- 21/06/2025
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Em entrevista ao Papo Antagonista, o ex-ministro do GSI Sérgio Etchegoyen minimizou as substituições dos comandantes das Forças Armadas e descartou a possibilidade de intervenção militar. Segundo ele, “crise é o sobrenome da política no Brasil”.
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Em entrevista ao Papo Antagonista, o ex-ministro do GSI Sérgio Etchegoyen minimizou as substituições dos comandantes das Forças Armadas e descartou a possibilidade de intervenção militar. Segundo ele, “crise é o sobrenome da política no Brasil”.
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NotíciasTranscrição
00:00Aconteceu, você fica sabendo aqui, Papo Antagonista.
00:08Muito bem, muito boa noite. General Sérgio Etchegoen, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional do governo Michel Temer.
00:17Bem-vindo ao gabinete, ao gabinete não, ao Papo Antagonista.
00:21Boa noite, boa noite, muito obrigado pela oportunidade dessa conversa, que eu acho que é importante até, por isso que eu tenho me disposto a conversar, para ver se ajudo a entender o cenário.
00:40O objetivo é esse, eu confundi o gabinete, porque gabinete era o nome do outro programa, mas aqui é o Papo Antagonista, e vamos ao nosso papo.
00:51A ideia é justamente fazer uma conversa que seja, de alguma maneira, esclarecedora, que possa contribuir ao debate,
00:57neste momento em que a gente vive uma aparente crise envolvendo as Forças Armadas, em virtude justamente da demissão abrupta do ministro da Defesa,
01:08Fernanda Azevedo de Silva, e da saída conjunta dos comandantes das Forças Armadas, do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, uma medida inédita.
01:21Eu há pouco falei com o vice-presidente da República, o general Hamilton Mourão, ele disse que nada muda.
01:28O senhor acha que muda alguma coisa, apesar de ser uma mudança abrupta e um fato inédito?
01:33Eu acho que não, eu tendo a concordar com o general Mourão nesse aspecto, porque os militares discutem,
01:47ou seja, se confrontam em cima do que a gente chama de, do que é técnico.
01:52Dos valores perenes ou pétreos, chamemos como acharem melhor, não há discussão, não há consenso, há convergência.
02:07Ninguém tem dúvida quanto à importância da normalidade democrática, do marco legal, enfim.
02:18Então, não haverá novos comandantes de Força que não tenham, nesse aspecto, nisso que eu chamei de valores perenes,
02:29não haverá, não espero mudanças e acho que a sociedade não deve, não tem por que esperar mudanças.
02:35A gente teve, mais cedo hoje, a oposição, obviamente, fazendo o trabalho político dela,
02:48protocolou um novo pedido de impeachment contra o Jair Bolsonaro, o presidente Jair Bolsonaro.
02:53Nesse pedido, e aí por isso eu trago essa questão para o nosso debate aqui,
02:57eles afirmam que o presidente da República está, sim, utilizando as Forças Armadas
03:03para o seu projeto autoritário de poder.
03:07Essas são as palavras desses parlamentares no próprio documento desse pedido de impeachment.
03:16Acha que há esse risco?
03:17Acha que essa movimentação do presidente,
03:20essa insistência em declarações públicas,
03:24em falar em meu exército, que não vai fazer isso, que vai fazer aquilo,
03:29essa
03:29possível, essa
03:31sensação de que ele quer usar
03:34isso contra os governadores,
03:36o senhor não vê nenhuma pontinha,
03:38nenhum risco,
03:40ou nenhuma pontinha de ameaça
03:41por parte do presidente da República
03:43nesse
03:44uso político das Forças Armadas?
03:48Considerando que ontem mesmo
03:49os próprios comandantes,
03:52ao entregarem aí os seus
03:54cargos, eles
03:54mencionaram isso na conversa com o ministro
03:57Braga Neto?
03:59Eu não vejo por três razões,
04:01Cláudio, por três razões eu não vejo.
