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  • há 7 semanas
Estudos indicam que reprimir sentimentos afeta o corpo e a saúde do coração.
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00:00Tem mulher faladeira aí na sua casa? Deixa eu te dar uma notícia, mulheres que falam demais, vivem mais.
00:09Olha só, a gente vai te explicar, pessoal, sabe quando a gente engole o que a gente queria dizer,
00:15só pra não arrumar confusão em casa, no trabalho, com o parceiro?
00:21Esse hábito de ficar calada, pra evitar briga, pode fazer mal ao coração, vocês sabiam?
00:28Então, pesquisadores identificaram que mulheres que reprimem o que sentem, tem maior risco cardiovascular.
00:36Deixa eu conversar aqui com o Carlos Marcelo Assis, psicólogo, nosso convidado de hoje, bem-vindo, Carlos.
00:43Bom dia, Bruna, que alegria estar aqui com você pra falar de um tema tão importante, né?
00:47Pois é, pra todos nós.
00:48Pra todos nós, porque não é só as mulheres não, mas vamos conversar por elas, bom dia pra você, Carlos.
00:53Bom dia.
00:53Como é que é isso na prática, então? Porque tem muita mulher em casa que sofre com esse estigma.
00:59Você fala demais, você é faladeira, não aguento mais ouvir você falar.
01:04Acho que esse é um ponto importante, Bruna, pra gente começar, porque falar demais pra quem?
01:09Quem é que tá dizendo que é falar demais? Muitas vezes são homens, né?
01:12Na maioria das vezes.
01:13São companheiros, às vezes, que estão numa situação de privilégio.
01:16A mulher tá numa situação de desigualdade, de inferioridade, se sentindo diminuída, fragilizada, vulnerabilizada, e ela é silenciada.
01:26É como se as emoções dela, as opiniões dela, os conceitos dela, valessem menos.
01:31Isso é muito mais uma construção social, né?
01:33Falar demais...
01:34Pra quem, né?
01:35É, pra quem? É pra homens, né?
01:37Provavelmente.
01:38Pra aqueles que estão na posição de superioridade, de privilégio, de vantagem econômica, e aí as mulheres vão guardando as emoções, vão guardando as suas convicções, suas opiniões.
01:48Já se sabia que reprimir emoções faz mal pra saúde física até, mas agora ficou comprovado que até a saúde cardiovascular, que é um marcador importante, é um fator importantíssimo pra reduzir a vida das pessoas,
02:00ou seja, o coração também sofre, as artérias entopem mais quando a pessoa não se expressa.
02:06Ou seja, mulheres muitas vezes são assim, desfavorecidas, silenciadas, e são obrigadas a engolir o choro, né?
02:14Engolir as emoções.
02:15Quem disse que emoção é problema?
02:17Quem disse que emoção é fraqueza?
02:19Então, infelizmente, o que esse estudo faz é corroborar algo que a medicina e a psicologia já viam e já defendiam.
02:26É preciso acolher as emoções, é preciso expressar as emoções, e no caso das mulheres, essa é uma questão social extremamente relevante.
02:34Com certeza, porque muitas vezes é dentro de casa mesmo, né? Filhos, maridos, que acabam tomando essa atitude.
02:41Agora, a gente tá falando de emoções, não é só de falar, né?
02:45Às vezes a mulher tá até ali tentando fazer um exercício, né? De se calar, de falar mesmo, mas são outras emoções também.
02:53É expressar emoções.
02:54Agora, como é que a mulher vai poder expressar suas emoções e poder se comunicar num contexto de desigualdade e, às vezes, de violência?
03:01Se você abrir hoje o mapa da violência contra a mulher no Estado do Espírito Santo, não são apenas os feminicídios.
03:09Você tem situações de ameaça, situações de perseguição, de stalker, situações de humilhação, né?
03:17Ou seja, as mulheres sofrem múltiplas violências, muitas vezes, dentro de casa, na relação com companheiros,
03:23e isso deixa elas realmente recolhidas, silenciadas, adoecidas.
03:29E ainda assim, põe um mito.
