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  • há 2 dias
Transcrição
00:00Me ajuda, por favor. Ele tem um fuzil no carro. Ele vai atirar em mim.
00:30O que tinha acontecido? Seria um triângulo amoroso que tinha resultado em um ato de violência?
00:39Nós tínhamos que descobrir se havia uma conexão entre as duas vítimas. Eu não tinha muitas informações naquela época.
00:49Eu me lembro de sentir muito medo. A notícia apareceu assim que eu liguei a TV.
00:57Foram vários disparos. No fundo, eu vi a caminhonete do meu pai. E aqui dentro de mim, eu sentia que o meu pai tinha morrido.
01:11Preciso que se levante. Levanta devagar. Coloque as mãos na cabeça.
01:17Aconteceu muito rápido. Eu senti o meu corpo contra a parede e ele me levantando.
01:27A minha mãe tentou fazer ele parar. Implorou pra ele. Foi a última vez que eu vi ela.
01:33Ele falou. Eu sinto muito ter que te dizer isso, mas a Nasba faleceu.
01:42E eu perguntei. Ele matou ela, né?
01:46Eu me culpei por muito tempo.
01:50Porque eu sabia que ela estava em perigo.
01:54Eu podia ter salvado ela.
01:56Eu podia ter salvado ela.
01:58VIVENDO COM O INIMIGO
02:25SOMBRAS DA MORTE
02:34É...
02:35Essa foi...
02:37A declaração de impacto que eu li.
02:43A Nasba e eu não fomos amigas por muitas décadas.
02:46E não teremos a chance de ser.
02:55Eu desejo aos filhos dela uma vida de lembranças maravilhosas de uma mãe que sempre falava deles.
03:03Eu oro para que os filhos dela se lembrem do jeito que ela sorria quando dizia o nome deles.
03:09Eu tenho uma empresa de limpeza de carpetes e pisos.
03:28Um dia eu recebi uma ligação da Nasba e ela disse que seria a ligação mais estranha que eu já tinha recebido.
03:36Na hora eu comecei a rir.
03:39Eu disse que não, porque eu recebo muitas ligações estranhas.
03:42Aí ela falou...
03:43O meu ex me deu seu número.
03:45Ele usou os seus serviços e...
03:48A casa dele tá ótima.
03:50Você pode vir na minha casa?
03:52Eu não achei aquilo nada estranho.
03:54Nós duas já começamos a rir logo de cara.
03:57Nós ficamos no telefone por uma hora.
04:00E foi isso.
04:01Viramos amigas dali em diante.
04:03Ela era muito engraçada e tranquila.
04:07E eu acho que a gente reconheceu uma amizade uma na outra desde o princípio.
04:15Eu acredito que nos conhecemos por um motivo.
04:18Eu acho que eu tava lá pra ser amiga dela.
04:22Embora...
04:23Ela tenha ficado pouco tempo na minha vida e tenha sido levada tão cedo.
04:28Eu podia ter salvado ela.
04:37Se eu tivesse me esforçado...
04:43Eu podia ter salvado ela.
04:45Eu que tirei essa foto.
05:03O meu pai tinha uma cara que parecia ser muito bravo.
05:07Os meus amigos sempre diziam isso, mas...
05:10Assim que ele começava a falar, ele só contava piada besta pra gente.
05:17Onde ele estivesse, tinha gente rindo.
05:28O nome dele era Tomás Olivas Ornelas.
05:32Ele nasceu em Chihuahua, no México.
05:36Todos nós viemos pra cá quando eu tinha 5 anos.
05:39A minha mãe, o meu pai, o meu irmão...
05:42E eu. E nós estamos em Phoenix desde então.
05:45O meu pai trabalhou com construção a vida toda.
05:49E ele sempre ligava na hora do almoço...
05:52Pra me contar uma piada idiota ou...
05:56Alguma história muito aleatória.
05:59Aquelas ligações eram demais.
06:01Elas alegravam todo o meu dia.
06:09O meu pai não tinha ligado no horário normal.