04:03Primeira delas,
04:05o que o presidente fez ontem,
04:09demitindo ministros,
04:10demitindo comandantes das Forças,
04:13é legal, é legítimo,
04:14está nas suas atribuições,
04:16são atribuições exclusivas do
04:18presidente da República, segundo a nossa Constituição.
04:20Na cabeça do militar,
04:22funciona dessa forma,
04:23olha,
04:24o que o presidente fez é legítimo ou não?
04:28É, é legítimo.
04:30Mas eu não gostei,
04:31esse é outro assunto.
04:33O fato é que
04:34quem pode se
04:36incomodar
04:38ou se contrapor
04:42a uma decisão que é
04:44constitucionalmente do arbítrio
04:46do presidente da República.
04:47E eu não estou fazendo
04:48nenhum juízo de valor,
04:50eu estou apenas dizendo.
04:51O presidente da República,
04:53segundo a nossa Constituição,
04:55tem a competência
04:56para fazer o que fez.
04:57Ponto.
04:58Se eu me insurgir contra ele,
05:00eu estou sendo burrupista.
05:02Não vejo por que
05:02isso seja um
05:05ponto
05:06de conflito nessa história.
05:09Estou falando tecnicamente,
05:10não entro no mérito.
05:11O segundo ponto
05:13que eu acho
05:14é que
05:17o presidente da República
05:18é um homem de discursos fortes.
05:21Às vezes,
05:22as suas palavras
05:24chocam pela,
05:26causam o impacto.
05:28Mas eu
05:29não me lembro,
05:31e não sei,
05:32e não vi,
05:33em nenhum momento
05:34ele passar
05:36desse discurso forte,
05:38desse discurso que choca,
05:40a ações.
05:43Tenha tomado
05:45alguma iniciativa
05:46contrária à Constituição,
05:47contrária à lei.
05:49Então, também,
05:50eu não vejo do presidente.
05:52Terceiro,
05:55eu acho muito,
05:56muito triste mesmo,
05:58triste mesmo,
05:59e falo isso
06:00com muita franqueza,
06:02com um cidadão
06:03que já viveu
06:05bastante.
06:07Eu acho muito triste
06:08que a qualquer soluço
06:10político
06:10alguém põe em risco
06:12ou põe em dúvida
06:13a normalidade democrática,
06:16que isso vai tirar
06:16da normalidade democrática.
06:18Nenhum país,
06:19vamos olhar em volta,
06:20que quantos países
06:22terão atravessado
06:23todas as crises
06:25que nós atravessamos
06:26nos últimos 15,
06:2820 anos.
06:29Nós tivemos
06:30duas rupturas,
06:31dois presidentes
06:32empichados,
06:34um deles,
06:35a presidente Dilma,
06:36de um partido importante,
06:38numeroso,
06:40e que...
06:41E nada aconteceu.
06:43Ou seja,
06:43a normalidade democrática
06:46prosseguiu caminhando
06:47como sempre fez.
06:50Eu não vejo,
06:52eu olho para o passado
06:52do Brasil recente,
06:54eu olho para o passado
06:54do Brasil um pouquinho,
06:56mas não tão recente,
06:58eu olho para o passado
06:59das Forças Armadas
07:00uns 40 anos para cá,
07:02e não vejo razão
07:04para essa instabilidade.
07:05E é triste
07:05que nós,
07:07os cidadãos,
07:10tenhamos a perspectiva
07:12de que no primeiro soluço
07:14vai ter problema.
07:14Não vai.
07:16O Brasil é um país
07:17sofisticado institucionalmente.
07:19Nós temos uma população
07:21que segue
07:21a institucionalidade.
07:24Se nós formos tratar
07:25das instituições
07:26propriamente ditas,
07:27cada um de nós
07:28vai ter alguma queixa,
07:29alguma crítica,
07:29até mesmo muito legítima.
07:32Mas que as instituições
07:34são acatadas
07:35pela nossa sociedade,
07:36não há.
