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00:00Mas doutora, pela ordem, menitíssima juíza, nos termos do que dispõe a Constituição e as leis de processo penal, a excelência bem sabe, o interrogatório é o ato em que o acusado exerce a autodefesa.
00:14Tem que ter a mais absoluta liberdade para expor os fatos e indagar a respeito do que está sendo acusado.
00:23Não, não, não, não, eu estou me dirigindo a menitíssima juíza, não estou falando com a excelência, não abra este diálogo lateral, estou falando com a menitíssima juíza, não vou, eu estou me dirigindo ao juízo, a excelência quer substituir o juízo?
00:39Eu vou interromper o áudio nesse momento, se o senhor não, eu posso fazer as perguntas ao seu cliente, o senhor orientou ele do que está sendo acusado nesse processo, ele está apto a ser interrogado, ou o senhor precisa sair dessa sala e conversar com ele e ele retornar?
00:54Absolutamente não, eu só quero que ele tenha a liberdade de, nas formas da Constituição e da lei, responder da forma como ele acha adequado.
01:01Ele responde, respondendo, não fazendo perguntas ao juízo ou acusação.
01:06O senhor se sente apto a ser interrogado neste momento, senhor ex-presidente?
01:11Eu me sinto apto, eu me sinto desconfortável.
01:14Se o senhor se sente desconfortável, o senhor pode ficar em silêncio, como eu ia dizer, o silêncio do senhor não será usado em prejuízo à sua defesa.
01:22Se o senhor quiser responder as perguntas que primeiro eu vou lhe fazer, depois o órgão do Ministério Público e depois as defesas, o senhor pode responder.
01:29E quando é que eu posso falar, doutora?
01:30O senhor pode falar, o senhor pode responder quando eu perguntar, no começo.
01:34Mas pelo que eu sei, é meu tempo de falar.
01:37Não, é o tempo de responder as minhas perguntas.
01:39Eu não vou responder interrogatório nem questionamentos aqui.
01:42Está claro?
01:44Está claro?
01:46Que eu não vou ser interrogada?
01:50Eu não imaginei que fosse assim, doutora.
01:52Eu também não.
01:52Como eu sou vítima de uma mentira, há muito tempo.
01:54Eu também não imaginava.
01:56Então vamos começar com as perguntas.
01:58Eu já fiz o resumo da acusação e vou fazer perguntas.
02:01O senhor fica em silêncio ou o senhor responde?
02:04E o senhor Cristiano Zanin, eu não lhe concedi a palavra, eu vou fazer perguntas.
02:07Eu já lhe fiz o resumo do que o senhor está sendo acusado e agora quero lhe perguntar em que momento,
02:14primeiro momento que o senhor teve contato com esse sítio de Atibaia.
02:17Dia 15 de janeiro de 2011.
02:23Tá.
02:24O senhor teve contato com esse sítio de Atibaia no 15 de janeiro de 2011, como?
02:29Eu estava, eu tinha deixado a presidência da república, eu estava de férias e quando
02:34foi no dia 12 de janeiro, me falaram que o Jacob Itá tinha comprado um sítio que se
02:42eu queria passar um final de semana lá.
02:44Eu subi do Guarujá no dia 15 e fui ao sítio do Jacob Itá, que na verdade era do filho
02:51do Jacob Itá.
02:52Tá.
02:52Foi lhe informado por quem, o Jacob te falou, a dona Marisa?
02:57Não, quem falou foi o filho meu por causa de uma briga minha com a dona Marisa.
03:01Tá.
03:01Daí o senhor foi nesse sítio com quem, nesse primeiro dia 15 de janeiro?
03:04Eu fui com o meu pessoal da segurança.
03:07Tá.
03:08E com a Marisa.
03:09E estava o Fernando, o Jacob.
03:10E com a Marisa, é.
03:11O senhor foi passar um final de semana.
03:14Eu não sei se foi no final de semana ou no domingo, não lembro bem.
03:16Tá.
03:17Quando o senhor chegou lá, o senhor soube que o sítio era do Jacob, já de cara, que
03:24era do Fernando.
03:26Soube, soube que era do Fernando.
03:28Na verdade, eu soube que o Jacob Itá tinha doado ao filho dele o dinheiro da poupança
03:35dele, o dinheiro sei lá de onde, ou seja, para que o filho pudesse adquirir o sítio.
03:39Tá.
03:43O senhor passou a frequentar o sítio a partir de então?
03:47Passei a frequentar o sítio em 2011, alguns finais de semana, junto com o Jacob Itá,
03:57junto com o Fernando.
03:59Tá.
