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No Direto ao Ponto, o CEO da CECAFÉ, Marcos Antonio Matos, analisa o possível impacto do tarifaço de Donald Trump sobre o preço do café no Brasil. Ele destaca que o valor interno dependerá de diversos fatores, como câmbio, logística e margens de distribuição, além da reação dos compradores norte-americanos.

Assista na íntegra: https://youtube.com/live/oo-vTrxLGsA

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Transcrição
00:00Vai lá, Alex.
00:02Primeiramente, agradecer aqui, Evandro, e toda a produção da Jovem Pan,
00:05e também saudar os colegas, amigos aqui que estão nos acompanhando,
00:08também toda a audiência.
00:11Marcos, falando aqui um pouquinho sobre o aspecto econômico,
00:14eu queria entrar em duas esferas aqui, aproveitando de tudo o que está acontecendo.
00:19Primeiro, o nosso diferencial competitivo em termos de qualidade.
00:21Eu queria que você comentasse um pouco de números, da nossa participação de Market Share,
00:25mas em termos de qualidade, quanto a gente diferencia desse mercado?
00:27O segundo é o panorama do agro-brasileiro.
00:30Quanto que o Brasil, em termos do café, tem ali micro-regiões, pequenos produtores,
00:35alguns deles exportam muito mais, outros tem mais mercado interno.
00:38A gente entra no cenário do agronegócio no café.
00:41Quanto que preocupa em relação, como o mercado até fala, da quebradeira do agro,
00:46ou seja, nós vimos em vários setores que passaram por essa dificuldade,
00:48recuperações judiciais.
00:49No agro é diferente?
00:51Os produtores podem sofrer com maior rapidez esses efeitos negativos,
00:55em comparação a outros setores no agro,
00:57já que pode ter uma dependência a maiores importações desse tipo de café específico,
01:01em termos de qualidade, até mesmo do fornecedor, em relação a toda essa conjuntura internacional?
01:07Alex, muito interessante.
01:09Eu vou tentar dividir o meu raciocínio para atender todos os pontos que você traz.
01:13Eu não posso esquecer realmente nenhum desses pontos, porque são todos relevantes.
01:16A cafeicultura brasileira, ela é essencialmente familiar.
01:2072% de todos os cafeicultores, que hoje a gente estima em 300 mil cafeicultores,
01:24de acordo com o último censo, 72% estão abaixo de 20 hectares.
01:2878% acessa um Pronaf, que é uma linha de crédito rural voltada à agricultura familiar.
01:33É produzido o café em mais de 1.500 municípios no Brasil.
01:37São 39 regiões produtoras, Brasil, que é um país continental.
01:41Então, nós temos aqui no Brasil uma diversidade de parâmetros sensoriais.
01:46A gente produz cafés arábicas, a gente produz cafés canéforas, que é o conilon robusta,
01:51e Brasil é o maior produtor e exportador de café solúvel,
01:54que utiliza basicamente o conilon robusta nos seus blends,
01:57para exportar um produto com valor agregado.
02:00Então, colocado isso, quando a gente olha os Estados Unidos,
02:02os números que eu já comentei, de 2 bilhões de dólares, 8,1 milhões de sacas totais exportadas,
02:07incluindo o café solúvel, que a gente transforma em sacas de cafés verdes equivalentes,
02:12isso fazendo um número arredondado.
02:1380% de tudo são cafés arábicas, 10% canéforas, conilon robusta, outros 10% solúveis.
02:21Então, é mais ou menos essa é a partição.
02:23Quando a gente olha o café arábica brasileiro, que é majoritário, nós vemos para os Estados Unidos,
02:28e nós temos corpo, doçura, acidez, que são importantes para se fazer os blends das marcas centenárias.
02:36Os Estados Unidos tem as principais empresas do mundo do café, que está em todos os países.
02:40Veja quantas lojas tem da Starbucks na China, embora hoje a Lucky Coffee tenha o destaque total em lojas.
02:46Mas a Starbucks está em todos os lugares, é sede nos Estados Unidos.
02:49Quantas torrefadoras, temos Folgers, Muckers Company, várias maiores do mundo.
02:54E a base dos seus blends são os cafés brasileiros, por conta dessas características.
02:58Os cafés centro-americanos, colombianos, eles são para se misturar no nosso blend,
03:04por conta das nossas características de diversidade, de parâmetros e corpo, acidez, doçura.
