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No Dia da Independência dos EUA, Donald Trump sancionou sua nova lei fiscal. Otaviano Canuto, ex-vice-presidente do Banco Mundial, detalha os impactos da medida para a dívida pública americana, os mercados globais e o comércio com o Brasil. Os analistas Julia Lindner e Alberto Ajzental discutem o posicionamento brasileiro e os efeitos esperados da retomada tarifária.

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00:00Nós vamos conversar agora com o economista Otaviano Canuto, que já foi vice-presidente do Banco Mundial e diretor executivo do FMI.
00:08Canuto, boa noite, obrigada por ter aceitado o nosso convite.
00:11Quero começar perguntando a sua avaliação sobre essa lei fiscal de Donald Trump.
00:16É mesmo um projeto grande e lindo, como ele diz, ou só ele e os apoiadores dele acham isso, Canuto?
00:23Bom, o que é grande é... Boa noite, é um prazer estar aqui.
00:27É grande, mas não necessariamente bonito.
00:31A rigor, o efeito é o de redução na carga tributária para a parcela de cima da população, em termos de renda, com muito menos lá para o pessoal de baixo.
00:45E com um resultado que a gente sabe, ninguém tem outra previsão que não seja a de um acirramento da trajetória explosiva da dívida americana,
00:56da dívida americana, da dívida pública americana.
00:59Então, a rigor, vocês já narraram muito bem que o que está previsto de corte de gastos é algo que vai se dar principalmente em cima de itens como o Medicaid,
01:13ou outros itens que importam, ou que afetam a parte de baixo da pirâmide.
01:18Então, é um projeto feio de um ponto de vista de impacto social.
01:24E não deixa de ser interessante que as pesquisas de opinião já vêm mostrando como a percepção pela população é justamente essa.
01:34A maioria da população não está considerando esse projeto de lei como algo benigno, como algo favorável.
01:42Isso é importante, porque esse é um momento agora, hoje, em que o Trump pode estar celebrando as vitórias políticas.
01:53De fato, essa vitória do projeto de lei no orçamento, como vocês bem descreveram, ali no limite, ganhando por um voto,
02:00e até vindo um pouquinho antes do que se esperava, ele conta na vitória.
02:05Um detalhe importante é que esse projeto de lei orçamentária aumentará fortemente as dotações para a turma de repressão a imigrantes ilegais.
02:18Isso combina com a agenda dele.
02:22Ele pode celebrar a vitória também, acho que cabe importar, importante nisso.
02:27O posto pela Corte Suprema, quanto à impossibilidade agora de juízes de instâncias inferiores conseguirem obstaculizar e deter normativas feitas pelo governo federal.
02:48Isso dá uma margem, uma nova para ele.
02:51Então, ele tem um ganho político.
02:52Tem um detalhe importante hoje também, para não esquecer.
02:55Hoje, ele já anunciou, devem sair cartas para 10 ou 12 países, segundo ele, estabelecendo as tarifas que vão prevalecer quando se encerrar esse prazo de 9 de julho que ele deu para as negociações com países.
03:16Ele falou em 10, 12, mas tem mais países vindo na semana que vem.
03:19É provável até que, por exemplo, o Brasil receba uma carta e essas tarifas, provavelmente, eu apostaria no caso brasileiro,
03:30é afirmando os 10% que ele estabeleceu lá no dia da libertação com aquelas tarifas.
03:37As únicas exceções, provavelmente, vão ser Reino Unido e Vietnã, porque tiveram acordos recém-anunciados.
03:49Desculpem.
03:51E resta ver se a trégua com a China vai se aplicar também nesse caso para a China não receber uma carta.
03:58Agora, o resto vai ter tarifa mais alta, ou seja, ele vai continuar na trajetória que adotou desde que assumiu o governo.
04:11Mas a nota orçamentária não é bela de jeito nenhum para quem está na parte de baixo da pirâmide de renda dos Estados Unidos.
04:20Quer dizer, Canuto, na sua opinião, a trégua tarifária vai chegar ao fim, não há chance de prorrogação a partir lá do dia 9 de julho, semana que vem?
