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  • 21/06/2025
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O ex-ministro da Secretaria de Governo General Santos Cruz cogitou a possibilidade de se associar ao ex-ministro da Justiça Serio Moro em uma possível candidatura. A declaração foi dada em entrevista a Felipe Moura Brasil e Mario Sabino durante o programa Papo Antagonista.
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Transcrição
00:00Muito bem, a gente começa com essa entrevista especial com o ex-ministro da Secretaria de Governo,
00:05o governo Bolsonaro, o general Santos Cruz, que agora tem feito, inclusive, críticas a esse governo.
00:11Boa noite, general. É um prazer enorme recebê-lo aqui no Papo Antagonista. Tudo bem?
00:16Tudo bem. Boa noite. Obrigado pelo convite.
00:21General, eu gostaria, inicialmente, que o senhor, se pudesse, fizesse um balanço
00:26entre a expectativa que o senhor tinha ao entrar para o governo Bolsonaro
00:32e aquilo que o senhor vê hoje no governo Bolsonaro, já que, principalmente, pelas redes sociais, no Twitter,
00:39o senhor tem feito críticas ali a determinados comportamentos.
00:43Como é que o senhor faz esse contraste daquilo que o governo poderia ser
00:47com aquilo que o governo se tornou na sua visão?
00:50Olha, eu acho que o governo foi eleito, numa hora que eu também fui eleitor do atual governo,
01:02do atual presidente. Acho que naquele momento ali, a maioria, numa eleição limpa,
01:08democrática, ganhou a eleição. Era o momento, eu acho, de encerrar realmente
01:15aquele período que o PT teve a época dele de influência, né?
01:22Isso é cíclico, é normal. E todo mundo tinha uma grande esperança no governo atual.
01:28Então, o governo subiu com apoio popular, sem qualquer outra consideração.
01:36Ganhou na urna. E a expectativa era exatamente aquilo que foi usado como plataforma de campanha.
01:45Então, se tinha esperança de uma modificação de determinados padrões de política,
01:52de administração pública. Só que, infelizmente, isso aí rapidamente se deteriorou
02:00e se caiu numa mesmice e também o governo foi capturado por um pequeno grupo de extremistas, né?
02:12Então, isso aí atrapalhou demais. A partir da hora que o governo se deixou capturar
02:18por um pequeno grupo de extremistas, aí acabou todo aquele encanto, aquela esperança que se tinha.
02:27E o que se vê é o mais do mesmo aí.
02:30Mário Sabino tem uma pergunta para o general Santos Cruz.
02:32Boa noite, boa noite, general.
02:35Eu gostaria de perguntar ao senhor o seguinte, qual foi o momento decisivo para que o senhor decidisse cair fora?
02:46Não, eu não pedi para sair. Na realidade, eu fui demitido.
02:50Eu já tinha intenção.
02:51Sim, mas o senhor já vinha num desgaste, né?
02:53No ambiente familiar, no ambiente familiar. Eu até já comentava, não estava tendo coincidência
03:00entre a minha personalidade e o andamento do governo.
03:04Mas houve uma situação específica em que este desgaste finalmente se traduziu numa ruptura ou não?
03:14Não, isso aí é uma coisa que se constrói, mas se construiu muito rápido, né?
03:17Uma coisa de dois meses, mais ou menos, três meses.
03:21Aí, três, quatro meses, três meses, mais ou menos, imagino eu, que foi o tempo ali onde essa certeza apareceu, né?
03:32Porque a coisa começa a andar de uma maneira que não coincide com a sua personalidade, né?
03:40O senhor acredita que haja uma ala militar no governo?
03:44Porque, em geral, nós da imprensa sempre dizemos, a ala ideológica, a ala militar.
03:50E há sempre um militar que diz que não há ala militar.
03:53Como é que o senhor definiria, então, os generais que estão no governo?
03:58Se não é uma ala militar, é o quê?
04:00Não, não tem ala militar, não tem um grupo militar como uma coisa organizada, né?
04:06Você tem um grande grupo de militares, mas que não tem nenhuma coordenação como grupo, né?
04:14A característica comum é ser militar da reserva, até tem um outro que é da ativa.
04:23Mas não tem nenhum sentido de organização própria, ou de combinar alguma coisa.
04:30Isso não existe, não.
