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  • há 3 meses
A agenda do presidente Bolsonaro em Nova York no começo desta semana mostrou que o Brasil está sem prestígio e andando na contramão da agenda internacional. A avaliação é de Denilde Holzhacker, professora de relações internacionais da ESPM.

"O tema central de todas as reuniões seria o apoio à vacinação. Então um presidente já no primeiro discurso dar um tom antivacina, pró 'tratamento precoce', questionando a ciência, [adotando] negacionismo do processo científico, vai contra o argumento de todos os outros países, que estavam ali defendendo [a vacina]", disse Holzhacker, em entrevista a O Antagonista. Por tradição, o representante do Brasil é sempre o primeiro a falar na Assembleia Geral da ONU, seguido pelo dos Estados Unidos.

"O discurso do Bolsonaro foi um discurso que impactou bastante negativamente na comunidade internacional, porque ele defendeu a medicação da cloroquina, ele colocou questões relacionadas à vacinação, contrárias ao passaporte de vacinação, então vários dos temas que ele abordo foram para falar para a base dele, para as pessoas que apoiam o governo dele, e pessoas conservadoras no mundo - acho que esse também um é um dado importante, um discurso que falou para um público interno brasileiro, mas também para uma base de extrema direita no mundo que apoia essas posições que o Bolsonaro defendeu", acrescentou a professora.

Em Nova York, Bolsonaro teve reuniões bilaterais com os líderes de apenas dois países: o presidente da Polônia, Andrzej Duda, que é de extrema direita; e o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson.

Para Holzhacker, os britânicos têm procurado com mais afinco estabelecer parcerias com o Brasil depois do Brexit e da assinatura do acordo entre a UE e o Mercosul. "O próprio Reino Unido não quer estar isolado", disse. "Para o Reino Unido, é importante estabelecer e se firmar como parceiro importante para não perder espaço frente aos outros países europeus".

A professora também lembrou que o Reino Unido é quem vai sediar a próxima Conferência da ONU sobre o Clima, em Glasgow, em novembro, e o Brasil é um dos principais países do mundo na pauta do meio ambiente (para o bem ou para o mal).

Na entrevista, Holzhacker também comentou a possibilidade de uma nova Guerra Fria entre Estados Unidos e China, que ela julga que ainda ter começado, e o emergente 'soft power' da Coreia do Sul e sua diplomacia digital.
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Transcrição
00:00Olá, eu sou o C.D. Silva e hoje estou conversando com a professora Denilde Rose-Hacker.
00:05Ela é doutora em Ciência Política pela USP e professora de Relações Internacionais da ESPM.
00:11E hoje nós vamos conversar sobre as relações internacionais do Brasil e do mundo.
00:15Professora, vamos começar fazendo um pequeno resumo do discurso do presidente Bolsonaro na terça-feira.
00:21Nesta terça-feira, como é a tradição, o representante do Brasil abriu os trabalhos do debate geral da Assembleia Geral da ONU
00:28e o presidente Bolsonaro fez um discurso com mais uma das suas platitudes de sempre.
00:34A senhora pode resumir a importância ou o impacto, se é que houve, desse discurso do presidente Bolsonaro na Assembleia Geral para a gente?
00:41Olha, o discurso do Bolsonaro foi um discurso que impactou bastante negativamente na comunidade internacional,
00:51porque ele defendeu a medicação da cloroquina, ele colocou questões relacionadas à vacinação,
01:02contrários ao passaporte de vacinação.
01:07Então, vários dos temas que ele abordou, que foi para falar para a base dele,
01:13para as pessoas que apoiam o governo dele e pessoas conservadoras no mundo,
01:19acho que esse também é um dado importante,
01:21foi um discurso que falou para um público interno brasileiro,
01:25mas também para uma base de extrema-direita no mundo,
01:30que apoia essas posições que o Bolsonaro defendeu.
01:35Por outro lado, ela foge da diplomacia brasileira e do espírito da própria ONU.
01:41O tema central de todas as reuniões seria o apoio à vacinação.
01:47Então, um presidente, já no primeiro discurso, dá um tom anti-vacina,
01:54pró-tratamento precoce, questionando a ciência,
02:00um negacionismo do processo científico,
02:04vai contra o argumento de todos os outros países que estavam ali defendendo.
