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Antônio Leopoldino, diretor-geral da Casa Apis, analisou o impacto da seca e das tarifas dos EUA no mel do Piauí, que lidera as exportações brasileiras. Perdas podem superar 50%, e o setor busca ampliar mercados e consumo interno.

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Transcrição
00:00Produtores de mel do Piauí enfrentam um duplo desafio, o impacto da seca e também das tarifas impostas pelos Estados Unidos.
00:08O Estado é o maior exportador de mel do Brasil para o mercado norte-americano e estima perdas acima dos 50%.
00:15Eu converso agora com Antônio Leopoldino, que é apicultor e diretor-geral da Casa Apis.
00:21Bem-vindo ao Real Time, Antônio. Boa tarde para você.
00:24Boa tarde, Marcelo.
00:26Queria começar te perguntando, como é que tem sido lidar com essa combinação ruim de seca e de tarifas?
00:34Pois é, rapaz. Nós fomos surpreendidos esse ano com a questão da estiagem, porque as chuvas chegaram tarde.
00:44Geralmente, nós temos na passagem do ano novo, as primeiras chuvas, e esse ano elas só chegaram no meio de fevereiro.
00:52Então, houve um atraso na produção e depois houve mais ainda um descompasso, vamos dizer assim, no clima.
01:00Houve veranitos extensos.
01:02Uma hora chovia demais, outra hora não chovia de jeito nenhum.
01:07Então, tivemos aí uma quebra de safra da ordem de 40% a 50%.
01:11Não está ainda totalmente apurado, mas é nessa ordem.
01:14E aí, para completar, vem essa questão aí da tarifa, né?
01:22Então, é um momento preocupante e é quem está lutando para conseguir sobreviver com essas condições.
01:30É, imagino.
01:31Agora, o presidente Lula já deu a entender que, no caso de alguns produtos, ele vai fazer compra governamental para ajudar os produtores?
01:38Você acha que o mel se encaixaria nessa opção aí?
01:42Eu acho que seria muito importante, Marcelo.
01:44Até porque nós temos um baixo consumo de mel no Brasil.
01:47No Brasil, tradicionalmente, nós não consumimos mel.
01:52Se fizer uma comparação com países como América do Norte e Europa, eles consomem de 1.200 a 1.400 gramas de mel.
02:01Nós temos um consumo aí da ordem de 240 a 250 gramas.
02:06E esse consumo fica concentrado nas regiões sul e sudeste.
02:10Então, daquelas 65 mil toneladas de mel que o Brasil está produzindo hoje, nós consumimos no mercado interno apenas 53%.
02:2047% nós destinamos ao mercado externo, com uma concentração de 82% a 84% para os Estados Unidos.
02:28Então, temos que reverter essa situação.
02:30E se aumentar um pouquinho o consumo aqui dentro, a gente não vai ter mel para exportar.
02:36Agora, você acha que é fácil substituir o mel do Brasil nos Estados Unidos?
02:40Porque eu sei que o Brasil manda muito mel orgânico para lá, né?
02:43Eu acredito que não.
02:44Porque se você pegar a estatística, nós temos uma produção mundial estimada em 1.800.000 toneladas, a produção do planeta.
02:53Sendo que a produção de mel orgânico não chega nem a 10% desse volume.
02:57E o Brasil é hoje o maior produtor e o maior exportador desse mel.
03:02Se você pegar os nossos concorrentes, em segundo lugar, vem o Canadá, que já é um país que tradicionalmente produz e ele também consome boa parte desse mel.
03:11Os outros concorrentes seriam o México, o Uruguai, a Argentina, com parcelas muito inferiores a nós, algo em torno de 3% a 4% da nossa produção.
03:24Eu queria que você explicasse para a gente a negociação que vocês conseguiram com os americanos, porque parece que eles estão assumindo essas tarifas até dezembro, não é?
03:32Ou seja, eles vão arcar com esse custo, o mel vai ficar mais caro lá, mas pelo menos até dezembro as vendas estão garantidas, é isso?
03:40Exatamente.
03:41Nós temos contrato com eles até dezembro, então até dezembro está garantido.
03:45Nós vamos continuar fornecendo nas mesmas condições e eles estão assumindo essa tarifa que quando chega lá eles que vão pagar, porque a nossa comercialização é na modalidade FOB, então nossa responsabilidade, ela encerra a partir do momento que a gente entrega a mercadoria no porto e faz o despacho aduaneiro.
04:07A partir daí, o transporte naval, as taxações, as despesas é por conta do importador.
04:15Você fica mais tranquilo com essa situação ou também fica com aquela incerteza do que fazer a partir de janeiro?
04:24É, a gente fica com aquela incerteza porque momentaneamente a coisa está, vamos dizer assim, está, podemos dizer, de certa forma resolvida.
04:32Mas temos que pensar no futuro, não é? Quatro meses, cinco meses passam muito rápido.
04:38Então a gente tem aí essa chance de trabalhar esses próximos meses para a gente buscar novas alternativas de mercado, né?
