Pular para o playerIr para o conteúdo principalPular para o rodapé
  • 08/07/2025

Categoria

Pessoas
Transcrição
00:00Novas mensagens, domingo, seis e quatro da tarde.
00:22Aí, eu não sei que merda tá acontecendo.
00:25Seu celular tá desligado, você tá com seu marido, é isso?
00:30A polícia disse que ele tinha ligado pra ela umas trezentas vezes naquela noite.
00:37Então, eu fiquei preocupada.
00:40A gente esperava que ela ainda estivesse viva.
00:44E foi duro.
00:45É difícil descrever, a menos que alguém que você...
00:49Alguém que você ama desapareça.
00:54Desculpa.
00:55Esse foi o primeiro julgamento...
01:01Um julgamento por homicídio sem um corpo no condado de Baltimore.
01:05Não só não tínhamos um corpo, como não tínhamos a cena do crime.
01:11Mas antes de podermos provar que alguém assassinou a Tracy Tetzel,
01:16tínhamos que provar que a Tracy Tetzel morreu.
01:18Ele quis feri-la porque não podia controlá-la.
01:24Ela tava escapando das garras dele.
01:26E isso ele não admitia.
01:29E até hoje, ele exerce controle sobre ela.
01:33Ele sabe onde ela tá.
01:35Mas ninguém mais sabe.
01:36Ninguém mais pode tê-la, ninguém mais pode vê-la.
01:40Ela é toda dele.
01:42E eu tenho certeza de que ele vai pro lugar onde ele a deixou.
01:47Eu não tenho dúvida.
01:47VIVENDO COM O INIMIGO
02:17A Tracy era minha irmã adotiva.
02:29Detesto colocar esse rótulo nela.
02:30Então digamos que ela era minha irmã.
02:38Eu e a minha mãe trabalhávamos num abrigo de garotas.
02:41E ela acabou indo morar lá.
02:42A Tracy devia ter uns 14, 15 anos.
02:49Ela tinha alguns problemas na casa dela.
02:50Então ela foi retirada de lá e levada pro abrigo.
02:55Ela tava sempre sorrindo pra todo mundo.
02:58E eu não podia mostrar o meu favoritismo.
03:01Mas ela sabia que era a minha favorita.
03:04E a da minha mãe também.
03:05Aí pensamos, vem cá.
03:09E se virarmos a família adotiva dela?
03:12Foi aí que nós falamos com o assistente social
03:14e iniciamos o processo.
03:16Nós fomos aceitas e contamos pra ela.
03:19Ela chorou e foi pra casa com a gente.
03:23Ela já fazia parte da família.
03:24Quando eu conheci o Dennis, ele era meio calado.
03:43E a Tracy sempre foi uma pessoa muito divertida.
03:49Ela queria agradar todo mundo.
03:50Ela gostava de festas, gostava de sair.
03:55Então eu pensei que era um casal estranho.
03:58Mas a Tracy me contou que ele tinha pedido ela em casamento.
04:04E ela tava pensando em aceitar.
04:09E eu perguntei se ela tinha certeza de que ela queria aquilo.
04:13Porque ela costumava dizer que ela nunca iria se casar.
04:16Sinceramente, eu tenho que admitir que eu não achei que aquilo fosse acontecer.
04:23Eu pensei que em algum momento ela desistiria, mas ela foi em frente.
04:29Eles ficaram juntos por vários anos antes de se casarem.
04:34A cerimônia foi maravilhosa.
04:39Tudo tava lindo.
04:40Ela tava linda.
04:41Ela parecia muito feliz.
04:44Ela tava tão linda nesse vestido.
04:54E ele de mullet.
05:04Antes do casamento, Dennis devia ter cortado o cabelo e se livrado do mullet.
05:10Ele não cortou e ela não gostou.
05:13Não gostou nem um pouco.
05:18Mas...
05:20Ela amava o Dennis.