02:09Então, acho que esse é o resultado mais impactante e importante nesse momento.
02:16Por outro lado, ele tentou fazer um discurso
02:20que mostrasse o Brasil para o investidor,
02:25que criasse uma agenda positiva e desse uma narrativa diferente
02:29para as questões que o governo dele entende,
02:32que é visto de forma injusta as políticas que são feitas no Brasil,
02:37no seu governo.
02:38Então, mas o impacto da visão negacionista
02:44e de algumas das posições que ele defendeu,
02:48e além disso, uma visão, algumas vezes,
02:53distorcida da própria realidade brasileira,
02:57criou um descrédito da comunidade internacional
03:01e uma maior desconfiança sob a posição do governo frente a desafios que são globais,
03:08como o meio ambiente, a questão da Covid, da vacinação,
03:15do apoio ao investimento.
03:17Então, de certa forma, foi um discurso que pode ter tido muito sucesso para a base dele,
03:23mas que, do ponto de vista de política externa, foi bem negativo para o Brasil.
03:28Falando de investidores e também de meio ambiente,
03:34um outro item que me chamou bastante atenção foi a agenda de reuniões bilaterais do presidente.
03:39Quando os líderes estrangeiros vão para a Assembleia Geral em Nova York,
03:42eles não vão lá só para fazer um discurso de 15 minutos.
03:45Eles também se encontram com os representantes estrangeiros de outros países,
03:49com as suas contrapartes.
03:50A agenda do Bolsonaro em Nova York foi bem magrinha.
03:53Ele se encontrou só com outros dois líderes estrangeiros,
03:56tirando o secretário Geraldo Guterres,
03:58que foram o primeiro-ministro Boris Johnson e o presidente da Polônia, o Andrei Duda.
04:03Me chamou a atenção, professor,
04:05que apesar do Brasil estar levando a sério o discurso do Ernesto Araújo
04:11de se transformar em um párea, que era isso que o Ernesto Araújo disse,
04:14o Brasil teve uma reunião em Nova York com o líder de uma grande potência,
04:18que é o Boris Johnson.
04:19E o Reino Unido parece ter se aproximado bastante do Brasil
04:24durante o governo Bolsonaro.
04:27Até o fim do ano de 2020,
04:29o Brasil só tinha contratado uma vacina para a Covid,
04:31a vacina da AstraZeneca,
04:33que é uma empresa sueco-britânica com sede em Londres.
04:36E existem empresas grandes de mineração,
04:40entre elas empresas britânicas,
04:42com interesse no Brasil.
04:43Uma dessas empresas é a britânica Anglo-American,
04:46que tem sede no Reino Unido,
04:49e que numa carta publicada em janeiro deste ano,
04:52disse não descartar a futura exploração de terras indígenas no Brasil,
04:56que é uma bandeira do Bolsonaro,
04:59a exploração de mineração do garimpo em terras indígenas.
05:03Desde que o presidente Bolsonaro tomou posse,
05:06houve uma aproximação maior entre Brasil e Reino Unido?
05:10O que a gente sabe sobre essa relação bilateral entre Brasília e Londres?
05:17Acho que o primeiro ponto,
05:18antes de entrar na relação bilateral entre Reino Unido e Brasil,
05:23acho que um ponto importante é que você tem toda a razão.
05:26Essa reunião da ONU, o importante é ir além do discurso.
05:32É um momento em que tem todos os chefes de Estado,
05:34ou a grande parte, nesse caso,
05:37na situação que a gente vive hoje,
05:38não em que todos foram,
05:39mas é o momento de ter trocas bilaterais.
05:43E quanto mais reuniões,
05:45significa que o país tem aí uma presença internacional importante,
05:49e o seu chefe de Estado vai ser disputado
05:52para ter reuniões, para ter negócios,
05:55para discutir novos projetos de cooperação,
05:59para discutir alianças importantes.
06:02O que a gente viu foi um isolamento do governo brasileiro.
06:05Duas reuniões,
06:06mesmo que uma delas sendo com um parceiro importante,
06:09mostra um grande isolamento do governo
06:13na sua política externa.
06:16Mesmo as reuniões bilaterais de equipes,
06:19dos diplomatas,
06:20a gente viu que não foram tantas,
06:22e depois tiveram que ser,
06:23muitas delas desmarcadas,
06:26em função da situação,
06:29da contaminação de Covid,
06:30de um dos membros da comitiva brasileira.