07:37E a sociedade brasileira
07:38evoluiu
07:38nesse processo todo.
07:41Eu duvido a gente encontrar,
07:43além das franjas
07:44mais radicais,
07:45isso existe,
07:46alguém que esteja aí
07:47com a bandeira
07:48do vamos dar um golpe,
07:49vamos fazer um golpe,
07:50vamos apoiar um golpe.
07:51Eu gostaria de ver
07:52alguém experimentar
07:53um negócio desse
07:53e nós vamos festejar
07:55muito a reação popular.
07:58Acho que a população,
07:59a população,
08:00desculpe,
08:01acho que a oposição
08:03está fazendo o papel dela.
08:06O papel dela
08:07é marcar a posição.
08:09Eu me lembro
08:09quantos pedidos de impeachment
08:10o presidente
08:11Fernando Henrique sofreu,
08:13quantos pedidos de impeachment
08:15o presidente Temer sofreu
08:17e outros tantos
08:17o presidente Bolsonaro.
08:20Isso é do jogo político,
08:21isso é do jogo político.
08:22Não vejo,
08:23honestamente,
08:23não vejo
08:24como,
08:26nem de onde viria
08:28uma aventura
08:29inconstitucional
08:32ou que agredisse
08:33a nossa institucionalidade.
08:36Nós temos que acreditar
08:37na democracia
08:39que a gente tem.
08:40É o que o senhor mencionou justamente.
08:43Pois não,
08:43pois não.
08:45Não, por favor,
08:45conclua.
08:46Não, eu estou dizendo,
08:47eu acho que a gente tem que acreditar
08:48nessa democracia,
08:49ela já nos deu
08:49tantas mostras
08:51de firmeza.
08:53Crise
08:53no Brasil
08:54é o sobrenome
08:55da política.
08:57A política brasileira
08:58sempre foi crise,
08:59mais ou menor.
09:00Vamos ver,
09:00o período mais estável
09:02que nós tivemos,
09:03se foram
09:03os 66 anos
09:07de monarquia,
09:10foram absolutamente
09:11uma crise
09:12atrás da outra.
09:15Cai gabinete,
09:16sobe gabinete,
09:16as regências,
09:17as trinas,
09:18as regências,
09:18a maioridade,
09:19tiveram que declarar
09:21o príncipe
09:23com 14 anos
09:24de maioridade
09:24para resolver
09:25um monumental
09:25crise.
09:26Sempre foi assim,
09:28não tem nenhuma novidade,
09:29continuará sendo,
09:30isso faz parte
09:30da nossa história,
09:32mas veja bem,
09:32como nós conseguimos
09:33ultrapassar
09:34todas as crises,
09:35vamos olhar para 20 anos
09:36para trás,
09:37sem tropeços
09:40constitucionais
09:42ou institucionais.
09:44A nossa democracia
09:44é forte,
09:45vamos confiar nela.
09:46Quando o senhor
09:47menciona o discurso
09:48forte do presidente,
09:49quer dizer,
09:50esse discurso forte,
09:51essa retórica,
09:52na verdade,
09:53é uma retórica
09:53que ela tem
09:55consequências práticas.
09:57Nós estamos vivendo
09:58a pandemia,
09:59por exemplo,
10:00a retórica dele
10:00contra as medidas
10:01restritivas,
10:04de prevenção,
10:05ajudou a criar
10:07uma perturbação
10:08ou a impedir
10:09uma conjunção
10:11de esforços
10:12nos níveis federal,
10:14estaduais e municipais,
10:16e a gente chega agora,
10:17depois de um ano,
10:18com mais de 318 mil mortos,
10:21em uma situação
10:22ainda bastante urgente,
10:25sem vacinas
10:26e com uma crise econômica
10:29já instalada.
