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Diante dos crescentes riscos no mundo digital, de quem é a responsabilidade de proteger as crianças? O Documento JP investiga o papel crucial das famílias e das escolas nessa batalha pela segurança dos jovens. Especialistas analisam os deveres dos pais em casa e o que as escolas podem fazer para orientar.
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NotíciasTranscrição
00:00É importante que as famílias se responsabilizem, entendam qual é a parcela de responsabilidade que elas têm neste processo.
00:09Porque ainda que a escola faça a sua parte proibendo os celulares, falando sobre a questão da sexualização infantil, da pornografia, de outras tantas coisas,
00:21se dentro de casa ou dentro do quarto existe um computador, existe um smartphone, a escola não pode adentrar neste ambiente.
00:30E aí é de fato a responsabilidade dos pais de estarem atentos, acompanharem, saberem o que os filhos estão fazendo.
00:38Porque até os 18 anos, o jovem é responsabilidade dos pais.
00:43Menor de idade é responsabilidade dos adultos, dos seus tutores, dos seus pais, tá certo?
00:49Então é importante que a escola dialogue com os pais no sentido de explicar.
00:55Saiba o que o seu filho está fazendo no computador.
00:59Saiba o que o seu filho está fazendo nas redes sociais.
01:03Saiba com quem os seus filhos estão dialogando, estão falando, tá certo?
01:09Esse é o primeiro ponto.
01:10Então, a primeira coisa na minha avaliação enquanto educador é este contato entre escola, professores e pais, tá?
01:17Segundo ponto, em sala de aula, tá?
01:20Apesar de já estar acontecendo um movimento de proibição de celulares, né?
01:26Enfim, essa conscientização que começa com a proibição de smartphones,
01:31é importante que a escola explique para os alunos, os professores expliquem para os alunos que,
01:38ao mesmo tempo que esses jovens, eles têm de dominar as tecnologias,
01:45é importante ter muito senso crítico do que se faz com essa tecnologia.
01:50De acordo com dados do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação,
01:59na última década, o uso de internet e a posse de aparelho celular
02:04cresceram entre as crianças brasileiras de até oito anos.
02:08De zero a dois anos, a proporção de crianças usuárias de internet
02:12saltou de 9% em 2015 para 44% no ano passado.
02:19Já na faixa etária de 3 a 5 anos, o salto foi de 26% para 71% no mesmo período.
02:26E entre seis e oito anos, o uso dobrou, passando de 41% para 82%.
02:33O promotor de justiça da infância e juventude de São Paulo, Yuri Castiglione,
02:39que também esteve presente no podcast Na Real,
02:42comandado pela jornalista Márcia Dantas, na Jovem Pan,
02:46afirma o motivo desses dados serem alarmantes.
02:51Toda criança adolescente, pela nossa lei, pela nossa Constituição,
02:55pelo Estatuto da Criança e do Adolescente,
02:57é considerada uma pessoa em desenvolvimento.
03:00Então, o que significa isso?
03:01O que quer dizer quando a lei vem e classifica toda a criança e adolescente
03:06como pessoa em desenvolvimento?
03:08Significa o quê?
03:08Que ele ainda não tem o critério.
03:10Aqui não é um critério moral, não é um critério religioso,
03:14não é um critério de valores, mas sim é um critério biológico.
03:18Por quê?
03:19O lóbulo frontal da criança e do adolescente ainda não está completamente formado.
03:23Em razão disso, ele ainda não tem condição de compreender plenamente
03:28aquilo que ele está fazendo, aquilo que ele está sendo exposto, aquilo que ele está expondo.
03:33O córtex pré-frontal é a área do cérebro localizada na parte da frente da cabeça.
03:39Ele é responsável por habilidades cognitivas complexas, como tomada de decisões,
03:45planejamento e organização, controle de impulsos e emoções e raciocínio lógico.
03:50Essa região é a última a se desenvolver no ser humano.
03:54O processo de maturação começa na infância, mas só é considerado completo por volta dos 25 anos de idade.
04:01É o que aponta a pediatra Ana Escobar.
04:04O cérebro da gente não nasce pronto.
04:08Esse cérebro vai se moldando.