06:19E eu acho que o meu irmão ligou lá pra uma hora da tarde.
06:24Ele tava procurando o meu pai e queria saber se ele tinha me ligado, se eu tinha alguma notícia dele.
06:30Ele me disse que tinha recebido uma ligação de um colega do meu pai.
06:36Dizendo que ele não tinha ido trabalhar e...
06:39Que tinha acontecido um acidente com uma caminhonete igual a do meu pai.
06:44Eu disse que eu ia ligar pra ele e retornava.
06:49Eu liguei várias vezes e ele não atendeu.
06:53Eu liguei pro meu irmão e falei que ia lá ver porque...
06:57Eu tava mais perto e eu disse que eu ia até a casa pra ver se ele estava por lá.
07:02Eu cheguei na casa do meu pai.
07:12E a caminhonete não tava lá.
07:15Eu comecei a chamar por ele.
07:21Pai, pai, você tá aqui!
07:23E abri todas as portas da casa e...
07:25Nada.
07:27E eu tava com a sensação de que tinha algo errado.
07:32Eu só...
07:33Eu só fiquei ali parada, no meio da sala.
07:37E por algum motivo eu liguei a TV.
07:41A notícia apareceu assim que eu liguei a TV.
07:45Foram vários disparos.
07:47Tinha a imagem do...
07:50Repórter falando e...
07:52No fundo eu vi a caminhonete do meu pai.
07:56Eu me lembro de sentir tanto medo.
08:02Eu recebi a ligação dia 31 de maio de 2016, da investigadora que tava cuidando do caso.
08:17Ela me informou que tinha acontecido um tiroteio em Mesa.
08:21A polícia de Mesa me mandou fotos da cena.
08:31E eles me enviaram um resumo do que tinha acontecido até então.
08:36Por volta das três e trinta e um da manhã, a polícia de Mesa recebeu uma chamada de emergência.
08:48Era uma mulher no telefone. Ela tava alterada e assustada.
08:52Me ajuda, por favor. Ele tem um fuzil no carro. Ele vai atirar em mim.
08:58Para!
09:00Socorro!
09:01Não, não, não! Para! Socorro! Me ajuda!
09:06Então o operador ouviu tiros serem disparados.
09:14A polícia de Mesa foi até o local.
09:18Quando eles chegaram, não faziam ideia do que tava acontecendo.
09:23Eles viram um carro branco parcialmente no meio fio e uma caminhonete branca um pouco atrás.
09:31Eles viram uma mulher com ferimentos graves e muito sangue.
09:35Ela tava bem perto da caminhonete.
09:38E... um homem sentado na caminhonete, com o corpo cheio de balas, mas ainda vivo.
09:48Mas a atenção dele se voltou pra um homem que estava atrás do carro e que imediatamente largou a arma, uma AR-15 grande.
09:58Não tô vendo as mãos dele.
10:02Tem um de bruxos. Os outros dois foram baleados.
10:06Johnny acha que temos um suspeito?
10:09Vemos dois veículos aqui.
10:11E o possível atirador pode ser o homem que tá na nossa mira.
10:15Não tinha como os policiais saberem o que aquela pessoa iria fazer.
10:19Preciso que se levante.
10:22Levanta devagar.
10:25Coloca as mãos na cabeça.
10:27Eles não sabiam se havia mais vítimas, se havia mais agressores, se havia mais armas, se alguém poderia pegar eles de surpresa.
10:34Vem em direção a minha voz. Vem. Vem vindo. Pode vir.
10:40Confirma.
10:42Vem. Agora fica de joelhos. Vem aí.
10:43Eu me lembro de estar no carro com a minha mãe. Ela tava comendo uma pera e eu perguntei o que era aquilo.
10:58E ela só falou, é pera.
11:02Quer um pedaço, filho?
11:04E por algum motivo dividir uma pera com a minha mãe aos quatro anos de idade é uma das coisas que eu mais me lembro.
11:13E talvez porque reflita o tipo de momento que eu nunca mais vou ter na minha vida.
