A Guiana, um dos países mais emergentes no mundo, anunciou uma estrada de 500 km até o Brasil, com investimento de R$ 5 bilhões. Em entrevista ao Real Time, Jan Marcel Lacerda, professor da Universidade Federal do Tocantins (UFT), analisou o impacto econômico e estratégico da obra.
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00:00E a Guiana, um dos países que mais crescem no mundo, prepara uma estrada de 500 quilômetros para se conectar ao Brasil.
00:08O investimento é de 5 bilhões de reais.
00:11Hoje, a rodovia batizada de El Sendero já existe, mas é de terra, o que dificulta o tráfego.
00:18Vão ser construídos 4 trechos e 50 pontes.
00:22E sobre essa obra, a gente conversa agora com o Jean Marcel Lacerda, que é professor da UFT, a Universidade Federal do Tocantins, e doutor em Ciência Política.
00:34Oi, Jean, bom dia para você. Seja bem-vindo ao Real Time.
00:38Bom dia, obrigado, Paula.
00:40Muito obrigada a você pela participação.
00:42Jean, a Guiana registra crescimento anual de dois dígitos, desde 2020.
00:48Isso são dados do Banco Mundial.
00:50Essa estrada, na sua opinião, ela pode acelerar tanto a expansão do lado de lá, da fronteira, como do lado de cá?
00:59Sim, com certeza.
01:01É muito em consequência do começo da exploração do petróleo, desde os anos de 2019 para cá.
01:09E a gente tem que ter em consciência que a Guiana é um país pequeno, ela tem 800 mil habitantes.
01:15E esse panorama aí da construção de uma estrada que vai ligar a Guiana e o Brasil, claramente, né?
01:22Jorge e tal, né? A sua capital e Roraima.
01:27A gente tem uma visão de que vai aumentar aí o mercado, né?
01:31Para a Guiana, de 20 milhões de pessoas potenciais na região norte.
01:36Então, é uma possibilidade aí de aumentar ainda mais o comércio entre Brasil e Guiana.
01:42Eu ia perguntar exatamente isso, né?
01:44Você já mencionou na resposta que a Guiana, ela possui, inclusive, uma das maiores reservas de petróleo per capita do mundo, né?
01:51E, certamente, com essa nova rota de quase 500 quilômetros, vai transformar e muito a vida econômica do país.
02:00Exatamente. A gente visualiza nos dados do MDIC, né?
02:05Do Ministério da Indústria, Comércio, que a relação entre Brasil e a Guiana, ela é muito pela compra, o Brasil compra cerca de 800 milhões em petróleo, quase 100%, 99% é petróleo, né?
02:22E ela, ele vende material de construção, combustível.
02:27Então, a gente vê claramente que essa relação, ela vai crescer muito mais, né?
02:32Ela tem um potencial e ela data ali de 2021, 2022, a um exponencial muito grande dessas relações comerciais entre Brasil e Guiana.
02:41Então, a possibilidade e a discussão que a gente traz é que esse crescimento econômico também tem que ter uma contrapartida social,
02:48educacional para a população da Guiana, que é muito pobre, né?
02:52Um dos países mais pobres da América Latina, né?
02:56Da América do Sul.
02:57E que a gente tem que ter esse crescimento econômico também acompanhando o crescimento social, educacional,
03:03porque senão não vai chegar na população esse crescimento.
03:07E a gente vai ter casos aí, como a gente já viu ao longo da história, que países muito ricos em petróleo
03:11geralmente tem casos de corrupção e desigualdades sociais muito grandes.
03:16Então, a gente tem que ter essa contrapartida e o presidente da Guiana tem essa preocupação, né?
03:21Já em seu segundo mandato, de ter um retorno, né?
03:26Desses ganhos, né?
03:27Do petróleo com a educação, infraestrutura, que aí se enquadra também a construção dessa estrada, né?
