Pular para o playerIr para o conteúdo principal
Tulio Cariello, diretor no Conselho Empresarial Brasil/China analisa o impacto das tarifas de 50% dos EUA na soja e como o Brasil aposta na China para ampliar exportações de café, açaí e superalimentos, aproveitando o apoio da embaixada chinesa para explorar novos mercados e reduzir dependência dos EUA.

Acompanhe a cobertura em tempo real da guerra tarifária, com exclusividade CNBC: https://timesbrasil.com.br/guerra-comercial/

🚨Inscreva-se no canal e ative o sininho para receber todo o nosso conteúdo!

Siga o Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC nas redes sociais: @otimesbrasil

📌 ONDE ASSISTIR AO MAIOR CANAL DE NEGÓCIOS DO MUNDO NO BRASIL:

🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais

🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562

🔷 ONLINE: https://timesbrasil.com.br | YouTube

🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, LG Channels, TCL Channels, Pluto TV, Roku, Soul TV, Zapping | Novos Streamings

#CNBCNoBrasil
#JornalismoDeNegócios
#TimesBrasil

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00Enquanto o tarifácio de 50% dos Estados Unidos redesenha rotas de exportação,
00:05o Brasil intensifica a prospecção de novos mercados na China,
00:09com apoio direto da Embaixada Chinesa no Brasil, nas redes sociais,
00:12destacando produtos como café e açaí.
00:15Mas, ao mesmo tempo, o presidente Donald Trump pede que Pequim
00:18quadruplique as compras de soja americana,
00:21o que pode alterar o espaço para os produtos brasileiros.
00:24Para analisar esse tabuleiro econômico, eu converso agora com Túlio Cariello,
00:28que é diretor de conteúdo e pesquisa do Conselho Empresarial Brasil-China.
00:33Boa tarde para você, Túlio. Seja muito bem-vindo.
00:36Boa tarde, Marcelo. Bom estar aqui com vocês.
00:40Bom, em relação a essa questão que você perguntou da soja, mais especificamente,
00:47eu recebi essa notícia com uma certa surpresa, na verdade,
00:52mas eu acredito que isso pode ser um instrumento de negociação
00:55no meio dessas disputas tarifárias, mas eu acho que é improvável que isso aconteça,
01:01porque, de fato, o Brasil hoje é o principal fornecedor de soja para a China.
01:06A gente tem praticamente 70% do mercado de importação chinês de soja,
01:12sem contar que a gente tem outros fornecedores também importantes para a China nesse setor.
01:17Não é só os Estados Unidos, que seria o segundo principal.
01:20Então, a gente tem, por exemplo, a Argentina, tem o próprio leste europeu também, a África.
01:25Sem contar que a China também tem buscado aumentar a sua própria produção doméstica de soja.
01:31Óbvio que eles estão muito longe de serem autossuficientes na produção,
01:36mas têm buscado aumentar também a sua produção interna para depender cada vez menos do exterior.
01:40Então, eu acho muito improvável que isso aconteça, na verdade.
01:43No caso do comércio com o Brasil, esse estímulo que está havendo, inclusive, da embaixada chinesa
01:48para o que o Brasil venda mais para lá, você acha que isso é uma tentativa de preencher, então,
01:53esse espaço que pode ser deixado pelos Estados Unidos?
01:57De uma certa forma, sim, mas é bom a gente ter em mente também que o comércio entre Brasil e China
02:03e Brasil e Estados Unidos é um comércio muito diferente.
02:05A gente, de fato, vende muito mais para os Estados Unidos produtos já com maior valor agregado,
02:10principalmente na área industrial, então, a gente tem uma participação muito forte do setor de aço,
02:15máquinas e equipamentos, a gente viu também uma participação importante da própria Embraer
02:20no setor de aeronaves, claro que os Estados Unidos também importam produtos agrícolas,
