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Transcrição
00:00E hoje, meio-dia em Brasília, é um programa especial, a gente, em feriados e semanas aí menorzinhas,
00:07a gente costuma fazer só o debate, trazendo os temas mais importantes do dia para vocês.
00:11Então, hoje teremos um debate super especial para falar sobre esse programa que foi lançado,
00:18foi anunciado pelo governo, um programa para baratear os carros populares e trazer possíveis vantagens
00:25que vão aí de 2 a 8 mil, mas a gente quer saber, esse programa, de fato, traz vantagens para o brasileiro,
00:33para aquela pessoa que precisa comprar o seu veículo aí, ele vai conseguir realmente algum diferencial,
00:38algum benefício nisso? Então, para comentar esse assunto aqui no Meio Dia em Brasília,
00:43nós trouxemos dois especialistas, dois economistas para conversar com a gente nesse momento.
00:48Temos aqui no estúdio já o Ciro Avelar, Ciro de Avelar, que já está aqui com a gente,
00:52e também o professor José Luiz Oreiro, que também está com a gente aqui no Meio Dia em Brasília.
00:56Sejam bem-vindos.
00:58Obrigado.
01:00Boa tarde, obrigado.
01:02Obrigada pela gentileza de vir ao Meio Dia em Brasília.
01:04E eu começo com o professor José Luiz Oreiro.
01:07A gente estava conversando sobre esse programa mais cedo, professor,
01:10e, de fato, ele é um programa que foi bem estruturado,
01:14ele foi bem construído para atender a população. Qual a sua visão?
01:17Bom, primeiro que trata-se de um programa ridiculamente pequeno,
01:22quer dizer, o que foi anunciado, 1,5 bilhões de reais,
01:25e aquilo que vai ser usado nos descontos para carro popular,
01:30de apenas 500 milhões de reais, não dá nem para início de conversa.
01:36Então, assim, a capacidade que isso vai ter de movimentar a economia,
01:41de aumentar a produção de automóveis populares, vai ser muito pequena.
01:46Agora, um segundo ponto que eu acho importante,
01:49quer dizer, o automóvel é um bem de consumo durável
01:53que é, em geral, no Brasil, comprado com crédito.
01:58Ele não é comprado à vista, são poucas as pessoas que compram carro à vista.
02:02Lógico, quem puder comprar o carro à vista,
02:04vai ter um desconto de entre 2 a 8, até 10 mil reais,
02:09se você está vendo na imprensa, o que é um desconto razoável.
02:13Mas a maior parte das pessoas não compra o carro à vista,
02:16ela compra o carro financiado.
02:18E aí, com essa taxa de juros que prevalece hoje no Brasil,
02:22que a Selic está em 3,75,
02:24mas a taxa de juros do financiamento para a compra de carro novo
02:30vai ser de 2 a 3% ao mês, pelo menos.
02:34Então, assim, eu não vejo muita vantagem para uma pessoa pegar um desconto
02:41que pode ser de 10 mil reais, mas que esse desconto vai ser muito mais do que compensado
02:47no pagamento de juros do financiamento para a aquisição do carro popular.
02:53Professor Círio de Avelar, mais cedo a gente conversou também sobre isso,
02:59e uma das pontuações que você me fez foi que esse programa devia ser melhor,
03:03é mais bem trabalhado junto ao BNDES e até junto a outros órgãos.
03:08Como é que o senhor avalia que esse programa devia trazer para a sociedade
03:15uma estruturação melhor para que o consumidor pudesse, de fato,
03:18ser beneficiado com esse programa?
03:23Bom, o importante é trazer uma perspectiva de mudança estrutural
03:31para que o consumidor possa participar e pensar de maneira estrutural
03:36numa perspectiva de redução dos juros e de redução também de toda a cadeia de produção.
03:46A gente vê que o governo tem buscado fazer esses anúncios tributários
03:50de maneira solta, em vez de trazer um arcabouço, como a gente viu,
03:56um arcabouço fiscal, agora tem que se pensar também no arcabouço tributário.