11:21Quando alguém morre, todos aqueles momentos que antes eram talvez insignificantes, de repente se tornam extremamente importantes.
11:39Quem via ela, a primeira coisa que notava era como ela era muito bonita.
11:53E a segunda era o amor que ela tinha pelos filhos.
11:58E infelizmente, eu não tenho muitas fotos da minha mãe.
12:09O meu pai é piloto comercial.
12:13Quando eu era criança, ele passava no trabalho de 15 a 18 dias por mês.
12:18Então ele ficava muito tempo fora.
12:20Quando eu tinha uns 9 anos, eu me lembro de chegar em casa da escola e ela tava sentada numa cadeira.
12:26Ela pediu pra eu sentar e falou, em um tom bem sério, que ela e o meu pai iam se divorciar.
12:34Que não era minha culpa nem do meu irmão, mas que ia acontecer.
12:39A minha mãe escondia bem as emoções dela e raramente chorava na frente das pessoas.
12:46E ela tava sempre com um sorriso no rosto, mas tinha momentos que ficava muito óbvio que ela tava sofrendo mais do que o normal.
12:57Eu me lembro de procurar por ela pela casa um dia e ela tá chorando no chão do closet dela.
13:11Foi bem difícil pra mim.
13:13É.
13:17Eu sentei no chão e abracei ela.
13:19Por um bom tempo.
13:20A minha mãe me contou que conheceu um homem que ia se casar e o nome dele era Cris.
13:37Deu pra notar na voz da minha mãe como ela tava feliz.
13:44Ela tinha esperança de que a gente ia ser uma família completa de novo.
13:48Assim que eu o conheci, eu me apeguei muito a ele.
13:58Ele era muito carismático.
14:02E...
14:03Eu só queria ver o lado bom dele.
14:06A minha mãe só queria ver o lado bom dele.
14:09Ela tava feliz.
14:11Eu tava feliz.
14:12Quando eu conheci a Nasba, ela era mãe e dona de casa.
14:32Ela tinha três filhos.
14:34A Nasba me contou que o Cris pediu ela em casamento no dia em que eles se conheceram.
14:39Na primeira vez que eles se viram.
14:42Tinha sido...
14:44Muito...
14:45Fofo e romântico.
14:48Os meninos e o marido eram a vida dela.
14:51Mas...
14:53Ela era bem reservada.
14:55Ela contava as coisas aos poucos.
14:57Não era do tipo...
14:59Vamos ficar horas falando da minha vida.
15:01Então, eu só juntava os pedaços.
15:05Conforme a gente foi se aproximando, eu fui percebendo umas coisas.
15:10Dá pra saber quando uma amiga tá mandando mensagem irritada pro marido.
15:16Pelo pouco que eu sabia, ele era muito argumentativo.
15:22Daí, a Nasba começou a se abrir comigo.
15:26E contar que o Cris tava tendo...
15:28Sabe...
15:29Problemas. O Cris tava usando drogas.
15:32Ele tinha problemas com vício.
15:34Ela dizia coisas do tipo...
15:37Ele tá tendo um dia ruim.
15:39Ela o amava.
15:41Eu acho que ela queria que ele melhorasse.
15:43Mas ela não sabia o que fazer.
15:44Não sabia o que fazer.
15:57Foi bem caótico.
15:59Eles não sabiam quem era quem.
16:01Ninguém tinha sido identificado e estavam tentando entender o que tinha acontecido.
16:07Não tem mais ninguém.
16:08Tá pronto?
16:09Vai lá e pega ele.
16:12Coloca as mãos pra trás.
16:14Confirma.
16:18Fica assim.
16:20Não se mexe.
16:21O suspeito foi preso no local.
16:27O nome dele era Christopher Glenn Wright.
16:37Os policiais o levaram pra delegacia.
16:41Ele começou a resistir, então usaram taser nele.
16:44Aaaaaah!
16:45Aaaaaah!
16:46Aaaaaah!
16:47Aaaaaah!