06:33Então, mostra o nosso isolamento,
06:36e que reforça essa visão negativa
06:39que a gente já tinha conversado antes.
06:42Quanto à relação bilateral,
06:45ela vem crescendo,
06:47uma política do Reino Unido,
06:49não é do governo Bolsonaro,
06:51mas é uma política do Reino Unido
06:53de buscar mais parcerias,
06:56especialmente para compensar a saída do Brexit,
06:59de, economicamente,
07:01eles terem outras opções diplomáticas importantes,
07:06dado a situação e as instabilidades
07:08que eles estão encontrando
07:12e já estavam prevendo
07:13com a saída do Reino Unido da União Europeia.
07:16Então, o Brasil que antes era parte
07:20da relação bilateral dentro da União Europeia,
07:23agora o Reino Unido coloca como um parceiro importante,
07:28e isso tem se refletido
07:31nesse aumento de relacionamento.
07:33E aí a agenda é uma agenda econômica,
07:36tem vários temas econômicos,
07:38e tem interesses também na posição do Brasil.
07:42O próprio Reino Unido não quer estar isolado
07:45nessa...
07:46E a gente tem que lembrar
07:47que o Brasil e o Mercosul
07:49fez um acordo com a União Europeia,
07:51então, para o Reino Unido é importante
07:53estabelecer e se firmar
07:56como um parceiro importante
07:57para não perder espaço
07:59frente aos outros países europeus.
08:01Então, ainda dentro de um contexto
08:02mais amplo da relação bilateral.
08:05Nessa reunião, especificamente,
08:07o Boris Johnson,
08:13tem a questão da vacinação,
08:19que é importante economicamente,
08:24mas também da posição geopolítica do Reino Unido,
08:27de ser um dos países fornecedores de vacina
08:30contra a Covid,
08:33e uma agenda ambiental,
08:35porque eles vão ser um dos principais países
08:40na discussão ambiental dos próximos...
08:43na reunião da COP,
08:45e aí é trazer o governo brasileiro
08:47e negociar com o governo brasileiro
08:50uma agenda positiva.
08:52Novamente, porque a visão com relação ao Brasil
08:56no âmbito ambiental é muito negativa,
08:59a gente tem uma posição muito defensiva,
09:02então fazer essa aproximação
09:05seria um ganho diplomático
09:07para o Reino Unido.
09:10Então, novamente,
09:11é uma estratégia do Reino Unido
09:14de se colocar como um país
09:16importante nessa negociação
09:18e nessa agenda.
09:20Obviamente, o governo brasileiro
09:22tem uma distância,
09:23a gente conhece a política brasileira,
09:26a visão do governo brasileiro
09:27com relação a esses temas,
09:29então, provavelmente,
09:31aqui foi um momento diplomático
09:34de troca, de aproximação,
09:36e aí a gente vai ver
09:37como que isso vai se desdobrar
09:38em termos de negociação
09:41propriamente dita.
09:43Mas os dois países têm
09:45um relacionamento econômico muito forte
09:49e é interesse do Reino Unido
09:51manter esse relacionamento.
09:54Ok.
09:54Para ilustrar o que a professora disse
09:56em dois momentos,
09:58a questão da agenda do Bolsonaro,
09:59a gente publicou em um antagonista
10:01que a agenda oficial
10:02do presidente Bolsonaro
10:03estava inteiramente livre
10:05na tarde de terça-feira.
10:07Ele ia fazer o discurso,
10:09ia dar uma entrevista
10:11para a agência da ONU,
10:12que, inclusive, foi cancelada,
10:14e ele não tinha mais nenhum encontro,
10:15não tinha marcado encontro
10:16com mais ninguém,
10:18além do presidente da Polônia.
10:19Então, ninguém queria conversar,
10:21não conseguiu agendar com ninguém,
10:22nem com um vizinho nosso,
10:24alguém aqui do Mercosul,
10:26da Colômbia,
10:27ou qualquer coisa assim,
10:28a agenda estava totalmente vazia.
10:30A segunda coisa que a professora
10:33disse sobre a COP26,
10:35a COP26,
10:36que é a próxima conferência das partes
10:38sobre o clima,
10:39vai ser realizada em Glasgow,
10:41na Escócia.
10:42A Escócia é parte do Reino Unido.