04:00Hoje está-se tendo uma reunião na Câmara também,
04:03está-se discutindo algumas alíquotas especiais para a saúde, educação,
04:09está-se discutindo sobre a Zona Franca de Manaus,
04:11mas tudo isso tinha que ter sido pensado estruturalmente,
04:14até mesmo com a própria participação do BNDES.
04:17O BNDES ficou muito tempo aí escondido, digamos assim, inibido,
04:21e a gente não pode esquecer que o BNDES tem uma função muito importante
04:25de desenvolvimento econômico e social para o Brasil,
04:28então seria muito importante a participação do BNDES
04:31e até mesmo a participação dos principais geradores de crédito,
04:35como as financeiras de carros, por exemplo,
04:38porque com essa taxa de juros a 13,75%,
04:41e eu costumo dizer que na crise o dinheiro não some,
04:44o dinheiro muda de mãos, e agora com a Selic a 13,75%,
04:48esse dinheiro está com os bancos.
04:50Como a gente sempre vê nesses programas de incentivo,
04:53muitas vezes que dependem do intermediário,
04:55da instituição financeira ou do próprio banco,
04:58pode ser que esse desconto, esse bônus,
05:01essa redução não chegue até o consumidor final,
05:04até por uma avaliação de crédito, uma avaliação de risco.
05:07A gente tem hoje pouco mais de 70% da população brasileira endividada,
05:11então o programa veio de uma maneira muito solta,
05:15tinha que ser mais estrutural com a participação
05:17das principais instituições financeiras
05:19que fazem empréstimos e financiamentos de veículos
05:22e também com a participação do BNDES.
05:24A gente não pode esquecer que a indústria automobilística
05:26sempre foi muito dependente do Estado,
05:29o Estado sempre foi muito paternalista com as indústrias automobilísticas,
05:33então já vem até um subsídio histórico
05:35e um endividamento histórico com as montadoras.
05:38Então, também não é de se desacreditar
05:44que em algum momento as montadoras possam não repassar isso
05:47para o consumidor final.
05:49O carro popular vai ter uma tecnologia menor também,
05:54afinal de contas, esse é o conceito do carro popular,
05:56então o que parece é que o governo está só jogando para a plateia
05:59e não querendo de fato que haja uma redução estrutural,
06:02principalmente no custo de produção e no custo de juros,
06:05até chegar ao consumidor final.
06:08Obrigada, professor Ciro.
06:10Professor José Luiz Orelho, mais um dado interessante
06:12para a gente trazer aqui, o desconto que foi trazido
06:15pelo próprio governo, anunciado pelo governo,
06:18não é um desconto muito significativo.
06:20O senhor até pontuou que ele pode ser corroído
06:23pelas taxas de juros, considerando que o brasileiro
06:27compra mais o carro financiado.
06:29O desconto gira em torno de R$ 2 a R$ 8 mil,
06:33em carros até R$ 120 mil, de acordo com o que foi anunciado pelo governo.
06:37Mas ontem, uma coisa que me chamou, desculpa,
06:40essa semana, uma coisa que me chamou bastante atenção
06:41foi que o governo anunciou e falou, primeiro, dos carros populares,
06:46depois o próprio ministro da Fazenda falou que o programa
06:48era destinado a ônibus e também caminhões.
06:52O senhor acha que foi talvez uma tentativa do próprio governo
06:55de tentar amenizar o impacto desse programa?
06:57Bom, o que me parece, claro, é que o governo não sabe,
07:02o governo está perdido e não sabe muito bem o que quer com esse programa.
07:06Qual é o objetivo do programa?
07:08O objetivo do programa é dar um alívio temporário
07:12para a indústria automobilística, que está com espátios cheios
07:15de carros produzidos, mas não vendidos,
07:19ou é reduzir a emissão de CO2,
07:22e, com isso, fazer uma transição para uma economia verde,
07:26ou é melhorar o transporte público.
07:28Isso não está claro.
07:30Quer dizer, esse tipo de medida tinha que ser realmente pensada,
07:35como disse o colega,
07:36no contexto de um arcabouço de política industrial.
07:41Quer dizer, se o objetivo é estimular a produção de automóveis,
07:46reduzir o grau de ociosidade da indústria automobilística,
07:49500 milhões de reais em redução de tributos
07:55para a produção de automóveis é ridiculamente pequeno,
07:59ainda mais por um prazo de quatro meses.