16:48Aaaaaah!
16:49Aaaaaah!
16:50Aaaaaah!
16:52Chega!
16:53Tá bom, tá bom!
16:54Chega!
16:55Parei, parei!
16:56Tudo bem?
16:58Você vai ouvir a gente?
16:59Sim, senhor.
17:00Você entende o que aconteceu aqui?
17:01Foi culpa sua, né?
17:02Sim, senhor.
17:03Eu entendo.
17:04Parou de palhaçada?
17:05Sim.
17:06Por favor, eu quero entrar na sala.
17:07Eles conseguiram controlá-lo e fazê-lo entrar na delegacia.
17:11O comportamento dele era típico de alguém que tinha usado algum estimulante.
17:18Ele não estava dizendo coisa com coisa.
17:22O depoimento do Christopher foi bem bagunçado, eu diria.
17:41Nós tínhamos que descobrir se havia uma conexão entre as duas vítimas.
17:52As perguntas na minha cabeça eram, o que tinha acontecido?
17:56Seria um triângulo amoroso que tinha resultado em um ato de violência?
18:03Eu não tinha muitas informações naquela época.
18:16Mais tarde naquele dia, eu recebi uma ligação da investigadora dizendo que ele tinha confessado o que tinha acontecido.
18:23Christopher, eu sou a investigadora Van Galder.
18:25Tudo bem com a senhora?
18:26Tudo certo.
18:27Me disseram que você queria falar com alguém.
18:30É isso mesmo?
18:31Sim, senhora.
18:32Eu vou contar a verdade.
18:34Tudo o que aconteceu.
18:37Tudo.
18:39E a justificativa.
18:43Do começo ao fim.
18:47Ela precisava morrer porque ela estava me traindo.
18:50Ela estava me traindo com um homem.
18:52Ela me disse quem era ele, então eu não liguei.
18:57Eu sei que ela tinha um relacionamento com um mexicano.
19:00Eu vi ela entrando no carro de um mexicano e eu simplesmente surtei.
19:07Eu pirei totalmente.
19:08Então eu peguei o meu fuzil, um Teniel Defense 556, MK18,
19:14e eu atirei umas três vezes nela e três vezes no outro homem.
19:19Ele acusou Tomás de estar lá para se encontrar com a Nasba, que os dois tinham um caso.
19:29Ele disse que tinha matado os dois porque eles mereciam.
19:33Então você já foi para cima com a ideia de matar aquele cara?
19:38Isso mesmo.
19:39Essa era a minha intenção por causa do que tinha sido feito comigo.
19:42Tá.
19:43Eu odeio aqueles desgraçados.
19:46Eu faria de novo.
19:47Ele não sentiu ou estressou qualquer tipo de remorso.
19:52Ele mesmo disse que não tinha sentido nada e que faria de novo.
19:57Polícia de mesa, como posso ajudar?
20:07Oi.
20:08Eu estou ligando para receber informações sobre tirasseio em mesa.
20:12Eu acabei de ver o jornal e parecia ser a caminhonete do meu pai
20:16e nós não estamos conseguindo falar com ele.
20:18Tudo bem, os policiais ainda estão averiguando.
20:21Eu vou pedir para um dos policiais te ligar, tá?
20:26Ninguém me deu informação nenhuma.
20:30Eu comecei a pesquisar hospitais na região.
20:33Eu liguei para todos eles.
20:40Não tinha ninguém com aquele nome.
20:43Era o que todos diziam.
20:48Eu liguei para minha mãe no trabalho.
20:52Ela disse que ia lá para casa.
20:58E tinha uma tristeza profunda.
21:01Porque dentro de mim...
21:04Eu sentia que meu pai tinha morrido.
21:08Aquela sensação não passava.
21:13Horas se passaram.
21:16E nenhuma ligação.
21:18Eu olhei pela janela e vi o carro da investigadora
21:25parado na porta de casa.
21:30Eu nunca vou esquecer a cara da minha mãe.
21:34Ela respirou fundo.
21:39E não disse...