05:22É.
05:24Eles eram felizes.
05:25Eu conheci a Tracy quando ela foi trabalhar comigo.
05:40A gente trabalhava pra um fornecedor de materiais de concreto.
05:45O marido dela, o Dennis, dirigia o caminhão.
05:48E ela foi pra área de remessas.
05:50Eu e a Tracy nos dávamos bem.
05:54Até porque ela adorava música.
05:56E eu gostava também.
05:58E de shows ao vivo.
06:00A Tracy dizia, o mês que vem eu vou no Osfest.
06:03Eu vou faltar.
06:05Tipo...
06:05Eu vou me mandar.
06:07Ela amava a vida.
06:09E sabia aproveitar.
06:10Ela tinha um gênio meio forte, mas no fundo a Tracy era muito generosa.
06:17Em 7 de março de 2005, eu comecei a trabalhar às 8 horas.
06:27Assim que eu sentei, o telefone tocou.
06:29Era o Christian.
06:31Eu nunca tinha falado com ele.
06:33Ele era motorista da nossa empresa.
06:36Ele disse,
06:37Mônica é o Christian, amigo da Tracy.
06:40Ela já chegou?
06:42E eu disse,
06:43Não, ela vem mais tarde.
06:44Ela foi num show.
06:46E aí ele explicou que eles iriam nesse show juntos.
06:50E ela não apareceu.
06:52Eu achei muito estranho.
06:54Porque a Tracy não perderia aquele show.
06:57Naquela hora, eu não me preocupei.
07:00Eu falei pra ele,
07:02Espera uma hora.
07:04Porque a Tracy era sempre pontual.
07:07Ela sempre vinha.
07:08E se não viesse, ela me ligaria.
07:13Eu me ocupei atendendo ligações e despachando as remessas.
07:25Esperei até as 9, mas ela não apareceu.
07:30Foi quando percebi que alguma coisa estava errada.
07:33Ela nunca fazia isso.
07:34Se a Tracy tinha que trabalhar, ela não faltava.
07:38Aí eu fiquei preocupada.
07:40Eu liguei pra ela, mas...
07:44Ela não me atendeu.
07:47Oi, tudo bem?
07:49Aqui é a Tracy.
07:50Me liga de volta.
07:51Tchau.
07:56Eu liguei pro Dennis.
07:58E falei...
08:00Você viu a Tracy?
08:02Ela não apareceu.
08:03Ele respondeu que ela devia estar bêbada em algum lugar ou na casa de uma amiga.
08:08E eu disse que se ela dormiu na casa de um amigo, ela teria voltado pra cuidar dos cachorros.
08:14Eram como filhos pra ela.
08:17Então decidi fazer umas ligações.
08:20Eu tive um mau pressentimento.
08:23Alguma coisa ruim tinha acontecido.
08:27Eu liguei pros hospitais pra saber se tinham alguma desconhecida.
08:32Foi difícil.
08:33E se dissessem que sim?
08:37E se ela tivesse morrido?
08:39Eu não sabia o que esperar.
08:42Fiquei apavorada.
08:44Onde ela tava?
08:45Quando eu fui designada pro caso, quatro anos depois dela desaparecer, eu recebi uma pasta azul entregue pela polícia do condado de Baltimore.
09:07Era praticamente todo o conteúdo da investigação policial.
09:11Antes de abrir a pasta, eu sabia muito pouco sobre o caso.
09:22Só sabia que a Tracy Tetson tinha desaparecido a caminho de um show do Motley Crue.
09:30E não foi encontrada.
09:32O Denis contou pra polícia que ele estava em casa do lado de fora.
09:50E a Tracy voltou de uma loja e entrou em casa.
09:53Ele decidiu tomar um banho e achava que isso foi entre seis e seis e meia.
10:03Quando ele saiu do banho, ele foi até a sala e a Tracy tinha saído com o carro dela.