04:31General, houve declarações, não só suas, mas também de outros generais, o general Brito, o general Paulo Chagas,
04:39também tem feito algumas críticas ao governo, sobre a contaminação da imagem das Forças Armadas,
04:47justamente em razão dessa presença massiva de militares no governo Bolsonaro.
04:50São centenas, inclusive, houve levantamento aí por parte da imprensa.
04:55De que maneira uma postura do presidente ou decisões que não estão de acordo com a sua visão de mundo,
05:04inclusive, pode manchar de alguma forma a reputação das Forças Armadas,
05:09que nos últimos anos apareceram sempre em pesquisas como a instituição mais confiável,
05:14muito acima do Congresso Nacional?
05:16É, isso aí é em consequência do número, do grande número de militares no governo,
05:24e da maneira como o presidente, em algumas ocasiões, ele se manifesta,
05:31dando a impressão de que existe um vínculo institucional de Força Armada,
05:37no caso do Exército, que eu pertenço, que eu sou da reserva, e o governo.
05:45Mas não existe esse vínculo, o Exército realmente, o comandante falou certo,
05:49o Exército não pode se politizar e ficar ao lado de governo,
05:55o governo, o governante vem e vai, o governante perde a eleição, vem outro.
06:00E o Exército é uma instituição de Estado.
06:05Então, não pode ter esse vínculo, não tem,
06:08mas, na realidade, para a população, a percepção é de que o Exército está vinculado ao governo.
06:16Uma coisa é a gente saber que não está, é a gente saber que legalmente não está,
06:21outra coisa é a percepção que a população não tem.
06:24Da maneira como as coisas foram construídas, a população tem essa sensação.
06:29O Exército não está do lado de ninguém, o Exército não faz opção para o governo, para o partido político.
06:33General, eu tenho 36 anos de jornalismo e uma das poucas certezas que eu tenho,
06:40que eu adquiri, é que quando tem muito esclarecimento é porque tem muita confusão.
06:46Este último esclarecimento na nota assinada pelos comandantes das Forças Armadas,
06:52pelo ministro da Defesa, dizendo justamente que as Forças Armadas são uma força de Estado,
06:58não são uma força de governo, em função da declaração do presidente
07:04de que a questão com o Joe Biden poderia não ser resolvida na saliva, na diplomacia,
07:11mas na pólvora, que obviamente foi uma bravata desprovida de sentido.
07:16Eu queria entender um pouco qual é a relação existente hoje entre, por exemplo,
07:23o general Pujol e o presidente Jair Bolsonaro.
07:26Eles se falam ou o contato é feito somente através do ministro da Defesa?
07:35Bom, em primeiro lugar, eu não posso falar por Forças Armadas,
07:39eu estou fora, já faz muito tempo, eu não tenho tido contato com o comandante Pujol.
07:45Agora, eu não tenho ideia, não tenho ideia se ele fala direto com o presidente em alguma oportunidade,
07:56eu acredito que não, porque também não tem muito o que falar.
08:00O comando de uma força não tem, não tem muito o que conversar com o presidente da república.
08:07Agora, a nota que foi feita agora pelo Ministério da Defesa,
08:14essa nota aí realmente não tem razão nenhuma, não tinha o que explicar, explicar o quê?
08:23Mas decidiram fazer aquela nota também, eu ao menos não entendi por quê.
08:30E ela fica sem sentido, porque está dizendo só o óbvio, né?
08:34Então, fica uma coisa desnecessária e sem sentido, porque está falando só o óbvio.
08:43E aí, como você falou, se ficar explicando muito, chama atenção para um assunto
08:48que às vezes ninguém está nem interessado, né?
08:51Agora, general, o senhor, eu tenho visto nas críticas que o senhor faz,
08:54o senhor evita muitas vezes citar nomes, inclusive.
08:57Agora, o senhor deu uma declaração forte aqui nessa entrevista,
08:59dizendo que o governo foi capturado por extremistas.
09:02O senhor poderia nomear essas pessoas?
09:05Quem são elas dentro, fora do governo, na militância virtual?
09:09Tem militantes que estão, inclusive, atribuindo aos generais
09:15uma espécie de impedimento no combate ao comunismo,
09:21que seria a oportunidade do governo Bolsonaro,
09:24quando subiu ao poder de fazer isso,
09:26mas é um pessoal que diz que os militares, os generais,
09:29é que atrapalharam.
