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  • anteontem
Transcrição
00:00Eu fiquei furioso, fora de mim.
00:21Não dá pra descrever o que passava pela minha cabeça.
00:25Falavam tanto da minha filha que me dava até vontade de atacar alguém.
00:30Ela morreu. Mas por quê?
00:34Eu lembro que o meu coração batia com força e ele disse, alguém matou a nossa filha.
00:42A minha amiga me disse que eu só gritava e gritava, mataram ela, mataram ela.
00:47E eu fiquei entorpecida, eu parecia um rumbi.
00:51A gente trabalhava dia e noite pra tentar solucionar esse caso.
01:00Ficamos muito preocupados com a possibilidade de ser um assassino que saía por aí atirando nas pessoas.
01:08Eu queria prender o atirador.
01:09A pessoa que puxou o gatilho e acabou com a vida dessas duas garotas.
01:13Era o meu objetivo.
01:14Essa é a roupa com que a minha irmã foi morta.
01:22Como um buraco tão pequeno pode destruir uma pessoa e matá-la?
01:26Faz 27 anos.
01:30E eu ainda sonho.
01:32Eu tenho pesadelos com isso.
01:34Como se fosse ontem.
01:37Foi horrível.
01:38Você vê isso na TV.
01:41Não vê isso numa cidadezinha como Bethlehem.
01:43Vivendo com o Inimigo
02:09Sombras da Morte
02:10Esta é a fortuna da nossa família.
02:25De nós quatro.
02:33Como as nossas roupas eram feias.
02:36É engraçado.
02:39Não éramos tão parecidas.
02:40Mas quando crescemos, fomos ficando cada vez mais parecidas.
02:46E é engraçado porque os meninos são gêmeos.
02:50E eles são bem diferentes, mas...
02:54Na adolescência, com certeza, a gente dividia as roupas, os penteados, bijuterias e coisas do tipo.
03:04Era um hábito nosso.
03:06Nós éramos uma família muito unida.
03:10E a nossa piada era que éramos tão pobres que meu pai costumava usar uma tigela para cortar nosso cabelo.
03:17Então todos tínhamos o mesmo corte de cabelo, menos a Jen.
03:20A Jen sempre usava rabo de cavalo, mas os outros, infelizmente, tinham corte e tigelinha.
03:25Isso me deixa triste, porque sempre fomos felizes.
03:33Fazíamos tudo juntos.
03:35Até o dia em que ela morreu, todos ainda são amigos e são próximos.
03:39Ainda somos unidos, só falta ela.
03:44Na noite de 29 de junho, a porta do meu quarto abriu de repente.
04:03O meu namorado e eu estávamos dormindo quando uns homens entraram no quarto com lanternas e armas apontadas para a gente.
04:12O berço da minha filha estava lá.
04:17Eles andaram pelo quarto e apontaram uma arma para o berço.
04:21Eu entrei em pânico, perguntei o que estava acontecendo, o que eles estavam fazendo.
04:25Lembro que eu disse isso.
04:26O que estão fazendo?
04:26Para que chegar perto da minha filha?
04:28E eles falaram, levanta, levanta, sai da cama.
04:32Pediram para todo mundo descer nessa hora.
04:34Eu pensei, meu Deus, o que está acontecendo na minha casa?
04:37O que é isso?
04:38Ninguém podia falar nada.
04:41Eles mandaram a família inteira ficar na sala de estar e apontar uma arma para o meu pai.
04:47Era como uma cena de um filme de terror.
04:56Como as que você vê na TV, mas nunca vive.
05:01Mas nós vivemos.
05:03Eu não sabia se era um assalto.
05:07Não fazia ideia.
05:09Eles se identificaram como agentes da polícia de Bethlehem.
05:11Mas quando te acordam desse jeito, até você entender direito o que está acontecendo, é um pouco confuso.
05:21Eu acho que tinha uns três investigadores lá.
05:23E muitos policiais uniformizados.
05:26E eles cercaram a minha casa.
05:29Eles só falaram que algo tinha acontecido.
05:31Que a Jen estava envolvida.
05:33E eles precisavam de mais informações.
05:36Então, a gente ficou na sala de estar por muito tempo.
05:40Respondendo as perguntas do tipo...
05:42Com quem você estava hoje?
05:44Que carro você dirige?
05:47A minha mãe estava no trabalho.
05:49A única pessoa.
05:50Que tinha sumido naquela noite era a mesma.
05:53Foi horrível.
05:5429 de junho foi um dia como qualquer outro para mim.
06:08Fui trabalhar na Bethlehem Steel.
06:11E eu tinha um segundo emprego como garçom.
06:20Quando eu saí do bar e cheguei em casa, era tarde da noite.
06:23Por volta das duas horas.
06:26Eu não vi o carro da minha esposa, então pensei que ela estava no trabalho.
06:31Eu presumia que todos os meus filhos estavam em casa quando cheguei.
06:35E acabei adormecendo no sofá.
06:45Eu acordei com uma 45 apontada para minha cabeça.
06:49Eram três policiais com armas em punho apontadas para mim.
06:53Então o outro foi para o segundo andar e acordou meus filhos.