04:30Eu creio que não.
04:32Resta ver, a dúvida apenas, é se ele mantém as tarifas que estabeleceu lá no dia 2, né?
04:42O que importa menos no caso do Brasil e dos países que têm déficit comercial com os Estados Unidos, porque eles pegaram apenas, nós pegamos, 10% de tarifa recíproca, não é?
04:54Agora, a dúvida é como ele vai fazer com os outros países que receberam tarifas bem lá, mais próximas do topo, não é?
05:02Vietnã vai estar fora porque fez o acordo.
05:04Mesmo assim, as tarifas sobre o Vietnã são de 20%, tá certo?
05:0840% sobre os produtos que apenas passam pelo Vietnã, como estava sendo parte das vendas chinesas, não é?
05:19Agora, o Trump tem anunciado e se espera que venha duro com o Japão e até a União Europeia também.
05:28Canuto, pedi licença para você, se puder continuar aqui com a gente, já já eu te chamo novamente.
05:35A gente queria só mostrar o presidente Donald Trump falando sobre as medidas previstas na nova lei fiscal antes de sancioná-la.
05:43Ele parabenizou os líderes republicanos na Câmara dos Deputados e no Senado e criticou os democratas pela oposição ao projeto.
05:51Eu nunca vi o povo tão feliz no nosso país por algo como esse.
05:57Porque tantos grupos diferentes de pessoas estão sendo atendidos.
06:02Os militares, civis de todos os tipos, empregos de todos os tipos.
06:07Estamos acrescentando coisas como o maior corte de impostos da história do nosso país, créditos para crianças.
06:14Tanta coisa que está sendo incluída que a gente nem teria tempo de falar de tudo.
06:18Quando a gente estava fazendo isso, John Thune e Mike Johnson, bem ali, eu vejo o Mike.
06:25Que trabalho eles fizeram.
06:26Que trabalho eles fizeram.
06:28Mas olha só, era para serem três, quatro, cinco, seis ou sete projetos de lei diferentes.
06:34E eu estava num desses programas de fake news e eu disse, vamos fazer tudo num só.
06:39Um grande, lindo, maravilhoso projeto.
06:42Eu falei isso para o apresentador e acho que vários deputados e senadores estavam assistindo.
06:48E eles falaram, vamos dar esse nome para o projeto.
06:51Um grande e lindo projeto.
06:53E foi isso que a gente fez.
06:55E o que a gente fez foi colocar tudo em um só projeto.
06:59Nunca tinha acontecido antes.
07:01É o maior projeto desse tipo na história.
07:03Nunca teve nada assim antes.
07:05Nada parecido.
07:06Que eles achassem possível aprovar.
07:08E, na verdade, eu gostei.
07:11Porque tinha tanta coisa lá dentro que não importava quem você fosse.
07:15Tinha alguma coisa naquele projeto que faria o seu congressista, o seu senador ou a sua congressista.
07:22O que é ainda mais importante.
07:24Levantar a mão e apoiar.
07:26Né?
07:26Então isso foi algo realmente especial.
07:30Então o povo americano deu para a gente um mandato histórico em novembro.
07:34A gente ganhou tudo.
07:35A gente ganhou os estados decisivos.
07:37Ganhamos todos os sete.
07:39Ganhamos todos.
07:40Isso quase nunca acontece.
07:42Ganhamos o voto popular.
07:44Ganhamos os distritos.
07:46É por isso que quando você olha o mapa, está tudo vermelho.
07:49Um pouquinho de azul em cada ponta.
07:51Mas o resto é tudo vermelho.
07:53E, aliás, vermelho significa republicano.
07:56Só para deixar claro.
07:58Mas a gente fez promessas.
07:59E é aquilo.
08:00Promessas feitas.
08:02Promessas cumpridas.
08:04E a gente cumpriu.
08:04Isso aqui é um triunfo da democracia.
08:08No aniversário da democracia.
08:10E eu tenho que dizer.
08:11O povo está feliz.
08:13Está feliz.
08:14E eu ouvi uma transmissão.
08:16Li uns artigos.
08:17Os democratas deviam ter votado a favor.
