Donald Trump voltou a mirar o Brics, ameaçando sobretaxar os países do bloco em até 10%. O economista Ricardo Rodil analisou os impactos das declarações sobre o dólar, exportações brasileiras, investimentos e o risco de sanções mais severas contra o Brasil.
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00:00O presidente Donald Trump voltou a ameaçar os países do BRICS e disse que os Estados Unidos não vão permitir que o dólar perca valor.
00:07Trump também reforçou que pode sobretaxar em até 10% os países do bloco.
00:12Sobre esse assunto eu falo agora com o economista Ricardo Rodil.
00:15Bom dia para você, Ricardo. Seja muito bem-vindo ao Realtar.
00:18Bom dia, Marcelo. Bom dia aos ouvintes e telespectadores.
00:23Ricardo, a gente sabe que o BRICS existe já há muito tempo e também há muito tempo se fala no BRICS de usar uma moeda comum.
00:31Eu participei da primeira reunião do BRICS na Rússia, se eu não me engano em 2009, e já se falava disso lá.
00:36Meu ponto é o seguinte, é uma coisa que se fala hipoteticamente, mas é muito difícil de realizar, não está no horizonte.
00:41Então por que, na sua opinião, esse assunto irrita tanto o presidente americano?
00:46Olha, eu acho que é muito mais um aspecto político da parte do Trump, tentando procurar razões.
00:56Porque se a gente olhar para o BRICS, na verdade a ideia do BRICS já está quase fazendo bodas de prata, 24 anos esse ano.
01:07Mas ele nunca foi um grupo que a gente pudesse comparar, por exemplo, com a União Europeia.
01:13A União Europeia é muito mais coesa, muito mais parecida entre si, do que esse balaio que virou hoje esse BRICS com praticamente 20 membros, contando com os parceiros.
01:30Então acho que é muito mais um ponto político.
01:33Eu, pessoalmente, acho que a ideia de uma moeda comum, de uma moeda que pudesse ser utilizada, inclusive se fosse apenas dentro dos BRICS,
01:46além de incomodar os americanos, é uma transição que não é nada fácil, demandaria muito trabalho,
01:56muita homogeneidade dentro dos BRICS, porque não existe, certo?
02:02Então não acho que seja uma possibilidade real e efetiva com o que contar no médio prazo.
02:09Agora, um presidente dos Estados Unidos não querer que o Brasil participe de qualquer tipo de fórum é uma coisa que não dá para atender, né?
02:17É o estilo Trump, certo?
02:22Ele, a mecânica dele, a tática dele é sempre encantuar o adversário, o inimigo, se ele o considera.
02:31E depois, a partir daí, começar a negociar com a outra parte, teoricamente, em desvantagem.
02:37Realmente é uma intromissão numa decisão absolutamente soberana dos próprios países do BRICS, sem entrar no mérito de se o BRICS é bom ou ruim, ok?
02:49Mas é a soberania de cada um desses países aceitar ou não entrar ou não no BRICS.
02:56Veja assim o caso do Milley.
02:57O Milley, um ano e pouco atrás, mandou uma carta falando que desistia de entrar no BRICS, certo?
03:04Quer dizer, é uma decisão soberana.
03:07O governo de nenhum outro país ou bloco tem nada a ver com essa decisão.
03:13Como é que você está vendo nesse cenário turbulento a projeção para o câmbio nos próximos meses aqui no Brasil?
03:20O câmbio é um mistério.
03:22Eu diria que o dólar tenderia a se valorizar aqui, por causa de travas nas exportações, deixariam a nossa balança comercial um pouco mais fraca.
03:39Portanto, cairia a entrada de dólares por esse lado.
03:44Inicialmente, também poderia cair a entrada de dólares em termos de investimento estrangeiro direto.
03:50Então, diga-vos, haveria uma queda na oferta de dólares dentro do mercado brasileiro.
03:57A tendência disso, independentemente das oscilações diárias ou não, seria de uma valorização do dólar aqui dentro.
04:07A gente já ouviu alguns agentes do mercado muito preocupados com essa situação se agravar,
04:12não ficar apenas em tarifas de 50%, que já são muito altas, mas também outras sanções contra o Brasil.
04:19Se a gente pensar que essa situação pode chegar num lugar extremo aí, professor, eu queria entender a sua avaliação sobre o seguinte cenário.