06:58Todos eles desceram.
07:01Minha esposa não estava lá e nem minha filha Jennifer.
07:04Eu quis saber se tinha enrotecido alguma coisa.
07:06Eu disse que minha esposa estava trabalhando e que não sabia onde minha filha estava.
07:11Eu cheguei em casa tarde e pensei que ela estava na cama.
07:14É uma sensação esquisita, uma agonia.
07:21Perguntamos onde a Jennifer estava e eles finalmente contaram para a gente que ela foi morta lá no mirante.
07:27Mas não disseram como ou porquê.
07:30Eu não entendi nada.
07:32Todos estavam em pânico.
07:35Nós ficamos abismados, em choque.
07:38Em 29 de junho de 1995, eu lembro que eu e a minha esposa estávamos dormindo.
07:51E o meu telefone tocou e me informaram que houve um homicídio no mirante de Lehigh.
07:56O mirante é um lugar muito bonito, com vista para a cidade.
08:07Ele atrai muitos jovens e adolescentes, porque lá é um local bem isolado.
08:14Quando eu cheguei ao mirante, a polícia já tinha começado a investigar a cena do crime.
08:20A primeira coisa que eu fiz foi falar com o legista.
08:22Então, ele confirmou que havia duas vítimas.
08:28Na primeira, era uma garota que estava deitada de bruxos do outro lado da mureta,
08:33onde costumam sentar para observar a cidade de Bethel.
08:37Ela tinha levado um tiro nas costas.
08:40Tinha umas embalagens de comida em cima da mureta,
08:43o que sugeria que ela devia estar sentada lá na hora em que foi baleada.
08:47Eu desci um pouco a colina, e não muito longe dali, um carro esporte estava parado.
08:55No banco de trás, tinha outro corpo de uma adolescente.
08:58A hipótese, com base nas gotas de sangue e também nas cápsulas de balas deixadas lá,
09:05era que ela tinha saído correndo do local onde foi atingida,
09:09e depois tentou entrar no carro para escapar.
09:12E tentou se proteger trancando as portas,
09:15e depois morreu lá dentro por causa dos disparos.
09:18Essa é uma foto da Mary e da Jennifer.
09:42Eu não vejo essa fotografia há muito tempo,
09:45porque é muito triste.
09:48Eu lembro de ver a necropsia dessas duas garotas,
09:53porque eram tão jovens, sabe?
09:55E ver as duas numa mesa com ferimentos a bala,
09:58foi muito difícil de aceitar.
10:00É, me traz muitas lembranças olhar para a foto que foi publicada nessa reportagem.
10:17Essa é a mureta onde a senhorita Grider foi encontrada.
10:21Foi uma matéria que gerou muitas ligações para a procuradoria e para a delegacia de polícia local,
10:32porque a essa altura ainda não sabíamos o que tinha acontecido.
10:36O crime ocorreu tarde da noite, durante a madrugada.
10:39E aí, quando a notícia começou a se espalhar pela região,
10:44o telefone não parou de tocar.
10:47Queriam saber se a cidade estava segura,
10:49o que deviam fazer até acharmos o atirador.
10:52E foi no verão, ou seja,
10:54os jovens andavam por aí,
10:56eles queriam passear e coisas desse tipo.
10:58E os pais ficaram muito preocupados.
11:01Havia um senso de urgência.
11:07Eu acho que não havia uma teoria inicial naquele momento.
11:11Mas quando eu vejo pessoas baleadas nas costas,
11:14em geral isso indica que foram emboscadas.
11:17A balística mostrou que uma única arma matou as vítimas,
11:21o que sugeria um atirador.
11:23Homicídios são pessoais.
11:25Em geral, eles têm um motivo.
11:27Achamos estranho, porque aquele era um local isolado.
11:30As vítimas eram jovens de 15, 17 anos.
11:34Então pensamos,
11:35será que tem alguém nas florestas da região,
11:38com um rifle e uma arma?
11:40Nós realmente não sabíamos.
11:42E a nossa maior preocupação era a possibilidade
11:45de ser um assassino que saía por aí atirando nas pessoas.
11:57Essa é do Natal de alguns anos atrás.
12:00Esse é o meu marido, Cole.
12:04Eu e os nossos quatro filhos.
12:07Em 1995, as coisas estavam bem.
12:17Todos estavam saudáveis e felizes.
12:20Eu trabalhava com crianças com deficiência.
12:22Eu passava a noite com elas.
12:24Eu as acordava, as vestia,
12:26dava o café e as arrumava para ir para a escola.
12:29Acho que eram cinco e meia quando ouvi uma batida na porta.
12:45Eu pensei, quem está batendo na porta às cinco e meia da manhã?
12:49Eu lembro que meu coração batia com força.
12:51Eu fui atender a porta.
12:55E quando eu abri, o meu marido e a minha colega de trabalho
12:58estavam parados lá.
13:00Eu percebi que eles tinham chorado.
13:03Mas não sabia o porquê.
13:05E eu disse, não me digam que aconteceu algo com a minha Jennifer.
13:09E isso sempre me incomodou.