10:10Ela saiu sem falar pra ele pra onde estava indo.
10:15E ele nunca mais a viu depois disso.
10:20Quando a polícia perguntou pro Denis o que ele achava que tinha acontecido com a Tracy, ele disse que ela devia ter saído pra beber e ficou na casa do namorado dela na noite anterior.
10:32Ele suspeitava que a Tracy estava tendo um caso.
10:35Isso é muito importante em qualquer investigação, principalmente neste caso, porque os investigadores simplesmente não sabiam o que tinha acontecido com a Tracy.
10:55Essa é a foto de escola da Tracy.
10:59E aqui diz...
11:00Guarde isso para todo sempre.
11:07Eu te amo. Não esquece.
11:09Com amor, Tracy.
11:13E eu ainda guardo.
11:19Eu disse pra ela que eu guardaria para todo sempre.
11:25Ela era muito especial.
11:30Ela era uma pessoa incrível.
11:35Eu amo essa garota.
11:36Naquela segunda, como a gente não conseguiu achar a Tracy, eu saí do trabalho pra ajudar nas buscas e fui a todos os lugares onde ela poderia estar.
11:59Casas de amigos, entende?
12:04Mas não achamos nada.
12:05Desde o início, eu mantive contato com o Dennis.
12:12Ele estava sinceramente preocupado, sabe, por ela ter sumido.
12:19Quando acordei de manhã, ela não estava em casa.
12:27Pensei que ela tinha dormido na casa de um amigo.
12:29Ninguém some assim.
12:31Não tem como.
12:32Ela não faria isso.
12:33Tracy, por favor, liga pra alguém e volta pra casa.
12:35Por favor.
12:36Desde o início da investigação, o Dennis pareceu cooperar com a polícia.
12:46Sem dúvida, ele falava com eles e concordava em ser interrogado sempre.
12:54Ele respondia as perguntas e ficava disponível pra polícia.
12:57Essa é uma foto tirada do pescoço do Dennis Tedson.
13:13E dá pra ver que tem dois pequenos arranhões no lado direito da garganta.
13:21Os investigadores procuraram algum sinal de que houve alguma briga, mas depois concluíram
13:30que essas marcas devem ter sido causadas por algum colar que o Dennis usava.
13:35Quando revistaram a casa, não havia vestígios de sangue nem sinais de que houve luta.
13:49Os investigadores tinham que considerar a hipótese de que a Tracy tinha apenas ido viajar.
13:57O Dennis revelou aos investigadores que ele sabia que a esposa dele estava tendo um caso.
14:03E ele disse pra polícia que era até comum ela não voltar pra casa e não contar pra ele onde estava.
14:14Não parecia que ela tinha feito as malas.
14:21Mas a Tracy tinha um carro esporte preto que ela adorava e não deixava ninguém dirigir.
14:30A polícia queria muito localizar o carro.
14:39Então eles decidiram emitir um alerta pras forças policiais de todo o país.
14:48E essa informação foi divulgada pela imprensa também.
14:51E nós descobrimos que o carro passou pelo túnel Harbor às 7h48 da noite de 6 de março de 2005,
15:04pelos registros do pedágio.
15:07Os investigadores descobriram que a Tracy passou numa farmácia.
15:26Depois disso, ela não fez nenhuma compra no cartão de crédito.
15:30Então eles encontraram o recibo emitido nessa compra feita na farmácia.
15:41Eles conseguiram obter o vídeo de segurança da farmácia que mostra a Tracy Tetson no local.
15:51Esse vídeo é importante porque talvez seja a última imagem da Tracy que nós temos.
15:56Analisando os registros no celular da Tracy,
16:07a polícia viu que a última ligação que ela fez no telefone dela foi para um tal Christian Sinnott,
16:13às 3 da manhã de 6 de março de 2005.
16:17Os investigadores descobriram que o Christian Sinnott era um homem com quem a Tracy estava tendo um caso
16:24na época em que desapareceu.