09:30Então, existe essa avaliação colocada em público
09:34pela militância virtual bolsonarista.
09:37Quem é que o senhor identifica como sendo extremista no entorno do presidente?
09:43Olha, eu não vou para a parte nominal aí,
09:48não vou dizer quem são as pessoas.
09:52Isso aí é, para quem acompanha um pouquinho,
09:55é super visível, é uma coisa que não tem necessidade nenhuma
10:00de eu estar dizendo quem é.
10:03Agora, o que acontece é que é um pequeno grupo de pessoal extremista
10:10que está atrapalhando, inclusive atrapalha o próprio governo.
10:14É um pessoal que limitado, que coloca tudo em termos de direita e esquerda,
10:24tudo em termos de amigo e inimigo.
10:27Se você discordar de alguma coisa, você é inimigo, você é esquerdista.
10:31Se você concordar com tudo, aí você é amigo direitista.
10:35Então, você não pode reduzir um país do tamanho do Brasil
10:38a uma situação binária de amigo e inimigo, de direita e esquerda.
10:43Mas é um pessoal limitado e também é um pessoal mal intencionado,
10:48porque isso aí é uma técnica comunista mais elementar,
10:52consagrado em alguns regimes totalitários,
10:54mas particularmente sistematizado pelos regimes comunistas,
10:59que é você dividir a sociedade para poder manipular melhor.
11:03Então, é isso aí que está acontecendo,
11:05um pequeno grupo que faz isso.
11:06E você identifica gente até desqualificada.
11:09Se você observar o palavrado que utiliza,
11:12o número de notícias falsas, as técnicas de notícias falsas,
11:16ou de meia-verdade,
11:18tudo isso daí você identifica com bastante facilidade.
11:22E esse pessoal não tem nada a ver com direita.
11:25O pessoal que pegou uma bandeira,
11:28verde e amarela, disse que era patriota,
11:30que era de direita, que era conservadora.
11:32Conservadora de quê?
11:33Conservadora de privilégio?
11:34E aí pega essa bandeira e tenta dividir um país,
11:41um país como o Brasil, em direita e esquerda.
11:45Isso aí é uma coisa inaceitável.
11:48Uma população que quer tranquilidade,
11:51que quer equilíbrio,
11:52ela não pode viver nessa polarização elementar.
11:57Existe hoje um reposicionamento de vários políticos
12:05em direção ao chamado centro,
12:07ou seja, para se manter equidistante de esquerda e direita.
12:11Essa sua última fala me faz perguntar o seguinte,
12:15o senhor tem alguma pretensão política, general?
12:18Olha, no momento não.
12:20No momento não.
12:21Amigos e às vezes até partidos já me contactaram,
12:27mas eu não me interessei por isso aí, não.
12:30Eu prefiro fazer a minha crítica de maneira mais independente,
12:33que eu acho que surte mais efeito.
12:35Sempre que você está vinculado,
12:37aí o posicionamento já é um pouco mais complexo.
12:44É melhor você ficar independente,
12:46porque você tem mais influência.
12:47Mas essa sua resposta, general,
12:49essa sua resposta no momento não é uma resposta bem política já, né?
12:52O senhor não descarta então a possibilidade?
12:55Não, não descarto não.
12:57Descarto, sou um cidadão que depende da situação,
13:00eu posso até me envolver em política.
13:02Assim como aceitei naquela época ser ministro,
13:05eu posso aceitar uma filiação partidária
13:07e exercer o meu direito normal.
13:10Agora, esse afastamento dos extremos,
13:12é porque os extremos se comportam de maneira semelhante.
13:15Se você pegar uma ponta lá na ponta,
13:17eu não gosto dessa direita e esquerda, né?
13:19Mas, se pegar lá na ponta esquerda,
13:22se pegar na ponta de direita,
13:23o comportamento é exatamente igual.
13:25Você troca uma bandeira vermelha
13:27para uma bandeira verde e amarela
13:28e se comporta da mesma maneira.
13:31Então,
13:32o centro não é centrão.
13:35O centro é uma posição de equilíbrio
13:37que eu acho que é a massa
13:39da população brasileira.
13:41Existe alguma possibilidade
13:43de o senhor,
13:45caso entre na política,
13:48associar-se de alguma maneira
13:50ao ex-ministro Sérgio Moro?