08:02E, por outro lado, se o que você quer
08:05é fazer um programa que tenha um impacto significativo
08:11na redução da emissão de CO2,
08:14não é por intermédio de investimento em ônibus e caminhão,
08:20ou de investimento tributário em ônibus e caminhão.
08:24O que o governo deveria fazer é um grande projeto,
08:26um grande programa de construção de ferrovias,
08:30tanto para transporte de passageiros
08:33como para transporte de carga,
08:35porque isso, sim,
08:37reduz de maneira significativa a emissão de CO2,
08:40e ajuda a chamada neoindustrialização da economia brasileira,
08:46que o governo quer,
08:47porque se você tiver um grande plano
08:49de construção de uma malha ferroviária
08:53para transporte de passageiros
08:56e para transporte de produtos manufaturados
08:59entre o centro produtor e os centros consumidores,
09:03você vai desenvolver uma indústria
09:04que vai produzir material para atender a essa demanda.
09:08Então, assim, realmente me pareceu
09:11algo profundamente amador por parte do governo,
09:17o que reflete, do meu ponto de vista,
09:19também a falta de quadros técnicos qualificados
09:22no Ministério da Fazenda.
09:26Professor, só destacando aqui,
09:28essa medida foi anunciada no Dia do Meio Ambiente,
09:30o que também gerou uma repercussão negativa,
09:32e logo em seguida,
09:34o próprio ministro da Fazenda tentou amenizar,
09:36falando sobre ônibus e caminhões,
09:39numa tentativa de tornar esse anúncio
09:42um pouco menos bruto
09:44para quem estava ouvindo do outro lado.
09:46Mas aí você vê que é um improviso,
09:49é coisa de improviso,
09:50isso não foi pensado.
09:52Quer dizer, não, eu repito,
09:54não há, esse governo na área econômica,
09:57ele não tem,
09:58como a gente teve com o Kubitschek,
09:59um plano de metas,
10:01uma coisa mais estruturante,
10:02ou seja, não tem planejamento.
10:06E sem planejamento,
10:08a gente não vai a lugar nenhum.
10:09O governo está cheio de boas intenções,
10:11eu não tenho nenhuma dúvida disso.
10:13Mas, como diz o Adagio Popular,
10:15de boas intenções,
10:16o inferno está cheio.
10:19Agora, professor Círio de Avelar,
10:21mais uma consequência desse anúncio
10:26que foi feito essa semana,
10:27que eu imagino que o governo
10:29não se preparou para isso,
10:31foi que, logo que essa medida,
10:33que esse projeto foi anunciado,
10:36muita gente que já estava prevendo
10:37comprar os seus veículos,
10:39na verdade, decidiram esperar um pouco mais
10:41até a implementação do projeto.
10:43Na verdade, teve um efeito inicial rebote
10:46na sua visão?
10:49Eu acredito que sim.
10:51Acredito que as pessoas agora
10:52estão com mais informações,
10:54então, isso acaba trazendo ali
10:56uma perspectiva de que a pessoa,
10:58até de novo,
10:59pelo nível de endividamento
11:01que as pessoas têm hoje,
11:02pelos juros que é cobrado hoje.
11:04E a pressão inflacionária
11:05que ainda persiste,
11:07a gente viu a volta agora,
11:08por exemplo,
11:09da oneração do diesel,
11:12então, de certa forma,
11:13o governo dá com uma mão
11:16e tira com duas.
11:19Porque, mais uma vez,
11:20isso percebe-se,
11:21aqui em Brasília mesmo,
11:22a gasolina na semana passada
11:23estava 5,20,
11:24agora está 5,70.
11:25Então, a gente acaba
11:27que percebe que não vai ser
11:30uma medida, de fato,
11:32estrutural.
11:34E, apesar da inflação
11:37estar sendo sinalizada
11:39em uma redução já abaixo de 6%,
11:41a gente ainda tem o segundo semestre
11:43com datas bem específicas,
11:45e se houver ainda
11:46essas indicações
11:49de reforma tributária pontual,
11:51em vez de ser estrutural,
11:53isso vai acabar trazendo de novo
11:55uma pressão inflacionária,
11:56principalmente do risco fiscal.