02:25como o suco de laranja, o café, a carne, mas eu acho que existe espaço para alguns setores específicos
02:32se deslocarem para o mercado chinês.
02:35Eu acho que o setor de carnes tem um grande potencial,
02:37principalmente porque a China já é o principal mercado da carne por vinda brasileira no exterior
02:42e também o setor de café.
02:45A gente viu recentemente o aumento do número de estabelecimentos brasileiros
02:50habilitados para exportar para a China nessa área do café
02:53e eu acredito que isso é algo muito positivo também,
02:56embora hoje a China seja o terceiro maior mercado do Brasil na Ásia,
03:02perde ainda para o Japão e para a Coreia, é um crescimento considerável que tem o consumo de café na China.
03:09Então, acho que tem um potencial muito grande para a gente poder vender mais para lá,
03:13embora os Estados Unidos e a Europa, de forma geral, continuem sendo o principal mercado para o café brasileiro.
03:18É, historicamente a gente sabe que a China consome muito mais chá do que café,
03:22só que tem evoluído o consumo de café no país, né?
03:24Não, exatamente.
03:26Eu acho que isso é uma característica muito marcante, inclusive, dessa nova China que a gente vê hoje,
03:31que é uma China muito mais exposta também ao estilo de vida ocidental, né?
03:35Então, você vai hoje nas grandes cidades chinesas, Pequim, Xangai, por exemplo,
03:40você encontra cafeterias de redes que estão no mundo inteiro,
03:44como Starbucks, Costa Coffee, né?
03:46Para falar só algumas.
03:47E até mesmo algumas empresas chinesas que estão investindo nisso.
03:50Então, hoje você tem até o Lucky Coffee, por exemplo, que é uma rede de cafeterias chinesas
03:55que tem crescido muito no país para atender essa demanda aí,
03:59que é principalmente pautada, em grande medida, pela classe média chinesa, né?
04:04Que, inclusive, a classe média chinesa hoje já é maior que toda a população americana,
04:08para a gente ter uma ideia, né?
04:09Mas, sobretudo, entra uma classe média chinesa mais jovem e exposta a esses valores ocidentais, né?
04:14Esse estilo de vida ocidental.
04:16É, se a China começar a consumir café para valer,
04:18vai mudar o jogo do café no mercado internacional, né?
04:21Vai ser, de novo, o tal do ouro verde, né?
04:25Exatamente.
04:26Eu acho que isso é um ponto importante.
04:28Já tem até algumas frases aí que foram atribuídas a presidentes do Brasil,
04:32que foram à China muitos anos atrás,
04:34que diziam que se cada chinês tomasse uma xícara de café por dia,
04:39se salvava a economia brasileira, né?
04:41Claro que isso não vai acontecer, obviamente.
04:43Eu acho que a China ainda é o país do chá.
04:45Mas é importante a gente ter em mente aqui também um outro ponto.
04:48Você comentou do ouro verde.
04:50Isso eu levanto uma questão interessante também,
04:52que o café que a gente exporta para a China
04:54e para o mundo de forma geral, né?
04:57Para os Estados Unidos, para a Europa,
04:58é um café com pouco valor agregado.
05:01É o café verde, de fato,
05:02que vai ser torrado lá fora, né?
05:04Então, toda agregação de valor é feita lá fora, nesse sentido.
05:08Então, quem fica com as maiores margens,
05:10geralmente, não é nem o Brasil.
05:11Então, assim, eu acho que a gente tem ainda a condição
05:13de aumentar nossas exportações de café verde,
05:16mas é mais importante a gente buscar também
05:19a agregação de valor, né?
05:21Explorar, por exemplo, a exportação de café premium,
05:24torrada aqui no Brasil,
05:25que é um setor que tem crescido muito aqui,
05:27com café de muita qualidade, inclusive.
05:29Agora, e o açaí?
05:30O açaí está caindo no gosto do chinês?
05:32Ele já aconteceu por lá?