13:11Porque eu também ficaria preocupada
13:13se fosse a Melanie ou os meninos.
13:16Eles só balançavam a cabeça sem falar nada.
13:18Eu pensei que era um acidente de carro.
13:20Eu disse, tá bom, Carl.
13:22Vou pegar minha bolsa e vamos para o hospital.
13:25Ele só olhou bem nos meus olhos e disse,
13:28não, alguém assassinou a nossa filha.
13:32Alguém matou a nossa bebê.
13:39A minha amiga me disse que dava para me ouvir de muito longe.
13:44Eu só gritava e gritava sem parar.
13:46Mataram ela.
13:48Mataram ela.
13:50Quando chegamos na delegacia de polícia e entramos lá,
14:04dava para ouvir um alfinete caindo.
14:07Devia ter uns cinco ou seis policiais nas mesas.
14:09E ninguém disse uma palavra.
14:11Eu só dizia que aconteceu.
14:12E ninguém respondia.
14:14Eles tiraram as nossas digitais e mandaram a gente sentar.
14:17Eu ainda não sabia o que tinha acontecido.
14:19E meu marido também não.
14:28Foi um dia muito agitado.
14:31Eu não vi a Jennifer.
14:32Só quando ela chegou do trabalho e a gente se encontrou.
14:37E ela perguntou o que tem para jantar.
14:40E eu não tinha jantar naquela noite.
14:42Então foi quando falei para ela que ia deixar algum dinheiro.
14:46E ela teria que sair para comprar um lanche ou outra coisa para comer naquela noite.
14:50E quando eu disse que ela podia usar o meu carro, nessa hora ela se animou.
14:55A gente já estava quase saindo.
15:01Quando a Jennifer parou e falou para Mary.
15:04Escuta, quer ir comigo comprar alguma coisa para comer?
15:08A Mary era a nossa vizinha.
15:09Ela morava na mesma rua.
15:11E a Jennifer disse.
15:12Vamos, vou com o carro da minha mãe.
15:15E foi por isso que ela acabou entrando no carro.
15:19Ela me levou para o trabalho e me deixou lá.
15:21A Jennifer entrou na casa comigo.
15:26Eu disse, eu vou te dar 10 dólares para você comer.
15:29E falei todas as réguas que deviam seguir para usar o carro.
15:33O horário.
15:34Ela falou, mamãe.
15:35E colocou os braços em volta do meu pescoço e disse.
15:39Eu te amo, mamãe.
15:40E eu disse, eu te amo também.
15:42Mas Jennifer, eu não vou te dar mais dinheiro.
15:45Então vai.
15:46Eu preciso voltar para o trabalho.
15:49E essa foi a última vez que eu a vi.
15:51Dentro de uma hora, o acidente aconteceu.
15:56E elas morreram.
16:01Eu fiquei sentada lá esperando.
16:04Eu só pensava.
16:05Eu emprestei o carro.
16:07Ela sofreu um acidente.
16:08Elas eram garotas jovens.
16:10Será que foi estupro?
16:13Aí um policial saiu.
16:14Ele nos conhecia e disse.
16:16Eu conheço essas pessoas.
16:18Eles são meus vizinhos.
16:19Ele disse que elas eram boas meninas.
16:21Que éramos gente de bem.
16:24Que ia contar o que aconteceu com elas.
16:26Então ele disse que as duas foram baleadas e mortas.
16:31Eu fiquei entorpecida.
16:33Eu parecia um zumbi.
16:35Eu nunca imaginei que elas tinham sido baleadas.
16:37Eles não deram detalhes.
16:41Só mandar a gente para casa que entrariam em contato depois.
16:44Quando saímos da delegacia, ainda não sabíamos o que tinha acontecido.
16:56Eu ligava para a delegacia todo dia.
16:59E me davam basicamente a mesma resposta.
17:01Não podemos dar nenhuma informação porque o caso está em andamento.
17:05Eu li no jornal um artigo dizendo que foi um homicídio com suicídio.
17:12E segundo ele, a Jennifer atirou na Mary e depois se matou.
17:17E isso me chateou muito.
17:19Eu conheço a minha filha e ela não era assim.
17:22Eu fiquei bem irritado porque escreveram uma coisa dessas.
17:26Não dá para descrever o que passava pela minha cabeça.
17:36Para mim, a imprensa foi péssima.
17:40Porque tentou mostrar o pior da minha filha.
17:45Onde a gente ia, a imprensa estava lá.
17:48Os repórteres batiam na porta.
17:50Falavam tanto da minha filha que me dava até vontade de atacar alguém.
17:56Foi quando finalmente saí para falar com os repórteres
18:14que viviam cercando a casa atrás de respostas.
18:18Eles disseram que a Jennifer devia muito dinheiro a traficantes de drogas.
18:23E isso me chateou porque ela não usava drogas, como falaram nos jornais.
18:32Eles até inventaram que ela devia 500 dólares para alguém.
18:36E eu disse, não, eu não acredito nisso.
18:38E eu mostrei que ela tinha mais dinheiro na conta bancária dela do que eu.
18:42Ela não usava drogas.
18:44Eles queriam saber por que ela morreu.