03:09Então, veja, e os estoques de cafés no mundo são os menores desde os anos 90, do começo dos anos 90.
03:15Mas, esse estoque ainda engana a gente. Por quê?
03:19Esse estoque, a gente tem uma produção melhor no Brasil, que foi colhida agora,
03:23de conilon, foi uma safra melhor que a safra passada.
03:26E a Ásia, estamos esperando que, nesse ano, no fim desse ano, tenha uma colheita boa de robustas.
03:32Mas, a arábica não. A nossa safra, ela é menor que a safra passada.
03:37E vários países produtores de café arábica passam para os desafios climáticos, como o Brasil.
03:41Então, veja, no caso do café arábico, o estoque ainda é mais apertado.
03:45Com quais são os nossos impactos?
03:47Porque Estados Unidos precisa do nosso café e vai continuar precisando do nosso café.
03:52No curto prazo, é essa questão de contratos, quem fez, quem está sendo questionado,
03:57os próximos contratos, que o importador quer esperar um pouquinho para saber o que vai acontecer.
04:02Então, ele não faz o pedido, segura um pouquinho.
04:06Então, esses são os impactos no café.
04:07O café não é um produto tão perecível como as frutas, que é um desespero absoluto.
04:12Os nossos é isso, alguma renegociação, alguma discussão.
04:16O mercado era para estar acontecendo agora, começando, porque a colheita veio.
04:18Era para estar sendo mais aquecida agora e não está.
04:21Então, isso é o nosso impacto.
04:24Agora, no médio, e podemos dizer um longo prazo relativo também,
04:29se colocar muitos anos à frente é difícil falar,
04:31porque o Brasil, segundo os modelos meteorológicos,
04:35ele pode ter novamente uma safra alta de café em 2026.
04:39Isso não acontece desde 2020.
04:41Quando nós tivemos todas as condições, elas se alinharam,
04:44diferenciais competitivos, produção, sustentabilidade, qualidade,
04:47de 2020, nós arrasamos.
04:49Tivemos geada, seca, ondas de temperatura altíssimas,
04:52problemas todos que vocês imaginam nós tivemos.
04:56Parada dos portos por falta de capacidade de logística,
04:59tudo que vocês...
04:59A gente tem um relatório mensal que mostra isso.
05:01Tudo aconteceu.
05:03E os modelos meteorológicos, que podem mudar a qualquer momento,
05:06eles indicam que a gente não vai ter nem El Ninho, nem Laninha,
05:09nesse verão 2025, barra 26.
05:11São chuvas mais equilibradas e isso indica que o Brasil pode finalmente ter uma safra.
05:15Então, veja, enquanto não tiver café arábica,
05:18o Estados Unidos vai precisar do nosso produto.
05:20Essa que é a verdade.
05:21Agora, se a gente tivesse uma condição de mercado,
05:23que a gente tivesse com superprodução de café arábica nos centro-americanos,
05:26Colômbia, e ele pudesse ter alguma outra opção,
05:29aí, de fato, as nossas exportações iriam cair bastante.
05:32Então, a gente pode ter uma redução, porque 50%, 10% mais ou 40% que entrou em vigor,
05:37impacta a competitividade.
05:39Óbvio, a gente é competitivo, muito mais competitivo, muito mais eficiente.
05:43Mas isso também vai até certo ponto.
05:4550% é um peso muito grande.
05:48Hoje, nós temos Colômbia com 10%.
05:50Outros países lá da Ásia variam.
05:52O Vietnã ficou com 20%, outro ficou com 19% como a Indonésia.
05:55Então, veja, a gente tem situações mais distintas nesse processo de negociação.
05:59Agora, enquanto a gente tiver esse aperto de estoques de arábica,
06:04o Estados Unidos ainda vai continuar e as marcas centenárias
06:06não vão ter como abrir mão do café brasileiro
06:09numa situação que não tem disponibilidade.
06:11Então, quem vai pagar conta, novamente, é o consumidor norte-americano.
06:14Lembrando que, entre janeiro e maio desse ano,
06:18o preço do café arábica na Bolsa de Nova York
06:21estava entre 4 e 4,30 dólares por libra-peso.
06:25E ele voltou a ter uma nova puxada de alta agora.
06:27Foi para 3,20.
06:29Mas ele estava se dando entre 2,70 e 3,
06:31agora jogou para cima nesse pregão de hoje.
06:33Foi para 3,20.