13:53No mesmo partido,
13:54numa chapa, enfim.
13:57Pode, até pode.
13:58Até pode,
13:59porque se a pessoa não é extremista,
14:03não é radical,
14:04tem condição de você conversar.
14:07O senhor compartilha muitas visões,
14:09né, do ex-ministro Moro?
14:11Principalmente no combate à corrupção.
14:13Agora, dos extremos,
14:14eu estou fora, né?
14:15Sem dúvida nenhuma.
14:17O senhor conversa com o ex-ministro Sérgio Moro,
14:19general?
14:20Não,
14:20não tenho conversado, não.
14:23Conversava muito raramente.
14:24Quando estava no governo,
14:28ele também estava no governo,
14:29então, uma vez ou outra.
14:31Mas não tenho uma amizade, assim,
14:33de ficar conversando, não.
14:34Aliás, já que o Mário citou a relação
14:37com o Sérgio Moro,
14:38o senhor outro dia tweetou o seguinte,
14:40depois que o Jair Bolsonaro
14:42explorou politicamente
14:44a questão da vacina
14:45numa polarização com o João Dória,
14:47governador de São Paulo.
14:48Abro aspas para o senhor.
14:49Ganhou de quem?
14:50Vacina qualquer que seja,
14:52é saúde pública,
14:53é para a população,
14:54não é assunto particular.
14:55O trato tem de ser técnico
14:56e dentro da lei.
14:57Fora disso,
14:58é irresponsabilidade,
14:59falta de noção mínima das obrigações,
15:02desrespeito pela saúde dos cidadãos,
15:04vergonha,
15:05sem classificação.
15:07Feche o aspas para o senhor.
15:07E o Sérgio Moro compartilhou esse tweet,
15:09escrevendo em cima,
15:10poderia falar sobre a polêmica
15:12envolvendo a vacina Coronavac,
15:13mas prefiro retweetar um general
15:15muito respeitado por todos os militares.
15:17É mais do que o suficiente,
15:19feche o aspas aqui,
15:20para o Sérgio Moro.
15:21É o caso, evidentemente,
15:22do presidente da República
15:23se colocando ali contra,
15:26festejando, inclusive,
15:27a interrupção dos estudos
15:28sobre a vacina do Instituto Butantan
15:31em parceria com a China,
15:32decorrente de uma morte que depois
15:34se revelou ter sido um suicídio.
15:37O senhor falou dos extremistas
15:39em torno do presidente,
15:42mas qual é o grau de responsabilidade
15:44do presidente
15:45para lidar com essa turma?
15:47Em que grau ele se deixa contaminar
15:50e se comporta dessa maneira também?
15:53Porque a gente vê muitas pessoas,
15:55inclusive entre pessoas
15:56que até participaram do governo,
15:57às vezes, minimizar a responsabilidade
16:01do presidente como se ele fosse apenas
16:03mal assessorado, mal influenciado
16:05e aí tem certos rompantes
16:07ou então dizem que é o jeitão dele.
16:10Qual é, na visão do senhor,
16:11a responsabilidade do presidente
16:13sobre esse tipo de postura
16:14que o senhor tem criticado,
16:16que é uma postura mais beligerante,
16:18inclusive, em relação a esses assuntos
16:20complexos, como o senhor colocou,
16:22e vitais no caso da pandemia?
16:23A responsabilidade é 100%,
16:27a responsabilidade é total.
16:29Uma autoridade desse nível
16:31tem responsabilidade executiva
16:34e ela é responsável por tudo
16:36que ela faz,
16:37você não pode ficar,
16:38você achar que é culpa de assessoria,
16:42que é falta de assessoria,
16:44isso aí não interessa,
16:45a responsabilidade é dele,
16:47pelo que ele faz
16:48e pelo que ele deixou de fazer,
16:49ou deixa de fazer.
16:51Então, essa noção de responsabilidade,
16:53isso aí não é de hoje, não,
16:54se você observar no passado recente,
16:58também tinha governante que dizia
16:59ah, não sabia de nada,
17:00bom, não sabia,
17:01mas a responsabilidade é sua,
17:02ah, foi o meu assessor
17:03que tomou a iniciativa,
17:06bom, mas a responsabilidade é dele.