18:46Eu disse que não tínhamos ideia
18:49que não podia ajudar.
18:52E voltei para dentro de casa.
19:05Foi alguém que não gostava dela?
19:08Ou eu era o alvo?
19:10Eu me fiz essa pergunta muitas vezes no começo porque éramos muito parecidas.
19:14Eu era o alvo?
19:18Os policiais me fizeram crer que eu devia tomar muito cuidado
19:21porque eles não sabiam.
19:23Eles não sabiam se viriam atrás da minha família.
19:26Eu era seguida por agentes da polícia.
19:29Eles ficavam na frente da nossa casa.
19:31Me acompanhavam até o trabalho.
19:32Eu vivia desconfiada.
19:36A polícia interrogou os meus amigos.
19:39Interrogou os meus vizinhos.
19:41Interrogou todo mundo.
19:44A gente começou a culpar os membros da família.
19:48A culpar os primos.
19:49A culpar até os amigos.
19:51A minha mãe culpava o meu pai.
19:54O meu pai culpava a minha mãe.
19:56Eu não sabia se foi meu pai.
19:58Não sabia se foi minha mãe.
20:01Foi horrível.
20:02Você vê isso na TV.
20:03Não vê isso numa cidadezinha como Bethlehem.
20:10Segundo muitos boatos na época,
20:13isso foi uma execução
20:14porque uma das meninas tinha uma dívida de drogas.
20:17Nós nunca comprovamos nada disso.
20:20Elas eram só duas jovens normais no ensino médio.
20:23Nós investigamos o passado das duas
20:25e não achamos nada.
20:26Nada que sugerisse um envolvimento em outra coisa
20:29que não as atividades normais de adolescentes.
20:32Eram só duas adolescentes de 15 e 17 anos
20:35cuidando da vida delas,
20:37sentadas numa mureta,
20:38aproveitando a noite de verão,
20:40comendo batatas fritas e tomando refrigerante.
20:43Mas alguém atirou nessas jovens por trás e ninguém sabia porquê.
20:51Nós não sabíamos.
20:52E a nossa maior preocupação era a possibilidade de haver um assassino à solta
20:57atirando a ismo nas pessoas.
20:58Será que era um assassino em série que atirava aleatoriamente?
21:03Havia muito medo na região.
21:06O meu gabinete recebeu muitas ligações,
21:08assim como a polícia de Bethlehem.
21:10Tentávamos tranquilizar a população,
21:12dizendo que não havia nada a temer.
21:14Nós não tínhamos como saber.
21:24Quando chegou a hora de enterrar a minha irmã,
21:27a minha mãe não estava nada bem.
21:29Ela não queria escolher a roupa.
21:31Ela não conseguia.
21:32Ela só se isolou de nós.
21:35Nessa hora, ela se afastou.
21:38Então, eu tive que escolher a roupa do enterro.
21:41A minha irmã era muito moleca.
21:43E normalmente as pessoas dizem,
21:46ah, enterra ela com o vestido ou algo assim.
21:49E eu não ia enterrar a minha irmã com uma roupa
21:51em que ela não se sentisse confortável.
21:54Porque ela ia voltar para me assombrar
21:56se eu a enterrasse com o vestido.
21:57Eu a vesti com a roupa favorita dela,
22:02que ela usava com frequência.
22:07Ela estava com a calça jeans favorita dela
22:09e o colete que sempre usava.
22:11E a gente arrumou o cabelo dela
22:13do jeito que ela sempre penteava.
22:17Foi horrível.
22:19Mas eu preferi escolher
22:21a roupa da formatura dela
22:25e não ter que pensar na roupa
22:28com que ela seria enterrada.
22:40O Loto tomou conta de mim.
22:43Eu pensava mais no meu sofrimento
22:46e não ligava para os meus filhos
22:49nem para a minha esposa.
22:51Eu subia para o meu quarto
22:52e ficava lá por um tempo
22:54e ia até o quarto da Jennifer,
22:57sentava lá e perguntava por quê.
23:00Nenhum pai jamais deveria enterrar um filho.
23:04Nós ligamos para a polícia todo dia
23:07por umas duas semanas
23:09para saber se tinham avançado.
23:12E todo dia ouvíamos a mesma resposta.
23:15Eles ainda não tinham achado o assassino.
23:17E nós perguntávamos
23:19quando isso iria acontecer,
23:21mas só nos restava esperar.
23:34Eu não tinha mais paz.
23:37Eu vivia muito estressada.
23:39Eu só queria saber quem fez isso.
23:42Eu tomei coragem
23:44para ir até o local do crime
23:45e foi bem difícil.
23:47Foi perturbador.
23:50Eu ficava imaginando o que aconteceu.
23:55Tinha um carro parado lá
23:57com dois rapazes conversando
24:00e eu perguntei
24:01vocês conheciam as meninas?
24:06E eles disseram que sim.
24:07Eu não os reconheci,
24:08nunca tinha visto.
24:10Eu falei,
24:10eu sou a mãe da Jennifer.
24:12Eu disse que foi horrível
24:13o que aconteceu ali.
24:15Eles disseram que sim,
24:16que sentiam muito.