08:21Não votaram pelo corte de impostos.
08:23Não votaram para cuidar das pessoas.
08:26Não votaram.
08:26Nenhum voto.
08:28E a gente já sabia.
08:29Porque o ódio deles, pelo país ou por mim, ou pelos dois, é tão grande que não votaram de jeito nenhum.
08:37E isso é terrível.
08:38Você viu aquele cara em pé ontem, por horas.
08:41Ele nem sabia o que estava fazendo lá.
08:44Ficou lá enxugando o rosto.
08:45Não é muito elegante.
08:47Mas o que é isso?
08:48Fiquei pensando.
08:49O que ele está fazendo esse tempo todo?
08:51Ele não conseguia criticar o projeto.
08:54Criticava todo mundo.
08:55Criticava tudo.
08:56Então eles criaram.
08:57E isso não sou eu que estou dizendo.
08:59É a mídia.
09:00Criaram uma fala padrão.
09:02E a gente não pode deixar passar.
09:04Ah, é perigoso.
09:06Ah, todo mundo vai morrer.
09:07Na verdade, é o contrário.
09:09Todo mundo vai viver.
09:10E eu só quero que você saiba.
09:12Se você escutar qualquer coisa negativa dos democratas, é tudo armação.
09:18É tudo encenação.
09:20A gente volta a conversar com o economista Otaviano Canuto, que já foi vice-presidente do Banco Mundial e diretor executivo do FMI.
09:28Canuto, obrigada por continuar com a gente.
09:30Estou hoje no Policy Center for the New South.
09:33Eu quero citar.
09:34Ah, claro.
09:34Por favor.
09:35Que bom que você citou.
09:36Eu já vou passar agora para as perguntas dos nossos analistas, começando pelo Alberto Azental.
09:41Alberto, fica à vontade.
09:43Canuto, eu vou te explorar um pouco em um exercício de futurologia.
09:48Na segunda-feira, quando os mercados reabrirem nos Estados Unidos, porque hoje era feriado da independência,
09:55como você enxerga as bolsas, a Treasure de 10 anos e o DXY?
10:02E o impacto disso no mercado brasileiro já na segunda-feira?
10:07Perfeito.
10:08A rigor, a deterioração fiscal norte-americana é um processo gradual, está certo?
10:18Não creio que haverá algum tipo de choque por conta simplesmente da aprovação do orçamento.
10:25A rigor, a economia americana, inclusive, ela tem essas duas dimensões, é uma dificuldade enorme
10:36para nós acompanharmos, etc.
10:38Porque, por um lado, existem indicadores antecedentes que sugerem uma leve deterioração
10:46em várias, em algumas variáveis, na inflação futura e assim por diante.
10:54Por outro lado, o dinamismo do lado, digamos, que vem da velha economia americana, que tem sido,
11:02que tem dado um caráter excepcional ao crescimento norte-americano, ainda continua pujante.
11:07Os números de emprego de ontem, por exemplo, foram muito mais favoráveis do que o que se esperava,
11:12o que vai, evidentemente, tornar mais difícil, mesmo que o quisesse, ao Federal Reserve System,
11:22reduzir taxas de juros no final da reunião deste mês.
11:26Quer dizer, na verdade, os dados de emprego ontem, eles jogam na direção de reforçar
11:32a decisão tomada na última reunião, que foi a de esperar para ver,
11:37porque ainda não está claro se, de fato, a tendência é de inflação para baixo
11:44ou se manter onde está e, nesse sentido, justificar a preservação dos juros onde estão.
11:53Os juros de longo prazo, eles tendem, com o tempo, é claro, a piorar, a subir,
12:00em função da perspectiva de ampliação da dívida.
12:05Nós estamos num período muito diferente daquele que foi o da década anterior,
12:11ou a década depois da crise financeira global,
12:14quando os juros, em termos reais, puderam se manter e foram mantidos em níveis muito baixos.
12:21Agora a gente já está numa era em que os juros já são mais altos
12:24e, nesse sentido, a combinação da dinâmica de déficits públicos crescentes com juros mais altos
12:32tende a fazer a dinâmica da dívida americana bem explosiva.