11:59A gente lembra, por exemplo,
12:00do próprio anúncio
12:01como foi da tributação
12:02dos produtos chineses,
12:05foi feito também
12:06de maneira atabalhoada.
12:08Então, o governo parece
12:09que não tem um plano de voo.
12:11E, muitas vezes,
12:12o próprio consumidor,
12:13como empresário também,
12:15acaba esperando,
12:16porque a expectativa de confiança
12:18fica cada vez mais reduzida
12:19com esse governo
12:20que acaba parecendo
12:21que não tem um plano de voo,
12:23não tem uma carta de navegação
12:24para mostrar onde quer chegar.
12:28Perfeito, professor.
12:29Eu devolvo a palavra
12:30para o professor José Luiz Oreiro
12:32com mais uma pergunta.
12:33O salário mínimo hoje
12:34não dá para,
12:36com o que recebe
12:37um trabalhador
12:38que ganha o salário mínimo,
12:39não dá para comprar
12:40um carro popular,
12:41já que, considerando
12:41que os carros aí
12:42giram na faixa de 60 mil,
12:45um carro popular de fato.
12:47Esse projeto,
12:48o senhor avalia,
12:49que foi direcionado
12:51para a população pobre
12:53ou média,
12:54classe média,
12:56ou, de fato,
12:57foi uma coisa voltada mais,
12:58talvez,
12:59para as próprias montadoras?
13:01Não,
13:01tem um apelo
13:03para a classe,
13:04vamos dizer assim,
13:05a tal classe C,
13:06que o Marcel Nery
13:08criou esse conceito
13:09lá em 2012,
13:102013,
13:11que é um segmento
13:13da população
13:14que votou mais pesadamente
13:16no Bolsonaro.
13:17Então, eu acho que, assim,
13:19há um apelo político,
13:20claro,
13:21para essa população.
13:23Agora,
13:24é interessante
13:25chamar a atenção
13:26que,
13:27se o governo
13:28quer se preocupar
13:29com a mobilidade
13:30dos mais pobres,
13:32você tem que investir
13:33em transporte público.
13:35Aqui em Brasília,
13:37provavelmente,
13:38é uma das poucas capitais
13:39do Brasil,
13:40que nós não temos
13:41transporte ferroviário.
13:43Mesmo o BRT
13:44que tem aqui em Brasília,
13:46ele só vai até Santa Maria,
13:47ele não cruza a divisa
13:49do Distrito Federal
13:51com o Estado de Goiás,
13:53então,
13:53as cidades que ficam ali
13:55na divisa,
13:56que são
13:57Valparaíso de Goiás
14:01e Luizânia,
14:02onde muita gente
14:03que mora ali
14:05vem trabalhar em Brasília,
14:07inclusive a minha esposa,
14:08que é professora
14:10do Instituto Federal
14:11de Goiás
14:11do Campo de Luizânia,
14:12ela, por exemplo,
14:13tem que ir de Uber.
14:14Mas se tivesse um trem
14:16ou mesmo o BRT
14:17comunicando
14:18o Distrito Federal
14:21com o entorno
14:23de Goiás,
14:26seria muito melhor
14:27para os mais pobres.
14:28Então,
14:29o governo
14:29precisa estruturar
14:31um programa
14:32de mobilidade urbana
14:34baseado em linhas férreas,
14:36transporte ferroviário,
14:37polviário,
14:38porque isso,
14:39primeiro,
14:40é melhor
14:41do ponto de vista ambiental,
14:42ou seja,
14:43reduz muito
14:43a emissão de CO2,
14:45os trens hoje em dia
14:45são elétricos,
14:47então,
14:47e a nossa matriz energética
14:49é limpa,
14:50e além disso,
14:51vai aumentar muito
14:52o bem-estar
14:53da população,
14:54porque,
14:54sabe o que é ficar
14:55duas horas
14:56num ônibus
14:57lotado,
14:58indo e voltando
14:59todos os dias,
15:01do trabalho para casa,
15:01da casa para o trabalho?
15:02Isso é muito ruim.