10:43Então, essa é a conferência
10:44que a professora está falando.
10:45O Reino Unido vai sediar
10:46a próxima conferência ambiental
10:48que começa em novembro,
10:50sobre a qual a expectativa do Brasil
10:53de fazer alguma coisa
10:54de parte dos ambientalistas
10:56com as quais eu converso
10:57é absolutamente nenhuma.
10:59Professora,
11:00na nossa próxima pergunta,
11:03vamos falar de um tema aqui
11:04das grandes potências,
11:05que é a questão da Guerra Fria.
11:09O secretário-geral da ONU,
11:10o português Antônio Guterres,
11:12ele abriu os trabalhos
11:13dizendo que um conflito
11:15entre os Estados Unidos e a China
11:16seria muito mais imprevisível
11:19do que a Guerra Fria.
11:20Ele não falou Estados Unidos e China,
11:21ele falou as duas maiores economias
11:23do mundo,
11:23mas todo mundo entendeu.
11:25E depois,
11:25logo em seguida,
11:26o presidente Joe Biden,
11:28a gente não sabe
11:29se já estava previamente gravado
11:32esse discurso,
11:33o texto já estava previamente ensaiado,
11:35ou se o Biden improvisou essa parte,
11:37mas o Biden disse, então,
11:38que nós, os Estados Unidos,
11:39não queremos uma nova Guerra Fria.
11:42Ao fim do dia,
11:44o presidente Xi Jinping,
11:45o ditador da China,
11:46fez um discurso gravado,
11:48ele não comenta exatamente
11:49a Guerra Fria,
11:50mas ele fala que a China
11:51vai doar vacinas
11:52e que a China está buscando
11:53a cooperação,
11:55e ele faz algumas indiretas
11:56ali aos Estados Unidos
11:57quando ele fala
11:58sobre as pesquisas enviesadas
12:00sobre a origem
12:01do novo coronavírus,
12:03dizendo que a China,
12:04na verdade,
12:04vai colaborar demais,
12:06a China está super cooperando
12:07com os cientistas do mundo
12:08para a gente descobrir
12:10as reais origens
12:10do novo coronavírus.
12:12nós já estamos
12:14em uma nova Guerra Fria,
12:16o Biden está correto
12:17quando ele disse
12:18que os Estados Unidos
12:18não estão procurando
12:19uma nova Guerra Fria,
12:20o secretário-geral Guterres
12:21está correto,
12:22o que está acontecendo?
12:25Na verdade,
12:26a gente não sabe,
12:27acho que nem ele, certo?
12:29Acho que a gente tem
12:30um processo aqui,
12:31e aí,
12:32o discurso,
12:34havia essa expectativa
12:36de que o Biden
12:37fosse falar sobre
12:38uma possível Guerra Fria
12:39ou não
12:40entre Estados Unidos e China,
12:42o que a gente sabe
12:43é que há um aumento
12:44das disputas
12:46entre as duas potências,
12:49e é nessa semana,
12:52desde a semana passada,
12:55na verdade,
12:56e a gente vem acompanhando
12:57a posição dos Estados Unidos
13:00de se focar mais na Ásia,
13:03e aí,
13:04num acordo entre a Austrália,
13:07Reino Unido e Estados Unidos
13:08com relação aos submarinos
13:10australianos,
13:11a construção de submarinos
13:13para a Austrália,
13:15então,
13:15isso colocou ainda mais
13:17em foco a posição
13:18de que a gente pode caminhar
13:20para uma Guerra Fria,
13:21uma disputa
13:22entre as duas potências.
13:24Os dois países,
13:25acho que,
13:26buscaram mostrar
13:27que ainda não estamos
13:28nessa posição,
13:30mas, assim,
13:31a gente sabe
13:32que está tendo
13:32um acirramento,
13:33então,
13:33acho que o Guterres
13:34tem mais elementos aí,
13:36coloca mais,
13:37que essa é uma preocupação mundial,
13:39o quanto isso vai impactar
13:41para todos os países,
13:43e essa disputa,
13:45ela não interessa
13:46para um mundo multilateral,
13:49então,
13:49acho que a gente vai acompanhar,
13:51esse é um tema
13:52das relações internacionais,
13:53esse vai ser um tema constante
13:55dessa disputa
13:56entre Estados Unidos e China,
13:58e que não é mais só econômica,
14:00ela é geopolítica,
14:01ela é militar,
14:03ela é tecnológica,
14:04então,
14:05tem todas as configurações
14:07aí de uma confrontação
14:08cada vez maior
14:09entre os dois.
