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O programa Na Real desta quarta-feira (27) contou com as participações da historiadora Camila Moura, da Dra. Manoela Souza e da Dra. Cláudia Schmidt para falaar tudo sobre as canetas emagrecedoras. A bancada debateu a eficácia desse tipo de medicamento e a possível extinção da cirurgia bariátrica, além de ressaltarem os principais prós e contras do assunto.
Assista ao Na Real na íntegra:
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Transcrição
00:00Muita gente está usando já aqui no nosso país esse tipo de medicamento.
00:03O Brasil é o segundo país que mais consome no mundo as chamadas canetas emagrecedoras, que estão em alta.
00:10Viraram febre nas redes sociais, entre famosos, mas ainda dividem opiniões e têm muitas dúvidas sobre esse assunto.
00:18Afinal, será que elas realmente são uma revolução contra a obesidade?
00:22Substituem a cirurgia bariátrica?
00:25Quais os riscos? Todo mundo pode usar ou não?
00:27Existem prós, contras? Até que ponto a internet é realmente uma fonte segura para a informação sobre esse assunto?
00:34Eu sei que aqui você está seguro comigo e com essas especialistas que eu vou apresentar agora.
00:39A discussão vai ganhar mais força com a ajuda delas.
00:43Eu vou apresentar as nossas convidadas do podcast Na Real de hoje.
00:47Primeiro, a Camila Moura, que é historiadora, influenciadora digital.
00:52E eu quase não reconheci, gente.
00:54Acompanho a Camila já há um tempo nas redes sociais e ela perdeu 31 quilos.
00:59Camila, que maravilha. Bem-vinda, viu?
01:01Muito obrigada pela sua participação.
01:04Vai ser ótimo falar sobre esse tema.
01:06Vou apresentar as doutoras e a gente já começa.
01:08A doutora Manuela Souza, que está aqui ao meu lado, é médica com mais de 18 anos de experiência,
01:13especialista em saúde, envelhecimento saudável,
01:15referência também em programas de prevenção e qualidade de vida.
01:20Manuela, muito obrigada também, doutora.
01:21Muito obrigada, Márcia. É uma honra.
01:23E a doutora Cláudia Schmidt, que é médica endocrinologista.
01:27Também faz parte do Hospital Israelita Albert Einstein, aqui de São Paulo.
01:32Doutora Cláudia, chega um pouquinho mais perto do microfone.
01:35Boa tarde, muito obrigada. Seja bem-vinda.
01:37Obrigada pelo convite.
01:38Vou começar com a história da Camila, porque a gente estava conversando aqui nos bastidores
01:42e já me contou que foi uma criança gordinha.
01:45Eu super me identifico. Ou não? Foi depois, na adolescência?
01:48Não, foi depois.
01:50Primeiramente, boa tarde a todos.
01:52Estou muito feliz pelo convite, por poder compartilhar e fazer parte desse
01:56mundo de conhecimento enriquecedor, que é a parte da saúde.
02:00E hoje em dia a gente vê o número de pessoas sofrendo com a questão da obesidade,
02:06correndo a favor da bariátrica ou de outras tecnologias.
02:12Mas, sobre a questão da infância, eu não fui uma criança gordinha.
02:16Pelo contrário.
02:17Eu era criança magra.
02:19Como minha família era muito humilde, então eu não tinha muito o que escolher para comer.
02:24Comia o que tinha.
02:26Mas eu, na faculdade, desenvolvi uma compulsão alimentar.
02:30Nossa.
02:31Então, aos 18 anos eu entrei na faculdade e desenvolvi uma compulsão alimentar muito forte.
02:37Muito forte.
02:38Ansiedade, junto?
02:39De ansiedade.
02:40Desenvolvi ansiedade, né?
02:41Eu tenho o transtorno de ansiedade generalizada e compulsão alimentar.
02:47E eu faço acompanhamento com a doutora Manu, que é minha médica, com psicólogos e psiquiatras.
02:53Então, eu tenho todo um acaboço de especialistas me acompanhando.
02:58E aí, na faculdade, eu desenvolvi esse transtorno alimentar, que foi, assim, seríssimo.
03:03E foi aí que eu engordei e cheguei quase aos 100 quilos.
03:06Nossa.
03:07E você não conseguiu se livrar facilmente?
03:09Ou você foi fazendo várias dietas?
03:11Não, eu tentava fazer dieta e nutricionista.
