Mas, assim, antes de interromper o casamento, tem sinais.
00:38Sinais.
00:39Você começa a adoecer, você começa a tomar remédio, você começa a se sentir insuficiente
00:43porque te trocam em um ano, eu fiquei em cinco programas diferentes.
00:47Então, assim, foi uma coisa que eu comecei a falar, tem alguma coisa errada.
00:52Será que é comigo?
00:52Mas aí eu te pergunto, você percebia sinais do ambiente ou só os seus sinais?
00:58Não, do ambiente.
00:58Do ambiente.
00:59Do ambiente.
01:00De muita gente que também, não era só eu que passava, né?
01:02Por isso, muita gente passava também.
01:04Só que aquela história, né?
01:06Você tá lá, você tá querendo o melhor, você tá indo, tá indo.
01:08Até que se sente que, hum, eles vão fazer alguma coisa.
01:12Eu já sentia.
01:12Aí meu marido falava, não, você não vai se...
01:14Imagina que você vai ser demitido.
01:15E aí, realmente, eu carregava tanto a empresa, assim, nossa, minha família, minha casa, né?
01:20E tal.
01:21E aí, de repente, cai tudo por terra.
01:24Isa, me conta um pouco se você também, porque televisão é um sonho, a gente sabe, né?
01:31Tem todo um negócio envolvido.
01:33A gente se apaixona mesmo pelo jornalismo, se apaixona pelo ao vivo.
01:37Ô, Márcia.
01:37Pra você, foi meio assim também?
01:39Foi assim um pouco mais até, né?
01:41Na verdade, todos nós que somos idealistas, né?
01:46Todos nós que somos idealistas, a gente tem uma expectativa muito grande daquilo que a gente faz.
01:52E como nós vamos contribuir, como é que nós vamos trabalhar em equipe.
01:54E aí, com isso, a gente vai trabalhando até muitas vezes doente.
01:57Quantas vezes você foi trabalhar sem condições, mas é a maquiagem no salva, né?
02:00Exato.
02:02Enfim, então, começa por aí.
02:04Acho que todo mundo que é idealista e ama muito o que faz, acaba se negligenciando.
02:08Então, por isso que eu te perguntei, o ambiente tinha sinais?
02:12Porque, no meu caso, o ambiente não tinha nenhum sinal, pelo contrário, mas eu estava
02:16negligenciando os meus sinais.
02:18Então, eu era especialista em comunicação, em uma das principais emissoras de comunicação,
02:23mas eu adoeci por não me comunicar comigo.
02:25Então, o que eu posso deixar aqui já na largada, pra quem está nos assistindo,
02:28é que você pode estar no lugar mais extraordinário que você já imaginou.
02:33Mas se você não se incluir na própria agenda, você não vai dar conta dela.
02:36E aí, nós vamos normalizando o anormal, então nós vamos normalizando muitos problemas
02:44de saúde, aumentando a necessaire de remédios, até que chega um determinado momento que
02:49o seu corpo, no meu caso, ele desliga, ele apaga.
02:52No meu caso, o dado perceptível pelas pessoas foi um esquecimento.
02:57Mas os dados que ninguém estava vendo, era o que estava acontecendo dentro de mim.
03:01Então, visão escura, boca seca, coração acelerado, estômago embrulhado, tudo aquilo
03:06ao mesmo tempo.
03:08Só que ninguém estava vendo.
03:09Naquele momento, então, Márcia, eu descobri que dor que não sangra dói em dobro.
03:13Nós estamos falando de um episódio que aconteceu em 2018, em que eu estava fazendo a previsão
03:17do tempo num dos jornais da manhã e tive um apagão ao vivo.
03:21Saio de licença médica, quando eu volto, eu fui dispensada.
03:23Então, se este comportamento da empresa, que é ilegal, foi ilegal ou não na época,
03:30isso já é muito passado.
03:32Mas, com a minha experiência, Márcia, eu entendi que, quando a gente ama muito o que
03:36faz, a gente tem muito mais chance de se negligenciar.
03:39E você pode até vestir a camisa da empresa, não há problema nenhum disso, desde que você
03:43também vista o seu pijama.
03:45E a gente não se inclui na própria agenda, porque a gente entende que quanto mais melhor,
03:50quanto mais eu fizer, melhor, mais reconhecimento eu vou ter.