15:03Então,
15:04esse investimento
15:06tem que ser feito,
15:07e só arrematar
15:08com uma observação,
15:10quando você
15:11compara
15:12a eficácia
15:13dos diferentes
15:15tipos
15:15de gastos
15:16do governo
15:17sobre o PIB,
15:18o que nós,
15:18economistas,
15:19chamamos de multiplicador,
15:21o multiplicador
15:22do investimento
15:23público
15:23é muito maior
15:25do que o multiplicador
15:27do gasto tributário,
15:28então,
15:28se você tem
15:291,5 bilhões de reais
15:30para gastar,
15:31é melhor você
15:32gastar investimento
15:33público,
15:34ou seja,
15:35construindo uma estrada,
15:36tapando buraco,
15:37etc.,
15:38do que você
15:39usar como subsídio,
15:42ou como abatimento
15:43de imposto.
15:44O efeito disso
15:45sobre geração
15:47de renda
15:47de emprego
15:48é muito maior
15:49no caso
15:50do investimento
15:51público
15:51do que no caso
15:53do gasto tributário.
15:56Obrigada, professor.
15:57Professor Ciro de Avelar,
15:59mais um tópico
16:00aqui para a gente
16:01encerrar nosso debate,
16:02que a gente não pode
16:03deixar de falar
16:04sobre isso.
16:05Ainda essa semana,
16:06o próprio presidente
16:07da Câmara dos Deputados,
16:08Arthur Lira,
16:09também externou
16:10a sua insatisfação
16:11com o anúncio do programa,
16:12também avaliou
16:13o anúncio precipitado
16:14por parte do governo
16:15e falou principalmente
16:16da reforma tributária.
16:17O senhor logo mais cedo
16:18falou também sobre isso,
16:19da importância
16:20de discutir,
16:21de trazer
16:22a reforma tributária
16:23também para esse debate.
16:25Como é que a reforma tributária
16:26poderia, de fato,
16:28auxiliar melhor
16:29esse programa
16:30do que o próprio programa
16:31que foi anunciado
16:32sem qualquer planejamento
16:33prévio?
16:36Nós, economistas,
16:37gostamos de dizer
16:37que o custo de oportunidade,
16:40hoje,
16:41o nível de tributação,
16:43o nível de impostos,
16:44tanto para o setor industrial,
16:48como para o comercial,
16:49serviços,
16:50até para nós,
16:51pessoas físicas também,
16:52ele é um custo
16:53de oportunidade muito alto.
16:54O que eu quero dizer com isso?
16:58Se fosse pensado
17:00um arcabouço tributário
17:01que desonerasse
17:02essa carga tributária
17:06tão forte
17:07para o peso dos empresários
17:09e dos cidadãos,
17:11o cidadão usaria
17:12esse recurso
17:13para consumir,
17:14para girar
17:14a atividade econômica.
17:18Então,
17:18a importância
17:19de uma reforma tributária
17:20é que ela viria
17:21a desonerar
17:22principalmente
17:23um setor industrial,
17:25um setor comercial
17:26e desonerar
17:28a pessoa física
17:29para que a gente
17:29pudesse consumir mais,
17:30para que o dinheiro
17:34pudesse girar mais
17:35na economia.
17:36Agora,
17:36por outro lado,
17:37fica muito claro
17:38que o governo
17:39parece que
17:40não tinha uma agenda,
17:43a gente sempre falou isso,
17:44o próprio presidente Lula
17:45disse que só ia falar
17:46sobre a agenda econômica dele
17:48depois que ganhasse a eleição
17:49e a gente aí
17:50ficou muito claro
17:51a gente vê
17:52que ganhou-se a eleição
17:53mas não tem o planejamento,
17:55não tem uma carta
17:56de navegação
17:57e por isso
17:58já está se desagradando
17:59principalmente
18:00a confiança
18:02do consumidor
18:02e a confiança
18:03dos empresários.