21:41Nada mais.
21:42Ela continuou sentada.
21:48A gente demorou um tempão para decidir quem ia abrir a porta.
21:54Eu acho que ninguém queria ir abrir porque...
21:57No fundo, a gente sabia o que eles iam dizer.
22:01Ela pediu para a gente descrever o meu pai.
22:16Características do tipo tatuagens, cicatrizes.
22:22E quando eu disse que...
22:23O meu pai tinha uma bolsa de colonoscopia na barriga...
22:25Eu me lembro de ela...
22:37Olhar para baixo e...
22:39Dizer que era ele.
22:45E daí ela confirmou que ele tinha morrido no hospital.
22:51Com o passar dos anos, eu comecei a me distanciar do Chris.
23:07Eu acho que foi progressivo.
23:09Teve uma vez em que ele perdeu o emprego.
23:14Um teste no trabalho identificou que ele tinha usado maconha.
23:18E nessa época que dava para perceber que o Chris estava irritado com tudo.
23:26Eu era uma criança acima do peso e...
23:29O Chris começou a me dar apelidos e implicar comigo.
23:37Ele...
23:39Me imitava e me zoava.
23:42Muitas vezes a minha mãe se intrometia e pedia para o Chris parar.
23:46Para não fazer aquilo.
23:48Mas com o tempo ela parou...
23:51De interferir.
23:53O Chris começou a ficar bem mais agressivo.
23:56Ele...
23:58Batia no meu irmão caçula.
23:59Batia em mim.
24:01Ele...
24:03Batia na minha mãe.
24:05Ele segurava o rosto dela e falava me beija.
24:08Se ela recusasse, ele beijava mesmo assim.
24:12Daí...
24:13Ele batia nela até ela dar um beijo nele.
24:16Às vezes ele agarrava ela.
24:19Pressionava ela contra a bancada e coisas assim.
24:21Em abril ou maio de 2016, um pouco antes dela morrer, a Nasba me mandou uma foto de um braço quebrado.
24:42Um braço quebrado.
24:44E...
24:45Falou que o Chris tinha quebrado o braço dela, jogando ela contra a porta.
24:49Eu perguntei...
24:51Se ela ia sair de casa.
24:54Se eu podia ir buscá-la.
24:56Mas...
24:58Ela disse que não.
25:00Que o Chris ia para a reabilitação.
25:03E ela esperava que desse certo dessa vez.
25:06Eu achei aquilo...
25:08Muito grave. Era sério.
25:10Ela me contava um pouco as coisas.
25:13Ela ia pedir o divórcio.
25:15Mas...
25:17Teve uma questão do centro de reabilitação falar...
25:20Pra ela...
25:22Não dar entrada no divórcio enquanto ele estivesse lá.
25:25Porque ele não tinha condições de assinar os documentos.
25:28Eu fiquei chateada.
25:29Assustada.
25:31E com medo por ela.
25:32Eu disse...
25:33Que eu ia até a casa dela.
25:34Ajudar a fazer as malas.
25:35E trazer ela e os meninos pra minha casa.
25:37Eu implorei pra ela sair de lá.
25:38E ela disse que não.
25:39Que não podia sair de casa.
25:40Que não dava.
25:41Eu nunca mais falei com ela.
25:42Foi isso.
25:43Foi isso.
25:44Foi isso.
25:45Foi isso.
25:46Foi isso.
25:47E eu ia命.
25:48Foi isso.
25:49Foi isso.
25:50Foi isso.
25:52É por você que eu ia ter a casa.
25:54Mas eu ia para ela mudar.
25:55E eu ia falar, em mim, ela era.
25:56Eu ia me perguntar aqui.
25:58E eu ia pegar ela e os meninos pra minha casa.
25:59Eu implorei pra ela sair de lá.
26:02E ela disse que não.
26:04Que não podia sair de casa.
26:06Que não dava.
26:07Eu nunca mais falei com ela.
26:16Como em qualquer situação de violência doméstica, foi progredindo aos poucos.
