Em entrevista ao Real Time, Rafael Silveira, analista da Safras & Mercados, explicou como o Mato Grosso se tornou terceiro maior produtor mundial de soja e líder na produção de milho. Ele comentou os impactos da guerra comercial, produtividade recorde e a importância do estado para exportações brasileiras.
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00:00Se fosse um país, o Mato Grosso seria o terceiro maior produtor mundial de soja,
00:06atrás apenas do próprio Brasil e dos Estados Unidos.
00:09Sobre a força do agronegócio neste estado do Centro-Oeste,
00:13nós vamos conversar agora com o Rafael Silveira,
00:16ele que é analista da consultoria Safras e Mercados.
00:20Oi, Rafael, muito bom dia para você.
00:23Seja bem-vindo aqui ao Real Time, tudo bem?
00:26Opa, muito bom dia, é um prazer estar podendo falar com vocês.
00:29O prazer é todo nosso, Rafael.
00:31Rafael, o Mato Grosso faz parte de um grupo de estados conhecido como as Onças Brasileiras,
00:37um grupo de sete estados, que tem uma participação de mais da metade das riquezas do país.
00:45E o Mato Grosso se destaca, por exemplo, na soja.
00:48Como é que o estado alcançou essa magnitude no agronegócio?
00:53Bom, é interessante a gente comentar sobre,
00:56já que o Mato Grosso tem sido um estado muito forte em termos de geração de riqueza.
01:01A gente percebe, por exemplo, como você disse,
01:04que hoje o Mato Grosso já produz mais soja até do que a própria Argentina.
01:08Quer dizer, um estado apenas acaba produzindo uma geração de riqueza,
01:12por exemplo, na soja, acima de um próprio país, como a Argentina.
01:16Então, realmente, a gente vem vendo muito avanço em termos de tecnologia.
01:20O produtor brasileiro é muito bom em termos de geração de riqueza.
01:25Ele sabe como fazer o manejo da cultura.
01:27E a gente vê avanços a cada ano, novos avanços diária,
01:31que permitem uma produção muito grande, tanto da soja como para o milho.
01:35Então, o Mato Grosso tem esse destaque, o principal estado produtor no Brasil.
01:40Você veja, em 2025, a gente colheu mais de 170 milhões de toneladas na soja,
01:46das quais mais de 50 milhões veio só do estado do Mato Grosso.
01:50Então, enfim, é um estado que consegue gerar muita riqueza no agro.
01:56E qual é o peso do agronegócio na economia do Mato Grosso?
01:59Quase 100%?
02:01É, praticamente isso.
02:03A gente vê, é um estado produtor.
02:05Assim como a gente tem o próprio Centro-Oeste sendo muito voltado para o agro,
02:09mas o destaque real vem aí para o próprio Mato Grosso,
02:13que é um grande fornecedor de grãos, da soja e milho,
02:16e continua cada ano mostrando avanços constantes na área,
02:20aumentos de produtividade, muito investimento em tecnologia.
02:24É, o Mato Grosso falou do milho, né?
02:26O Mato Grosso também lidera a produção de milho.
02:30Qual é a fatia que é exportada?
02:32A gente sabe que soja exporta bastante, mas milho também,
02:34até porque o Brasil ultrapassou os Estados Unidos em relação à exportação de milho.
02:38Tem uma fatia importante do Mato Grosso nisso.
02:42É, o milho a gente tem aí...
02:44O Brasil também está se tornando uma potência cada vez maior na produção de milho.
02:48Não é à toa que vem subindo aí, acompanhando as produções dos outros grandes países.
02:54A gente tem aí uma safra de milho.
02:57Quando a gente soma todas as safras de milho, safras de mercado estima aí uma produção de mais de 138, 139 milhões de toneladas de milho,
03:05das quais aí só o Mato Grosso acaba produzindo aí com cerca de 48 milhões de toneladas, né?
03:11Na soja, é interessante a gente comentar que, por exemplo, ano passado nós tivemos aí perdas muito fortes, né?
03:17Por conta até de problemas climáticos em relação ao tamanho de produção que houve na soja.
03:24Mas esse ano foi um ano de bastante recuperação, né?
03:27A gente teve produtividades recordes aí registradas.
03:30A gente consegue estimar algo em torno de 67, 68 sacos por hectare de soja,
03:36o que é uma produtividade muito alta para uma área grande que a gente teve também.
03:39E, portanto, conseguimos aí uma produção muito grande, tanto da soja e agora também o milho aí chegando com mais de 48 milhões de toneladas só no estado do Mato Grosso.
03:48Então, realmente uma potência das quais a gente tem que acabar exportando também bastante, né?
03:53Rafael, a gente acompanhou aí que muitos itens do agronegócio, né?
03:57Muitos produtos acabaram sendo, ou ficando, fazendo parte do tarifácio de Trump, né?