03:31Aquele mito da mulher maravilha, da mulher que tem que aguentar tudo, da mulher que tem que suportar tudo.
03:36Ou seja, é um mito muito vantajoso pra homens, né?
03:38Claro, a mulher guerreira, né?
03:40Sai de manhã pra trabalhar, leva a criança sozinha pra escola, volta, pega a criança, faz janto, faz tudo.
03:47Pois é, quantas vezes você, mulher, recebeu esse mito romântico, né?
03:51Que foi imposto a você, muitas vezes, com essa ideia de que você tem que aguentar tudo, que você é guerreira, que você é isso.
03:57E não pode sentir, e não pode expressar, não pode se defender, não pode lutar.
04:03Isso adoece, não só a mente, mas adoece o corpo.
04:07Ou seja, mulheres precisam agora erguer a voz, não só pra falar, mas pra se expressar.
04:13E os homens têm que rever a sua posição.
04:15Na verdade, essa é uma questão pra nós.
04:17De rever essa posição de privilégio, de vantagem, esse discurso social que perpetua uma desigualdade.
04:24Com certeza.
04:25Uma diferença que é extremamente adoecedora, Bruna.
04:27Você falou uma coisa interessante.
04:29A gente tá falando que adoece da saúde cardiovascular, né?
04:33Agora a saúde mental também acaba impactando, impactando muito, né?
04:37Sim, depressão, ansiedade, uma série de outros transtornos se manifestam como resultado do quê?
04:42De não lidar com as emoções.
04:44De não lidar com o sofrimento.
04:46Na verdade, a gente tem esse problema nas relações íntimas, né?
04:49Mulheres, nesse estudo, ficou muito claro que elas adoecem mais quando se silenciam em relações íntimas.
04:55Por quê?
04:56Porque as relações são fundamentais pra saúde física e mental.
05:00De homens e de mulheres.
05:01Sim.
05:01A questão é que as mulheres estão em desvantagem, né?
05:03As mulheres são estigmatizadas.
05:05Elas são silenciadas como se...
05:08Por quê?
05:08Porque quando elas se expressam, elas estão lutando pela mudança das condições.
05:12Lutando por igualdade, lutando por justiça, por relações mais igualitárias.
05:17Então, se você percebe, né?
05:19Quem tá na posição de privilégio percebe essa luta, então vai usar discursos, narrativas, preconceitos
05:26que invalidam e enfraquecem não só as emoções, mas a própria expressão, a busca, a luta, a comunicação.
05:32E comunicação é fundamental em qualquer relacionamento.
05:35Com certeza.
05:36Agora, às vezes, você tá escutando a gente falar aqui, você fala, mas na minha casa
05:40não tem isso.
05:41Imagina, a gente tem uma relação aqui super saudável, feliz, mas esse comportamento,
05:47ele também tá ali nas coisas pequenas, né?
05:51Por exemplo, ah, vamos sair pra jantar hoje, quem escolhe o lugar que vai sair pra jantar?
05:55Pois é.
05:56A mulher se sente à vontade pra dizer o que quer, o que gosta, nas decisões da família, né?
06:01Da casa, né?
06:02Sim, do que vai se fazer em casa.
06:04Então, você falou de pra onde vai sair, o que que vai comprar, né?
06:07Qual vai ser a compra, o que que nós vamos fazer, o que que nós vamos fazer, né?
06:11E, às vezes, dívidas são feitas sem a mulher saber.
06:14A mulher só é comunicada depois que as dívidas foram feitas.
06:17É verdade.
06:17Decisões já foram tomadas ou, às vezes, na hora de tomar a decisão, esse discurso, que
06:23é um discurso que intimida, né?
06:26A gente, como eu disse, a gente fala muito da violência explícita, que é terrível.
06:29Sim.
06:30Feminicídios.
06:30Mas há outras violências, violências psicológicas, que a mulher vai se silenciando.
06:36Ela vai se calando, ela vai se reprimindo e vai adoecendo por dentro.
06:40Quer dizer, você reconhece o que você sente?
06:44Você percebe as próprias dores, as insatisfações?