04:11Ele começa a se mudar a partir do nascimento, fazendo um monte de conexões,
04:16começa a fazer uma rede, como se fosse um computador se comunicando com outros computadores,
04:24com vários fiozinhos.
04:25Então ele vai fazendo uma rede de conexão.
04:28Isso é super importante, obviamente, para a gente.
04:32Quanto maior o número de conexões a gente tenha, mais habilidades.
04:36Vai desenvolvendo as nossas habilidades até de ouvir, de falar, de pular, de correr, tudo isso.
04:42Então a gente precisa fazer essa rede de conexões.
04:47E junto com isso, a gente vai, como a gente chama popularmente, vai encapando os nervinhos.
04:53A gente tem um nervinho que tem que ser envolto de uma bainha de gordura,
04:57que permite o impulso nervoso chegar.
05:02E aí, o que acontece?
05:03O córtex pré-frontal, que é uma região aqui na frente do cérebro,
05:10que fica bem aqui na região da testa,
05:13ele é o último órgão que tem essa indelinização,
05:18esse entapamento de gordura, que a gente chama.
05:22Então a maturação do cérebro só vai se completar, na verdade, aos últimos 5 anos,
05:29quando a gente tem essa maturação.
05:31E quando a gente tem a maturação dessa região aí,
05:35aí sim é que a gente está pronto definitivamente para a vida.
05:42Porque é essa maturação que dá para a gente o quê?
05:45A capacidade de entender várias coisas,
05:48a capacidade de entender ou não o controle das coisas.
05:53O Estatuto da Criança e do Adolescente, o ECA,
05:57foi o escudo legal que, por décadas, protegeu a infância no Brasil.
06:02Mas em um mundo cada vez mais conectado,
06:05esse escudo precisava de uma atualização.
06:08O Senado Federal acaba de marcar uma vitória histórica.
06:12No dia 27 de agosto deste ano,
06:14foi aprovado o Projeto de Lei nº 2628, de 2022,
06:19batizado como o ECA Digital.
06:22Ele segue para a sanção presidencial
06:24e estende os direitos do ECA para o ambiente online,
06:28obrigando as plataformas digitais a agir de forma mais rigorosa,
06:32criando um ambiente virtual mais seguro para crianças e adolescentes,
06:37como explica a analista de políticas públicas do Instituto Alana,
06:41Emanuela Ralfeld.
06:42E aí eu queria destacar alguns pontos do Projeto de Lei
06:46que acho que são importantes.
06:48Um é esse dever de responsabilidade das plataformas digitais,
06:52dos fornecedores de produtos e serviços digitais,
06:55pelos direitos de crianças e adolescentes.
06:56E é uma responsabilidade ativa que está ali no Projeto de Lei.
07:00Então, casos como aquele que o FECO denunciou,
07:02as plataformas têm uma obrigação proativa mesmo
07:05de combater essas violências, de prevenir essas violências.
07:08Então, isso já é um grande marco.
07:10E também o PR proíbe qualquer tipo de monetização
07:14ou exploração econômica de conteúdos que possam erotizar
07:17crianças e adolescentes,
07:19ou tratá-las de forma adultizada, de forma inadequada também.
07:23Então, esse daí também é um segundo marco.
07:25E você tem outros marcos do Projeto de Lei,
07:27que já era um projeto que vinha sendo discutido desde 2022,
07:31que são avanços importantes aqui no Brasil.
07:33Um deles que eu queria destacar
07:35é a proibição do perfilamento comportamental
07:38e da análise emocional para fins de direcionamento de publicidade.
07:43O que isso significa?
07:44É proibir que todo um perfil seja montado
07:48daquela criança, daquele adolescente,
07:50tentando entender seus gostos, suas preferências,
07:53aquilo que ele faz na internet, com quem ele se conecta,
07:55para direcionar comunicação mercadológica para eles,
07:59para incentivar compra de produtos ou serviços.
08:01Essa prática já é proibida na Europa
08:03e agora, com esse marco legal, ela também está proibida aqui no Brasil.
08:07A gente tem vários passos a serem dados
08:09para garantir que essa legislação funcione
08:11e também entender que a legislação não resolve todos os problemas do mundo.