16:26Ele era a pessoa com quem ela supostamente passou aquela noite.
16:30A polícia soube que ele tentou ligar para a Tracy várias vezes, em 6 de março.
16:39Novas mensagens, domingo, 6 e 4 da tarde.
16:43Ô, bebê, o que você está fazendo?
16:45Qual é? Por favor, liga para mim.
16:48Não faz isso, ou eu vou até a sua casa.
16:51Amor, eu vou esperar você o tempo que for preciso.
16:53Eu não ligo, você sabe, né?
16:55Por favor, me liga quando você puder.
16:58Até mais.
17:00Ai, isso não é legal, viu?
17:03Eu não sei que merda está acontecendo.
17:06Seu celular está desligado, você está com seu marido, é isso?
17:09Como o Christian Sinnott era o homem com quem a Tracy estava tendo um caso na época em que desapareceu,
17:16a polícia estava muito interessada em falar com ele.
17:18Eu queria ajudar a encontrar a Tracy.
17:28E começamos a espalhar notícia.
17:32Um fã tinha escrito para o Motley Crue e tinha contado que a maior fã deles não apareceu no show em Washington.
17:41Eles entraram em contato com a polícia porque queriam doar 10 mil dólares para o fundo de recompensa.
17:51Nós organizamos buscas.
17:55Fizemos tudo isso sozinhos.
17:57Nos reunimos e dissemos que faríamos isso pela Tracy.
18:01E fizemos.
18:02Um dia fizemos uma busca em Pasadena.
18:12Tinha uma estrada pavimentada, mas tinha barrancos que desciam dos dois lados.
18:21E quando olhamos, achamos um monte de sacos plásticos pretos e o cheiro era horrível.
18:26Era muito fedor, dava até ânsia de tão ruim.
18:32Então, é claro que sabíamos que era o cheiro da morte.
18:39Eu sentia um pouco de enjoo com aquele cheiro.
18:43E era uma incógnita.
18:45O que tinha nos sacos?
18:47Era a Tracy?
18:48Porque a gente queria encontrá-la, mas também não queria.
18:52Fomos até lá, abrimos um dos sacos, mas era uma carcaça de cervo.
18:56A gente torcia para ela ainda estar viva, mas você cria esperança e depois tem uma decepção de novo.
19:09Então, é difícil descrever, a menos que alguém que você ama desapareça.
19:24Desculpa.
19:26Eu não conhecia o Christian, por isso eu fiquei preocupada.
19:46Eu sabia que o Christian era um cara forte, um fisiculturista.
19:54Vai saber.
19:55Será que ele fez alguma coisa?
19:57A polícia disse que ele tinha ligado umas 300 vezes naquela noite.
20:06A Tracy disse que o Christian era muito gentil com ela.
20:09Mas eu não sabia do que ele era capaz.
20:13A polícia investigou o Christian Sinot.
20:26Eles viram que a última ligação que a Tracy fez foi para o Christian, às 3 da manhã de 6 de março de 2005.
20:36Mas o que a investigação revelou é que, pelos dados do celular, ele não estava nem perto do local do desaparecimento dela em Baltimore.
20:47Em vez disso, eles comprovavam a versão dele que ele estava em Washington esperando a Tracy para ir naquele show.
20:54Diante dessas informações, ele foi descartado como um suspeito.
21:00A polícia localizou o carro da Tracy no estacionamento de um hotel, que não ficava muito longe da casa dela, no condado vizinho.
21:19A polícia queria dar uma olhada dentro do carro, então a solução mais óbvia era pedir para o Dennis, já que o marido da dona do carro devia ter uma outra chave.
21:34A polícia foi até a casa do Dennis.
21:37Ele concordou em encontrá-los lá para entregar a chave.
21:42Ele disse que aquela era a chave reserva.
21:49Não tinha nenhuma prova material dentro dele.