18:05Cada vez mais também
18:06não se acredita
18:07que deve haver
18:08uma reforma
18:09tributária estrutural
18:10que desonere
18:11também os próprios estados,
18:13a gente já viu
18:14aí os estados
18:15questionando
18:16aquela
18:16a retirada
18:19do ICMS
18:20dos combustíveis
18:21com o Supremo
18:22dando
18:22parecer favorável
18:24para os estados
18:24então em vez
18:26de se pensar
18:29no arcabouço
18:30tributário
18:31cada vez vai se
18:32cortando mais
18:33a coxa de retalhos
18:34e pregando
18:35outros retalhos
18:37e ficando
18:38cada vez mais difícil
18:39de se pensar
18:40numa reforma tributária
18:41que desafogue
18:42a população brasileira
18:43e desafogue
18:44principalmente
18:45a atividade produtiva
18:46que fica cada vez
18:48mais estrangulada
18:49e sem possibilidade
18:50de investimento
18:51e com a margem
18:51cada vez
18:52mais estrangulada
18:53também.
18:54Então
18:54novamente
18:56falta um plano
18:57de voo
18:57parece que o governo
18:59está com muita pressa
19:01querendo fazer tudo
19:02muito rápido
19:04mas sem ter um planejamento
19:05e isso certamente
19:07lá na frente
19:07vai ter um efeito
19:08inercial
19:11de volta
19:12onde a gente
19:13vai ver
19:14novamente
19:15um aumento
19:15do gasto fiscal
19:16uma redução
19:16da arrecadação
19:18e isso vai provocar
19:19novamente
19:19uma pressão
19:20inflacionária
19:21fazendo até mesmo
19:22com que o próprio
19:23Banco Central
19:24analisando ali
19:25o seu balanço
19:26de riscos
19:27diante de uma simetria
19:28de riscos
19:29persista
19:31com a taxa
19:32de juros
19:33aí próximo
19:33a dois dígitos
19:35a gente não pode
19:36esquecer que
19:36temporariamente
19:37com certeza
19:38não foi por acaso
19:39o governo
19:40deixou de falar
19:41na mudança
19:42das metas
19:42de inflação
19:43porque isso
19:45estava trazendo
19:46insatisfação
19:47e desconfiança
19:48então a gente
19:49não pode esquecer
19:50que parece que estão
19:50querendo cada vez mais
19:51jogar para a plateia
19:53e não pensar
19:54num Brasil estrutural
19:56em mudanças estruturais
19:57no médio e longo prazo
19:59Professor José Luiz Orelho
20:02quem vai pagar
20:03essa conta?
20:05Olha
20:06a conta é pequena
20:08assim
20:08realmente
20:101,5 bilhões
20:11é
20:13sim
20:14variável de ajuste
20:16no orçamento
20:16da União
20:17o que
20:19realmente
20:20me chama
20:20atenção
20:21é que
20:22é um problema
20:24importante
20:24ou seja
20:25nós estamos lidando
20:26com duas coisas
20:27primeiro
20:28com a estagnação
20:29da produção industrial
20:30há anos
20:31a produção industrial
20:32ainda não recuperou
20:34o nível
20:34pré-pandemia
20:35principalmente
20:37a produção
20:38de automóveis
20:39e estamos falando
20:40de outro problema
20:41importante
20:42que é
20:42a redução
20:43da emissão
20:44de CO2
20:45e o que o governo
20:47anunciou
20:48é absolutamente
20:49frustrante
20:501,5 bilhões
20:52de reais
20:52em isenção
20:54de impostos
20:56para que as montadoras
20:58façam descontos
21:00nos carros populares
21:01por um período
21:04no máximo
21:05quatro meses
21:06não vai ter
21:07feito
21:07nem sobre
21:08perceptível
21:10nem sobre
21:11o objetivo
21:11de reativar
21:12a indústria
21:13montadora
21:14nem sobre
21:15a redução
21:15de CO2
21:16então assim
21:18realmente
21:18não tem
21:19muito
21:20a boa notícia
21:22é que a conta
21:23você não precisa
21:23se preocupar
21:24porque ela é muito
21:24pequena
21:25mas
21:26realmente