04:00Chegou um momento que o senhor chegou a ficar hospedado lá, porque quando houve a busca e
04:05apreensão foram encontrados vários objetos pessoais.
04:08Eu ficava hospedado no final de semana lá.
04:11Então, o senhor ia final de semana, mas com mais frequência a partir de um certo momento
04:15ou desde 2011?
04:15Eu acho que em 2011 até 27 de outubro eu ia sempre com o Jacob Itá, porque nós fazíamos
04:25lá, jogávamos buraco, jogávamos mexe-mexe.
04:31E o Jacob Itá tinha na nossa companhia, sabe, naquele instante eu acho que era uma relação
04:39quase que de irmã.
04:42Porque eu conheci o Jacob desde 1975, nós fundamos o PT junto, fomos dirigentes sindical
04:49junto, fundamos a CUT junto, fizemos as greves junto, fomos candidatos juntos.
04:53Sabe, o Jacob Itá, depois de um certo tempo, passou a ter em mim, sabe, quase que a única
05:01pessoa em que ele passava final de semana.
05:05É que a partir de um certo momento, pelo que consta dos autos e pelo que foi encontrado na
05:11música e apreensão realizada no sítio, a família Itá deixou de frequentar com tanta
05:16frequência e o senhor e a sua família começaram a frequentar mais.
05:19Isso chegou a acontecer?
05:20Veja, a família Itá, o Fernando Itá, em função de ter um filho de 12 anos, que
05:27preferia ir para o shopping do que para o sítio, não ia, mas o Jacob ia constantemente
05:31para o sítio e o problema do Jacob é que ele estava com mal de parque, ele estava cada
05:35vez mais ficando com problema.
05:37Mas ele foi muito tempo.
05:39Frequentava junto com o senhor e com o dono.
05:41Quem deixou de frequentar um pouco mais fui eu por causa do câncer.
05:44Depois do dia 27 de outubro, eu tive 2011, 2012, o tempo inteiro, menos possibilidade
05:52de ir e às vezes ia e voltava no mesmo dia por causa da doença.
05:57Tá.
05:57E nesse...
05:59O Fernando falou até que o senhor ia na época do tratamento e ficava hospedado de vez em quando.
06:06Eu ia, mas não ia para dormir porque eu tinha problema de...
06:10Tá.
06:10De debilidade mesmo.
06:11E aí, depois de um tempo, quando foi feita a brusca apreensão, então o senhor
06:18disse que o Jacob ainda frequentava o Fernando menos por causa do filho adolescente, mas
06:22o senhor que ocupava o quarto principal.
06:25Ah, quando me dava, eu ocupava.
06:27Mas tinha...
06:28Os objetos pessoais estavam lá...
06:29Isso era uma deferência que eu recebia tanto lá na chácara quanto recebia no Palácio
06:36da Rainha da Inglaterra, no Palácio da Rainha da Suécia, em vários lugares que eu
06:40frequentei, inclusive no Kremlin, sabe?
06:42Eu tive o prazer de ser convidado a dormir no Kremlin.
06:46Eu não sei o que o Ministério Público viu de absurdo isso.
06:49Quando foi narrado aqui por vários testemunhas e por alguns réus, o senhor Fernando Bittar
06:58comprou o sítio, foi feita a escritura, ele e o Jonas Suassuna.
07:03O senhor sabia que foi feita uma escritura, eles negociaram, uma parte do terreno ficaria
07:08com o Jonas, outra parte com o senhor Fernando Bittar?
07:10Eu não tinha interesse e nem por que saber disso.
07:15O que eu sabia era que o terreno era um todo e que o Fernando Bittar não podia comprar
07:23todo o terreno, ele comprou uma parte e o Jonas Suassuna comprou a outra parte, é
07:28isso que eu sabia.
07:29Mas o senhor sabia quando?
07:30Quando que o senhor ficou sabendo disso?
07:31Ah, depois de algum tempo que estava lá.
07:32O senhor já estava usando o sítio, já estava frequentando, quer dizer, o sítio.
07:35O senhor soube que as primeiras reformas foram feitas no sítio, uma parte pelo senhor
07:46Fernando para usar e outra parte a pedido da dona Marisa?
07:50Eu nunca, veja, eu tenho muita dúvida se a dona Marisa pediu para fazer a reforma, tenho
07:55muita dúvida.
07:56Como ela não está aqui para se explicar, eu fico com a minha dúvida.
07:59O senhor Boulay e o senhor Aurélio, que foram ouvidos essa semana, relataram que eles
08:07foram junto com a dona Marisa.
08:08É, agora ficou fácil citar o nome da dona Marisa porque ela morreu.