21:52Não tinha nenhum sinal de luta, não tinha sangue, não havia indícios do paradeiro dela.
21:59A polícia, então, fez uma busca.
22:02Eles andaram pela área, perguntaram para as testemunhas no local se eles tinham visto a Tracy.
22:09Mas, no final, não conseguiram encontrá-la.
22:11No entanto, eles tiveram acesso a um vídeo do hotel que mostrava o estacionamento.
22:29Esse é o vídeo de segurança do estacionamento do hotel.
22:38Ele é de 6 de março de 2005, o dia em que a Tracy Texel desapareceu.
22:46E ele mostra o carro dela entrando no estacionamento e parando numa vaga.
22:55Dá para ver um vulto indistinto sair do lado do motorista do carro.
23:08A câmera de vídeo está longe demais para revelar quem é a pessoa.
23:17Não era possível ver as feições dessa pessoa.
23:20Não era nem possível ver o gênero dela.
23:24Mas dá para ver, devido à proximidade com o veículo ao lado,
23:30que essa pessoa era mais alta.
23:33Eu devo ter visto esse vídeo mais de 50 vezes,
23:39mas no final foi impossível fazer uma identificação.
23:43Os dois dias depois que eu soube que a Tracy tinha sumido,
24:00eu recebi uma ligação do investigador.
24:03E ele perguntou se eu podia encontrá-lo pessoalmente.
24:06E assim que eu cheguei lá, eu estava sentada e comecei a assistir o vídeo,
24:15e aí eu levantei e disse,
24:17esse é o merda do Dennis, esse é o Dennis.
24:21Foi a primeira coisa que eu disse quando vi aquela pessoa saindo do carro dela.
24:27A Tracy era baixinha, igual a mim.
24:31O Dennis era muito alto.
24:32E tinha uma picape do lado do carro dela.
24:35E quando a pessoa saiu, parecia mais alta que essa picape.
24:41Então, com certeza, não era a Tracy.
24:44Na hora, eu pensei, é o Dennis.
24:46E eu não tive dúvida.
24:49Peraí.
24:50No começo, eu acho que a Tracy e o Dennis eram felizes.
25:01Eram, sim.
25:02Eles se davam bem.
25:04Iam a shows.
25:06Eles se divertiam juntos.
25:09Mas o Dennis era muito possessivo.
25:13Ele não confiava na Tracy.
25:15Eu disse pra Tracy, se alguém não confia em você,
25:20como você pode se relacionar com ele?
25:22Ela disse, eu sei, mas eu o amo.
25:27E o amor é cego.
25:31Quer dizer, ele sempre foi assim.
25:34Mas piorou muito depois que casaram.
25:47Uma noite, a Tracy e eu fomos jantar num restaurante.
25:51O Dennis ficou ligando.
25:54Ele ligou no mínimo 10, 15 vezes.
25:57O que tá fazendo?
26:00Quanto tempo vai demorar?
26:02Com quem você tá?
26:04A Tracy tava muito frustrada com isso.
26:07E começou a reclamar que não podia ir a lugar nenhum.
26:13Ela achava que ele pegava o carro de outras pessoas pra ir atrás dela.
26:17Pra espionar.
26:18E ela desabou e contou que ele a acusava todos os dias de ser infiel.
26:29E então ela disse, se ele quer me acusar disso, talvez eu traia.
26:35Talvez eu traia.
26:38Ela disse que o Christian era muito legal com ela.
26:41E uma coisa levou à outra.
26:44Ela disse que nunca foi a intenção.
26:46Ela não queria.
26:49Ele a levou a fazer isso.
26:52E foi aí que tudo começou a ir por água abaixo.
27:05O Dennis abordou um dos meus colegas de trabalho.
27:09E pediu pra ele descobrir se a Tracy tava saindo com outro homem.
27:16Esse colega de trabalho passou a gravar as ligações dela e ouviu várias conversas.