10:32Diante dessa situação,
10:34quando o presidente
10:35faz uma mudança dessa,
10:37eu acho razoável
10:38que as pessoas
10:38reajam
10:40e que vejam
10:42nessa decisão
10:44algum tipo
10:46de intenção,
10:50de radicalização
10:51por parte
10:51de um presidente
10:52que,
10:52a princípio,
10:53parece que perdeu
10:53o controle
10:54do seu governo.
10:57Quando o presidente
10:59não nos traz
11:00esclarecimento
11:01sobre essa troca,
11:03eu acho que alimenta
11:04ainda mais
11:05as especulações.
11:06Você não acha
11:06que o presidente
11:07deveria,
11:08como presidente
11:09da República,
11:10ao decidir
11:12algo tão importante
11:13como a mudança
11:15dos comandos
11:15dos militares
11:16das Forças Armadas
11:18neste momento,
11:19de uma forma abrupta,
11:20de uma forma inédita?
11:21O senhor não acha
11:22que ele deveria,
11:23pelo menos,
11:24prestar algum tipo
11:24de esclarecimento
11:25à sociedade?
11:26Ou o senhor acha
11:26que ele não tem
11:27de prestar esclarecimento
11:29algum,
11:30mesmo sendo
11:30presidente da República?
11:32Não,
11:33eu disse,
11:33são duas coisas
11:34bem diferentes.
11:35Uma é que ele tem
11:36a competência para isso,
11:38ele tem legitimidade
11:39para isso.
11:40Então,
11:40muito bem.
11:41se o presidente
11:45devesse ou não
11:46devesse prestar
11:46contas à sociedade,
11:48eu bato num limite
11:49aí, Cláudio,
11:50que é o limite
11:50que eu tenho,
11:52ético,
11:53regulamentar,
11:55da profissão
11:56que eu venho,
11:57do grupo
11:58a que eu pertenço,
11:59de não criticar
12:00o presidente da República.
12:01Eu posso discordar
12:02dele muito,
12:03e discordo
12:04em muitas coisas,
12:06mas
12:07tem um limite
12:09em que eu tenho
12:10que me cuidar
12:11muito
12:11para não escorregar
12:12para críticas
12:14ao presidente
12:14da República.
12:15Eu acho
12:16que,
12:18e concordo
12:19contigo,
12:19eu gostaria
12:20de ver uma,
12:21eu teria gostado
12:22de ver
12:22uma gestão
12:24da pandemia
12:25bem diferente,
12:28bem diferente.
12:30Lamento muito
12:31que
12:32isso que a gente
12:34está vivendo,
12:35eu já perdi
12:36pessoa querida
12:38na minha família,
12:39eu já tive
12:40Covid,
12:41passei pela
12:41angústia
12:42de ficar
12:43imaginando
12:44se dali a pouco
12:44eu estava
12:45no hospital,
12:46numa UTI,
12:47eventualmente,
12:48estou nesse momento
12:49com a minha mãe
12:50numa UTI,
12:52aos seus 90 anos,
12:54contagiada
12:55pela Covid.
12:56então,
12:58eu acho
13:00que eu gostaria
13:00muito de ver
13:01essa crise
13:02gerenciada
13:04de outra forma,
13:06mas,
13:08como eu te disse,
13:12eu tenho
13:12um limite
13:13ético
13:13para críticas
13:16ao presidente
13:17da República,
13:18e eu não quero
13:19ser o general
13:20que sirva
13:21de um mau exemplo
13:22para quem
13:23estiver me
13:24assistindo.