03:15Aí, eu perdi um pouquinho de peso.
03:17Aí, depois voltava aos antigos hábitos, né?
03:19De usar a comida como um porto seguro.
03:22Né?
03:23Porque a gente tem uma relação social com a comida.
03:25Eita.
03:26Né?
03:26Comida, quando a gente tá triste, é comer um docinho.
03:30Depois do almoço, uma coisinha.
03:32É aniversário, é muita comida, festas de familiares, se reúne a família.
03:38Então, a nossa sociedade se estrutura em torno da comida, né?
03:41De como a gente lida com a alimentação.
03:44E aí, eu desenvolvi essa função alimentar.
03:46E só comecei o processo de emagrecimento, assim, de fato e efetivo, com a doutora Manuela,
03:51cinco, seis meses atrás, né?
03:53Nossa.
03:54E foi o único que, de fato, você viu um resultado?
03:56Foi o único, assim, que funcionou pra mim.
03:58Foi esse que eu fiz com a doutora Manuela.
04:01Pode até explicar um pouquinho mais do meu tratamento.
04:03Não me incomoda de forma nenhuma.
04:04Eu acho que é conhecimento.
04:06Porque eu saí da obesidade grau 1.
04:10Porque eu sou bem baixinha.
04:11E eu cheguei a quase 100 quilos.
04:13Então, eu já estava pré-diabética.
04:16Não é só obesidade, né?
04:17É essa série de doenças.
04:19Sim, gordura no fígado, pré-diabética.
04:22Olha a língua travando.
04:23Pré-diabética.
04:25Então, assim, várias questões.
04:26Sem contar que eu tenho endometriose.
04:28E a obesidade, ela tem alguns fatores que atuam na endometriose, né?
04:34Na piora dos sintomas.
04:36E também era o meu caso.
04:37E eu só pude começar a tratar a endometriose quando eu cheguei no peso saudável.
04:41Porque eu precisei fazer reposição hormonal.
04:43Então, o meu caso é conseguir sair do grau de obesidade e chegar num peso correto, saudável.
04:52Porque eu estou agora num peso correto, assim, com a minha altura, assim, nem gorda, nem magra.
04:56Estou, assim, saudável, graças a Deus.
04:59E aí, eu pude começar a fazer o tratamento de endometriose com reposição hormonal.
05:03Que foi o meu caso.
05:05Maravilha.
05:06Manu, eu posso te chamar de Manu?
05:07Claro.
05:08Manuela Souza, a doutora que está acompanhando.
05:11Como foi que ela chegou no teu consultório?
05:13Eu imagino que não é só uma questão de estética, como ela falou.
05:16De forma alguma.
05:17Vários problemas de saúde.
05:19E aí, como é que você avalia pra começar o tratamento e usar ou não as canetas emagrecedoras?
05:24Quais medicamentos a Camila usou?
05:27Então, pra começar a falar de sobrepeso, acima do peso, é quase 70% da população.
05:3468% da população está acima do peso.
05:37E de obesidade, a gente tem 31%.
05:40Então, é literalmente um problema de saúde pública.
05:43Eu vou aproveitar que você falou sobre isso e colocar um dado na tela que a gente separou.
05:48Por favor, vamos colocar?
05:49Porque a gente já coloca e a Manuela, a doutora, já começa a falar mais sobre isso.
05:54A gente separou também os dados, olha, de obesidade no Brasil.
05:57Como você falou, excesso de peso.
06:00Mais de 57% dos homens estão em excesso de peso aqui no nosso país.
06:04Mulheres, 53,9%.
06:06E como você disse, a maior parte da população, 55% está, sim, com sobrepeso.
06:11Já em obesidade, olha só, nós temos 18,7% homens.
06:16Mulheres, mais do que homens, 20,7%.
06:19E um total de 19,8% a população total.
06:23Ou seja, que é um IMC que é igual ou maior que 30%, que já é considerado obesidade.
06:30Doutora, pode seguir agora.
06:31Perfeito.
06:32Os números variam um pouco dependendo da fonte.
06:34Mas todos eles são muito alarmantes.
06:37Então, quando a gente fala que mais da metade da população precisa de cuidados,
06:40médicos e multidisciplinar, nutricional, de educação física,
06:45a gente está falando em qualificar toda a população de profissionais de saúde.
06:50O primeiro recado é isso.