27:24Aí ele chamou o Dennis pra ir lá pra ouvir essas gravações.
27:30E o Dennis ouviu a Tracy falando com outro homem no telefone.
27:33O Dennis, pelo que eu soube, ficou muito bravo.
27:39Muito chateado com a Tracy.
27:42Por volta de janeiro de 2005, ela deu um basta.
27:49A Tracy pediu pra ele sair de casa.
27:52Ele tirou as coisas dele e guardou tudo em dois contêineres que ele tinha.
28:00E a gente achou que ele iria embora.
28:06Remessas?
28:07Eu não vou sair dessa merda até o fim do mês.
28:09Hum, você tem 30 dias então.
28:11Não tem problema.
28:12Eu vou sair de casa.
28:13Não se preocupa com isso.
28:15Só espero que tenha certeza de que tomou a decisão certa.
28:18Olha, eu não vou ficar com uma pessoa como você.
28:20É, como eu?
28:22É, você vai ser um cretino e eu não vou aturar.
28:24Eu tô cansada de fingir que eu suporto toda essa merda.
28:27Eu já perdi a paciência com você e a sua bagunça.
28:34Isso é...
28:35Nossa.
28:36Ela falou a verdade.
28:44Ela não se conteve.
28:45Ela não tinha medo de ninguém.
28:47Não tinha papas na língua.
28:50É.
28:54Sinto falta dela.
28:55Nós soubemos que no trabalho da Tracy com remessas,
29:08as ligações para empresas eram gravadas.
29:13Então, a polícia pôde ouvir várias conversas
29:18entre ela e o marido, Dennis Tetson.
29:23Aí, sabe de uma coisa?
29:26Você ainda não tá feliz porque quer a casa só pra você,
29:29pra poder receber o cara com quem você tá saindo lá
29:32e se exibir pra todo mundo.
29:33Tanto faz.
29:34Que papo é esse de me exibir pra todo mundo?
29:36Tracy, você se gaba dessa casa.
29:38Ah, eu me gabo, é?
29:40Eu tenho orgulho da minha casa.
29:41Ponto final.
29:42Era óbvio, ouvindo as conversas entre o Dennis e a Tracy,
29:55que ela via a casa onde eles moravam como um bem dela.
29:59E era mesmo.
30:01Era a casa que ela comprou.
30:03Ela queria que ele saísse, que levasse as coisas dele.
30:05Então, ela não era uma mulher que desapareceria por vontade própria.
30:18Quando viram esse vídeo,
30:21eles perceberam que era bem possível que fosse o assassino da Tracy.
30:26Então, ficaram um pouco frustrados pelo fato de não conseguirem identificar quem saiu do carro.
30:33Mas a polícia pôde usar esse vídeo de uma outra forma, que foi crucial.
30:40Quando viram as luzes piscando no vídeo,
30:44eles perceberam que o carro tinha sido trancado com um controle remoto.
30:48Quando o Dennis entregou a chave para a polícia,
30:54ele disse que era a chave reserva do carro.
30:57Então, o próximo passo da investigação era descobrir quem tinha a outra chave.
31:03A polícia, então, perguntou quantas cópias da chave ela tinha desse carro.
31:07Eles falaram com o proprietário anterior do veículo,
31:21a pessoa que o vendeu para a Tracy,
31:23e perguntaram quantas cópias da chave ele vendeu com o carro.
31:28Ele disse que foram só a chave original e um controle remoto.
31:33A única pessoa que disse que tinha uma chave reserva era o Dennis.
31:41Tudo indicava que o Dennis era a pessoa que estacionou o carro da Tracy naquele local.
31:51Diante das informações obtidas pela polícia,
31:54o Dennis Tetson foi considerado o principal suspeito
31:57e a pessoa responsável pela morte da Tracy.
32:00Mas antes de poder provar que alguém assassinou a Tracy Tetson,
32:05tínhamos que provar que a Tracy Tetson tinha morrido.