24:18Aí eles entraram no carro
24:19e partiram.
24:21Eu não sabia quem eles eram.
24:23Eu pensei que eles só estavam passando por ali.
24:26Era possível que as garotas conhecessem o assassino?
24:35Eu achava que sim.
24:36E a razão para pensar assim
24:38é que geralmente eu sigo as estatísticas.
24:41Quase sempre as vítimas conhecem.
24:42É muito raro haver mortes aleatórias.
24:45Era provável que fosse alguém
24:47do círculo de amizades dessas garotas.
24:49Era alguém que elas conheciam.
24:51Essa era a hipótese.
24:52O nosso ponto de partida
24:53eram os parentes e amigos.
24:55Então nós localizamos
24:57as pessoas próximas das vítimas.
24:59Fizemos muitas entrevistas.
25:01Não foi fácil.
25:02E a polícia levou meses.
25:13Muita gente achava
25:14que ele era um cara
25:15que devíamos investigar.
25:17E ele foi uma das primeiras pessoas
25:19que interrogamos.
25:21Ele não foi muito prestativo.
25:22não que ele estivesse mentindo
25:24apesar de acharmos
25:25que talvez ele tivesse algo a esconder.
25:29Bem, no início da investigação
25:31ele entrou em contato com um defensor público
25:33que praticamente barrou a polícia
25:35no sentido de fornecer qualquer informação.
25:38Ele acabou parecendo mais culpado
25:40quando fez isso.
25:42Namorados matam namoradas.
25:44Nem na época não tínhamos provas
25:46de que ele fez algo errado.
25:47Mas era estranho
25:48que ele chamasse um defensor público
25:50àquela altura.
25:51Ninguém o acusou de nada.
25:53Ele não era suspeito de nada.
25:54O nome dele surgiu no começo
26:10porque ele fazia parte do círculo
26:12mas não havia uma conexão óbvia
26:14entre ele e as duas garotas.
26:17Então nós o chamamos de novo.
26:20Ele tinha 18 anos
26:22e se virava praticamente sozinho
26:24ficava na casa de amigos
26:26não trabalhava
26:27não tinha um bom relacionamento
26:29com a família
26:30ele vivia meio à deriva.
26:32Também tinha passagens por roubo
26:34e coisas desse tipo
26:35na ficha dele quando era menor.
26:37O fato é que não tínhamos
26:39muitas informações sobre ele
26:40nesse momento.
26:42Quando o interrogamos
26:43ele negou que foi almirante
26:45diz que nunca esteve lá.
26:48O álibi dele era que ele estava
26:50com dois outros rapazes.
26:51Como não tínhamos nada
26:54contra ele
26:54nós tivemos que liberá-lo
26:56e continuar com a investigação.
27:06Quando se tem um homicídio
27:08não solucionado
27:09com duas vítimas jovens
27:10e ninguém consegue explicar
27:12sem nenhuma pista sólida
27:13ou um motivo
27:14e num local como esse mirante
27:16que fica numa área isolada
27:17a pressão sobre a polícia
27:19e a promotoria
27:20para resolver é enorme.
27:22Nós trabalhávamos dia e noite
27:25para solucionar esse caso
27:26prioridade máxima.
27:27Fazíamos reuniões com a equipe
27:29quase todo dia.
27:30Eu ia lá de manhã
27:31às vezes de manhã e à tarde
27:33para me atualizar
27:35saber com quem falar
27:36ouvir novas ideias
27:37definir um rumo
27:38e nós fizemos isso
27:40por um bom tempo.
27:47No começo de dezembro
27:55de 1995
27:57os investigadores do caso
27:59me contaram
27:59que o namorado da Mary
28:01entrou em contato
28:02porque tinha
28:03novas informações
28:04para dividir com a polícia.
28:06O namorado da Mary Orlando
28:08então revelou
28:09que as vítimas
28:10tinham saído
28:10para encontrar
28:12o Christopher Pisey
28:14na noite dos fatos.
28:15Essa era uma informação importante
28:17porque punha o Pisey
28:19que agora era
28:20provável suspeito
28:21do crime
28:21na presença
28:23das vítimas.
28:37Essa é
28:38a roupa
28:41com que minha irmã
28:41foi morta.
28:44Outro dia
28:45alguém me perguntou
28:45por quê.
28:47a minha filha
28:48disse
28:48por que você
28:49se apega a isso?
28:54Eu não sei.
29:03E eu olho
29:04para isto
29:04para este buraquinho
29:07como um buraco
29:08tão pequeno
29:09pode destruir
29:10uma pessoa
29:11e matá-la.
29:12faz 27 anos
29:15e eu ainda sonho.
29:18Eu tenho pesadelos
29:19com isso
29:20como se fosse ontem.
29:22O nome do Christopher Pisey
29:36sempre vinha à tona.
29:39Ninguém parecia saber
29:40a ligação que ele tinha
29:41com a Jennifer Grider
29:43e a Mary Orlando.
29:44Ele não era amigo delas.
29:46não estava claro
29:48de onde as garotas
29:49conheciam o Pisey
29:50mas era a única pista
29:52que tínhamos.