06:47Para colocar isso na mesa de uma relação, para discutir, não é?
06:51Porque toda relação tem que ser revista.
06:54E aí, a pesquisa incluiu essas mulheres que viveram, estavam vivendo relações próximas,
06:58né?
06:58Com um companheiro, né?
07:00Com um cônjuge.
07:01E ficou muito claro isso.
07:02Essas mulheres que vão embotando, essas mulheres que vão se recolhendo, se reprimindo,
07:10além de todas as outras doenças já revistas em estudos, elas vão tendo uma tendência
07:15muito maior de entopimento de artérias.
07:17Olha só.
07:18De adoecimento cardiovascular, que é uma coisa tão séria.
07:20Então, você mulher, o que você faz com as suas emoções, né?
07:24Muitas vezes é como uma represa, né?
07:27Pensa numa represa, Bruno.
07:28Essa é uma figura de linguagem que pode ser útil para a gente.
07:30Uma represa que funciona bem, ela tem comportas, não é verdade?
07:35Isso.
07:35E, na verdade, essas comportas são reguladas para gerar energia.
07:39Então, uma represa, uma represa que não tem comportas ou que não usa as suas comportas,
07:45ou ela transborda ou ela explode.
07:49E isso pode vir de maneira de adoecimento mental ou adoecimento físico, não é?
07:53Um AVC, hipertensão, infarto, quantas coisas acontecem.
07:59Ou seja, é para reprimir.
08:01Quando se fala que não pode expressar, é como alguém que não pode expressar o que sente.
08:05E as emoções são muito importantes para a sua saúde e para a sua qualidade de vida.
08:10O corpo fala, né?
08:11O corpo fala.
08:12Tem esse livro e tem um outro livro chamado O Corpo Guarda as Marcas.
08:16Olha.
08:16Sim, o corpo expressa o sofrimento, expressa o trauma.
08:22Agora, que tal a gente pensar de uma maneira positiva, não é?
08:25Para homens, muitas vezes, isso pode ser um aprendizado tão grande, um crescimento tão grande.
08:29Por quê?
08:30Uma relação saudável traz crescimento para ambas as partes.
08:33Sim.
08:33Quando uma mulher se coloca, se posiciona, ela agrega, ela cresce com a família.
08:40Ou seja, dar esse espaço, permitir que o outro seja o outro.
08:43Isso torna a relação não só muito mais saudável, como feliz, muito mais duradoura.
08:48Na verdade, existe também literatura sobre isso, né?
08:51Relações saudáveis trazem crescimento.
08:54Não só saúde.
08:55Saúde física, saúde mental e crescimento.
08:59Será que nós, homens, estamos dispostos a perceber isso?
09:02Que não somos os donos da verdade?
09:04Nossa!
09:05Não somos donos da sociedade?
09:07Difícil, Carlos.
09:08Pois é.
09:09Muitas vezes é difícil.
09:10Mas é necessário, porque é na nossa vulnerabilidade que a gente cresce.
09:15É na nossa fraqueza que a gente se fortalece.
09:17Quando eu percebo isso...
09:18Agora, eu preciso abrir mão.
09:19É.
09:20Eu preciso reconhecer isso.
09:22O que muitos homens, muitas vezes, não querem fazer.
09:25Mas eles acabam sofrendo por isso mesmo.
09:27Muitos homens também sofrem.
09:29Sofrem perdas.
09:30Relações adoecem e são destruídas por causa disso.
09:33E não só isso.
09:34Homens deixam de crescer, de aprender, por não lidar com as próprias emoções.
09:38Ou seja, é para mulheres e é para homens.
09:41Mas é preciso reconhecer que, socialmente, o machismo estrutura essas relações e deixa as mulheres em desvantagem.
09:47Com certeza.
09:47Então, elas precisam ser ouvidas mais do que os homens.
09:50Mais do que os homens.
09:50Os homens precisam dar espaço e lugar para as mulheres.
09:52A gente já vai falar sobre isso.
09:54Tudo isso que a gente está colocando aqui na mesa, pessoal, vale também para os homens.