32:08Não só não tínhamos um corpo, como não tínhamos a cena do crime.
32:14A polícia já tinha o suspeito do homicídio.
32:17Mas, sem encontrar o corpo dela e sem novas pistas ou informações,
32:24parecia que a investigação estava num beco sem saída.
32:30Quando eu soube de todos esses detalhes e quando todas as provas contra o Dennis apareceram,
32:43eu queria que ele fosse preso.
32:45Mas, como não acharam o corpo, concluíram que não era possível.
32:49E eu fiquei muito frustrada.
32:51E eu falei com a minha mãe sobre isso.
32:55E ela me disse, escuta, não se preocupe.
32:58Porque quanto mais provas tiverem contra ele,
33:01mais dura vai ser a condenação.
33:05Mas, os meses passaram
33:08e não acharam nada.
33:12Nem com médiums,
33:14buscas,
33:15nem com mandados.
33:16Cada dia vinha com um novo misto de emoções.
33:23Às vezes era um misto de esperança,
33:25desespero,
33:26às vezes eu sentia raiva.
33:30Foi isso
33:30o que eu senti
33:33durante esses quatro anos de espera.
33:35Eu confesso que foram muito difíceis
33:40esses quatro anos
33:42depois que a Tracy sumiu.
33:46Nós pensamos
33:47que nada ia acontecer,
33:49o caso parou.
33:51Ela não seria encontrada,
33:53ninguém seria condenado.
33:57É duro.
33:59É difícil.
34:00Os anos passaram,
34:15a polícia continuava atrás
34:17de uma nova identidade
34:19que a Tracy podia ter assumido
34:20em outra cidade.
34:22Os agentes federais
34:23investigaram e tentaram descobrir
34:25se ela estava em outro lugar.
34:27Tudo indicava que ela tinha morrido.
34:30E, para o caso do Estado,
34:32tínhamos que provar
34:34que ela faleceu.
34:36E o tempo era a nossa vantagem.
34:39Nós esperamos
34:41até achar
34:42que já tinha passado
34:44o tempo suficiente
34:45para afirmar,
34:46sem sombra de dúvida,
34:47que a Tracy Tetson
34:49estava morta.
34:51Então, nós tomamos a decisão
34:53de acusar o Dennis Tetson
34:56pela morte dela.
35:00Pronto.
35:10Pronto.
35:11Senta aqui.
35:12Você quer uma bebida?
35:13Quer tomar alguma coisa?
35:15Quero.
35:16Pode pedir.
35:17Uma água, por favor.
35:18Água.
35:18Como eu estava te falando lá fora
35:26Você foi acusado da morte da sua esposa Tracy Tetson
35:31Que desapareceu em 6 de março de 2005
35:34Eu andei sondando, voltei lá e falei com os seus amigos, os amigos dela
35:41Os parentes também, vizinhos
35:44Falei com todo mundo
35:47Na segunda, eu encontrei o grande júri do condado de Baltimore
35:53E apresentei seu caso para os jurados
35:55E eles decidiram por unanimidade te indiciar pelo homicídio qualificado da sua esposa
36:01Você pode ter seguido em frente
36:05Mas nunca vai esquecer o 6 de março de 2005, nunca
36:10Você quer fazer alguma pergunta para mim?
36:14Eu quero falar com o meu advogado
36:16Tá bom, tudo bem?