29:53Então nós chamamos
29:54vários amigos dele
29:56supostos amigos
29:57que disseram
29:57ah, quando a notícia
29:59se espalhou
29:59o Pisey se gabou
30:00e disse que estava lá
30:02que foi ele
30:02quem fez isso.
30:05Muitos amigos dele
30:06disseram que era só
30:07bravata
30:08que ele se gabou
30:09para se exibir
30:10então não o denunciaram
30:11na época.
30:12eram só rapazes
30:14com medo
30:14de que por algum motivo
30:15tivessem problemas
30:16com a lei
30:17por andarem
30:18em más companhias.
30:20Um deles
30:20era o motorista
30:21do carro
30:22em que o Pisey
30:23estava dando
30:24umas voltas
30:25naquela noite
30:25eu acho que ele
30:26tinha 18 na época.
30:29E então
30:29ouvimos um outro rapaz
30:31que era um pouco
30:32mais novo
30:32talvez 15 ou 16
30:34que era o passageiro.
30:37Os pais
30:38de um deles
30:39inclusive
30:40o incentivaram
30:41a contar
30:42toda a verdade.
30:44Nós interrogamos
30:46o motorista
30:47e o passageiro
30:47separadamente
30:48e o relato dele
30:49sobre o que aconteceu
30:51foi quase idêntico.
30:53O motorista
30:54contou
30:55que resolveu
30:55dar uma volta
30:56com o passageiro
30:57e o Chris Pisey
30:59pela cidade.
31:02Em algum momento
31:03entre 9 e 9 e meia
31:04supostamente
31:05o Pisey
31:06disse que queria
31:07ir até o mirante.
31:08ele estacionou
31:11abriu a janela
31:12e estava olhando
31:13para fora
31:14quando de repente
31:14ouviu disparos.
31:18E ele viu
31:18o Pisey
31:19com a arma
31:20para fora
31:20da janela
31:21do passageiro
31:22atirando
31:22numa garota
31:23que estava sentada
31:25na mureta
31:26e ele contou
31:27que foi um choque
31:28na hora.
31:30Ele levou um susto.
31:32Aí o Pisey
31:33saiu do carro
31:33foi atrás da garota
31:34que estava fugindo
31:35e atirou outras vezes.
31:37voltou
31:38e disse
31:38para o motorista
31:39vamos, vamos
31:40temos que ir.
31:41Segundo o motorista
31:42e o passageiro
31:43eles deram
31:44mais umas voltas
31:45por aí
31:45e nem mencionaram
31:46o que aconteceu.
31:48Ninguém falou
31:48mais nada
31:49sobre isso
31:49o que é inacreditável.
31:51E aí
31:51o motorista
31:52foi para casa
31:53segundo ele
31:54tentou tirar
31:55aquilo da cabeça.
32:02Quando eles
32:03descreveram
32:04como o crime
32:04aconteceu
32:05era o local
32:06onde achamos
32:07as cápsulas
32:08onde as vítimas
32:10estavam.
32:11Eles tinham
32:12que estar lá
32:12porque ninguém
32:13mais podia saber
32:14o local exato
32:15com exceção
32:15de quem estava
32:16lá naquela noite.
32:18Eu podia ter
32:19acusado os três
32:20de homicídio
32:21mas a mera presença
32:22no local
32:22não é suficiente
32:23para culpar
32:24alguém de um crime
32:25e sem eles
32:26eu não teria
32:26um caso
32:27contra o atirador.
32:28O rapaz
32:29que dirigiu o carro
32:30e o passageiro
32:31não tinham
32:31uma arma na mão.
32:32eu queria pegar
32:34o atirador
32:35a pessoa
32:36que puxou
32:36o gatilho
32:37e acabou
32:37com a vida
32:38dessas duas garotas.
32:40Era o meu objetivo
32:41e o Chris Bissey
32:43era o cara
32:43que puxou o gatilho.
32:45Eu tinha certeza
32:46de que tínhamos
32:47o suficiente
32:48para acusá-lo
32:49e então nós
32:49decidimos
32:50indiciar o Bissey
32:51no começo
32:52de dezembro.