26:23Eu só fui perceber que o nosso lar não era normal e era abusivo quando eu me formei no ensino médio.
26:38Um dos últimos dias que eu vi a minha mãe viva, ele estava me chamando de várias coisas, me depreciando.
26:44Aí eu decidi que eu não aguentava mais o Chris.
26:52Então eu me lembro de ir em direção à porta pra entrar no meu carro e ir embora.
26:58Foi quando eu olhei por cima do ombro e vi o Chris vindo na minha direção.
27:04Foi muito rápido.
27:07Eu me lembro de ele me encostando na parede, me segurando pelo pescoço e me dando um soco.
27:14Eu senti o meu corpo contra a parede e ele me levantando.
27:21Meu único pensamento foi de escapar.
27:25Eu usei as minhas pernas pra me afastar dele, chutei ele.
27:29Ele foi pra trás e eu fui embora.
27:31A minha mãe me ligou chorando, perguntando por que eu tinha feito aquilo com o Chris.
27:48Eu disse que eu estava cansado do jeito que ele tratava a gente, do jeito que ele controlava a gente.
27:53Eu gritei com a minha mãe.
27:54E disse que o Chris era uma pessoa horrível.
27:58E eu estava realmente muito, muito cansado dele.
28:07Quando eu cheguei em casa, a minha mãe estava no carro com o Chris.
28:12Ele não falou comigo.
28:13Ele se recusou a interagir comigo.
28:15Eu fui até o lado dela do carro pra falar com ela.
28:20Ela disse que ia voltar mais tarde.
28:23O tempo todo o Chris ficou olhando pra frente.
28:25Ele não interagiu com a gente, não olhou na nossa direção.
28:28Ficou em silêncio o tempo todo.
28:31Daí eles saíram com o carro.
28:34Eles...
28:34Nunca disseram pra onde eles iam.
28:36Foi a última vez que eu vi ela.
28:46Depois disso...
28:48Eu fui pro meu quarto.
28:51Ver TV na minha cama.
28:53E depois eu dormi.
28:59Eu acordei no dia seguinte.
29:01Era até cedo ainda.
29:02Devia ser...
29:04Sete ou oito da manhã.
29:05Tinha alguém batendo na porta de casa.
29:09Eu não sabia onde a minha mãe e o Chris estavam.
29:12O meu irmão mais velho, o meu irmão mais novo.
29:15E eu...
29:16Descemos a escada e eram dois investigadores.
29:21Eles fizeram perguntas pra cada um de nós, separadamente.
29:26Eles pediram...
29:28Pra eu descrever o relacionamento da minha mãe com o Chris.
29:32Eles perguntaram...
29:33Se o Chris era abusivo.
29:35Se ele machucaria a minha mãe.
29:38Eu defendi ele.
29:40Eu disse que...
29:41Ele era um pai rígido, mas...
29:44Que ele não machucaria ninguém.
29:46Eu tava achando que...
29:47A minha mãe e o Chris iam voltar pra casa.
29:50E sendo assim...
29:52Eu não queria levar uma bronca do Chris.
29:54Depois que eles falaram comigo, ela olhou pra gente e disse que o Chris tinha machucado muito minha mãe.
30:07E que ela não tinha resistido.
30:09E...
30:09Eu e meus irmãos ficamos meio confusos.
30:12E aí ela falou...
30:15A sua mãe está morta.
30:18Lembro do meu irmão mais novo chorando muito.
30:21O meu irmão mais velho chorava e tentava consolar o meu irmão mais novo.
30:25E eu...
30:27Me lembro que eu não conseguia aceitar o que tinha acontecido.
30:31A minha mãe e o Chris voltaram pra casa naquela noite.
30:47Eu tava dormindo, mas o meu irmão tava acordado.
30:50Aí...
30:51O Chris começou a andar pela casa, procurando nos quartos.
30:55E...
30:55Apontando a lanterna pra todo mundo.
30:57Pra mim isso significa que ele tava apontando o fuzil pra todo mundo na casa.