09:59Que muitos sofrem também sem poder colocar para fora o que sentem.
10:03Mas uma pergunta bacana que chegou aqui para a gente é como que é esse comportamento em casa.
10:08A gente está falando, claro, no trabalho também, mas em casa muitas mulheres sofrem com isso também.
10:13Pode impactar na educação dos filhos, Carlos.
10:16Que muitas vezes crescem observando esse cenário da mãe quietinha, calada, acatando tudo que o pai está falando.
10:23O ambiente do lar, Bruno, é fundamental para a formação de toda criança.
10:28E quando a criança cresce nesse ambiente de desigualdade na relação, de machismo estrutural, de silenciamento da mulher, ele vai aprender que esse é um padrão.
10:38Ele vai aprender e vai perpetuar um preconceito.
10:41Preconceito com as emoções, vai perpetuar o machismo.
10:45Meninos e meninas, eles vão crescer nessa relação.
10:48Então, meninas vão crescer e muitas vezes se tornar mulheres reprimidas.
10:53Mulheres que não exercem suas potencialidades, não realizam seus desejos, não constroem os seus sonhos.
10:59E meninos vão continuar perpetuando esse machismo.
11:03Isso afeta profundamente as relações, a formação das crianças.
11:07E elas vão levar isso para onde?
11:08Para a escola, para os seus ambientes.
11:10Ou seja, você percebe como é que um preconceito se perpetua, não é?
11:14Como é que o machismo estrutural se sustenta.
11:16A partir das relações íntimas, que são tão fundamentais para a formação de qualquer pessoa.
11:23Crianças precisam ver que homens dão lugar para mulheres.
11:27Mulheres precisam escolher, precisam decidir, precisam saber o que fazer.
11:31Posso dar um exemplo bem prático?
11:33Claro.
11:33Ontem eu conversei com a minha esposa à noite sobre a possibilidade dela vir aqui.
11:36Sabe o que ela me disse, Bruno, vou te contar.
11:38Ela disse, eu não quero ir não.
11:40Sabe o que eu falei? Tudo bem.
11:42Olha só.
11:43Eu queria que ela me acompanhasse.
11:44O homem sabe ou edifica a casa?
11:46Porque a gente escuta muito isso, que a mulher sabe edificar a casa.
11:49Vou te falar a verdade.
11:50Eu fiquei triste.
11:51Eu queria que a Jaqueline, minha esposa, estivesse aqui.
11:53Poxa vida.
11:53Ela falou que ela não queria vir.
11:55Ela tem tudo direito.
11:56Está tudo bem.
11:57Está tudo bem.
11:58Por que ela tem que vir?
11:59Por que ela tem que me acompanhar?
12:00Ela tinha outros compromissos, ela tinha outros interesses, outras questões.
12:04Ela tinha outra agenda.
12:05E ela tem todo o direito de escolher isso.
12:07E está tudo bem.
12:08Isso não é motivo para a briga.
12:10Ou para você virar para ela e falar, mas por que jogar na cara?
12:14Eu sempre estou com você.
12:15É, mas você tem que vir.
12:16Não, ela não tem que ir nada.
12:18Ela tem a ajuda dela, eu tenho as prioridades dela.
12:20Nós somos parceiros.
12:21Tem momentos que ela me acompanha e tem momentos que eu preciso acompanhá-la.
12:24Sim.
12:24Ah, sim.
12:25Eu também preciso acompanhá-la.
12:27Então, espera aí.
12:27A gente dá lugar, a gente dá voz.
12:30Aí a minha conversa agora é com os homens, né?
12:32Nós damos voz, nós respeitamos o espaço de escolha, de decisão, de vontade da mulher.
12:38Eu queria que minha esposa me acompanhasse.
12:41Ela não quis.
12:42Está tudo bem.
12:42E você não vai chegar em casa e ficar emburrado com ela, não, né?
12:45Nem sei se ela está assistindo, para falar a verdade.
12:48Nem sei se ela está assistindo.
12:49Ok, porque ela tem a ajuda dela, tem as prioridades dela.