03:53E a gente cai na armadilha da competência.
03:55Sim.
03:56E aí, você fez um ótimo trabalho, minha querida.
03:58Dá aqui a mãozinha pra mim.
03:59Então, agora eu vou te dar mais um trabalho.
04:02E aí, você que tá...
04:04Eu saio do Paraná também, você saiu do Pará.
04:06Quando a gente deixa nossas raízes, a gente quer mostrar o nosso melhor.
04:10André, então, acho que aqui eu consigo explicar que, quando você é dispensado,
04:17na minha opinião, é um luto.
04:22Luto é perda de vínculo e é um luto involuntário.
04:26Quando você é dispensado, é um luto involuntário.
04:28Você tá vivendo uma perda de vínculo que você não estava esperando.
04:31Sim.
04:32E aí, mas já já, eu quero falar sobre o luto voluntário.
04:36Que aí é quando nós precisamos somar os sinais externos e internos
04:41e encerrarmos um vínculo que você entende que não é mais funcional.
04:46Só que pra você fazer isso, você tem que estar com a saúde mental muito boa, Márcia.
04:50Porque senão você vai achar que se você sair daquele emprego, você não vai encontrar outro.
04:54É.
04:55Ou que você não vai ter outra recolocação.
04:57Sim.
04:58Então, a saúde mental é fundamental pra você passar por todos esses momentos.
05:03E a gente também trabalha com uma ideia.
05:04Já vou encerrar aqui minha parte.
05:05Que quando a gente entra num trabalho, a gente vai ficar até...
05:09Ai, o resto da vida.
05:10Como os nossos pais falavam, né?
05:12Os tempos mudaram.
05:13É, exatamente.
05:15Você vê que ainda tem profissão que ainda nem existe, que vai ser inventada
05:18e que a gente pode até se reinventar junto.
05:20E o que eu queria aproveitar da fala da Isa pra começar com a Andréia também,
05:22a empresa tem como identificar os sinais sem o trabalhador estar comunicando,
05:30como a Isa falou, tinham sinais que ela não transparecia pela maquiagem, pelos remédios.
05:34Mas a empresa, se tiver um olhar aprofundado, ela consegue ver?
05:38E o que o RH tem que fazer pra que isso seja realmente uma prevenção de uma situação dessa, né?
05:46Alguns sinais, sim, né?
05:47Quando eles são muito aparentes, eles, inclusive, eles começam a...
05:51É o absenteísmo, é o próprio plano de assistência médica começa a ficar sinalizando
05:56que tem muita coisa acontecendo.
05:58Muita consulta, muito exame, mas tem alguns sinais que são muito silenciosos.
06:04E na minha, tanto na minha experiência como uma líder de recursos humanos,
06:08como agora como consultora, eles, esses sinais estão ficando cada vez mais difíceis, né?
06:14Você tá num mundo muito de exposição, de rede social,
06:18esse luto da perda do sobrenome corporativo, ele parece que tá pesando cada vez mais.
06:25Aí as pessoas se colocam no lugar de uma espécie de vitimização.
06:29Ah, eu não tenho escolha, é aqui que eu tenho que ficar.
06:33Elas saem do protagonismo da carreira delas...
06:36E colocam na mão da empresa.
06:37E colocam na mão da empresa e, com maquiagem ou sem maquiagem, escondem os sinais.
06:42Não é Isabela Camargo.
06:43Não.
06:44É Isadu, tal...
06:45Isso, isso.
06:46É a Márcia da...
06:47É isso.
06:48É um outro sobrenome.
06:49Se André, André Krug da onde?
06:51Então, assim, é outro sobrenome que junta, né?
06:54E é um luto quando você perde isso.
06:57A gente não se dá conta de como o trabalho organiza a vida da gente, né?
07:00Cria rotina.
07:01A gente tem dias úteis, como se no final de semana fossem inúteis, né?
07:05É uma coisa assim que eu não consigo nem compreender muito bem.
07:09E aí, de repente, você acorda, o que eu vou fazer?
07:11Cadê minha rotina?
07:12Pra onde eu vou?
07:12Então, assim, eu não quero perder isso.
07:15Cria-se fantasia.
07:17Todo mundo, às vezes, tem...
07:19Eu já vi isso na minha família.
07:20Meu irmão foi demitido e ele achou que ele tava quebrado.