06:35Então, veja que a gente está ali trabalhando com preços historicamente altos e pressionados.
06:41Interessante.
06:42É nesse ponto que eu quero tocar contigo, Marcos,
06:44porque, embora vocês cuidem das relações de exportação,
06:48muito se questiona sobre o preço do café no Brasil
06:50com todo esse movimento envolvendo o tarifácio.
06:53E houve uma discussão sobre a possibilidade de redução do preço.
06:56Só que os índices externos e econômicos mostraram um movimento contrário.
07:03Por quê?
07:03E eu quero entender de você se há uma expectativa de redução do preço no país
07:08com toda essa questão de exportação agora desafiadora.
07:12É interessante essa análise, Evandro,
07:14porque nós estamos falando de uma análise multivariáveis.
07:17Muitas variáveis e a tarifa é mais uma que entra nessa análise.
07:21Quando a gente fala de preço de bolsa, é o preço que reflete as condições de demanda,
07:27o consumo global e as condições de produção.
07:31A demanda, a gente tem visto assim,
07:34em algumas situações cresce, como o mercado asiático,
07:36e isso é ótima notícia.
07:38Mercado europeu estabilizado, taxas de crescimento mais baixas.
07:42Mercado, por exemplo, mesmo a Ásia, que eu destaquei o crescimento,
07:45China, Índia e Indonésia, Japão decresce,
07:47porque reduziu, foi recorde a queda de população do Japão nas últimas décadas.
07:52Eles foram para 120 milhões de habitantes,
07:54sendo que eles já tinham tido 130 há umas décadas atrás.
07:58Então, e está reduzindo o número levemente,
08:01mas há uma redução de consumo de café.
08:03E Estados Unidos, que cresce lentamente,
08:05mas existe alguma taxa de crescimento.
08:07E a produção com muita dificuldade.
08:09Então, quando a gente olha isso,
08:12a gente tem que pensar que tem essa variável de oferta, demanda e estoque final.
08:15Se está pressionando o estoque final, o preço sobe.
08:17Essa estrutura do mercado.
08:19E tudo nos leva a crer.
08:21E a gente tem dificuldades de estatísticas de produção no Brasil.
08:24Essa é uma verdade.
08:25O Brasil vem exportando números muito expressivos,
08:28mas não necessariamente os nossos números de safra conseguem refletir
08:31o que o Brasil consome e o que o Brasil exporta.
08:34Mas há um sentimento de que a safra de café arábica 2025
08:38é ainda pior do que se imaginava.
08:42Então, ela ia ser mais baixa, talvez pouco mais baixa, que a de 24.
08:45Mas leva a crer que o rendimento no beneficiamento,
08:49que é onde você vê o tamanho do grão, o peso do grão,
08:52aí nos parece que a gente pode ter uma safra ainda mais desafiadora.
08:57Então, veja, quando o café começa a entrar no mercado,
09:00os exportadores se recebem, começam a fazer o planejamento
09:03e o volume é menor,
09:05é mais uma pressão autista nessa estrutura de mercado.
09:08Ou seja, não há possibilidade nem previsão de que o preço comece a baixar.
09:12A possibilidade vai depender do mercado antecipando as condições meteorológicas.
09:19Primeiro, a safra asiática, que entra agora no final, no segundo semestre de 2026,
09:23mas a partir de outubro.
09:25Nós temos a safra principal do café arábica.
09:28A safra, a colheita principal da Colômbia, acontece no segundo semestre.
09:31E há alguns indicativos que podem ser prejudicados.
09:34Temos ótimas perspectivas para a Vietnã, segundo o órgão norte-americano, o USDA,
09:40projetou 31 milhões de sacas para o Vietnã, sendo 30 de café robusta.
09:45Então, é uma produção muito expressiva.
09:46E o mercado antecipar a safra 26.
09:49Por quê?
09:49Por mais que tenha tudo para ser definido ainda,
09:51a florada, que acontece em agosto, setembro, no Conilon e no Arábica, outubro, novembro.
09:58Então, veja, tem muita coisa para acontecer.
10:00Mas, em algum momento, o mercado vai antecipar a expectativa da safra 26.
10:06E aí, se for positivo, se os modelos meteorológicos indicarem realmente uma possibilidade de safra recorde,
10:11vai ser um fator baixista.
10:13Mas, até lá, muita coisa pode acontecer e a pressão está sendo grande.
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