12:36Não tem uma projeção que eu não conheça que não aponte nessa direção.
12:40Eu sugiro o escritório, o CBO do Congresso,
12:47que mostra, assim como também em Brookings, que é uma instituição onde eu sou a feriado,
12:54que mostra uma trajetória explosiva para a dívida.
13:00Agora, isso não significa dizer que na segunda-feira a gente tem um dia de desastre.
13:09O desempenho acionário, refletindo, como eu disse, principalmente o lado da tecnologia
13:16e aqueles fatores excepcionais anteriores,
13:19inclusive ajudou os próprios índices acionários a recuperarem a perda que tiveram
13:24depois da loucura dos anúncios do dia da libertação.
13:29Então, a economia americana vai continuar caminhando nessa trajetória.
13:34Um detalhe importante é o seguinte,
13:38que eu falei do impacto desigual na pirâmide da população,
13:45em termos de renda, da isenção de tributos,
13:50mas há também um outro aspecto.
13:53As tarifas do Trump, elas tendem a afetar principalmente preços de bens de consumo
13:59e que são uma parcela maior, correspondem a uma parcela maior da renda da parte de baixo da pirâmide.
14:09Então, a parte de baixo da pirâmide perde em termos relativos com o pacote de tributos
14:18e perde também com o efeito das tarifas.
14:23É verdade que o efeito das tarifas sobre a inflação e sobre o preço de bens
14:27tem sido menor até do que o que se temia,
14:29porque elas, na prática, não entraram em vigor para valer.
14:33Por enquanto, houve desova de produtos acumulados antes das tarifas
14:39e agora durante o período de trégua.
14:41Agora, em algum momento, lá na frente,
14:43particularmente se essas cartas emitidas a partir de hoje
14:47passarem a vigorar a partir do 1º de agosto,
14:49em que a gente vai ter um efeito inflacionário
14:51e um efeito inflacionário que afeta principalmente a parte de baixo da pirâmide.
14:56O que o presidente mencionou a respeito do apoio popular
15:02em relação à lei orçamentária
15:06não é o que agências de pesquisa estão mostrando,
15:12muito pelo contrário.
15:13Há uma percepção pela maioria da população
15:16dessa lei como algo ruim e desfavorável.
15:21Vamos passar agora para a pergunta da Júlia Lindner.
15:24Júlia, boa noite para você.
15:25Boa noite, Cris, boa noite, Caru.
15:27Eu acho que vocês nos acompanham.
15:29Canuto, eu queria te perguntar sobre essa questão das tarifas
15:32em relação ao Brasil.
15:33Você já disse que considera que deve ter uma manutenção
15:36daquilo que foi anunciado inicialmente,
15:39mas como que você vê o posicionamento do nosso país,
15:42tanto nas negociações com os Estados Unidos,
15:44como também essa tentativa de diversificar mercados,
15:47ampliar acordos e também o comércio com outros países?
15:52Antes de tudo, a busca de diversificação do mercado de exportação
15:56é uma coisa boa em si,
15:59independentemente do que está acontecendo
16:01na relação com os Estados Unidos.
16:04e no que diz respeito à relação bilateral,
16:11há que se levar em conta qual é a probabilidade
16:15de se ter algo melhor do que aquilo que está por enquanto,
16:20que são os 10% das tarifas básicas recíprocas
16:26que o Trump estabeleceu,
16:28além, é claro, das tarifas setoriais
16:32que vão, aí afetam todos os países,
16:37o caso do aço, do alumínio.
16:40Tem que se levar em conta qual é a probabilidade
16:44da perda ser menor,
16:47caso se inicie tentativamente algum tipo de retaliação.
16:52Eu quero crer que a postura adotada pelo Brasil
16:57tem sido a mais conveniente diante das circunstâncias.
17:01Otaviano Canuto, muito obrigada,
17:03é sempre um prazer recebê-lo aqui no Jornal Times Brasil,
17:06volte mais vezes, bom fim de semana para você.
17:09Para vocês também, e um bom resto 4 de julho para mim,
17:12que mora aqui.
17:13Isso aí, bom 4 de julho.
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