17:08Então, esse posicionamento aí
17:10é um posicionamento
17:11que é para aliviar a responsabilidade
17:14da pessoa,
17:15que tem 100% de responsabilidade
17:17do que ela faz.
17:18E o senhor teve alguma avaliação
17:22a respeito do resultado
17:23da eleição municipal
17:24desse domingo,
17:26com vários candidatos,
17:28como a gente colocou aqui
17:29na introdução,
17:30apoiados pelo presidente,
17:31sendo derrotados
17:32nas urnas,
17:33o senhor teve alguma leitura
17:35de um recado das urnas,
17:37o que pode ter acontecido,
17:38o que está acontecendo,
17:39o senhor falou numa posição
17:40mais ao centro,
17:42longe desses extremismos,
17:44isso é um dos recados,
17:46como é que se ouve?
17:46Olha,
17:48em primeiro lugar,
17:50os candidatos apoiados
17:52pelo presidente,
17:52se não foram bem,
17:54não sei se estão ligados
17:56exatamente ao apoio
17:57do presidente,
17:58agora,
18:00pode ser que ele tenha
18:00escolhido mal também,
18:02escolheu mal,
18:04e aí não tem como,
18:06não é ele que vai fazer
18:08o candidato,
18:11eu acho até que
18:13as escolhas
18:15são escolhas
18:17que não tinham
18:18expectativa
18:19de dar certo,
18:21porque é
18:22mal escolhido,
18:23porque a eleição
18:25é municipal,
18:26ela é muito ligada
18:27aos assuntos
18:28de interesse local,
18:29mesmo nas cidades grandes,
18:32como Porto Alegre,
18:33como São Paulo,
18:34Rio de Janeiro,
18:35tudo ligado
18:35ao interesse local,
18:37não é uma agenda
18:38ideológica nacional,
18:40pessoal,
18:41as pessoas de uma cidade,
18:43elas não estão
18:43interessadas em agenda
18:44ideológica,
18:45elas estão interessadas
18:46em resolver os problemas
18:47locais,
18:48então, às vezes,
18:49é erro de avaliação,
18:50escolhe errado,
18:52e a população também
18:54tem pessoas
18:54com determinado perfil
18:55que ela não quer,
18:56esse problema
18:57do radicalismo,
18:58isso aí é
18:59uma coisa séria,
19:01acho que o Brasil inteiro
19:02já não está
19:02aguentando mais
19:03uma briga
19:04quase que diária
19:05de grupos extremistas.
19:09General,
19:10em uma palavra,
19:11um adjetivo,
19:13como o senhor
19:13definiria
19:14o presidente
19:15Jair Bolsonaro?
19:18Olha,
19:19em uma palavra,
19:20eu acho que ele,
19:23difícil dizer
19:24em uma palavra
19:25só você
19:25caracterizar uma pessoa.
19:28Ele é maluco,
19:29o general?
19:30Olha,
19:31não,
19:32para você dizer isso,
19:34você tem que ter
19:35um laudo,
19:36mas ele tem
19:37muito derrumpante,
19:40muito derrumpante,
19:42talvez.
19:44Aliás,
19:45isso me leva
19:45a perguntar
19:46o seguinte.
19:46Não,
19:47não pensa,
19:47não pensa,
19:49faz as coisas
19:50muito de,
19:53faz as coisas
19:54muito sem pensar
19:56e aí depois
19:57vem um monte
19:57de consequências,
19:58tem que administrar
19:59consequências
19:59de um monte de coisa.
20:02O ex-presidente Lula,
20:03a informação
20:04que nós tínhamos,
20:06obviamente,
20:08quando ele era
20:08presidente,
20:10ele não lia
20:11os documentos
20:13que assinava,
20:14mas preparavam
20:14para ele
20:15um resumo
20:16de 20 linhas
20:18que explicava
20:20o que ele estava
20:20assinando.
20:21Eu, às vezes,
20:22tenho a impressão
20:22que o presidente
20:23Jair Bolsonaro,
20:24ele não,
20:26muitas vezes,
20:27ele não lê
20:28ou não é informado
20:29sobre o que ele está
20:29assinando.
20:30despachar com o
20:31presidente Bolsonaro,
20:33como é que funciona
20:34isso?