04:48E também procurar ampliar um pouco o consumo de mel aqui no país, né?
04:54A casa abre, pois não.
04:56Nós temos uma feira mundial que acontece a cada dois anos, nós vamos ter agora na Dinamarca, a Apimônia, que é o congresso mundial da apicultura, né?
05:08Seria muito importante a gente participar dessa feira, né?
05:13Precisaríamos de apoio aí do governo para a gente estar participando dessa feira, porque lá vai estar presente todos os exportadores e os importadores, né?
05:23Então há uma chance maior da gente fechar negócio nesses outros mercados.
05:28É, isso que eu queria te perguntar, porque a Casa Apis, ela tem um histórico de importação para mercados exigentes, né?
05:35Vocês conseguem oferecer qualidade no produto, isso é muito importante.
05:39Isso acho que ajuda nas negociações também, porque mel não é um produto que dá para dizer que é igual ao café.
05:44Óbvio que o café também tem gradação, né? Tem café melhor, café pior.
05:47Mas eu acho que no caso do mel, um mel de qualidade, ele é muito mais difícil de ser encontrado, né?
05:54Com certeza. E nós estamos, nós se acomodamos, né?
05:57Ficamos concentrados em poucos países da Europa e concentrada a grande exportação aí da ordem 82, 84% dos Estados Unidos.
06:07Então a gente tem que se mexer, tem que fazer um bom planejamento, aproveitar esse tempo que nós ainda temos, para a gente ampliar o mercado.
06:14Eu acredito que tem países aí interessados nesse produto e uma excelente qualidade, que é o mel brasileiro, né?
06:22Com essa qualidade orgânica.
06:23Vocês não pensam em fazer uma campanha também para aumentar o consumo nacional?
06:27Porque o mel tem propriedades nutritivas muito interessantes, né?
06:31Acredito que até é uma opção melhor para adoçar do que o açúcar, embora seja mais cara.
06:36Eu mesmo adoro colocar mel no café.
06:38Todo dia cedo eu coloco um pouquinho lá no café.
06:40Eu acho que fica muito bom.
06:41Vocês não pensam em promover mais o mel aqui dentro?
06:45Com certeza. Eu acho que é esse o caminho, né?
06:48A gente buscar novas alternativas do mercado doméstico e até agrega mais valor, né?
06:53Porque é um produto já fracionado, né?
06:56Quando a gente exporta, a gente exporta com modos, né? Vai para rios de mel.
07:01E aqui dentro a gente consegue colocar nas redes de supermercado, já o produto final é o consumo direto nas redes de consumo.
07:10E a gente tem que ter a oportunidade de divulgar, né?
07:13A importância do mel como alimento.
07:16E as pessoas aqui, principalmente nessas regiões aqui do Nordeste, do Norte, Centro-Oeste,
07:22usam mel é como se fosse medicamento.
07:23Mel não é medicamento. Mel é um alimento.
07:26A Europa, Estados Unidos, faz parte da cesta base.
07:30Agora, você não acha que o mel ainda é um pouco caro para o consumidor brasileiro?
07:34Isso é uma outra coisa que nós temos que negociar,
07:36porque se você pegar os preços que nós exportamos o mel, o mel não é tão caro.
07:433.300 dólares, 3.200 reais, 200 dólares a tonelada.
07:48Então, se você fizer os cálculos, é muito mais barato do que determinados produtos, né?
07:54Produtos lácteos, produto da carne, por exemplo.
07:58Então, agora, a gente precisa trabalhar junto ao governo, junto a outros órgãos da sociedade.
08:05Questão do supermercadista também, porque esses produtos, como é um produto novo,
08:11eles colocam uma margem de lucro muito alta.
08:13Então, é um aumento de todo mundo doar ao topo, né?
08:15Gera hábito de consumo, aumenta o volume, vai sair ganhando todo mundo.
08:19Agora, o mel tem uma outra coisa interessante, que para produzir o mel,
08:24obviamente, vocês cultivam as abelhas, né?
08:26E as abelhas são importantíssimas para a agricultura do mundo inteiro.
08:30E, infelizmente, em alguns lugares, até pelo uso de defensivos agrícolas,
08:34muitas espécies de abelhas estão até correndo risco de extinção, né?
08:38Exatamente, né?
08:39Onde tem áreas de lavouras tecnificadas, fica difícil trabalhar,
08:42porque tem o custo de agrotóxicos, as queimadas, o desmatamento, né?
08:49Então, graças a Deus, aqui na nossa região, semiárida, não só o Piauí,
08:54mas com os demais estados vizinhos, tem uma área muito boa,
08:58e a abelha se adaptou muito bem, e também uma área que tem uma população pobre,
09:03que tem aí uma oportunidade de produzir, né?
09:06De gerar renda, trabalho, ocupação mão de obra para essas famílias, né?
09:10Antônio Leopoldino, apicultor e diretor-geral da Casa Apis,
09:14muito obrigado pela sua participação aqui no Real Time,
09:17boa sorte com a sua atividade e boa tarde.
09:20Obrigado.
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