04:28Se o Trump decide fazer com o Brasil, por exemplo, o que os Estados Unidos já fizeram com a Venezuela ou com a Rússia,
04:34de tirar o Brasil do Swift, de tentar impedir que o Brasil faça comércio com outros países,
04:39é fácil fazer isso com o Brasil?
04:41Porque a Venezuela, por exemplo, tem uma economia que exportava apenas petróleo, quase só petróleo.
04:46O Brasil tem uma economia que exporta produtos que o mundo precisa muito mais.
04:51Seria fácil fazer com o Brasil o que foi feito com a Venezuela?
04:54Não, não é fácil de fato, porque a pauta de exportações do Brasil é muito mais ampla do que era o caso da Venezuela,
05:03a Venezuela que você citou.
05:06Eu acho que vai doer? Vai.
05:09Isso não tenho dúvida.
05:11Se escalar do jeito que parece que está escalando, isso vai causar prejuízos para a gente, sem dúvida.
05:18A gente não muda, não abre mercados, outros mercados da noite para o dia.
05:25Isso requer trabalho, requer muitas vezes até redefinição de alguns produtos.
05:30Porque se eu estou produzindo, por exemplo, peças para máquinas fabricadas nos Estados Unidos
05:36e vou passar a produzir peças para máquinas produzidas na Alemanha,
05:43o desenho pode ser diferente.
05:44Então, não são coisas muito imediatas, mas é possível.
05:50Agora, Ricardo, as pessoas que estão pensando em investimentos para os próximos meses,
05:56elas ficam muito inseguras num cenário como esse.
05:59Como é que você vê o comportamento dos investidores diante de tanta incerteza?
06:04De fato, os investidores estão perdidos.
06:06Isto está sendo aproveitado, de alguma maneira, por aqueles fundos de investimentos aqui no Brasil
06:15que têm alguma maneira de dolarização.
06:18Por exemplo, quem investe em fora ou, de alguma maneira, tem algum tipo de hedge cambial
06:24que os leva a um investimento que, digamos, estaria dolarizado.
06:28Eu acho que os investidores, neste momento, estão tendendo a diversificar nesse sentido.
06:37Quer dizer, refugiar um pouco em investimentos externos, substancialmente atrelhados ao dólar.
06:46Agora, o que você espera, na sua avaliação de economista experiente que você é,
06:50que possa sair, assim, num melhor cenário dessa crise?
06:53O melhor cenário seria pensar no que o Trump já fez N vezes.
07:01Quer dizer, a imprevisibilidade do Trump e que ele volte atrás simplesmente e sente para negociar.
07:08Não tenho, neste caso em particular, muitas esperanças nisso,
07:12porque o Trump vem, por um motivo ou outro, ele vem escalando essa guerra,
07:19inclusive com a atitude do Rubio de ter retirado o visto para uma série de ministros
07:30e para o procurador, inclusive familiares e aliados.
07:37É um assunto um pouco complicado.
07:40Quer dizer, está entrando numa seara em que não se entrou nem naquela negociação inicial
07:46do Trump com a China, que foi muito típico de como ele negocia.
07:56Quer dizer, primeiro empurra o adversário para as cordas,
08:00dá umas taxas absolutamente incompatíveis com o comércio internacional.
08:08E depois vai negociando, certo?
08:10Um caso bem típico, por exemplo, e que realmente é de estarrecer,
08:18é o fato de considerar que o Brasil e alguns outros países dos BRICS
08:24estariam de alguma maneira financiando a guerra da Rússia na Ucrânia, certo?
08:29Por comerciar de alguma maneira com a Rússia.
08:33E ameaçou com isso com taxas de até 500%.
08:38É uma taxa que nunca se viu no mundo, né?
08:42É, mas acima de um certo patamar, qualquer taxa inviabiliza o comércio.
08:46Não faz diferença se é 100 ou se são 500 ou 5 mil, né, professor?
08:51Sim, a questão é o grau em que vai inviabilizar, né?
08:55Tá certo. Ricardo Rodil, economista e líder do mercado de capitais da Crau e Macro Brasil,
09:01muito obrigado pela sua participação hoje aqui e bom dia.
09:06Eu agradeço o espaço, bom dia, bom programa para vocês.
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