07:23Eu falei, mas quantos anos você tinha de empresa?
07:25Faz as contas, você sabe fazer isso.
07:27Mas é uma coisa tão assim e a pessoa vai, o medo paralisa.
07:32E hoje é muito comum, na minha experiência com líderes, eles me pedem, por favor, me ajuda.
07:38Me dá dica de como é que eu faço pra ver isso no time.
07:42Tem líder muito bem intencionado.
07:44Mas, às vezes, não é fácil.
07:46A própria pessoa esconde mesmo.
07:49Posso contribuir com duas coisas rápidas?
07:51Existem dois sinais que mostram que uma pessoa não está bem.
07:54Isolamento e agressividade.
07:56Porque os outros sinais, a própria pessoa ou o próprio líder fez vista grossa.
08:02Mas quando ela está se isolando ou está mais agressiva, aí é um sinal muito vermelho.
08:07Eu me lembro de ter entrevistado um médico que só se deu conta que estava com a síndrome de burnout
08:11quando ele estava maltratando os pacientes.
08:14Uau!
08:14Ou seja, ele estava agressivo com aqueles que ele estava atendendo todos os dias.
08:20Então, veja só.
08:21Vivemos em um contexto em que nos fortalece o depois você descansa, dormir é perda de tempo, não precisa descansar.
08:28E se você não quiser ter uma fila, querendo o seu lugar, Márcia.
08:30Exato.
08:30E aí já é um assédio institucional.
08:32E aí você vai, então, se negligenciando, tomando cada vez mais remédios, né?
08:37Para dormir, para acordar, achando que tudo isso é normal.
08:40E aí vem uma demissão.
08:42O que a pessoa vai sentir?
08:43Uma traição?
08:44Mas como assim que eu me dediquei tanto?
08:46Mas hoje eu acredito que por todas as informações que nós temos, já é muito possível cada um, então, reconhecer os seus sinais.
08:55Reconhecer quando o ambiente não está mais funcionando e se dar conta de que o mundo é muito maior do que aquilo que você estava achando que não haveria vida após.
09:05E outra coisa, quando você só tem o trabalho e você perde o trabalho, é como se você perdesse a vida.
09:11Então, eu não sabia fazer este equilíbrio.
09:15Eu não valorizava outras áreas da minha vida.
09:17Era só o trabalho.
09:18Porque eu cresci em uma família em que era só trabalho.
09:20Era responsabilidade, comprometimento.
09:23E aí, quando eu perco o trabalho, eu perco a vida, né?
09:27E eu queria também falar sobre, um pouquinho antes que você falou, sobre a questão da empresa.
09:31Por exemplo, você disse que a empresa pode observar esses sinais de agressividade e isolamento.
09:38Eu, como líder, tá...
09:41Desculpa, eu esqueci seu nome.
09:43Fernando.
09:44Fernando.
09:45Eu, como líder, observei esses sinais.
09:47O que eu devo fazer?
09:48Tem algum passo?
09:49Passo a passo, que não é uma receita de bolo, porque cada um é cada um.
09:53Mas existe alguma coisa que o líder possa chegar e acolher, ajudar, para depois passar para uma outra fase, se for uma demissão ou não?
10:00Bom, primeiro, prazer ver falar sobre um tema tão atual e relevante, né?
10:04Obrigado mesmo pelo convite, Márcia.
10:06É um prazer estar aqui com profissionais de tão alto gabarito.
10:09Fernando Moreira, que é especialista em direitos societários.
10:12É, Landré, muito obrigado mesmo por ter essa oportunidade de falar desse tema aí.
10:16É muito atual.
10:18O ambiente de trabalho sadia é uma necessidade, não só no aspecto normativo legal, mas também de gestão.
10:25Você criar um ambiente de trabalho sadio, você acaba por favorecer uma sinergia muito grande,
10:32que gera resultados positivos muito grandes.
10:34Então, o líder hoje, ele tem que ir além das normas, além da lei, para começar a trabalhar uma boa gestão dentro da empresa.
10:45Inclusive, o compliance está lá dentro, não é simplesmente para dizer que tem compliance.
10:50Compliance está lá dentro para criar processos de liderança, inclusive.
10:55Um grande mecanismo do compliance é o comprometimento da alta gestão.
10:58Então, quando a gente fala de comprometimento da alta gestão, eu não estou falando apenas do líder que vai observar a CLT,
11:05que vai observar a advertência, que vai observar a justa causa.