08:16Nenhuma lei é perfeita
08:17e a legislação não vai conseguir abarcar todas as questões
08:23e desafios da criança e do adolescente no ambiente digital.
08:26E aí eu vou dar um exemplo.
08:27Para a gente lidar com esses desafios,
08:30por exemplo, o uso excessivo de telas,
08:32a gente não pode pensar só na tecnologia digital.
08:35A gente tem que pensar no direito à cidade,
08:37a gente tem que pensar na segurança pública,
08:39a gente tem que pensar no direito à cultura,
08:41no direito ao lazer, no direito ao esporte.
08:44Porque se você não tem uma cidade segura,
08:45que a criança possa sair na rua,
08:47ter experiências de convívio com a natureza,
08:49se você não tem experiências gratuitas na cidade,
08:52de cultura adequadas a essas infâncias e adolescências,
08:55o ambiente digital torna-se quase que o lugar do entretenimento,
08:59o lugar de consumo de informações,
09:02o lugar de socialização e convívio.
09:04Então perde-se a conexão com a cidade.
09:07Então se a gente quer falar de um ambiente digital seguro e saudável,
09:10a gente precisa falar também da reconexão com o real.
09:14De acordo com a advogada e presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Criança
09:20e do adolescente da OAB de São Paulo, Thais Dantas,
09:24o ECA Digital reforça a responsabilidade dos pais
09:27e alerta que o compartilhamento excessivo da imagem dos filhos,
09:31em muitos casos, pode até configurar como trabalho infantil.
09:35Tem a função de endereçar questões relacionadas à proteção
09:41de crianças e adolescentes no ambiente digital.
09:44Por que isso é tão importante?
09:46Cada vez mais a gente tem um acesso crescente
09:49de crianças e adolescentes a redes sociais,
09:52a plataformas digitais, a jogos e a postas online.
09:56E nesse contexto, tem um risco muito grande de desproteção nesse público.
10:01E é algo que, infelizmente, a gente tem vivenciado.
10:03Seja por conta das denúncias recentes relacionadas à adultização
10:07e à necessidade de apuração, se houve tráfico de pessoas,
10:11se houve, de fato, uma violência sexual,
10:14como também a questões mais amplas,
10:16que é como a imagem dessas crianças está sendo utilizada na internet,
10:20como uma rede de pedólogos está se mobilizando
10:23para, de fato, violentar esse público.
10:26Por isso é tão importante que a gente tenha tido medidas
10:29como o projeto de lei relacionado ao ECA Digital,
10:32que é pegar essa base normativa que a gente já tem
10:35e transferi-la para o contexto digital,
10:38endereçando como eu protejo crianças e adolescentes
10:40nesse contexto online.
10:42Daí o projeto de lei prevê a obrigatoriedade
10:46de que essas plataformas criem mecanismos
10:49como controle do tempo de horário,
10:51quais são os perfis que estão sendo acessados.
10:54E, ao mesmo tempo, independentemente desse projeto de lei
10:58que estava em discussão,
10:59a gente já tinha uma previsão geral de proteção à infância e adolescência,
11:03que daí faz com que mães e pais precisam estar muito atentos
11:07ao direito de imagem, ao conteúdo que eles compartilham,
11:10para tanto não ter uma superexposição
11:12da imagem de crianças e adolescentes,
11:15como uma tensão muito intensa
11:17de que essa necessidade de presença digital
11:21não acabe se configurando um trabalho infantil,
11:25que, no caso de um trabalho infantil artístico,
11:27ele tem diversas condicionalidades
11:29para que ele possa ser exercido.
11:32Quando a gente vai fazer uma publicidade com uma criança,
11:35uma coisa grande, um evento,
11:37a gente tem que pedir autorização para os juizados menores.
11:41Isso é uma coisa séria.
11:44O juizado de menores, ele monitora tudo,
11:47ele respalda a criança,
11:49ele vai fazer uma entrevista com a criança
11:51para saber se a criança está satisfeita,
11:54se ela está fazendo aquilo ali por livre e espontânea vontade,
11:57não por obrigação, que ela está sendo forçada.
12:00Então, existe toda uma lei que banque isso.