31:04A minha mãe tava pedindo pra ele parar.
31:06Implorando pra ele.
31:09Chris, para.
31:10Chris, para com isso.
31:13Daí os dois saíram de casa.
31:16A minha mãe tirou ele de dentro de casa de propósito.
31:20Pra ele não machucar a gente.
31:22Ela fez muitos sacrifícios na vida dela.
31:24E...
31:25Aquele dia foi um deles.
31:27Para!
31:45Para!
31:47Para!
31:47Me ajuda, por favor.
31:50Ele tem um fuzil no carro e vai atirar em mim.
31:54Para!
31:56Para!
31:56Não, não, não, para!
32:00Socorro!
32:01Me ajuda!
32:01Nós vamos enviar unidades.
32:03Obrigada.
32:05Eu vou continuar na linha.
32:06Para!
32:06Ah, não!
32:06Ah, não, não, não!
32:07É difícil de ouvir, sabendo que essas foram as últimas palavras que a Nasba falou.
32:19E ela estava muito apavorada.
32:24Christopher Wright matou a esposa dele, praticamente no meio da rua.
32:38E além de atirar nela, Christopher atirou numa pessoa que ele achava que estava indo encontrar a esposa dele.
32:49Eu pedi os históricos de chamada da Nasba e do Tomás.
32:51Eu pedi os históricos de chamada da Nasba e do Tomás.
32:56E nós analisamos linha a linha para ver se o Tomás já tinha ligado para a Nasba ou se ela tinha ligado para ele.
33:03Não tinha nenhuma ligação, nenhuma indicação, nada.
33:08Então, apesar de Christopher ficar dizendo o tempo todo durante a confissão que o Tomás e a Nasba tinham um caso,
33:20não havia nenhuma indicação que aqueles dois se conheciam.
33:25Então, o que nós tentamos fazer nesse caso foi entender os porquês antes de qualquer coisa.
33:33Por que o Christopher tinha decidido matar a esposa naquela hora específica?
33:39E por que ele tinha decidido matar o Tomás?
33:44Depois que eu consegui revisar todas as provas, as fotos, os relatórios e o depoimento do Christopher Wright,
33:55nós descobrimos o seguinte sobre o caso.
34:03Christopher Wright estava com raiva.
34:14Ele andava usando muita droga.
34:17O Christopher tinha maconha, trazodona, tramadol e sertralina no sangue.
34:23Ele admitiu que tinha comprado drogas e estava usando há dois ou três dias, o que é chocante.
34:30Ele estava enfrentando um divórcio que ele não queria.
34:37A intenção do Christopher, de acordo com ele mesmo, era bater o veículo de alguma forma e matá-la.
34:45Ele começou a dirigir o veículo muito rápido, a 190 km por hora.
34:50E acontece que ele virou a roda cedo demais e acabou batendo no meio fio.
34:55Quando isso aconteceu, a Nasba viu uma oportunidade.
35:00Ela abriu a porta para fugir.
35:03O Christopher pegou a R-15, que estava no banco de trás do carro.
35:07O Tomás estava a caminho do trabalho, de uma obra.
35:24Nós não temos como saber o que passou na cabeça dele, mas ele deve ter visto o carro no meio fio.
35:30E eu acho que ele pensou que tinha sido um acidente e alguém poderia estar ferido.
35:38Ele viu uma mulher abrir a porta e começar a correr na direção dele.
35:42Eu imagino que ele tenha se concentrado nela.
35:46E ela deve ter gritado que o marido tinha uma arma e ia atirar.
35:50Ali ela estava quase em segurança.
35:53O Chris saiu pelo lado do motorista e atirou nela várias vezes.
36:01Imediatamente ele se vira para o Tomás e, àquela altura, eu acho que o Tomás não tinha mais nenhuma chance.
36:10Infelizmente, o Tomás estava no lugar errado na hora errada.
36:23Então, mexeu bastante comigo o fato de o Tomás ter parado o carro para ajudar ela.