14:11E numa outra frente
14:12semelhante,
14:13o presidente Biden
14:14teve reuniões bilaterais,
14:17e também com seus três colegas
14:18do grupo Quad,
14:20que é Estados Unidos,
14:21Austrália,
14:21Índia e Japão,
14:23que são também
14:24países próximos
14:26ou vizinhos da China,
14:27e é mais um
14:28dos vários grupos,
14:29várias coalizões,
14:30várias panelinhas
14:32anti-China
14:33ou para refrear
14:34a influência da China.
14:36Então,
14:36a gente vê
14:36esse esforço
14:37se desdobrando
14:38em várias frentes.
14:40Professora,
14:41uma das suas linhas de pesquisa
14:42é sobre política
14:43na era digital.
14:45Uma das potências
14:46ascendentes
14:47em soft power
14:48nos últimos anos
14:49tem sido
14:50a Coreia do Sul,
14:52que elegeu
14:53o último secretário-geral
14:54antes do atual,
14:55que era o Ban Ki-moon,
14:56e a ONU,
15:00o Departamento
15:01de Diplomacia Pública
15:02da ONU,
15:03tem feito
15:04muito sucesso
15:05nesta semana,
15:06estreando um videoclipe
15:08gravado
15:09na Assembleia Geral
15:09da banda
15:11sul-coreana
15:11BTS,
15:12que é uma das maiores,
15:13uma das bandas
15:14de maior sucesso
15:14de todos os tempos,
15:16e o clipe dele
15:16já tem milhões
15:17e milhões
15:17de visualizações,
15:18que para o canal
15:19da ONU
15:19é uma raridade.
15:21O que a gente
15:22pode dizer
15:23sobre essa ascendência
15:24da Coreia do Sul
15:25no soft power
15:27e sobre esse trabalho
15:28sul-coreano
15:29na era digital?
15:31Bom,
15:32é surpreendente,
15:34acho que a ONU
15:36acertou em escolher
15:38o K-pop
15:39para ser um
15:40dos porta-vozes,
15:42essa ação
15:43de diplomacia
15:44pública,
15:45a gente chama
15:45de diplomacia
15:46das celebridades,
15:48elas já tentaram
15:48com várias celebridades
15:50no mundo,
15:51eles sempre escolhem
15:52uma importante
15:54celebridade
15:55que tem impacto
15:57para chegar
15:58a algumas
15:59das agendas
16:00da ONU
16:01na população
16:02em geral.
16:03Então,
16:04sempre há
16:05esse uso,
16:07essa utilização
16:08desse tipo
16:11de ação
16:12para conseguir
16:14ampliar
16:14a voz
16:15da ONU
16:15e conseguir
16:16ter mais visualização.
16:18Então,
16:19foi surpreendente
16:20porque
16:21não se imaginava
16:23que teria
16:24tanto sucesso
16:25a escolha
16:26do grupo
16:27sul-coreano.
16:29Mas,
16:29por outro lado,
16:30a gente sabe
16:30que hoje,
16:31e esse é um instrumento
16:32de poder importante
16:33para a Coreia do Sul,
16:35ela não é,
16:36vem sendo construída
16:37ao longo dos anos,
16:39de se colocar
16:41como um país
16:44que é pequeno,
16:45mas um país
16:45que tem alta tecnologia,
16:47alta renda,
16:48e conseguir
16:49usar recursos
16:50da sua cultura
16:51para ampliar
16:52a sua posição
16:53e o conhecimento
16:54sobre o país.
16:55A gente falou
16:56há pouco
16:57da disputa
16:58Estados Unidos
16:58e China,
17:00a gente tem que lembrar
17:01que a Coreia do Sul,
17:02além de estar
17:04no continente asiático
17:05e ter
17:06a presença chinesa
17:08muito importante,
17:09ela também tem
17:09uma disputa
17:10histórica
17:11com a Coreia do Norte.
17:12Então,
17:12eles sempre usaram
17:13e buscaram
17:14mostrar
17:15um outro lado
17:16da Coreia do Sul
17:17até para se
17:17contrapor
17:18a Coreia do Norte,
17:21que tem
17:22um regime
17:22fechado,
17:24autoritário,
17:25ditatorial.