12:52E ela precisa ter o espaço dela.
12:54Quer dizer, a nossa relação vai para muito além disso.
12:56Ela não está ali para me servir.
12:59Nós estamos juntos para cooperar, para contribuir.
13:01Essa é uma relação que é mais saudável.
13:03Vai ter problema.
13:04Vai ter BO.
13:05Ah, lógico.
13:05Mas os BOs precisam ser encarados numa perspectiva de igualdade.
13:09Perfeito.
13:10De parceria.
13:11Não é que uma relação saudável seja perfeita, não.
13:14A diferença não está na ausência de problemas, mas na maneira como se lida com eles.
13:19Dando para os dois, fala, vontade, escolha, decisão.
13:25Isso precisa ser respeitado.
13:28Com certeza.
13:28Agora, isso também, às vezes tem homem que está assistindo aqui.
13:31Ah, mas eu faço, eu agrado a minha esposa.
13:35O que você faz?
13:36Você pega um fim de semana, fala onde você quer ir.
13:38Leva ela, paga ali o almoço de uma churrascaria e para por ali.
13:42Ali está bom, né?
13:43É a semana inteira ali, sugando.
13:45E aí, é uma pergunta que a gente tem que fazer.
13:47Vem cá, isso é agrado ou isso é chantagem?
13:50Isso é agrado ou é manipulação?
13:53Isso é moeda de troca?
13:54Que relação é essa?
13:56Qual é a minha motivação?
13:59Quer dizer, uma coisa é eu querer agradar o meu parceiro, a minha parceira, né?
14:02A pessoa com quem é um caminho.
14:03Outra coisa é eu usar isso.
14:05Como moeda de troca, né?
14:07Moeda de troca numa relação.
14:08Então, uma mulher que está em desvantagem econômica, uma mulher que não pode...
14:12Aliás, isso é muito comum, né?
14:14Homens que falam assim, para que você vai estudar?
14:16Para que você vai trabalhar?
14:18Eu faço tudo para você.
14:20Fica em casa.
14:20Cuidado, mulher.
14:22Cuidado.
14:22Essas escolhas precisam ser consensadas.
14:26Há mulheres que têm todo o direito de escolher ficar em casa.
14:28E o direito de ficar com os filhos é ótimo quando a mulher escolhe, quando ela decide,
14:34quando o casal é parceiro.
14:36Aliás, conheço alguns homens que fazem isso.
14:39Não é comum, mas deveria ser.
14:40Muito mais comum.
14:41Homens que, às vezes, abrem mão de um período da sua vida para mulheres estudarem,
14:45para mulheres trabalharem, ascenderem economicamente e os dois contribuírem.
14:49Então, o que você falou aí, ah, mas eu pago isso para ela, ah, mas eu faço isso para ela.
14:53Muitas vezes, esse argumento, na verdade, é usado contra a própria mulher.
14:56Para que depois ela atenda às vontades dele.
15:00Ah, mas eu fiz a sua vontade.
15:01Quem disse?
15:02Era isso mesmo que ela queria?
15:04É isso mesmo que ela escolheu?
15:06Ou ela participou da decisão?
15:08Essa é uma pergunta que nós, homens e mulheres, temos que fazer dentro de cada relação que a gente constrói.
15:12E olha que observação importante aqui que estão trazendo para mim também.
15:15Muitas vezes, essa mulher fica em casa nesse contexto ao longo dos anos.
15:19Ela fica doente, ela adoece, ela deixa de se cuidar, né?
15:23Porque ela está ali sofrendo todo tipo de violência psicológica que você possa imaginar no dia a dia.
15:29E ela acaba sendo abandonada por esse parceiro.
15:32Sim, porque aí ele está em vantagem.
15:34Ele tem vantagem econômica, né?
15:36Ela não cresceu educacionalmente, profissionalmente.
15:40Ela não pôde estudar, não conseguiu desenvolver a profissão que ela queria, não tem autonomia.
15:45E aí está tudo na mão dele, né?