05:33A história do açaí, eu acho que é interessante, né?
05:37Na China, eu acho que ainda é algo muito recente.
05:39O consumo não é massificado ainda.
05:42Inclusive, os chineses usam o açaí de formas
05:44que soam até um pouco estranhas para a gente aqui,
05:47inclusive na área de cosméticos, por exemplo, né?
05:50Mas eu acredito que o açaí é um bom exemplo
05:52de um produto brasileiro
05:53que está muitas vezes associado também
05:56à questão de saúde, né?
05:57A superalimentos, por exemplo.
05:59Então, além do açaí, né?
06:01Que é um setor que tem um grande potencial de crescimento,
06:04acredito.
06:05A gente pode explorar também outros produtos
06:07que têm essa pegada aí do superalimento, né?
06:10De saudável.
06:12Noz e castanhas, por exemplo.
06:14Mel e própolis.
06:15O própolis brasileiro é muito famoso, né?
06:17Hoje, por exemplo, na China,
06:18a gente tem um consumo de mel de alta qualidade
06:22que costuma vir da Nova Zelândia, por exemplo.
06:24A gente pode fazer um trabalho nessa direção também.
06:27Frutas tropicais, né?
06:28Os chineses adoram fruta em geral.
06:30Então, por exemplo,
06:30se você vai num jantar ou num almoço na China,
06:33quase sempre vai ser oferecido no final alguma fruta.
06:37E o Brasil é uma potência nessa área.
06:38A gente pode explorar esse mercado.
06:40Produtos orgânicos, né?
06:42Ou seja, produtos vistos como saudáveis
06:44que têm esse apelo aí de superalimento.
06:46Então, acho que o açaí é só um exemplo
06:48entre muitos aí que a gente pode explorar
06:50no mercado chinês, né?
06:52Pensando um pouco em geopolítica,
06:54você acha que isso que está acontecendo
06:55entre o Brasil e os Estados Unidos
06:57pode fazer com que os americanos
07:00percam um espaço comercial no Brasil
07:02que depois vai ser muito difícil de recuperar?
07:06É, eu acredito que a relação
07:08entre Estados Unidos e Brasil
07:10ela está estremecida no momento,
07:11mas a gente tem que ter em mente
07:12que os Estados Unidos continuam sendo
07:14um mercado muito importante, né?
07:16Então, acredito que de forma geral
07:18essa questão que a gente está vendo agora
07:20das tarifas é um ponto que em algum momento
07:23vai ser ultrapassado, né?
07:25Assim, quando o Trump sai do poder, por exemplo,
07:27a gente pode esperar uma abordagem mais racional, né?
07:32Do ponto de vista dos Estados Unidos,
07:33inclusive porque quem sofre com as consequências
07:36dessa questão das tarifas, em última instância,
07:39também é o consumidor americano, né?
07:41É ele que vai pagar mais caro no café,
07:43ele que vai pagar mais caro na carne.
07:44Agora, eu acredito que isso também expõe
07:49uma fragilidade na nossa dependência
07:51de poucos destinos de exportação, né?
07:54No caso dos Estados Unidos e da China
07:55e a necessidade que a gente tem
07:57de buscar novas rodas de comércio
07:59para outros países.
08:00Então, a Ásia, por exemplo,
08:02acho que acaba sendo um destino muito importante.
08:04A gente tem um crescimento do consumo lá,
08:06tem países que têm passado por um desenvolvimento,
08:09por uma urbanização,
08:10por um crescimento da classe média
08:12muito alto também nos últimos tempos,
08:13que, de certa forma,
08:15é muito parecido com o que aconteceu na China, né?
08:17Claro que guardadas as proporções,
08:19mas a gente tem que explorar,
08:20sem dúvida alguma,
08:21outros mercados para além desses
08:23que hoje a gente tem uma dependência excessiva, né?
08:26Túlio Cariello,
08:26diretor de conteúdo e pesquisa
08:28do Conselho Empresarial Brasil-China.
08:30Muito obrigado pela sua participação hoje.
08:32Boa tarde.
08:32Obrigado, Marcelo.
08:34Boa tarde a vocês.
Seja a primeira pessoa a comentar
Adicionar seu comentário

Recomendado