06:52Eu acho que todo médico, ele tem que ser qualificado e capacitado
06:55para identificar e ajudar as pessoas a emagrecerem.
06:59Porque, como a Camila trouxe aqui, a obesidade não é só estar acima do peso.
07:04Você fica com problemas metabólicos.
07:06Você vira pré-diabetes ou pode desenvolver uma diabetes.
07:09É o que a gente chama de diabetes.
07:11A gordura abdominal, ela produz angiotensinogênio 2.
07:15Ela agrava ou favorece a hipertensão.
07:18Ela também piora com a inflamação crônica, sintomas de doenças mentais,
07:23porque é da neuroinflamação.
07:25No caso que a Camila relatou que tinha endometriose,
07:28a inflamação da obesidade agravava os sintomas da endometriose.
07:32Tinha muita dor, muita cólica.
07:35A minha endometriose, ela é bem específica, né?
07:37Nossa!
07:38Ela é perirretal, que fala o termo correto, né?
07:42E aí, eu tinha muita dificuldade.
07:44É o banheiro.
07:45Tinha sangramento pela região anal.
07:48Muita dor durante a relação sexual, muito incômodo.
07:54E pra mim, aquilo era comum,
07:56porque eu desenvolvi aquilo desde a minha primeira menstruação.
07:59Então, pra mim, toda menstruação estava associada àquela dor, àquele incômodo.
08:04E você nem sabia que a obesidade tinha a ver também com isso?
08:06De forma alguma.
08:07Passei por vários médicos, sempre fiz exames regulares todos os anos.
08:12E nunca nenhum médico suspeitou de endometriose.
08:15E aí, quando eu fui fazer uns exames específicos pra poder colocar o DIU,
08:20que a doutora viu que tinha um foco de endometriose.
08:25E aí, tudo fez sentido.
08:26Minha dificuldade de ir ao banheiro, dificuldade de relação sexual.
08:30Todas assim, falei, gente, agora...
08:33Tudo tá ligado.
08:34Tudo tá ligado.
08:35E a obesidade ampliava esses sintomas.
08:40É isso.
08:41Então, assim, a gente trabalha em rede.
08:43A endometriose é uma outra patologia muito comum,
08:47que gera muita dor nas mulheres no período menstrual.
08:50E não é normal sentir dor muito forte.
08:53E aí, eu trabalho em rede.
08:55Eu tenho uma ginecologista que trabalha comigo,
08:57um psiquiatra, um cardiologista, um endocrinologista.
09:01No caso da Camila, pra tratar a endometriose,
09:04a gente convidou a ginecologista Camila Brandão.
09:07Milena Brandão.
09:08Milena Brandão.
09:10Pra fazer todo o tratamento, avaliação hormonal.
09:13Então, a endometriose dela é tratada por Milena Brandão,
09:17em conjunto comigo, da parte de saúde e qualidade de vida.
09:20E das canetas, qual foi que a Camila usou?
09:23A Camila usou a teaser partide.
09:25Quando a gente fala de canetas, a gente vai falar das substâncias.
09:29O Ozenpik e o Igolv tem a semaglutida, que é o análogo do GLP-1.
09:35O Munjaro, Zepbound, teaser partide, além do análogo do GLP-1, adicionou o JIP.
09:41Então, é como se fosse um Ozenpik turbinado.
09:45Então, quando a gente vê o que é mais moderno, mais efetivo hoje,
09:48a teaser partide é o Munjaro.
09:51O Munjaro, ele é exclusivo para vender nas farmácias.
09:55Ele é uma marca registrada e demorou muito pra chegar no Brasil.
09:58E quando ele chegou, não tinha um abastecimento suficiente,
10:01estava um pouco irregular.
10:03As farmácias de manipulação magistral, elas têm autorização por lei
10:07e registro na Anvisa para fazerem a substância a teaser partide
10:12de forma prescrita para o paciente.
10:15Então, a gente começou a usar essa tecnologia aqui
10:17pelas farmácias brasileiras que tinham autorização da Anvisa
10:22para fazer a teaser partide.
10:23Até ele chegar.
10:24Até porque o custo ainda é bem alto.
10:26A gente já vai falar sobre isso.
10:27Mas eu quero incluir a doutora Cláudia também nesse assunto
10:30para entender, doutora, se todo mundo pode usar esse medicamento.
10:34Porque o que eu percebi nas minhas pesquisas nas redes sociais
10:37e entre amigas, entre familiares.