12:05Acontece que, como é uma coisa muito nova
12:08trabalhar com crianças na internet,
12:10e tal, até para os adultos mesmo,
12:12são coisas que, às vezes, nem os juízes sabem dizer
12:14o que é certo e o que é errado.
12:17Então, a gente está vivendo um momento
12:18que é um momento de transição.
12:22Por enquanto, a falta de um sistema de proteção efetivo
12:25no ambiente virtual
12:26faz com que o combate a esses crimes
12:29também dependa da repercussão social.
12:32É o que relata o advogado e membro
12:34da Comissão de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente
12:38na OAB Nacional, Ariel de Castro.
12:40Nós precisamos de delegacias especializadas de proteção
12:45da criança e do adolescente,
12:47vinculadas a cada delegacia seccional de polícia,
12:52com equipes técnicas de psicólogos, assistentes sociais,
12:55e também com profissionais qualificados nessa área da internet,
13:01das mídias digitais,
13:03exatamente para o combate a esses crimes
13:07e que depende muito do trabalho de inteligência
13:11por parte das polícias.
13:13Então, nós ainda não temos sequer em São Paulo
13:18essas delegacias da criança e do adolescente
13:21de uma forma descentralizada,
13:23de uma forma regionalizada
13:26nos vários municípios do Estado.
13:29As próprias promotorias da infância e juventude
13:32elas ainda funcionam da forma antiga,
13:36elas não também conseguem atuar no combate
13:41aos crimes cibernéticos contra as crianças e adolescentes.
13:46O próprio caso desse influenciador Ítalo mostrou isso.
13:51As denúncias vinham desde 2020,
13:55os vídeos eram gravados também,
13:58então há cinco anos,
14:00e desde o ano passado a promotoria
14:02estaria apurando essas situações
14:06de exploração sexual infantil
14:08que ele estaria realizando,
14:12mas não vimos ações efetivas.
14:14Precisou um outro influencer
14:16fazer uma denúncia que gerasse
14:18uma grande repercussão
14:20para que, de fato, as autoridades agissem.
14:24Então, hoje nós não temos um sistema
14:26de proteção da criança e do adolescente
14:30que possa, de fato, reagir
14:32diante dos inúmeros crimes
14:34que ocorrem no ambiente virtual.
14:37Então, o que a gente pode fazer preventivamente
14:39como política pública?
14:41Primeiro, por exemplo,
14:42uma sugestão de política pública,
14:44colocar como obrigatória
14:45a orientação de crianças
14:47sobre como se portar nas redes sociais
14:49nas escolas.
14:50Nas escolas, perfeito.
14:51Colocar isso como um conteúdo obrigatório,
14:54capacitar, sensibilizar
14:56todos os educadores
14:57para que a criança já, na escola,
15:00da mesma forma que ela tem que aprender
15:01quem descobriu o Brasil,
15:03da mesma forma que ela tem que aprender
15:04matemática, português, toda matéria,
15:06ela também tem que aprender
15:07os riscos que tem na internet,
15:09os riscos que tem nas redes sociais.
15:12Os algoritmos de redes sociais
15:14são um conjunto de regras
15:16que as plataformas usam
15:17para decidir qual conteúdo
15:19mostrar a cada pessoa.
15:21O objetivo principal dos algoritmos
15:23é maximizar o tempo de tela.
15:25Ele interpreta o tempo de visualização
15:27como um sinal de que o usuário
15:30gostou do conteúdo,
15:31entrando em um ciclo vicioso
15:33onde conteúdos inapropriados
15:35e perigosos
15:36são entregues cada vez mais,
15:38moldando a experiência online
15:40de forma negativa.
15:43O próprio algoritmo,
15:44o algoritmo,
15:45ele está treinado,
15:47eu gosto de falar das pessoas
15:48que configuraram,
15:49que você não parece que ele é uma entidade,
15:50não, são pessoas que estão lá
15:52fazendo aquilo.
15:52Tem gente por trás.
15:53Tem gente, tá bom.
15:55Ele é configurado para te agradar.
15:57Então você gosta,
15:58você está fazendo reforma,
16:00você vai ver um monte de vídeo de reforma.
16:02Você vai ficar lá absorvida, né?
16:05Sim.