17:27Então,
17:27é para mostrar
17:28o contraste
17:29entre os dois países
17:32e ampliar
17:34a posição
17:35e o espaço
17:36para a Coreia do Sul.
17:38Então,
17:38tem sido muito
17:39bem sucedido
17:40nessa política,
17:42não é uma política
17:43nova,
17:43os Estados Unidos
17:44fez isso
17:45com Hollywood,
17:45a Índia
17:47faz isso
17:48com a
17:50Bollywood,
17:51os outros países
17:53usam também
17:54a cultura
17:54como um instrumento
17:56de projeção
17:57internacional
17:57e esse momento
18:00para a Coreia do Sul
18:01é bem importante,
18:03reforça
18:03a sua posição
18:05e reforça
18:06esse soft power
18:07que você colocou.
18:08falando de
18:10projeção
18:10internacional,
18:11o grupo
18:13BTS
18:13deu uma entrevista
18:15para a agência
18:15da ONU
18:16com a participação
18:17do presidente
18:18da Coreia do Sul,
18:19então eles estão lá
18:20meio como
18:20embaixadores
18:21da Coreia do Sul,
18:23está o presidente
18:23dando entrevista
18:24conjunta
18:25e nessa entrevista
18:26o presidente
18:26Moon
18:27fala também
18:28da ascensão
18:30da Coreia do Sul
18:30como até agora
18:31o exemplo
18:31mais bem sucedido
18:32ou único conhecido
18:34de um país
18:34pobre
18:35que se transformou
18:36em um país rico
18:37em algumas décadas
18:38e eles vendem
18:40ou querem vender
18:41essa história
18:42de sucesso
18:42da Coreia do Sul
18:43internacionalmente
18:44para outros países
18:45e estão usando
18:46a banda BTS
18:47para que os jovens
18:48conheçam
18:49os SDGs
18:51que são os objetivos
18:52de desenvolvimento
18:53sustentável da ONU
18:54que é uma espécie
18:55de prosseguimento
18:56das metas
18:56de desenvolvimento
18:57do milênio
18:58que eram para ser
18:59completadas até 2015
19:01parte delas
19:01foi alcançada
19:03e agora os jovens
19:04podem conhecer melhor
19:04os SDGs
19:06por meio
19:07dos embaixadores
19:08musicais
19:09do BTS
19:10professora
19:12o que eu não perguntei
19:13sobre as relações
19:14internacionais
19:15do Brasil
19:15e o nosso leitor
19:16precisa saber
19:17olha
19:19acho que
19:20a gente
19:21cobriu bem
19:22o Brasil
19:23então
19:24acho que
19:25mostra aí
19:26a posição brasileira
19:27nesse momento
19:28da política externa
19:30brasileira
19:31chamaria atenção
19:32que aconteceu
19:33na semana
19:35dessa abertura
19:37da ONU
19:38é a disputa
19:39entre Estados Unidos
19:40e França
19:41que foi
19:42um dos pontos
19:45em função
19:45do acordo
19:46Estados Unidos
19:48Austrália
19:49e Reino Unido
19:50que fez com que
19:51a França
19:51também se posicionasse
19:53explica para o nosso
19:54leitor
19:55um pouco melhor
19:55a situação
19:56dos submarinos
19:56até onde
19:58é o meu ponto de vista
19:59não estudei
20:00a senhora
20:00vamos esclarecer
20:00é uma questão
20:02me parece
20:02até mais comercial
20:03porque eles preferiam
20:05que fossem os submarinos
20:06franceses
20:07aí como não vão ser
20:08os submarinos franceses
20:09aí a França
20:10até chamou o embaixador
20:11de volta
20:12não é isso?
20:13explica para o nosso leitor
20:14como é essa questão
20:14dos submarinos
20:15aí que não vão comprar
20:16o Scorpene
20:17ou sei lá
20:18como é que chama
20:19o submarino
20:19em vez de comprar
20:20o outro?