10:40Está todo mundo querendo usar.
10:42E assim, de forma indiscriminada.
10:43Porque, num primeiro momento, o Ozenpik não se comprava nem com receita.
10:48Estava livre, né?
10:49Porque era um medicamento para a questão da obesidade e diabetes.
10:55Não é isso?
10:55E aí, as pessoas ficam, ai meu Deus, eu quero usar também.
10:58Às vezes, está só 5 quilos acima do peso.
11:00Às vezes, tem uma realmente identificação específica?
11:04Esse paciente precisa?
11:05Esse paciente não?
11:06Esse paciente tem que usar esse não?
11:08Como é que você avalia, doutora?
11:10Com certeza.
11:11A gente tem sempre que ponderar prós e contras de qualquer tratamento.
11:15Qualquer tratamento tem riscos associados.
11:18Então, uma dipirona que seja, tem alguns efeitos colaterais possíveis.
11:22Podem ser leves, podem ser graves.
11:24Então, sempre tem que ponderar muito bem os prós e os contras.
11:28E, dentro do contexto do excesso de peso, a indicação formal seria um IMC acima de 27,
11:36com alguma comorbidade ou não, com uma falência de tratamento clínico não medicamentoso.
11:42Ou um IMC acima de 30, mesmo na ausência de comorbidades.
11:47Essa avaliação vai depender muito, justamente, da história que a pessoa traz,
11:52do peso que essa pessoa já teve, da trajetória dela do peso, da relação dela com a comida e tudo mais.
11:57Como a Camila contou, ela não era só isso.
12:00Era um histórico de várias doenças que vêm junto.
12:03Até psicológicas, emocionais, né, doutora?
12:05Com certeza.
12:06E aí, muitas vezes, tem aquela questão de que a gente sabe o que é pra fazer e não consegue fazer por conta dos impulsos.
12:12O apetite é extremamente complexo no nosso corpo, não é meramente uma necessidade de nutrientes.
12:18Tem o componente social, tem o componente cultural, tem o componente afetivo, ambiental, o que tem disponível, não tem disponível.
12:26Então, não é muita coisa ali relacionada.
12:30E a obesidade é uma doença extremamente complexa, realmente.
12:33Então, não é todo mundo que tem indicação de usar.
12:38A gente tem sempre que ponderar esses prós e contras e como é que está a saúde como um todo da pessoa.
12:43Sim, perfeito.
12:45E você acredita que ela pode substituir a bariátrica mesmo, doutora?
12:48Para algumas pessoas.
12:50Eu acho que é muito difícil a gente generalizar esse tipo de afirmação.
12:55Porque, realmente, a tirzepatina, ela vem agora com uma média de perda de peso muito melhor.
13:00E não podemos nos esquecer que é uma média.
13:02Então, é uma média de quase 21% de perda de peso em relação ao peso inicial.
13:07Algumas pessoas perderam, inclusive, mais peso do que isso.
13:10Outras pessoas perderam bem menos.
13:12E uma pequena porcentagem não perdeu quase nada.
13:15Então, mesmo com medicamentos extremamente potentes, tem essa probabilidade, essa possibilidade de a pessoa não perder nada de peso.
13:22Meu Deus, eu não sabia.
13:23Eu achei que fosse com esse outro mundo que perdeu peso.
13:25Então, até nesse medicamento...
13:27A resposta interindividual é extremamente variável.
13:29Então, acredito que a tirzepatina e outros que estão em estudo, que provavelmente chegarão no mercado ao longo dos próximos anos,
13:38eles entrarão como ferramentas no arsenal terapêutico.
13:41Eu não acho que a cirurgia bariátrica vai sair desse arsenal.
13:44Justamente por conta disso.
13:45Para algumas pessoas, ela vai continuar funcionando muito bem.
13:48E aí entram outras questões.
13:49Como que é o nosso acesso a esse tratamento?
13:52É, como eu falei, caro.
13:54Hoje, extremamente limitado.
13:55O medicamento caro, o abastecimento está bem ruim.
14:00E a resposta interindividual varia.
14:03Um outro ponto importante para a gente colocar aqui nessa balança.
14:06Obesidade é uma doença crônica.
14:08Mas ela ainda não é tratada como uma doença crônica na maior parte do tempo.
14:12Então, ninguém questiona quando uma pessoa com pressão alta começa a usar um remédio,
14:17que ela tem que continuar usando aquele remédio.