16:05Mas outras,
16:06além daquilo que você gosta,
16:08muita gente fala assim,
16:08não, mas só aparece o que a gente gosta,
16:10mais ou menos.
16:11Quando você é um adolescente,
16:12já tem pesquisa disso,
16:13de alguns jornalistas
16:14que se passaram por adolescentes
16:15para ver o que aparece para eles.
16:17Então mesmo sem clicar em nada,
16:19só observando o que aparece,
16:20curtindo uma ou outra coisa,
16:21em 12 dias eles estavam vendo assassinato,
16:24que nem deveria ter nas redes.
16:26Essa é uma pesquisa que aconteceu.
16:28O que que eles veem?
16:29Aí eu fiz a pesquisa,
16:30uma amiga minha também,
16:31criamos o perfil,
16:32vamos lá, né?
16:33Um menino adolescente,
16:34ele vê ostentação,
16:38pornografia ou erotização,
16:40é entregue,
16:41mesmo ele sem fazer nada,
16:42gente,
16:42ele não escolheu nada,
16:43está sendo oferecido para ele.
16:45Então,
16:46e violência,
16:47e misoginia, né?
16:48Ódio contra a mulher,
16:49disfarçado de piada.
16:51Então mesmo que ele não queira ver aquilo,
16:54aquilo aparece para ele.
16:55E aí tem uma coisa muito perversa,
16:57porque coisas que chamam violência,
16:59chama atenção,
17:01e não quer dizer que ele gosta necessariamente,
17:03mas ele fica olhando de curiosidade,
17:06e por ele passar mais tempo vendo aquilo,
17:09o algoritmo entende que ele gostou,
17:10e entrega mais.
17:11Então conteúdos que geram ódio,
17:13que geram fortes emoções,
17:14a coisa da sexualidade em um adolescente,
17:16está florando,
17:17vai fazer ele prestar atenção,
17:18independente se ele gosta ou não,
17:20ele assistiu,
17:21o algoritmo entende que ele gostou,
17:22e vai entregar mais.
17:25A responsabilidade pela proteção é coletiva,
17:28e tem uma disparidade de forças muito grande,
17:30com as grandes empresas que administram essas plataformas,
17:33que as produzem para viciar mesmo,
17:34para serem plataformas,
17:36que realmente pegam nosso tempo,
17:37nossa atenção,
17:38porque é assim que se lucra, né?
17:40Para a gente não esquecer,
17:41então,
17:42dessa perspectiva,
17:43que a responsabilidade de quem está fornecendo
17:44o produto ou serviço,
17:46é tão importante,
17:47tão relevante,
17:49quanto a responsabilidade das famílias,
17:50que também são responsáveis.
18:06Então a gente tem um empobrecimento cerebral,
18:09a gente tem, na verdade,
18:11um desenvolvimento muito mais voltado
18:14à hipervelocidade,
18:15pobreza de estímulo,
18:17crianças que acabam tendo uma preguiça criativa,
18:21uma dificuldade de criar brincadeiras,
18:24seguir regras,
18:25porque elas estão muito habituadas
18:27nesse bem-estar imediato,
18:29a entrar e sair do que elas querem.
18:30Então,
18:30ai, cansei,
18:31desliga,
18:32vai para o outro.
18:33Até o...
18:34Eu estava outro dia conversando
18:36que a história do
18:37faz um desenho no tablet,
18:38e ai eu desfaço
18:40o meu traço errado,
18:41eu não tenho nem
18:42mais a experiência
18:43de apagar o desenho,
18:44começar de novo,
18:45lidar com a frustração
18:46de não ter saído como eu quero.
18:49Fora todos esses outros atalhos,
18:51de certa forma,
18:52para o brincar,
18:53para a criatividade,
18:54para os jogos,
18:55regras dos jogos de tabuleiro,
18:57andar de bicicleta,
18:58só na cabeça,
18:59esse corpo que,
19:01passando por essas experiências
19:03no tempo,
19:04acabam sim tendo a oportunidade
19:07de pleno desenvolvimento.