13:26Para encerrar,
13:26eu queria ler
13:27aqui um trecho
13:28de um texto,
13:33depois a sua opinião,
13:35o texto,
13:37ele diz o seguinte,
13:38os meios militares
13:39nacionais
13:40e permanentes
13:40não são propriamente
13:41para defender
13:42programas de governo,
13:44muito menos
13:44a sua propaganda,
13:46mas para garantir
13:46os poderes
13:47constitucionais,
13:48o seu funcionamento
13:49e a aplicação
13:50da lei,
13:50não estão instituídos
13:52para declararem
13:52solidariedade
13:53a este ou aquele
13:54poder,
13:55se lhes fosse
13:56permitida a faculdade
13:57de solidarizar-se
13:58a programas,
13:59movimentos políticos
14:00ou detentores
14:01de altos cargos,
14:02haveria necessariamente
14:03o direito
14:04de também se oporem
14:05a uns e outros,
14:06não sendo milícia,
14:07as forças armadas
14:08não são armas
14:09para empreendimentos
14:10antidemocráticos,
14:12destinam-se a garantir
14:13os poderes
14:14constitucionais
14:15e sua coexistência.
14:17O senhor concorda
14:18com essa colocação?
14:19Esse é um texto
14:20bastante conhecido,
14:23e um texto
14:24perfeito,
14:26acho que só falta
14:27um detalhezinho
14:28nesse texto,
14:30que é
14:31a missão maior
14:32das forças armadas,
14:33que é a defesa
14:34da pátria.
14:35Nos outros todos,
14:37eu sou,
14:38está bem,
14:39o exército já viveu,
14:40eu vou falar em nome,
14:41não vou falar em nome
14:41do exército,
14:42não tenho esse direito,
14:43mas vou falar no exército,
14:45porque é o que eu conheci
14:46bastante,
14:46onde eu vivi mais,
14:47e não vejo diferença
14:49nisso com a Força Aérea
14:50e com a Marinha,
14:51porque eu conheço
14:52a maioria dos brigadeiros
14:55e almirantes
14:57que lá estão.
15:00As forças armadas
15:01já atravessaram
15:02momentos recentes,
15:04recentes em termos
15:06de história,
15:07em que elas foram
15:08claramente hostilizadas,
15:10em ambiente de hostilidade
15:12em relação ao governo.
15:13e isso não
15:16não produziu nada
15:17que não fosse
15:19descontentamento,
15:24desagrado,
15:26discussões,
15:27mas elas nunca
15:28abandonaram a legalidade
15:29e a presidente
15:32do momento,
15:33que era a presidente Dilma,
15:34não deixou de ser considerada
15:35a comandante suprema
15:36das forças armadas,
15:39tratada dessa forma
15:40e atendida nas missões
15:41que ela deu às forças armadas.
15:43Não vejo por que agora
15:45com o presidente Bolsonaro
15:48isso fosse mudar,
15:49Cláudio.
15:50Eu tenho dito,
15:52olha,
15:52se as pessoas
15:53não querem olhar
15:54os antecedentes,
15:56e eu aprendi
15:56com o ministro
15:58Nelson Jobim
15:59quando era assessor
16:00na defesa
16:00que é muito importante
16:01trabalhar com antecedentes,
16:04ele como advogado
16:05numa conversa
16:06me tratava disso,
16:09dizia isso,
16:11se é muito importante
16:12tratar com antecedentes,
16:13se as pessoas
16:13não querem ver antecedentes,
16:15eu sobre antecedentes
16:17eu diria,
16:17quem pode me apontar
16:19nos últimos 40 anos
16:20um fato
16:22provocado
16:23pelas forças armadas
16:24que tenha trazido
16:26algum tipo
16:26de instabilidade?
16:27não é lá.
16:30Quem pode apontar
16:31hoje um fato
16:32das forças armadas
16:34provocado
16:35pelas forças armadas
16:36hoje
16:36que tenha trazido
16:38instabilidade?
16:39Não é lá
16:39que está a fonte
16:40de instabilidade.
16:42Se alguém
16:43tem alguma dúvida
16:45quanto a isso,
16:47olha o fato
16:47que está aí hoje,
16:48ontem e hoje,
16:49a gente tem memória
16:50no longo prazo,
16:51vamos trazer
16:52para o imediatismo.
16:55Quantas páginas,
16:57quanta tinta
16:58se gastou,
17:00quantos discursos
17:01foram feitos
17:02aí
17:03de que
17:04é uma crise
17:05e pode ter isso
17:07e pode acontecer aquilo
17:08e pode não sei o quê.