32:53era tarde da noite
33:04por volta
33:05das quatro horas
33:06da madrugada
33:07e era o investigador
33:10chefe
33:10e ele disse
33:11John
33:13eu queria te contar
33:14que prendemos alguém
33:15eu fiquei surpresa
33:18eu só lembro
33:20de ter dito
33:20ai meu Deus
33:21quem foi
33:22eu achei
33:23que seria
33:23alguém que eu conhecia
33:25eu prendi o fôlego
33:26porque tinha medo
33:27de ouvir
33:28quem era o assassino
33:29ele disse
33:32que foi o Chris Bissey
33:33eu disse
33:34que não sabia
33:35quem ele era
33:36eu não sabia
33:37de onde ele vinha
33:39ele não namorava
33:40a Jennifer
33:41nem a Mary
33:42ele não saia
33:43com elas
33:43o investigador
33:45disse
33:46eu só queria avisar
33:47que a imprensa
33:48já sabe
33:49eu te garanto
33:50daqui a pouco
33:51eles vão chegar
33:52e vão cercar
33:53sua casa
33:54não vai demorar
33:55e disse
33:55que achava melhor
33:56que a gente fosse
33:57para outro lugar
33:58então nós fomos
34:05eu peguei as crianças
34:08eu acordei todo mundo
34:09e nos vestimos
34:10quando eu saí
34:11eles estavam
34:12por toda parte
34:13tinha
34:14pessoas com câmeras
34:16e repórteres
34:17com microfones
34:19na minha cara
34:19dizendo
34:20você conhecia
34:21esse rapaz
34:22fizeram mil perguntas
34:24e eu não queria
34:25falar com ninguém
34:26eu estava com meu filho
34:27no colo
34:28e eu caí
34:28eu tropecei
34:30e caí
34:30foi um caos
34:32eu só queria
34:33sair de lá
34:34eu só queria
34:36entrar no meu carro
34:37aí eu tranquei
34:38as portas
34:39e saí
34:39eu ainda não sabia
34:41o que tinha acontecido
34:42quem era esse Chris Bisse
34:44por que ele atirou
34:46na minha filha
34:47o meu objetivo
34:49era tentar descobrir
34:50por que ele fez isso
34:52é uma foto
35:01do Chris Bisse
35:02depois que ele foi preso
35:04ele parecia
35:07uma pessoa comum
35:08parecia muito jovem
35:10e inocente
35:11só que ele não é
35:12eu sei muito bem
35:14quem ele é
35:15eu sei bem
35:16o que é sentir ódio
35:19se dependesse de mim
35:21eu mesmo faria justiça
35:22pela minha filha
35:23é a foto de um assassino
35:29nada mais
35:31nada menos
35:32um belo monte de merda
35:35a primeira vez
35:48em que vi o Chris Bisse
35:50foi no tribunal
35:51no dia do julgamento
35:52eu sempre disse
35:54que se me mostrassem
35:55cinquenta pessoas
35:57cinquenta suspeitos
35:58ele seria o último
35:59que eu escolheria
36:00porque ele parecia
36:04assustado
36:05ele era jovem
36:06com cara de bebê
36:08ele não tinha
36:10aquela aparência cruel
36:11que a gente espera
36:12quando as testemunhas saíram
36:21eu pensei
36:22de onde eu os conheço
36:23então eu lembrei
36:25eram os dois
36:26que estavam no mirante
36:27naquele dia
36:28eles eram o motorista
36:32e o passageiro
36:33no final das contas
36:35e foi horrível pensar
36:37que eu parei
36:38pra falar com eles
36:39e o tempo todo
36:40eram eles
36:41esses jovens
36:50não estavam dispostos
36:51a cooperar
36:52estavam com medo
36:52do próprio Chris
36:53eles nem queriam
36:55testemunhar
36:55a gente teve que convencê-los
36:57e dizer o quanto
36:58isso era importante
36:59e que um dia
37:00eles seriam cidadãos
37:02que poderiam olhar
37:03pra trás
37:03e dizer que ajudaram
37:05a polícia
37:05a solucionar o crime
37:06as testemunhas
37:07contaram
37:08que ele começou
37:09a atirar
37:09de dentro
37:10do veículo
37:10e aí ele saiu
37:12do carro
37:13andou até ela
37:14e atirou de novo
37:14na garota
37:15enquanto ela tentava fugir
37:17era compatível
37:18com a balística
37:19e eu não teria um caso
37:20sem essas testemunhas
37:22eu precisava delas
37:23quando tive que convencer
37:33os 12 jurados
37:34além da dúvida razoável
37:36eu queria dar um motivo
37:37mostrar porque ele matou
37:38as vítimas
37:39mas não tínhamos
37:40tempo hábil
37:40pra isso
37:41nos argumentos
37:43finais pro júri
37:44eu falei
37:44que não podia dizer
37:46o motivo
37:47só podia dizer
37:47o que aconteceu
37:48o senhor
37:50e a senhora
37:51Grider
37:51vivem com isso
37:52diariamente
37:53com toda essa dor
37:54e ainda não sabiam
37:57de toda a verdade
37:58eles queriam
37:59uma razão
37:59queriam saber
38:00por quê
38:00agora cabia
38:02um júri
38:03de 12 pessoas
38:04e não sabíamos
38:04o que iriam decidir
38:06e precisavam
38:07estar de acordo
38:07não foi fácil
38:08mas todos os jurados
38:10tinham que chegar
38:10ao mesmo veredito
38:11foi um dos casos
38:12mais difíceis
38:13que já enfrentei
38:14no dia do veredito
38:31eu lembro