11:08Mas é aquele líder que vai trabalhar, de fato, um ambiente de sinergia.
11:12Que vai favorecer tanto as pessoas físicas ali, quanto as próprias pessoas jurídicas, tanto prestadores de serviço, quanto a própria empresa.
11:21Então, o líder, se ele não perceber essa necessidade de trabalhar ali uma boa gestão,
11:28por mais que ele traga um ambiente legal, normativamente adequado, correto,
11:35ele pode não ter bons resultados.
11:38Então, não só ele deve escalonar dentro da legislação, dar uma advertência antes,
11:45chamar o trabalhador para entender os problemas desse trabalhador,
11:50por que está acontecendo isso, por que o absenteísmo, por que você está faltando,
11:55por que você não está conectando no teletrabalho o que está acontecendo.
11:58Às vezes está faltando alguma ferramenta, às vezes ele está com alguma dor,
12:02às vezes ele não tem uma cadeira adequada.
12:03Então, cabe aí o líder, um diretor de RH, um gestor de RH,
12:08chamar o sujeito e falar, olha, o que está acontecendo?
12:10Vamos conversar.
12:11Isso vai atender não só a legislação, mas vai criar um ambiente de trabalho
12:15em que as pessoas têm orgulho de vestir a camisa.
12:18Em que elas vestem a camisa, são acolhidas e geram benefícios positivos para a empresa.
12:24O melhor trabalhador é esse que entende a filosofia da empresa,
12:28não só cumpre porque foi obrigado,
12:31mas passa a respirar a filosofia da empresa.
12:34E aí, bons mecanismos de compliance que vão transformar a cultura dentro daquela empresa,
12:40fazer com que todos os trabalhadores entendam a cultura organizacional
12:43e incorporem essa cultura, é essencial.
12:46E aí, a gente consegue, de fato,
12:48sair daquele jeitinho brasileiro, do nefasto jeitinho brasileiro,
12:52não o jeitinho bom que é tema de governança,
12:55aquele brasileiro criativo que resolve os problemas,
12:58que dá um jeitinho ali para criar soluções,
13:01que faz o motor à água.
13:03Esse brasileiro é tema de governança corporativa.
13:05A gente precisa ter ele dentro da empresa, ele tem que ser valorizado.
13:07É aquele brasileiro que entende de supção e inovação,
13:10que vai trazer bons debates para dentro da empresa.
13:13O problema é aquele brasileiro do jeitinho
13:15que fura a fila e acha que o errado é quem reclama.
13:17Esse brasileiro, do jeitinho, fragiliza os controles da empresa.
13:23Porque por mais que você tenha bons princípios, bons valores,
13:27bons códigos, boas normas,
13:29ele vai dar um jeitinho de burlar essas normas.
13:31E sempre vai ter alguém assim.
13:32E sempre vai ter.
13:33Na liderança, na gestão e no trabalho.
13:35É esse que eu acho que é um contraponto, né?
13:38Toda moeda tem dois lados.
13:40E aí, assim, não só o meu lado RH,
13:41como o meu lado psicólogo, a Freud explica isso muito bem, gente.
13:45Para todo sádico, tem um masoquista.
13:47A gente também não pode esquecer isso, né?
13:49Eu uma vez até escrevi um artigo, né?
13:51A síndrome de Estocolmo corporativa.
13:53Tem gente que só troca o sequestrador.
13:56Exato.
13:57Tem isso também.
13:58A gente não...
13:59É assim, é isso.
14:01Não estou dizendo que é a maioria.
14:03E acho que a Isabela trouxe aqui um negócio muito importante,
14:06porque o sintoma, ele vai se manifestar nos extremos.
14:10Sempre, né?
14:11Então, esses aspectos todos legais,
14:14eles vêm para dar conta da falta de comunicação.
14:17Já ia falar.
14:18A falta de conversa.
14:19E também sobre confiança.
14:20É isso.
14:21Porque eu acho que o líder que gera confiança no time,
14:24a pessoa vai lá, vai conversar, vai se abrir.
14:26Ele não conversa, como é que ele vai confiar?
14:28Aí tem um tema chamado segurança psicológica.
14:30Isso.
14:31E é o maior tema...
14:34É a melhor coisa que tem hoje em dia.