17:10Alguém viu
17:10algum tanque na rua?
17:13Alguém viu
17:14algum comandante
17:15dos exonerados
17:16pegar o microfone
17:20para dizer
17:20uma malcriação
17:21para o presidente
17:22da república?
17:25Algum tentou
17:27alguma
17:27alguma
17:29quartelada
17:29e daqui eu não saio?
17:32Não,
17:32não,
17:33não,
17:34não,
17:35eu acho,
17:37eu entendo
17:39a sua tranquilidade,
17:41mas a sua tranquilidade,
17:42quando eu leio
17:42esse texto aqui,
17:43esse texto
17:43para quem não conhece,
17:44esse texto
17:45é do general
17:46Humberto Castelo Branco
17:47e ele foi escrito,
17:49é um ofício
17:49enviado por ele
17:51a demais
17:52generais,
17:53comandantes,
17:55ele foi escrito,
17:55ele,
17:56chefe do Estado
17:57Maior do Exército,
17:58foi escrito
17:58no dia 20 de março
17:59de 64,
18:01então assim,
18:02e logo
18:0310,
18:0411 dias depois
18:05teríamos
18:05o golpe
18:07de 64,
18:08então
18:08eu não sei
18:10se eu fico tranquilo
18:11ou se eu não fico tranquilo,
18:12se eu vejo
18:13o Fantasma
18:13ou não,
18:14mas uma coisa
18:15importante,
18:15a gente,
18:16obviamente que a gente
18:17está vivendo
18:17um contexto
18:18político,
18:19geopolítico,
18:20nacional e internacional
18:21absolutamente
18:22diferente daquele,
18:23como ontem mesmo
18:25na ordem do dia
18:25o novo ministro
18:27Braga Neto
18:28parece que
18:29deixou claro.
18:32Vamos lá,
18:33em 1964,
18:36o movimento
18:38de 64,
18:39e eu não chamo
18:39de golpe,
18:40acho que chamar de golpe
18:41é uma retórica
18:42histórica
18:44de quem não quer
18:44entender a história,
18:46e eu não estou
18:46te acusando disso,
18:47acho que essa palavra
18:49já está consagrada
18:49na mídia,
18:50mas vamos lá,
18:52o que aconteceu
18:52em 31 de março
18:53de 64,
18:55foi
18:55uma população
18:57que estava na rua,
18:58e basta ver as fotografias
18:59da imprensa
19:00à época,
19:03uma imprensa
19:04que repercutia
19:05aqueles movimentos,
19:06e as duas vertentes
19:08otorgaram
19:09às Forças Armadas
19:10o papel de tirar
19:10o presidente
19:11e as Forças Armadas
19:12aceitaram
19:13aquela otorga
19:13ilegítima
19:14e retiraram
19:15as Forças Armadas
19:16e retiraram
19:17o presidente
19:18da República.
19:19Muito bem,
19:20nós temos aí
19:21uma ação
19:22ilegítima,
19:24mas que
19:25de alguma forma
19:26foi encontrada
19:28como uma ação
19:29possível
19:29naquele Brasil
19:30institucionalmente
19:32fraco,
19:34sem recursos,
19:37sem instituições,
19:38sem leis confiáveis
19:41ou instituições confiáveis,
19:42eu estou imaginando,
19:44para buscar
19:44o caminho
19:45da legalidade.
19:4628 anos depois,
19:48a mesma sociedade
19:49saiu à rua,
19:50Cláudio,
19:51a mesma imprensa
19:52repercutiu
19:53os caras pintadas,
19:56e esse conjunto,
19:58sociedade e imprensa,
19:59foi ao Congresso
20:01pedir o julgamento
20:02ao presidente
20:02da República.