19:09Então,
19:09a gente tem crianças
19:10que acabam se habituando
19:13ao hiperestímulo
19:14e à hipervelocidade,
19:16e que acabam desestimuladas
19:18para fazer qualquer outro tipo
19:19de atividade,
19:20o que realmente proporciona
19:22a formação dela completa,
19:25integral,
19:26saudável,
19:26numa medida
19:28que precisa estar
19:29muito equilibrada
19:29para que isso
19:30esteja na vida
19:31dos nossos filhos.
19:38Se você observar
19:39o olho de uma criança,
19:40de um jovem,
19:41jogando,
19:42apostando,
19:43vendo o videozinho
19:44muito rápido,
19:45o olho da pessoa está assim.
19:51Que é totalmente diferente
19:53do movimento ocular
19:54quando você está lendo,
19:55que é assim.
19:56Então, veja,
20:02o simples fato
20:04de ficar olhando
20:06para várias coisas
20:07ao mesmo tempo,
20:09várias coisas
20:09que vão me interrompendo,
20:12vão diminuindo
20:13a minha habilidade
20:14de focar,
20:15de concentrar,
20:16de fixar,
20:18que é o que a gente chama
20:19de recrutamento neuronal.
20:22O que significa isso?
20:24é como se eu fizesse
20:25um exercício de bíceps,
20:26uma flexão de braço,
20:27um polichinelo,
20:29uma caça de chiclete,
20:30fizesse uma conta de matemática,
20:32aí eu faço exercício de tríceps,
20:34um abdominal.
20:35Eu posso ficar uma hora
20:38fazendo isso?
20:39O que eu vou desenvolver?
20:40Nada.
20:41Então, hoje,
20:44você tem jovens,
20:45você tem crianças
20:46e mesmo adultos
20:47que falam assim,
20:48nossa, mas eu pego um livro
20:49e eu não consigo ler,
20:50porque o cérebro da pessoa
20:52se doutrinou,
20:53se viciou muitas vezes
20:56nessa atenção
20:57totalmente entrecortada,
20:59totalmente interrompida,
21:01porque nós caímos
21:04na ilusão
21:05da multitarefa,
21:07de que a gente dá conta
21:08de fazer várias coisas
21:09ao mesmo tempo.
21:11Mas as pesquisas mostram
21:12que, em geral,
21:13as pessoas que acham
21:14que fazem várias coisas
21:15ao mesmo tempo
21:15são as que menos
21:16se saem bem.
21:18E dois,
21:19além de erro,
21:20desperdício,
21:21dá irritabilidade.
21:24Pega, por exemplo,
21:24um livro,
21:25você está lá lendo um livro,
21:26você está lá lendo,
21:27você chegou no meio do livro,
21:29no meio da página,
21:30aí alguém te interrompe.
21:32Quando você volta,
21:33você não volta desse ponto,
21:34você tem que voltar antes.
21:36Isso dá-se uma energia louca,
21:38isso dá irritabilidade.
21:42Uma das razões
21:43pelas quais
21:44todo mundo hoje
21:45anda muito irritado
21:46é por isso
21:47que a gente fica pulando
21:49de uma atividade
21:49para outra,
21:50não conclui nada.
21:52Então a gente erra mais,
21:54se distrai mais,
21:55a gente perde tempo,
21:57a gente está cada vez pior,
21:58cada vez mais irritadíssimo.
22:00é isso.
22:01Então,
22:02nós estamos nos tornando
22:03cada vez mais
22:04pessoas superficiais,
22:05irritadíssimas,
22:06dispersas e ineficazes.
22:09Entendi.
22:10E isso gera massa
22:12de manobra
22:12para ideologias,
22:14para salvadores da pátria,
22:16para produtos,
22:18para empresas
22:19que querem fazer
22:20nossa cabeça,
22:21porque a gente vai
22:21deixando de pensar.
22:23Aí junta tudo isso
22:24com o chat GPT
22:25que vai fazendo
22:26a lição de casa
22:27do menino,
22:28que vai começando
22:29a preparar
22:30o relatório
22:30da empresa,
22:31o que acontece?
22:32A inteligência artificial
22:33vai ficando
22:34cada vez mais inteligente
22:36e a inteligência humana
22:38vai ficando
22:38cada vez mais superficial.
22:39e a inteligência artificial.
22:39E aí,
22:40e aí,
22:40e aí,
22:40e aí,
22:41e aí,
22:42e aí,
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