14:19Perfeito.
14:20Então, se a pessoa volta na consulta e está com a pressão normal,
14:23eu falo para ela, olha, pode parar de tomar o remédio, sua pressão já está normal.
14:27Qualquer pessoa leiga vai virar e falar, mas espera aí, aí não vai subir?
14:30E a gente sempre ouve, né?
14:32Alguém fala, ai, minha pressão hoje está mais alta, esqueci de tomar o remédio.
14:35O abastecimento é uma doença crônica da mesma forma.
14:38Também demanda um tratamento crônico.
14:40Pode ser usado a vida inteira o medicamento, se for preciso.
14:44Se tiver indicação, sim.
14:46Exatamente.
14:46Eu vi até uma influencer brincando, fazendo um vídeo, falando assim,
14:49ah, vocês comem pizza a vida inteira, tomam refrigerante a vida inteira,
14:52por que eu não posso tomar monjado?
14:55É bem isso, né?
14:57O problema é ter dinheiro para botar monjado.
14:59Hoje é a grande limitação, com certeza, no uso.
15:02Faltam políticas públicas?
15:03Eu quero ouvir de vocês três.
15:05O que vocês acham?
15:05Isso ainda está muito longe da gente tratar a obesidade como um real política pública
15:11de governo, né?
15:12Para melhorar a sociedade de uma forma geral, né, Manu?
15:14Perfeito.
15:15E esse é um dos meus propósitos.
15:16Até quando eu faço educação em saúde, no Instagram, aqui.
15:19A primeira coisa que eu gostaria de esclarecer é que é diferente perder peso e emagrecer.
15:24Sim.
15:24Emagrecer é perder gordura.
15:27E quando uma pessoa compra monjado na farmácia e toma de forma indiscriminada,
15:31ela pode estar perdendo gordura com muita massa muscular.
15:34Então, esse emagrecimento, ele não é saudável.
15:37Por isso que é obrigatório para usar monjado e dizer partígio a prescrição médica.
15:43Então, se você perguntasse assim, é perigosa a caneta do monjado?
15:46Eu diria, sem acompanhamento médico multidisciplinar, é.
15:50Não é recomendado ninguém fazer sem acompanhamento.
15:53É perigosa a caneta da tizer partígio ou monjado?
15:58Com acompanhamento médico, nutricional multidisciplinar, é super seguro.
16:03Tem efeitos colaterais possíveis, porque não existe nada 100%.
16:06Sempre tem um percentual de efeitos colaterais.
16:09Mas a equipe vai saber manejar.
16:12Existem medicamentos de manejo, inclusive.
16:14Eu vi uma amiga que está usando várias coisas junto com monjado para não ter tanto...
16:18Os efeitos colaterais.
16:19Não são várias coisas, né?
16:21Geralmente, você toma um remédio para enjoo, que você pode ter um enjoo.
16:26Ou você pode ter uma diarreia ou uma obstirpação.
16:28Então, os principais efeitos colaterais, vamos falar.
16:30São esses.
16:31Enjoo.
16:32Diarreia.
16:33Diarreia.
16:33Ou algumas pessoas ficarem com obstirpação.
16:35Tá, esses são os mais comuns.
16:37Os mais comuns, exatamente.
16:38E aí, quando a gente vem para o problema de saúde pública, o problema de saúde pública está em...
16:43Os profissionais de saúde, todos precisam estar capacitados a tratar obesidade.
16:49Os nutricionistas do SUS, do PSF, os médicos do SUS, do PSF, da rede básica, dos lugares mais remotos.
16:58Então, eu concordo que é um problema de saúde pública, mas antes da gente ampliar esse acesso, de forma generalizada, a uma medicação que pode causar muito mal, perdendo massa muscular, a gente precisa ampliar a capacitação e qualificação das equipes de saúde de tratarem obesidade.
17:16Você vê hoje que isso ainda é muito difícil, assim.
17:19Os profissionais de saúde, doutora, que você também deve lidar com muitos, eles ainda não estão tão qualificados, assim, mesmo?
17:25É difícil?
17:26Ainda não.
17:26Muitos não se sentem à vontade para tratar a obesidade.
17:29Ainda tem muito essa coisa do estigma, da culpabilização da pessoa com obesidade.
17:34Essa ideia de que a obesidade é uma escolha.
17:36Que não faz sentido algum.