15:47Ah, então ele tem o dinheiro para pagar a viagem, ele tem o dinheiro para pagar o restaurante
15:50e ele tem o dinheiro para ir embora a hora que ele quiser e deixa ela em desvantagem.
15:55Ou seja, isso acontece demais.
15:57Por quê?
15:58A relação já foi construída em desigualdade.
16:00Ela já foi construída.
16:01E aí o mito.
16:03Você não pode falar nada.
16:04O que é isso?
16:05Por que você está falando isso?
16:06Eu faço tudo para você?
16:08Não, não, mas a mulher não quer que faça tudo para ela.
16:10Uma relação a gente precisa fazer juntos.
16:13Então, a mulher precisa fazer o que ela quiser e o homem também.
16:15E quando desacorda, não precisa dialogar.
16:17Sim.
16:17Para construir mudanças numa relação.
16:20Mas isso acontece demais.
16:22A gente observa muito.
16:23E aí as mulheres não podem sentir, ué, poxa, mas ela não pode nem se sentir frustrada.
16:28Ah, eu faço tudo para você.
16:30A mulher não quer isso.
16:31A mulher quer ser ela mesma, ela quer fazer o que ela quiser.
16:34E o homem vai precisar entender isso e respeitar esse espaço
16:37para construir outro tipo de relação.
16:40Onde as emoções têm um lugar.
16:43Onde as opiniões têm um lugar.
16:45O silêncio pode ter lugar quando ele é escolhido.
16:49Sim, há espaço para silêncios, mas quando a pessoa não quer falar.
16:53Quando ela não quer se expressar.
16:54Agora, se ela quer, ela precisa falar.
16:57Sem ser chantageada.
16:59Com certeza.
17:00Sem ser manipulada.
17:00Sem ser diminuída.
17:02Vou falar de novo, né, Bruna?
17:03Emoção não é problema.
17:05Emoção é potência, é força.
17:07As emoções são como o tempero da vida.
17:09É muito importante.
17:10O que seria da gente sem a ira?
17:13É a ira que faz a gente lutar por justiça, Bruna.
17:16Se nos calássemos diante da maldade, das inverdades, das injustiças,
17:20o que seria da nossa sociedade?
17:22E muitas vezes as mulheres têm essa força, essa potência de luta com as emoções
17:28que ajudam a gente a lutar contra tanta coisa errada.
17:31É verdade.
17:31Agora, nós homens temos que parar e pensar.
17:34O que a gente está construindo?
17:35Que relação é essa em que o outro é silenciado, o outro é dominado?
17:39E que tudo tem que ser do meu jeito?
17:41Isso aí não é relacionamento, né?
17:43Isso aí é machismo, isso aí é outra coisa.
17:45Pois é.
17:45Como que a mulher pode buscar ajuda, Carlos?
17:47Eu tenho certeza que muitas mulheres se identificaram aqui com esse nosso bate-papo
17:52que já está quase chegando ao fim, mas é importante a gente dizer
17:55como que essa mulher pode tentar se libertar disso.
17:59Vamos lá.
18:00De muitas maneiras, né?
18:01Existem políticas públicas que às vezes podem ajudar.
18:04Serviços de apoio à mulher.
18:06E a mulher pode recorrer a múltiplos serviços.
18:08Nosso Estado tem uma Secretaria da Mulher e que tem serviços.
18:11Ah, políticas públicas podem ajudar.
18:13Rede de apoio.
18:14Você pode encontrar isso muitas vezes em grupos sociais como igrejas,
18:20você pode encontrar isso em centros comunitários,
18:22você pode encontrar redes de mulheres, ou seja, a mulher não se isole.
18:26Procure outras mulheres, converse, compartilhe.
18:30Outra coisa, ah, você pode precisar de ajuda profissional.
18:33Muitas vezes você pode buscar ajuda profissional sem terapias de grupo,
18:36terapia individual.
18:38Às vezes você precisa de ajuda profissional para lidar com o seu sofrimento.
18:41E a partir daí se fortalecer, se empoderar, vai trazer esse assunto para a mesa, Bruna.
18:46Com certeza.
18:46Tem que trazer esse assunto para a mesa do relacionamento dentro de casa.