14:35Desde a década de 90, na verdade,
14:38a engenheira Emma de Monson começou a estudar nos Estados Unidos.
14:41Ela é de Harvard.
14:42Por que as empresas tinham problemas e faliam,
14:45e tinham problemas e cresciam?
14:46E ela chega na questão erro.
14:49Onde o erro é pedagógico, as empresas crescem.
14:53Onde o erro é punitivo, as empresas...
14:54A gente estava falando antes de entrar no ar.
14:56E aí, se não tiver comunicação,
14:59aquilo que poderia ser um baita aprendizado para todo mundo,
15:02acaba sendo uma punição.
15:05Aí fica todo mundo com mais medo.
15:07E aí, olha que curioso.
15:08Nós já sabemos que a competição está em todas as áreas.
15:12Para a gente inovar, eu preciso de criatividade.
15:15Para ter criatividade, eu preciso de diversidade de ideias.
15:18Então, eu preciso ouvir aqueles que pensam diferente de mim.
15:21Só que se eu tenho um ambiente em que a minha opinião não vale,
15:24eu não posso manifestar, eu não posso me expressar,
15:27cadê a criatividade?
15:29Então, os líderes que não se atualizarem
15:31e não compreenderem que o ambiente seguro psicologicamente
15:36é importante, inclusive, para o lugar dele,
15:39está perdendo o negócio, perdendo o dinheiro,
15:41além de perder as pessoas.
15:42Então, ou você...
15:43É assim, você tem que forçar a segurança psicológica dentro da empresa.
15:47Não é uma coisa que vai acontecer,
15:49que vai sair do céu.
15:50A salinha do amor, não.
15:52Porque assim, mesmo quando a gente fala das novas gerações,
15:55a gente está errando nisso também.
15:56O que acontece com a criança pequena hoje se errar?
15:59Ela vai para o cantinho do castigo.
16:00O erro expõe a pessoa, coloca ela no lugar da punição,
16:04coloca ela no lugar do julgamento.
16:06A sociedade ainda atua desta forma.
16:09Quando você vai lá na vida adulta para o mundo corporativo,
16:13o que está lá dentro da sua cabeça?
16:16Qual é a crença que está?
16:17Errei e vá ripar debaixo do tapete,
16:19senão você é punido.
16:20Ainda mais também no jornalismo,
16:21no nosso mundo que a gente não pode parar.
16:22Nossa, nossa senhora.
16:24A culpa é nossa.
16:25Só vem o nosso erro ao vivo.
16:26Só vem a Isabela lá travando.
16:27Quem mandou você travar ao vivo?
16:29Imagina com a internet, gente.
16:30Eu também quero ir para o sistema da internet já, já.
16:32Porque expõe muito mais os erros.
16:34E essa questão acaba gerando, por vezes,
16:38um problemão para o compliance.
16:40A fragilidade do canal de denúncia.
16:42Canal de denúncia, canal de ética, está lá para ajudar.
16:45É um excelente mecanismo para captar desvios,
16:48para você conseguir identificar os problemas,
16:51corrigir os problemas, melhorar ali a situação.
16:54Não é para cortar a cabeça do trabalho dos primeiros.
16:55De jeito nenhum.
16:56Não deveria ser.
16:56Não deveria, mas acaba sendo, né?
16:58Mas daí gera aquele ambiente de medo,
17:01de insegurança psicológica,
17:03que ao invés de legitimar os mecanismos,
17:07você tira a credibilidade, a legitimidade,
17:10e aquilo passa a ser de fachada.
17:12Por isso que a comunicação,
17:14se você perguntar assim,
17:16então, Isa, qual é a solução?
17:19Eu concordo.
17:21É a comunicação.
17:22Eu concordo.
17:22Porque, primeiro, eu preciso lembrar que trabalho é troca.
17:25Ninguém te deve nada.
17:27E você está em um lugar, está de passagem.
17:30Aquele lugar não é seu.
17:31Então, a gente também tem que trabalhar com a hipótese de que,
17:33ok, eu estou querendo ficar nesse relacionamento por 20 anos,
17:36mas, de repente, vão ser só 5.
17:37É isso aí.
17:38Então, se trabalho é troca, nós estamos trocando.
17:42Acontece, olha só que curioso,
17:44e aí chega na questão que você mencionou aqui,
17:46daquele banco que demitiu as pessoas.