03:36Dessa rodovia ligando a Guiana ao Brasil.
03:40A gente, inclusive, está vendo aí nas imagens, né, Jan?
03:43Acho que você está tendo o seu retorno aí também.
03:46Dá para ver a imagem da estrada de terra, né?
03:50Então, certamente, em termos de tempo, vai diminuir muito.
03:54E é uma estrada que vai conectar dois portos.
03:57O porto de Palmeira, que atualmente está em construção no nordeste do país,
04:02que é próximo também à fronteira do Suriname.
04:04E, normalmente, essas áreas fronteiriças, é o que você disse,
04:07são áreas que acabam tendo o acesso da população, é bastante dificultoso, né?
04:14Isso vai aumentar muito a importância dessa obra.
04:18Exatamente.
04:19Se a gente for ver, né, os dados atuais, é que para fazer essa rota aí de Roraima, né,
04:24do Brasil para Jorge e tal, para Guiana, são cerca de 21 dias de transporte.
04:30E isso vai ser reduzido para 48 horas.
04:33Então, o potencial de conseguir o respaldo, né,
04:38o que vai conseguir de relações comerciais é muito grande.
04:42E também tem uma questão muito interessante,
04:44é que essa região, essa estrada também vai fazer com que o governo, né,
04:50da Guiana tenha um acesso mais rápido à região de Ezequibo,
04:55que é uma região de fronteira ali com a Venezuela,
04:57que está em disputa, né?
04:59A Venezuela, ela solicita essa região, que é da Guiana,
05:04e que a Guiana está ali, vai ter uma chegada mais rápida,
05:09até em termos militares, para essa região, através também dessa estrada.
05:13Então, é uma questão de segurança também para a Guiana,
05:16não só em termos econômicos.
05:19É, então, você falou da questão da segurança,
05:21mas eu estava vendo uns dados aqui,
05:23que parece que com a conclusão dessa obra,
05:25a Guiana vai ter um acesso, vai ter acesso a um mercado
05:29de mais de 20 milhões de pessoas,
05:31ou seja, são mais de 20 vezes a população do país
05:35que hoje não ultrapassa 800 mil pessoas, né?
05:38E isso, com certeza, também motiva um país tão pequeno
05:41a fazer um investimento dessa magnitude.
05:45Exato.
05:46Está tendo uma preocupação muito grande, né,
05:48e até uma das questões meio controversas é que a maioria desses gastos, né,
05:54em infraestrutura, estão vindo ali com parceria com empresas chinesas.
05:58Então, questiona-se, esses postos de mercado,
06:01ao invés de serem ocupados pela população da Guiana,
06:04estão sendo ocupados muito por chineses,
06:07que estão vindo para ajudar na construção e nessas obras de infraestrutura.
06:11Só que aí, em contrapartida,
06:13há necessidade de investimento em educação na Guiana,
06:16porque não tem mercado profissional qualificado
06:19para atender essas demandas novas, né,
06:21na área do petróleo, da infraestrutura, da construção civil.
06:25Então, por isso que há necessidade que esses gastos, né,
06:29que esses investimentos sejam muito fortes
06:31na área da educação, da saúde, da população,
06:35porque eles precisam construir uma mão de obra qualificada
06:37para continuar desenvolvendo o país.
06:40Então, como a gente já falou aqui hoje,
06:44é a décima reserva, né, em termos de petróleo,
06:48cerca de 17 bilhões de barris de petróleo de reserva,
06:53a décima do mundo.
06:54E para ter uma noção, o Brasil tem 14 bilhões.
06:57Então, é bem maior, é maior do que a brasileira.
07:02Muito obrigada pela sua entrevista e pelos seus esclarecimentos
07:05sobre esse assunto tão importante.
07:07Você ouviu aí de casa a entrevista com o Jean Marcel Lacerda.
07:12Ele que é professor da UFT, que é a Universidade Federal do Tocantins,
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