18:50Olha só, eu preciso conversar com você.
18:52E aí cuidado com esse estímulo.
18:53Ah, é uma DR.
18:55Diálogo é importante.
18:56É com diálogo que se constrói a relação saudável.
18:58Então, mulher, não se calhe, não se silencie.
19:01Busque ajuda.
19:01Serviços públicos, centros comunitários, igrejas.
19:05Procure outras mulheres.
19:07Discuta os seus relacionamentos.
19:10Discuta o seu casamento.
19:12Sente com o seu companheiro.
19:13E coloque as coisas na mesa.
19:15Com certeza.
19:16Eu abri aqui, o YouTube fez até um barulho.
19:18Eu estava precisando abrir, porque tem alguns comentários aqui.
19:21Narciso Alves falou, bom dia, tô lascado.
19:25Mas ele depois colocou, brincadeira, sou casada há 41 anos e minha esposa é uma bênção.
19:32Agora, só para a gente finalizar, já está quase terminando.
19:35Tudo isso que a gente falou, a gente trouxe muito essa questão das mulheres, né?
19:39Que é um bate-papo extremamente necessário.
19:42Mas os homens também acabam sendo estigmatizados.
19:45Tem homem que gosta de falar demais, gente.
19:47É verdade.
19:48Tem homem que chora, né?
19:50Tem homem que gosta de expressar ali suas emoções e muitas vezes acaba reprimido, né?
19:54Há um preconceito na sociedade.
19:56O machismo faz isso, né?
19:57O machismo traz tantas violências sobre as mulheres e muitos homens sofrem por causa dessa prisão.
20:02Né?
20:03Desse discurso de não poder se expressar, não poder sentir.
20:06Muitos homens, por quê?
20:08Falar mais ou menos não é problema.
20:09Tem a ver com o seu perfil.
20:11Sabe?
20:11Não tem a ver com coisa de ser mulher ou de ser homem.
20:13Pois é.
20:14Tem a ver com ser gente.
20:15E aí você vê homens sofrendo, sendo inferiorizados, estigmatizados.
20:20E isso está completamente errado.
20:22Ou seja, homem, você também adoece porque se cala.
20:26Homem, você também sofre porque se cala.
20:28Homem, você também precisa aprender a dialogar, a ouvir primeiro e também a falar, a se expressar.
20:35Numa relação com a mulher, escute primeiro.
20:37Em outras relações, aprenda a colocar o que você sente.
20:40Ou seja, aquelas dicas, né?
20:42As informações que a gente falou para as mulheres, eles têm um lugar para os homens também.
20:46Sim.
20:46De procurar ajuda, de procurar terapia, muitas vezes, para lidar com as próprias emoções.
20:50Para aprender a dialogar, aprender a se comunicar.
20:53Carlos, muito obrigado.
20:55Eu sinto que eu ficaria aqui horas conversando sobre esse assunto com o Carlos.
21:00Foi massa o nosso bate-papo.
21:02Já fica aqui um convite para uma próxima.
21:03Que bom.
21:04Foi uma alegria estar aqui com vocês.
21:05Até a próxima, Bruna.
21:06Até a próxima.
21:07Valeu, meu amigo.
21:08Tchau, tchau.
21:09Tchau, tchau.
21:10Tchau, tchau.
21:11Tchau, tchau.
21:12Tchau, tchau.
21:13Tchau, tchau.
21:14Tchau, tchau.
21:15Tchau, tchau.
21:16Tchau, tchau.
21:17Tchau, tchau.
21:18Tchau, tchau.
21:19Tchau, tchau.
21:20Tchau, tchau.
21:21Tchau, tchau.
21:22Tchau, tchau.
21:23Tchau, tchau.
21:24Tchau, tchau.
21:25Tchau, tchau.
21:26Tchau, tchau.
21:27Tchau, tchau.
21:28Tchau, tchau, tchau.
21:29Tchau, tchau, tchau.
21:30Tchau, tchau, tchau.
21:31Tchau, tchau, tchau.
21:32Tchau, tchau, tchau.
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