17:48Desde a Revolução Industrial,
17:49o nosso tempo começou a ser vendido por hora.
17:54Então, o tempo que antes era artesanal
17:56começa a ser fracionado por horas.
17:59Isso, inclusive, está no meu livro,
18:00que eu já vou colocar aqui para você mudar o tempo.
18:02É para quem quer fazer as pazes com o tempo.
18:05E aqui eu trago por que nós estamos, então,
18:08vivendo com essa percepção de falta de tempo.
18:11Então, vamos lá.
18:11Eu pesquisei isso.
18:12A gente vende o tempo, né?
18:13Eu pesquisei isso, e aí, quando eu me dei conta,
18:15eu falei assim, ah, é verdade.
18:17Antes da Revolução Industrial, o tempo era artesanal.
18:20Então, você tinha valor pelo que você produzia,
18:23e não pelo número de horas que você trabalhava.
18:25Com a Revolução Industrial, nós começamos a vender número de horas.
18:2820 horas, 18, 15, 14, 12, 9, 8, é uma média.
18:34E aí, o que acontece?
18:35Muitas pessoas hoje, muitos jovens, inclusive,
18:38não querem mais vender horas.
18:41Querem receber por um resultado.
18:43Resultado.
18:44Eu posso fazer em uma hora, eu posso fazer em oito horas.
18:47Deixa que eu controlo.
18:48E aí, Andréia?
18:50E as empresas não estão sabendo lidar com isso.
18:52Estão falando que essa geração é mimizeta, que é...
18:54Eu sou contra também, porque eu trabalho com vários jovens e eu amo.
18:57Eu vou dizer o seguinte, para mim,
18:58diversidade geracional é potência e aceita que dói menos.
19:02Qualquer empresa hoje vai ter as quatro gerações do mercado de trabalho.
19:06E vamos combinar também, que tem umas coisas, né?
19:08Eu digo, né?
19:10Para mim, você tem uma geração, que é a geração da minha mãe,
19:13depois é tudo geração filha de mãe culpada.
19:15Né?
19:15Porque a minha mãe me criou.
19:18Eu, né, fiquei...
19:19Eu recebia feedback não estruturada da minha filha.
19:22Minha filha tinha dois anos e meio,
19:23olhava para a minha cara com uma barba e batia o braço assim na boneca
19:26e falava assim, mãe, conhece essa?
19:28Eu falei, não, filha, qual é essa?
19:29É a barba voadora, está aprendendo a voar para ir atrás da mãe dela.
19:32Então, assim...
19:32Olha aí, ó.
19:34Culpa...
19:34Você também não conhecia as bonecas?
19:35Claro que não.
19:36Eu também não.
19:37Não, gente, eu não brincava.
19:38Diz com ela como é que eu ia conhecer, entendeu?
19:40Espera que agora eu vou começar a chorar.
19:41Não, não chora, não.
19:42Segura, não.
19:44Porque assim, é isso, né?
19:46E aí...
19:46Abriu um gatilho.
19:47A culpa é minha.
19:48Sim.
19:48A culpa é minha.
19:50Então, aí, olha bem, para a mulher isso ainda tem um peso maior do que para o homem.
19:54Aí, eu estou deixando de criar a minha filha para dar para ela condições.
19:59Imagina quando eu perco o emprego.
20:00Então, eu perco esse lugar de provedora.
20:02São duas facadas que você leva.
20:04Os lutos.
20:05Dois lutos.
20:06Porque você abriu mão de uma coisa, para mim, sagrada.
20:09Eu sou mãe leoa, né?
20:11E você ainda perdeu a identidade, perdeu o lugar.
20:14E para quê?
20:15E ainda tem um preconceito.
20:16Ah, ela foi demitida porque engordou.
20:19Acabou de ser mãe.
20:20Isso.
20:20A empresa...
20:21Uma amiga minha acabou de ser demitida também depois da licença maternidade.
20:24Até hoje, gente.
20:25Até hoje.
20:26Eu também vivi uma situação que eu tinha acabado de falar que queria ser mãe novamente.
20:30E uma semana depois eu fui demitida.
20:32Olha, eu tenho uma amiga...
20:33Coincidência ou não, não posso afirmar.
20:35Mas...
20:36Eu tenho um...
20:37Eu tenho um...
20:37Eu tenho um...
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