04:03Dos 50%.
04:04E qual que é o impacto, então, do agronegócio, especificamente no Mato Grosso?
04:09Bom, no que se refere, por exemplo, à cultura da soja, né?
04:14A questão da guerra comercial, ela até acaba sendo positiva na formação de preços, tá?
04:19Por exemplo, ano passado o Brasil sofreu uma quebra muito forte, né?
04:24Por conta climática, a gente colheu ali em torno de 152 milhões de toneladas, 153.
04:30E esse ano foi mais de 170 milhões de toneladas.
04:33O interessante é que, por exemplo, no primeiro semestre do ano passado,
04:36nós tivemos uma queda muito forte nos preços físicos da soja, por exemplo.
04:41E esse ano foi o contrário, né?
04:42Esse ano nós tivemos aí uma certa estabilidade de preços ao longo de todo o ano.
04:48E agora, mais para o final do ano, estamos vendo aí, por conta até de meses local,
04:52um preço mais fortalecido, que acaba, querendo ou não, né?
04:56Ele ajuda a diluir a questão do custo também, que cada ano cresce, né?
05:00Principalmente no estado do Mato Grosso, mas que, devido às altas produtividades,
05:04você consegue aí ponderar um custo que faz sentido com um preço de mercado
05:08que acaba, né?
05:09Ajudando a manter aí a manutenção de aumento da área, por exemplo, no estado, né?
05:13Então, tudo isso acaba perpetuando esse ciclo positivo aí da evolução das culturas,
05:19sobretudo da soja no estado.
05:22Rafael, a gente acompanhou logo em abril ali, metade, meio de abril,
05:26houve uma polarização da guerra comercial entre Estados Unidos e China.
05:31E aí, a China parou de comprar soja dos Estados Unidos e aumentou as encomendas aqui do Brasil.
05:38Porém, com a reaproximação comercial entre China e Estados Unidos, né?
05:42Suspensão das tarifas e tentando chegar a alguns acordos,
05:46os Estados Unidos pressionaram os chineses para voltar a comprar a soja dos norte-americanos,
05:52dos produtores norte-americanos.
05:53Os chineses patinaram um pouquinho, começaram a comprar também mais da Argentina e do Uruguai.
06:00Isso tudo, né?
06:01Esse novo cenário pode ser ruim para o Brasil,
06:03que teve um up aí na venda de soja para a China ali de abril até junho.
06:10Agora pode reverter isso?
06:13Bom, isso é um ponto muito importante, né?
06:16Esse ano ele está sendo um ano bem político, né?
06:18Em termos de mercado, até em termos de formação de preço.
06:21O fato é que a guerra comercial acabou sendo bem positiva para a formação dos preços no mercado interno, né?
06:28Isso olhando pelo lado do produtor, frente ao que poderíamos ter visto por conta de uma produtividade recorde, né?
06:34Lembrando que nós não tivemos quebra de safra mundial,
06:37a gente vende uma safra velha americana regular,
06:40a gente vende uma safra boa na Argentina,
06:42a gente vende uma safra recorde brasileira, tá?
06:44Mesmo assim, os preços ficaram relativamente positivos, né?
06:48Por conta muito dessa movimentação entre Estados Unidos e China.
06:51O grande ponto é que, por enquanto, a gente ainda não vê nenhuma demanda muito factível por soja americana por parte dos chineses.
07:01Pelo contrário, a gente ainda vê um foco muito grande no Brasil, né?
07:04Os embarques programados para a soja são muito altos.
07:07Quando a gente acompanha e compara com o ano passado,
07:10a gente está bem acima em termos de projeção para o que ocorreu em 2024.
07:15Isso acaba sustentando por uma questão de demanda aí os preços do mercado doméstico.
07:20Agora, o grande ponto é que a gente tem que olhar mais à frente, né?
07:24Se a China, de fato, voltar a comprar soja americana,
07:27e isso também pode ocorrer,
07:29você tem ali algum desvio de demanda,
07:31no qual é esperado que no final do ano, né?
07:34Até o final de 2025, nós tivéssemos uma exportação muito agressiva
07:38que pode acabar não se consolidando.
07:40Ela provavelmente vai ser acima de 2024, sem dúvidas.
07:43Nós teremos uma exportação recorde,
07:45mas esse nível a mais vai depender realmente dessa relação China-Estados Unidos.
07:50E o que sair de demanda americana,
07:52certamente os chineses buscarão aqui no Brasil
07:54e pode ainda fortalecer um pouco mais os prêmios nos portos brasileiros
07:58e, no geral, configura aí um preço melhor para o produtor, né?
08:03Sobretudo aí no Mato Grosso.
08:04Rafael Silveira, queria muito agradecer a sua participação aqui no Real Time.
08:09Uma ótima segunda-feira e uma boa semana para você, viu?
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