21:28está se
21:29desperdiçando
21:29uma oportunidade
21:30de fazer
21:34a tal
21:34da neo-industrialização
21:36eu sei
21:38que o problema
21:38dos juros
21:39não é problema
21:40do governo
21:40porque agora
21:41isso aí
21:42é questão
21:42do Banco Central
21:44que do meu juízo
21:46está praticando
21:47uma política
21:48monetária
21:49equivocada
21:50que não é feita
21:52em nenhum lugar
21:52do mundo
21:53que nós temos
21:53uma taxa real
21:54de juros
21:54de nove
21:55acima de nove
21:57por cento
21:57a inflação
21:59acumulada
21:59pelo IPCA
22:00no mês passado
22:02ela ficou
22:03mais deflacionária
22:04ainda
22:05ficou mais negativa
22:06do que tinha sido
22:07no mês anterior
22:08mostrando claramente
22:09que não existem
22:10pressões inflacionárias
22:11na economia brasileira
22:12que justifiquem
22:13essa taxa de juros
22:14agora
22:16o que o governo
22:17está fazendo
22:17em termos
22:18de política industrial
22:20que é disso que se trata
22:21quer dizer
22:22é
22:23é simplesmente
22:24pífio
22:25então
22:26eu mesmo
22:27fiz uma proposta
22:28muito mais
22:29muito mais abrangente
22:31que eu até
22:31publiquei no meu
22:32no meu blog
22:33mas que eu tinha
22:34conversado com o vice-presidente
22:36da república
22:36Geraldo Alckmin
22:37entre o primeiro
22:38e o segundo turno
22:39em que eu fiz
22:40uma proposta
22:41de renovação
22:42da frota
22:42de automóveis
22:43no Brasil
22:43em que o governo
22:45compraria os carros
22:47usados
22:48com mais de
22:4910 ou 15 anos
22:50de uso
22:50ele compraria
22:51pelo preço
22:52da tabela FIP
22:53com
22:54a condição
22:57de que esse dinheiro
22:57fosse usado
22:58na compra
23:00de carros
23:00híbridos
23:01ou elétricos
23:02ou seja
23:03aí sim
23:04você tem uma
23:04política industrial
23:06voltada
23:06para a transição
23:07de uma economia
23:08para uma economia
23:09de baixo carbono
23:10e o BNDES
23:12entraria
23:12como financiador
23:14da diferença
23:16entre o valor
23:17que o consumidor
23:18recebeu
23:19pelo seu carro usado
23:20e o valor
23:21do carro novo
23:22que seria
23:22não um carro popular
23:23mas
23:24pode até ser popular
23:25mas tem que ser
23:26híbrido
23:26ou elétrico
23:27e os carros
23:29que o governo
23:30adquirisse
23:31por intermédio
23:32desse programa
23:32seriam então
23:33destinados
23:35a sucata
23:36ou seja
23:36o governo
23:36transformaria
23:37sucata
23:37e venderia
23:38para as empresas
23:39privadas
23:39fazendo a reciclagem
23:41do material
23:42isso
23:43é uma
23:43política
23:44que tem
23:46por objetivo
23:47estimular
23:48a produção
23:49de automóveis
23:50mas ao mesmo
23:51tempo
23:51encaminhar
23:53de maneira
23:54concreta
23:55para uma economia
23:56de baixo carbono
23:57mas o governo
23:58está
23:58desperdiçando
23:59oportunidades
24:00pensando assim
24:01pequenininho
24:03isso é muito
24:04muito ruim
24:05o Brasil tem que voltar
24:06a pensar grande
24:07se nós não voltarmos
24:09a pensar grande
24:10nós vamos ficar
24:11perpetuamente
24:12na mediocridade
24:13excelente
24:16deixa eu só jogar a lenha
24:17na fogueira aqui
24:17só para a gente
24:18encerrar
24:19o tema já está
24:20esgotado aqui
24:21os professores já
24:22trouxeram aí
24:23diversos pontos
24:24sobre essa questão
24:24do programa
24:25de carros populares
24:26mas deixa eu falar
24:27com o Ciro de Avelar
24:28o senhor avalia
24:29que a política
24:30de taxa de juros
24:31do Banco Central
24:32está equivocada?