17:37É só fechar a boca.
17:39Nossa, mas é só ter força de vontade.
17:41Eu chegava no médico e chegava, eu fui no cardiologista, né?
17:45E ele falava, você é tão jovem, faz atividade física, eu te prescrevo uma natação.
17:51E sendo que o meu problema era a compulsão alimentar, que eu precisava de psiquiatra, né?
17:56Era uma coisa bem mais complicada, profunda, do que só pedir uma pizza e comer uma pizza.
18:05Exato.
18:06E foram inúmeros médicos, assim, que eu passei, que tratavam como se, enquanto eu estivesse obesa, era opção.
18:14Era opcional.
18:15E não era opcional.
18:16Eu não estava feliz.
18:17Eu estava sofrendo com a minha condição física.
18:21Muito jovem, com muitos problemas de saúde, que eu tomava mais remédios que idoso, gente.
18:26Olha isso, né?
18:27Eu tomava problema...
18:28Ah, perdão.
18:29Pode falar.
18:30É, eu tomava remédio para colesterol alto.
18:34Tomei remédio para, antes de ficar, né?
18:37De pré-diabética.
18:39Tomei...
18:39Ah, eu tomei tanto remédio, assim, sabe?
18:42Para controlar os sintomas.
18:44E não a causa.
18:45E não a causa, que era a obesidade.
18:50Doutora, e é exatamente esse histórico que a Camila traz, que é muito comum no seu consultório também, né?
18:55É muito comum.
18:56E muitas vezes a própria pessoa com obesidade traz isso.
18:59Ah, não toma vergonha na cara.
19:02Muitas vezes a gente ouve isso realmente...
19:04Se sente culpada, né?
19:05Inclusive, vem com o consultório.
19:06Isso aumenta realmente esse estigma em torno da obesidade.
19:10E muitas vezes os profissionais de saúde realmente...
19:13Então, ainda...
19:15Isso é um ponto que ainda precisa ser muito melhorado.
19:18Um outro ponto é a gente entender justamente a parte da biologia também da obesidade.
19:24Então, muitas vezes a pessoa está comendo mais por conta de um problema psiquiátrico
19:28ou por conta da própria obesidade, né?
19:30Porque o que vem primeiro...
19:33A gente sabe que tem muita coisa genética, muita coisa biológica por trás da obesidade.
19:36E muitas vezes a pessoa come realmente mais do que seria, digamos, o adequado para um bom balanço energético.
19:43Porque ela sente mais fome.
19:45Ela sente menos saciedade.
19:48Esse processo de fome e saciedade no nosso corpo, ele é muito complexo.
19:51Balanço energético no nosso corpo, ele é muito complexo.
19:54Tem muitos fatores envolvidos e esses fatores podem falhar.
19:57Podem ser diferentes de uma pessoa para outra.
20:00E as pessoas, justamente, podem ter pesos diferentes e responder diferente a diversos tratamentos também com base nisso.
20:06E aí, dentro dessa ideia toda da saúde pública, então nós temos ainda profissionais despreparados nesse aspecto.
20:13Temos também questões, claro, insegurança alimentar.
20:19Não é mesmo?
20:20E até mesmo, né?
20:21Ah, vamos fazer exercício físico.
20:23Será que a pessoa tem uma estrutura para isso?
20:25Tem um parque à disposição?
20:26Que horas, né?
20:26Tem uma segurança na rua para andar na rua?
20:28É.
20:28Sem ser saltada.
20:30Então tem um recorte social, né, doutora?
20:32Não tem como, né?
20:32Com certeza tem.
20:33Com certeza tem.
20:34Tem uma carga excessiva de trabalho, de estudo e tudo mais.
20:39E também, claro, a disponibilidade desses medicamentos e das consultas.
20:45Até em termos de saúde pública, de SUS, é muito difícil conseguir a consulta com o nutricionista.
20:51E aí passa a consulta com o nutricionista e não consegue retorno.
20:54E aí não tem o idóqueno?
20:55E aí não tem o psiquiatra?
20:57E o próprio médico de família, o próprio médico clínico, generalista, também deveria estar capaz de ter essa capacitação realmente para tratar a obesidade.
21:08Nós vimos, né, sobrepeso, qualquer grau de excesso de peso, cerca de 60% da população.
21:14Sim.
21:15É realmente muito prevalente.
21:16E o país que tem mais obesidade são os Estados Unidos, né, também.
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