20:03Ninguém foi
20:04a um quartel,
20:05nem apareceu
20:06um general
20:06que levantou a mão
20:07e disse,
20:07olha,
20:08esse negócio
20:08de derrubar
20:10a general,
20:10eu sei,
20:11deixa comigo
20:11que eu faço.
20:12Os Forças Armadas
20:13continuaram
20:14onde estavam,
20:15eu já era major
20:16naquela época,
20:17já tinha feito
20:18curso de Estado
20:18Maior,
20:19já exerci
20:20uma função
20:20de assessoramento
20:23a generais
20:26do alto comando,
20:29e a gente,
20:32as coisas
20:33aconteceram
20:33absolutamente
20:34dentro da lei,
20:37absolutamente
20:38dentro da lei.
20:4024 anos
20:40depois,
20:42mais um impeachment,
20:44mais uma ruptura,
20:45mais povo
20:46na rua,
20:47mais mídia,
20:48já a mídia,
20:49mais imprensa,
20:49a mídia
20:50repercutindo
20:51tudo aquilo,
20:52o Congresso
20:53julga
20:55a presidente
20:56e impede
20:59a presidente
20:59e o resto
21:00da história
21:01a gente conhece.
21:03Mais uma vez,
21:04não apareceu
21:05um general.
21:07Mais uma vez,
21:08a coisa
21:08correu
21:09pelo caminho
21:10da legalidade,
21:11porque nem
21:12a sociedade
21:12foi ao quartel,
21:14porque sabia
21:14onde estava
21:15a legitimidade
21:15para julgar
21:16um presidente,
21:17nem a imprensa
21:18permitiu,
21:20permitiria,
21:21nem apareceu
21:22o general
21:22que diz,
21:23olha,
21:23eu sei
21:23como é
21:23que se faz
21:24isso.
21:26Então,
21:27eu acho
21:27que nós,
21:27por isso
21:28que eu estou
21:28dizendo,
21:28nós como sociedade,
21:30o Brasil
21:30como sociedade,
21:31tomou uma decisão
21:33há alguns anos,
21:34isto aqui
21:35será uma
21:35democracia
21:36saudável.
21:38Nós seremos
21:39uma democracia,
21:40e quando a gente
21:41olha para nós
21:42mesmos,
21:43nós somos
21:44juízes muito
21:45severos de nós
21:46mesmos,
21:47nós achamos
21:48que crise
21:48é problema,
21:49não é,
21:50não é,
21:51vejam as crises
21:52que atravessaram
21:53os Estados Unidos
21:54e está lá,
21:55a democracia tirou
21:56o Trump
21:58e colocou o Biden,
22:00enfim,
22:00vejam as crises
22:01que atravessa a Europa.
22:04A Bélgica
22:05passou um ano
22:06sem governo,
22:07sem primeiro-ministro,
22:08então eu acho
22:09que a gente
22:09tem sofisticação,
22:11tem sofisticação
22:13institucional,
22:14eu acho
22:15que a gente
22:15tem alicerces,
22:17as palavras
22:17do general
22:18Castelo Branco
22:21tem que ser julgadas
22:22na perspectiva
22:23daquele momento histórico
22:25de Guerra Fria
22:25e tudo mais,
22:27não adianta julgar
22:28aquele momento
22:29com os olhos
22:30de hoje,
22:30nem querer julgar
22:31as decisões
22:32de hoje
22:32com a saudade
22:34daqueles momentos
22:35ou a partir
22:36daqueles momentos,
22:37como alguns fazem.
22:39Sem dúvida.
22:40Eu acho
22:41que a gente
22:41tem maturidade,
22:43vamos acreditar
22:43que a gente tem,
22:44vamos acreditar
22:45que a nossa democracia
22:46assim,
22:47os que nós escolhemos
22:48para nos governar,
22:50para fazer as nossas leis
22:51estão aí,
22:51todos eles,
22:52ninguém discute,
22:54os governadores,
22:56como eu disse,
22:57crise é o sobrenome
22:58da política no Brasil.
23:16e aí
23:21e aí
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