24:35eu acredito
24:36que esse equívoco
24:38começou lá atrás
24:39quando reduziu-se
24:40a taxa de juros
24:41muito forte
24:42para 2%
24:432,5%
24:45e o Brasil
24:46nunca suportaria
24:47essa taxa de juros
24:48durante tanto tempo
24:50e aí o Banco Central
24:51foi forçado
24:52a subir a taxa de juros
24:54a esses patamares
24:55atuais de 13,75
24:56mas acredito
24:57que já existe
24:58sim uma persistência
24:59desnecessária
25:00nessa taxa de juros
25:01nesse patamar
25:03o que a gente
25:04está vendo aí
25:05está inibindo
25:06a retomada
25:07da atividade econômica
25:09está inibindo
25:10até o consumo
25:11a retomada
25:13do consumo
25:14os próprios
25:15agentes econômicos
25:16já estão
25:17ficando insatisfeitos
25:18com
25:19não o presidente
25:21do Banco Central
25:22é importante
25:22deixar isso claro
25:23mas
25:24com o próprio
25:25Banco Central
25:26com a diretoria
25:26do Banco Central
25:27uma vez que
25:28os próprios modelos
25:29do Banco Central
25:30os modelos econômicos
25:31estatísticos
25:32do Banco Central
25:33já demonstram
25:34em 12 meses
25:35uma inflação
25:36IPCA
25:37abaixo de 6%
25:38é claro que
25:39existe um risco
25:40se o Banco Central
25:41abrir mão
25:42dessa política
25:43contracionista
25:44hoje de forma
25:45muito rápida
25:46corre o risco
25:47por outro lado
25:47do governo
25:48aproveitar e soltar
25:49a porteira
25:50e aumentar
25:50esses gastos
25:53fiscais
25:54e aí
25:55desbalanceia
25:55de novo
25:56a simetria
25:57de riscos
25:58do Banco Central
25:59mas certamente
26:00nada justifica mais
26:01o Banco Central
26:02com o patamar
26:03de 3,75
26:04também não acredito
26:05que vai ter redução
26:06direta
26:07nessa próxima reunião
26:08agora do dia
26:082021
26:09mas espera-se
26:10pelo menos
26:11uma sinalização
26:12de redução
26:14da taxa Selic
26:16agora
26:16nessa próxima reunião
26:17Maravilha
26:18eu só puxei aqui
26:19um pouco
26:20dessa questão
26:20da taxa de juros
26:22do Banco Central
26:23só para
26:23acender um pouquinho
26:25os anos
26:25embora o tema
26:26é outro
26:26aqui a gente está falando
26:27de programa
26:28de carros populares
26:29e os dois especialistas
26:30trouxeram aí
26:30a visão sobre o tema
26:32e principalmente
26:32os pontos sensíveis
26:34já que o programa
26:35foi apresentado
26:36de forma
26:36meio que impulsiva
26:38meio que atabalhoada
26:40diversos pontos polêmicos
26:43o professor pode falar
26:44fica à vontade
26:44improvisada
26:46a percepção
26:49que eu tenho
26:49é que
26:50é um completo improviso
26:52entendeu
26:52aí vai tendo
26:54crítica aqui
26:54crítica ali
26:55vai remendorar
26:56então faz aqui
26:57então vamos fazer
26:57desse jeito
26:58para acomodar
26:58a crítica de fulano
27:00beltrano etc
27:01aí fica essa colcha
27:02de retalhos
27:03que viram um monstro
27:03de Frankenstein
27:05verdade
27:06professor
27:06muitíssimo
27:07obrigada
27:08estivemos aqui
27:08com o professor
27:09José Luiz Orelho
27:10e também
27:10o professor
27:11Ciro de Avelar
27:12ambos economistas
27:14explicando para a gente
27:15esse programa
27:16que foi anunciado
27:17pelo governo
27:17essa semana
27:18programa de carros
27:19populares aí
27:20para a população
27:21com descontos
27:22que vão de 2
27:23a 8 mil
27:24obrigado pela gentileza
27:25eu aguardo vocês
27:25em outra oportunidade
27:26nada
27:28boa tarde
27:29a você
27:29o meu colega
27:30Ciro de Avelar
27:30e a todos
27:31todos e todas
27:33que estiveram nos assistindo
27:34nesse momento
27:35eu que agradeço
27:36também
27:36um abraço a todos
27:37um abraço professor
27:38até logo
27:38um abraço
27:39e aí
27:45e aí
27:46E aí
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