20:34Justamente por essa,
20:35por ser um sujeito
20:36muito sujeito
20:37a rompantes,
20:38não parece ter
20:39uma capacidade
20:40de atenção
20:41muito aguçada,
20:44é difícil
20:45trabalhar com ele
20:45no dia a dia,
20:47general?
20:48Não,
20:48no dia a dia
20:49não é difícil,
20:50o problema é que
20:51quando o assunto
20:52é sério,
20:52você precisa parar,
20:53né?
20:55É fácil,
20:56o trato é fácil,
20:57é simples,
20:57não tem problema nenhum.
20:58Só que você não pode,
21:02você tem que parar
21:03em determinados assuntos,
21:05você tem que dar uma parada
21:06e conversar com os assessores,
21:08tem um método de trabalho,
21:10né?
21:10Tem um sistema,
21:12um sistema decisório,
21:14mesmo que seja elementar,
21:15que seja empírico,
21:17você tem que ter esse sistema
21:18naturalmente,
21:21você pega um problema mais sério,
21:24você para naquilo ali,
21:26você não,
21:26então,
21:28mas falta esse sistema,
21:31esse método,
21:32né?
21:33Até natural,
21:34empírico,
21:34para tomar decisão.
21:35Isso é muita coisa atropelada,
21:37você vê a quantidade
21:38de documento
21:39que tem que,
21:40às vezes,
21:40voltar para refazer,
21:43ou que sai com erro,
21:44coisa assim.
21:45Então,
21:46por quê?
21:47Porque não tem aquela parada
21:49para consultar assessoria,
21:52aí você vê,
21:53aí pega,
21:55não,
21:55não vai comprar mais a vacina,
21:57aí depois,
21:58não,
21:58vai comprar assim,
21:59aí depois compra,
22:01porque tem contrato,
22:01porque tem,
22:02então,
22:03a coisa não é,
22:05não é feita de,
22:07na correria,
22:08não é em cima da perna,
22:09tem que ter um método
22:10para trabalhar.
22:11Isso aí,
22:12aí vem o,
22:13talvez a grande falha.
22:14General,
22:16só para encerrar
22:17a nossa entrevista,
22:18o fato de haver
22:19muitos militares
22:20no governo,
22:21também tem levantado
22:22críticas a respeito
22:23de privilégios
22:24dos militares,
22:26de cargos
22:28cumulativos,
22:29de se manter
22:30uma residência
22:31e, ao mesmo tempo,
22:33conquistar um salário
22:34com o cargo
22:35no governo,
22:36e isso,
22:38muitas vezes,
22:38servir para o presidente
22:39de turno.
22:40A gente está,
22:40no momento,
22:41sob a presidência
22:42do governo,
22:42Jair Bolsonaro,
22:44mas isso pode ser
22:45usado também
22:47por um futuro
22:47presidente da República.
22:49Quer dizer,
22:50ter mecanismos
22:50de melhorar
22:51salarialmente,
22:53inclusive,
22:54a vida do militar,
22:55trazendo para o governo
22:56e posando ali
22:57para a população
22:58de que as forças armadas
22:59como um todo,
23:00até,
23:00estão ao lado
23:01do governo
23:02e sob a autoridade
23:03do presidente da República,
23:04como Jair Bolsonaro
23:05sempre faz questão
23:06de lembrar,
23:07inclusive,
23:08nesses embates aí,
23:09depois dessa nota
23:10do chefe do Exército.
23:12O senhor não vê
23:13nenhum problema
23:14nesse tipo
23:15de situação,
23:16quer dizer,
23:17de militares
23:18acabarem tendo
23:19uma melhoria
23:20quando conseguem
23:21cargos no governo?
23:22Ou,
23:22para o senhor,
23:23isso é uma questão
23:23normal se manter
23:25algum salário,
23:28algum auxílio
23:30que se tem
23:30na carreira militar,
23:32mas também
23:33conquistar aquilo
23:34que a possibilidade
23:36de um cargo
23:36no governo oferece?