36:32Aquele homem parou para ajudar uma estranha e ele também foi assassinado.
36:37Essa é a parte mais assustadora de tudo isso.
36:40Eu não falava com a Nasba há quatro meses.
36:50Desde que ele tinha quebrado o braço dela, eu não tinha mais conseguido falar com ela.
36:56Eu não sabia onde ela morava.
36:59Não achava o endereço dela.
37:02Não lembrava o nome do ex-marido.
37:04Por fim, ele me ligou e falou.
37:12Eu sinto muito ter que te dizer isso, mas a Nasba faleceu.
37:15E eu perguntei, ele matou ela, né?
37:23Eu me culpei por muito tempo, porque eu sabia que ela estava em perigo.
37:28Eu me senti impotente, fraca e vulnerável por ela.
37:39E saber que eu não pude estar com ela foi horrível.
37:47Saber que eu estava certa foi pior.
37:50Nesse caso, nós queríamos a pena de morte, porque, para mim, foi um homicídio premeditado.
38:11O Christopher tinha levado a R-15 e colocado no banco de trás, onde ele poderia pegar facilmente.
38:22Então, para mim, isso é premeditado.
38:25O que mais me incomodou foi que ele não lamentava ou sentia remorso.
38:30Nos meus 21 anos, no Ministério Público, foram poucas as pessoas que não demonstraram remorso.
38:41Só que o Chris se declarou culpado para evitar a pena de morte.
38:45No dia 31 de maio de 2016, às 5h45 da manhã, eu sofri um acidente de carro e percebi que a minha esposa estava no telefone,
39:01falando com um operador da emergência.
39:04A minha esposa saiu do veículo e correu em direção a uma caminhonete que estava parada à esquerda do meu veículo.
39:10Eu saí do carro pela porta do motorista para me aproximar da Nasba e tentei puxá-la de volta para o meu veículo pelo cabelo.
39:18Ela continua a falar no telefone com o operador da emergência e foi quando eu voltei para o meu veículo,
39:24peguei um fuzil e disparei três tiros na Nasba e três tiros em um homem mais tarde identificado como Tomás Olivas Ornelas.
39:40O dia que o Chris foi sentenciado foi muito difícil.
39:53Eu estava com raiva e magoada.
39:57Mas eu não queria demonstrar aquilo no tribunal naquele dia.
40:02Eu queria que ela estivesse lá.
40:03E eu queria, principalmente, que o Chris soubesse que ela estava lá e que ela não seria esquecida.
40:25Eu não conhecia ele, nunca tinha visto.
40:28Mas esse foi o cara que ajudou a minha mãe.
40:33O Tomás morreu sendo o último rosto bondoso que minha mãe viu.
40:41Ele morreu sendo um grande homem.
40:45Nesse momento, eu estou terminando cinco anos e meio de serviço no exército.
40:52Eu estou casado com a mulher mais maravilhosa e carinhosa de todas.
40:58Ela ama os filhos tanto quanto a minha mãe amava a gente.
41:01Eu acho que ela teria orgulho da gente.
41:06Mas eu simplesmente não consigo achar palavras suficientes para expressar a falta.
41:15Que eu sinto dela.
41:18Eu nem sei o que eu ia dizer se tivesse a chance de vê-la de novo.
41:21Essa é ela.
41:42Ela é linda.
41:43O menininho dela.
42:09O sorriso dela.
42:13Ela parece feliz.
42:21E ele tirou isso dela.
42:23Tudo o que eu queria era o meu pai de volta.
42:37Eu daria qualquer coisa por uma ligação.
42:41Pra dizer que eu o amo e...
42:44Eu sinto falta dele.
42:45Ele é um herói.
42:51Ele não pensou duas vezes em ajudar alguém.
42:55Ele não pensou nas consequências disso.
43:01Ele vai ser o meu herói pra sempre.
43:03Deveria existir mais gente como ele.
43:17Versão Brasileira
43:18Vox Mundi
43:19Tchau.
43:22Vox continuar.
43:24Tchau.
43:24Tchau.
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