38:31que disseram
38:32Christopher Bisse
38:35você é culpado
38:35de homicídio qualificado
38:37e eu lembro
38:40que eu fiquei lá
38:41pensando que
38:44minha irmã
38:44devia voltar agora
38:45eu lembro
38:47que olhei pro lado
38:47e pensei
38:48onde você está
38:49por que não voltou
38:49pra gente
38:50tudo isso já passou
38:51e essa piada acabou
38:52por que você não tá aqui
38:53isso não mudou nada
38:57na época
39:00eu queria a pena de morte
39:02ele precisa pagar
39:03deixem ele morrer
39:04mas agora
39:06anos depois
39:07eu sou mãe
39:08e tenho
39:09cinco filhas
39:11e pessoas cometem erros
39:12e você não sabe
39:14se um dos seus filhos
39:15vai cometer um erro
39:16então eu
39:17desisti
39:18é um grande conflito
39:20quem sou eu
39:20pra querer a morte dele
39:21eu não sou melhor
39:23então vamos
39:24deixar que Deus
39:25resolva isso
39:26ele destruiu
39:30os meus pais
39:31porque eu faço de tudo
39:34pra deixar a vida
39:35dos meus pais
39:35perfeita
39:36e eu não consigo
39:37porque não posso
39:38trazê-la de volta
39:38e até hoje
39:42eu ainda quero respostas
39:44eu só queria
39:45que ele dissesse
39:46por que
39:46sabe
39:47pra que os meus pais
39:48tivessem um pouco de paz
39:50eu fui ver o Chris Bisse
40:00muita gente achava
40:02que eu não deveria ir
40:03eu não fui até lá
40:05pra perdoá-lo
40:07eu não fui até lá
40:08pra desculpá-lo
40:09eu só achei
40:11que ele poderia
40:12falar alguma coisa
40:13que me consolasse
40:14eu entrei primeiro
40:17me sentei
40:19aí eles o trouxeram
40:21e eu comecei a chorar
40:23eu não sei por que
40:24não sei
40:25acho que fiquei
40:26muito nervosa
40:26eu comecei a chorar
40:28e disse
40:28você não faz ideia
40:29do que fez com a minha vida
40:31e especialmente
40:32com o meu marido
40:33eu conversei
40:35por sete horas
40:36com o Chris Bisse
40:37e nem uma vez
40:38ele pediu perdão
40:39ele nunca mostrou
40:40que sentia
40:41sequer pena de mim
40:43ele não se importava
40:45ele só se esquivou
40:48ele não conhecia
40:50as garotas
40:51não faz ideia
40:52do que aconteceu
40:53ele só negou
40:55contou um monte
40:56de mentiras
40:56ele disse
40:57vou te dizer uma coisa
40:59eu nunca conheci
41:00nenhuma garota
41:01de Bethlehem
41:02mentira
41:03e aí ele levantou
41:05e saiu da sala
41:06eu também saí
41:07e foi assim
41:08que acabou
41:09durante 26 anos
41:18eu vivi sem saber
41:19o motivo
41:19infelizmente
41:21eu tenho câncer
41:22no pulmão
41:23e vou fazer
41:23uma cirurgia
41:24com risco
41:25de morte
41:26quando tudo isso
41:29aconteceu
41:30eles eram todos
41:31muito jovens
41:32eu acho que muitos
41:33adolescentes
41:34deviam saber
41:35o que aconteceu
41:35o porquê
41:36ele fez isso
41:37hoje eles são adultos
41:39e talvez decidam
41:40falar agora
41:41e dando essa entrevista
41:42quem sabe
41:43teremos uma resposta
41:44talvez alguém
41:46nos diga
41:47que depois
41:47de todos esses anos
41:49a sua consciência
41:50está pesada
41:51e que se lembra
41:51de alguma coisa
41:52se tudo correr
41:54bem pra mim
41:55talvez eu tenha
41:56algumas respostas
41:58ele ainda está vivo
42:06e a minha filha
42:07não
42:07eles falam
42:09que vivem
42:09numa prisão
42:10horrível
42:11porque as celas
42:11são ruins
42:12e tal
42:13e eu não ligo
42:14eles são criminosos
42:16tem que cumprir
42:16a pena
42:17e como sempre digo
42:19as celas
42:19podem ter
42:20dois e meio
42:21por três
42:22mas o caixão
42:24da minha filha
42:24só tem dois por um
42:26então ela não tem espaço
42:29mas ele está bem vivo
42:31ainda
42:31eu venho aqui
42:35uma vez por semana
42:36geralmente
42:37no sábado de manhã
42:38esse é o cemitério
42:42Holy Savior
42:43ele fica em Bethlehem
42:44Pensilvânia
42:46ela é especial
42:47porque minha filha
42:48está aqui
42:49é alguém
42:51com quem eu posso
42:51conversar
42:52sem ser ridicularizado
42:54como quando dizem
42:55ah você não pode
42:56não deve falar isso
42:57sabe
42:58ela só escuta
42:59tá bonita
43:02imaginar o relacionamento
43:06se ela estivesse viva
43:08é uma coisa
43:08muito difícil
43:09eu penso nisso
43:11o tempo todo
43:12quantos filhos
43:14ela teria
43:14quantos netos
43:15eu teria
43:16coisas desse tipo
43:17eu penso nisso
43:18o tempo todo
43:19eu sempre posso chorar
43:24perto dela
43:25e eu choro
43:26às vezes
43:27às vezes
43:28eu sorrio
43:29às vezes
43:30eu choro
43:31mas eu estou
43:34sempre lá
43:35versão brasileira
43:39VoxMund
43:40VoxMund

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