23:37bom,
23:39em primeiro lugar,
23:41ninguém vai trabalhar
23:43de graça,
23:44né,
23:44é normal
23:45você ter um salário,
23:47o que não é normal
23:48é esse volume
23:50todo
23:51e a,
23:51e a,
23:52e essa impressão,
23:54e essa impressão
23:56de que,
23:56de que tem
23:58uma instituição
23:59vinculada,
24:00né,
24:00tem militares
24:02até que falam,
24:02ah, não,
24:03eu estou numa missão,
24:04não tem missão nenhuma,
24:05ele foi um convite
24:05pessoal,
24:06a pessoa aceitou
24:07assim como eu aceitei
24:09e não tem missão
24:10nenhuma,
24:10não estou em nenhuma missão,
24:12estou fazendo um trabalho,
24:14e tem uma remuneração
24:16por aquilo ali,
24:16tem um limite
24:17dessa remuneração
24:18que é o teto
24:19da administração pública
24:20e,
24:21isso aí não,
24:23e aí não é privilégio,
24:24o salário,
24:25ele não é privilégio,
24:26agora,
24:27falando em privilégio,
24:29é,
24:30e não é só
24:30para a categoria militar,
24:32qualquer funcionário público
24:33que,
24:33que for pegar
24:34uma função
24:35de DAS,
24:36coisa assim,
24:36ele vai receber
24:37a complementação ali,
24:38tem a regra para isso.
24:40Agora,
24:41privilégio é outra coisa,
24:42e que é o grande problema
24:44do Brasil,
24:44o grande problema
24:45do Brasil
24:45se chama exatamente
24:46privilégio,
24:47fórum especial,
24:49excesso de privilégios,
24:50de mordomias,
24:51etc,
24:52etc,
24:52né,
24:53então,
24:53salários,
24:55o problema
24:56das,
24:56das,
24:57das nomeações
24:58para conselhos
24:59de,
25:00de,
25:01de,
25:01de,
25:02de empresas,
25:03etc,
25:04isso aí,
25:05esses privilégios
25:06todos têm que acabar,
25:07se enquanto não acabar
25:08privilégio,
25:09todos os privilégios
25:10no Brasil,
25:11o Brasil não consegue
25:12combater a corrupção
25:13e não consegue fazer
25:14uma democracia decente,
25:15então,
25:17privilégio tem que acabar
25:19com tudo,
25:19não é um problema salarial,
25:21a,
25:21a,
25:23essa,
25:23essa,
25:24esse excesso
25:25de militares,
25:25ele deforma a representação
25:27social nas,
25:28nas,
25:29nas diversas funções
25:30públicas,
25:31porque você
25:32põe uma massa
25:33muito grande
25:34numa categoria só,
25:36e,
25:36e,
25:37e,
25:37e essa deformação,
25:41ela traz essa sensação
25:42de que tem uma instituição
25:44envolvida e não tem
25:44instituição nenhuma
25:45envolvida,
25:46mas para a população
25:47tem e acaba tendo,
25:48porque o que vale
25:48nisso daí
25:49não é o aspecto legal,
25:51o que vale
25:51é a percepção,
25:53então,
25:54a,
25:55eu não vejo problema,
25:56mas eu vejo problema
25:57quando a coisa
25:57acontece nessa escala,
25:59né,
26:01e,
26:01se for,
26:03em outras categorias,
26:04você encontra
26:05verdadeiros,
26:07muito,
26:07muito mais,
26:07absurdos,
26:10assim,
26:10inaceitáveis,
26:11em outras categorias,
26:13de,
26:13de,
26:14de gente de Estado
26:16mesmo,
26:16né,
26:17judiciário,
26:18de,
26:19de Ministério Público,
26:20de,
26:21então,
26:21você encontra
26:22outras,
26:22outras,
26:24outros benefícios aí
26:26que são,
26:27que estão no nível
26:27da imoralidade,
26:29então,
26:29tem,
26:29tem que equilibrar,
26:30tem que equilibrar
26:31a representação
26:32dentro das,
26:33das funções
26:34de Estado,
26:35não,
26:36não pegando uma categoria
26:37só,
26:37isso aí pode deformar,
26:39pode entusiasmar,
26:39pode entusiasmar
26:40algumas pessoas,
26:41claro que pode,
26:42não tem dúvida nenhuma,
26:43né,
26:44agora,
26:45o que tem que ter
26:47é um plano
26:48para acabar com o privilégio,
26:50o que que separar,
26:51o que que é privilégio
26:52do que que não é,
26:53do que que é,
26:54do que que é a remuneração justa,
26:56né.
27:07bom,
27:18o que é que vai lá,
27:19o que é?

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