20:21É
20:22a Austrália
20:25estava negociando
20:25com a França
20:26um acordo
20:27que não é um acordo
20:28para hoje
20:29é um acordo
20:30de longo prazo
20:32de comprar
20:33submarinos
20:35estavam sendo desenvolvidos
20:36inclusive pelos franceses
20:38é um
20:39um valor
20:41
20:41acima de 60 bilhões
20:43de dólares
20:45e os Estados Unidos
20:46fecharam
20:48secretamente
20:50um acordo
20:51de
20:51e que é
20:52de venda
20:53também
20:54de submarinos
20:55para a Austrália
20:56mas um acordo
20:57entre Estados Unidos
20:58Reino Unido
20:59e Austrália
21:00a França
21:01se sentiu
21:02traída
21:03pelos Estados Unidos
21:04porque ela não sabia
21:05que estava tendo
21:06esse acordo
21:06sendo feito
21:08entre
21:08esses três países
21:10e
21:11isso gerou
21:12todo
21:12um
21:13
21:14um
21:14uma disputa
21:16diplomática
21:17e a França
21:19inclusive
21:19retirando
21:20o embaixador
21:21francês
21:22dos Estados Unidos
21:25então
21:26durante
21:27e o argumento
21:28francês
21:29é
21:29a gente faz
21:30os Estados Unidos
21:32é o nosso aliado
21:33mas
21:33todos em vários momentos
21:35o governo Biden
21:36tem feito
21:37ações
21:37que vão contra
21:39essa aliança
21:40atlântica
21:40tradicional
21:41ela não é só
21:43uma questão
21:43econômica
21:45não é só
21:45a venda
21:46dos submarinos
21:48aqui ela tem
21:49uma questão
21:50tecnológica
21:51os submarinos
21:52tanto dos Estados Unidos
21:55e quanto
21:56do Reino Unido
21:58são considerados
21:59mais evoluídos
22:01tecnologicamente
22:01do que o francês
22:03mas tem uma questão
22:04geopolítica
22:05está dentro
22:06da estratégia americana
22:07de
22:08confrontar
22:10a China
22:10e ter aí
22:12um aliado
22:14que é a Austrália
22:15numa região
22:17que é uma região
22:18de disputa
22:19geopolítica
22:20com a China
22:21então ela
22:22vai além
22:23para os Estados Unidos
22:25vai além
22:25da questão comercial
22:26e a França
22:27se sentiu
22:28parte
22:30de
22:31de um discurso
22:32de que
22:33os Estados Unidos
22:33estão
22:34tornando
22:35um relacionamento
22:36que é tradicional
22:37que é com a Europa
22:39secundário
22:40frente a essas disputas
22:42que a gente está vendo
22:43e essas confrontações
22:44hoje
22:45no geopolíticas
22:46então
22:47eles já estão
22:49se acertando
22:50esse é o
22:51esse é o dado
22:52importante
22:53depois
22:54houve uma ligação
22:55entre o Macron
22:56e o Biden
22:58para conseguir
22:59chegar a um entendimento
23:01mas é mais uma
23:02discussão
23:04sobre
23:04como os Estados Unidos
23:06têm se relacionado
23:07com seus aliados
23:08tradicionais
23:09e de outro lado
23:10como a disputa
23:12com a China
23:13tem feito
23:13os Estados Unidos
23:14pensar em outras
23:15estratégias
23:16e outras alianças
23:17então
23:18ela é uma
23:19questão bastante
23:20importante
23:21geopolítica
23:22e para
23:22entender esse jogo
23:24geoestratégico
23:25que a gente vai ter
23:26para os próximos anos
23:27me parece uma coisa
23:29amigos a amigos
23:30negócios a parte
23:31lembro também
23:33de ler
23:33que
23:34houve
23:35franceses
23:36considerando que
23:37foi uma traição
23:39ao aliado
23:40mais antigo
23:40dos Estados Unidos
23:41e de fato
23:42a França
23:42é o aliado
23:43mais antigo
23:43dos Estados Unidos
23:44mais detalhes
23:45o leitor
23:45pode conferir
23:46no musical
23:47Hamilton
23:48agora disponível
23:49no Disney Plus
23:50gente
23:51eu conversei
23:52com a professora
23:52Denilde Rose Hacker
23:54é doutora em ciência
23:55política pela USP
23:56e professora
23:57de relações internacionais
23:58da ESPM
23:59professora
23:59muito obrigado
24:00pelo seu tempo
24:01eu que agradeço
24:02obrigada
24:03o leitor
24:33Legenda Adriana Zanotto
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