36:17Nos dias anteriores ao julgamento, eu fiquei muito nervosa
36:40Esse caso era o primeiro julgamento sem corpo do condado de Baltimore
36:47Então nunca houve nenhuma tentativa de julgar alguém por homicídio
36:52Quando o corpo da vítima não foi encontrado
36:56Se falhássemos na acusação e o Dennis fosse inocentado
37:02Esse seria o fim
37:04A pressão era imensa, mas o argumento era o fato de que ele tinha meios, motivo e oportunidade
37:14O relacionamento se deteriorou
37:17Ele era o único que tinha a chave do carro dela
37:21E além disso, o vulto indistinto no vídeo tinha a mesma altura do Dennis Tetson
37:29As ligações gravadas entre os dois, obviamente mostravam que a Tracy queria que o Dennis saísse da casa
37:38E o Dennis se recusava a sair
37:41Ele trabalhava para uma empresa de construção
37:46Ele tinha acesso a máquinas que removem túlio e o despejam em locais que eram preenchidos com concreto
37:56Então, se ele quisesse fazer alguém desaparecer
38:00Esse parecia ser um dos jeitos mais eficientes de fazer isso
38:05O juízo condenou há 18 anos
38:30E depois ele seria solto por um período de liberdade condicional
38:35E se ele violasse os termos da condicional
38:38Ele poderia voltar para a prisão para cumprir a pena toda de até 30 anos
38:44Eu não acredito que a punição foi a altura do crime
38:49Não pareceu muito justa para a Tracy, para os amigos e a família dela
38:57Mas o fato de ter sido o primeiro julgamento sem corpo do condado de Baltimore
39:04E termos tido sucesso, abriu caminho para futuros casos
39:09O fato de termos conseguido condenar o Dennis Tetson pelo assassinato
39:17Foi muito importante para os amigos e parentes da Tracy
39:22Eu acho que foi um reconhecimento
39:26Eles se sentiram ouvidos
39:27Eu fiquei eufórica quando ele foi condenado por homicídio simples
39:40Mas queríamos o qualificado
39:42Eu acho que se você tira uma vida, deve perder a sua
39:47Olho por olho
39:51Eu devo admitir que com o tempo
39:55Eu comecei a pensar que nada iria acontecer
39:59Ela iria desaparecer
40:02Da memória de todos para sempre
40:04Mas
40:06A justiça
40:08A justiça foi feita
40:12Eu sei que ela está feliz por termos lutado
40:16Eu ainda falo com ela
40:20Sabe?
40:24Acho que ela está num lugar bem melhor que a gente
40:26É
40:27Mas eu falo com ela de vez em quando
40:30Eu digo oi
40:31Tô com saudade
40:33Agora eu ouço ela falar
40:47Para de chorar, p***
40:48Perdoe o linguajar
40:53A pior parte de tudo isso é saber que
41:06O Dennis vai sair de lá, vai ficar livre para curtir a vida
41:09E a Tracy não
41:10E isso não é justo
41:13Ele quis peri-la porque não podia controlá-la
41:17E ela estava escapando das garras dele
41:19E isso ele não admitia
41:22E até hoje
41:24Ele exerce controle sobre ela
41:27Ele sabe onde ela está
41:29Mas ninguém mais sabe
41:31Ninguém mais pode tê-la
41:32Ninguém pode mais vê-la
41:34Ela é toda dele
41:36E eu não tenho dúvida
41:38De que quando ele sair da prisão
41:40Ele vai para o lugar onde ele a deixou
41:41Porque ele agia assim
41:45Ela era dele
41:46Propriedade dele
41:48Ninguém mais pode tê-la agora
41:49Só ele
41:51E ele
41:52Ele vai vê-la
41:54Eu não tenho dúvida
41:56Eu quero que a história dela
42:17Continue a ser contada
42:19Pelo tempo que for necessário
42:21Eu não quero que ninguém a esqueça
42:24Porque ela ainda não apareceu
42:26Eu não posso abraçá-la
42:29Eu não posso vê-la sorrir
42:30Então
42:33Essa ferida
42:35Vai sempre
42:38Estar aberta
42:39Se pudesse dizer alguma coisa para ela
42:44O que diria?
42:46Que eu sinto saudade dela
42:47E que eu queria que ela estivesse aqui
42:50E que eu a amo
42:53Ela vai sempre ser a minha irmã
42:56Versão Brasileira
43:00Vox Mundi

Recomendado