08:12Então agora é muito fácil dizer...
08:14Então o senhor não acredita que o senhor Boulay tenha visitado ao senhor Aurélio, o senhor
08:19Boulay, eu acredito que eles estejam mentindo.
08:19Eu não acredito porque eu não acredito que a dona Marisa tivesse efetivamente relação
08:24para pedir para uma empresa fazer obras.
08:27E também porque não era dela.
08:29Tá.
08:30Então o senhor acha que o senhor Boulay, quando fala que foi fazer a visita junto com
08:33a dona Marisa e com o senhor Aurélio, e o senhor Aurélio também confirma essa visita
08:38antes das reformas, o senhor acha que eles estão mentindo?
08:42Eu não estou dizendo que eles estão mentindo, eu estou dizendo que eu não acredito que a dona
08:45Marisa fosse pedir.
08:47Então por que ela teria ido visitar esse sítio com o Fernando, com o Boulay e com o senhor
08:52Sábio?
08:53Ah, eu sei porque as pessoas, na verdade, quando compraram o sítio,
08:57tomaram uma decisão de que o Lula não poderia saber de nada, que o Lula era contra, qualquer
09:01ideia, sabe, de comprar qualquer coisa, pedindo para ele guardar arquivo, porque eu era contra,
09:08no meu mandato presidencial eu era contra.
09:10Primeiro discutir, instituto, discutir acervo, antes que eu deixasse a presidenta da república
09:15no dia 31 de dezembro de 2010.
09:18Sabe, então os companheiros também não tinham que me dar explicação.
09:23Então, o senhor não soube e duvida que a dona Marisa tenha falado com o senhor Boulay e pedindo
09:30para reformar alguma coisa no sítio?
09:33Eu sinceramente duvido.
09:34Eu sinceramente duvido.
09:35O senhor soube que as primeiras pessoas que fizeram a obra, o senhor Ignis, as primeiras
09:41pessoas que estavam lá foram retiradas a pedido da senhora Marisa, do senhor Fernando,
09:47do senhor Aurélio?
09:48O que eu sei das reformas, na verdade, foi depois da imprensa.
09:53Tá.
09:55A senhora sabe do contato que a dona Marisa tinha com pessoas da Odebrecht, com a direção
10:00da Odebrecht, para ter pedido para a Odebrecht assumir essa reforma?
10:04É isso que eu estou tentando dizer.
10:07A Marisa não tinha, não tinha, no meu conhecimento, nenhuma relação com a Odebrecht.
10:14Mas nem em eventos sociais ela não tinha contato com o senhor Emílio, com o senhor Marcelo?
10:21Ela participou de jantares, de eventos sociais com o senhor Emílio, com o senhor Marcelo?
10:25Obviamente que pode ter encontrado num evento qualquer, público, com essas pessoas.
10:30O senhor Alexandrino.
10:31E há muitos empresários.
10:32Mas ter liberdade para falar com uma pessoa e pedir, eu sinceramente acho que quem citou
10:38isso está tentando encontrar uma solução cômoda para uma pessoa que já está morta.
10:44As pessoas que relataram esse fato, também o senhor acredita que estão mentindo, que
10:48a dona Marisa pediu.
10:49Eu não vou dizer, não estou utilizando a palavra mentindo.
10:52Eu só estou dizendo que não acredito que a dona Marisa tenha pedido.
10:56Tá.
10:56Com relação à parte que foi feita, o senhor já relatou, e eu ia perguntar isso no início
11:04do depoimento, ficou um pouco tumultuado.
11:07A questão da relação do senhor com a Odebrecht, o senhor concorda em usar o que já foi dito
11:15nos outros processos, no processo anterior, que é do apartamento e do...
11:20O senhor concorda?
11:20Ou o senhor quer que refaça algumas perguntas?
11:23Doutora, eu na verdade gostaria de falar outra vez o que eu já falei aqui para o doutor
11:28Moro, numa audiência.
11:31Já falei.
11:31Ou seja, o primeiro processo que eu fui vítima aqui é uma farsa, uma mentira do Ministério
11:37Público com o PowerPoint.
11:39A segunda é outra farsa.
11:40E eu estou pagando esse preço.
11:45Eu vou pagar porque eu sou um homem que crê em Deus, creio na justiça e um dia a verdade
11:50vai prevalecer o que está acontecendo.
11:53Então o senhor quer que eu refaça as perguntas relativas à aproximação que a diretoria
12:00da Odebrecht tinha com o senhor.
12:02É isso?
12:02Para o senhor poder falar de novo.
12:03Eu posso fazer.
12:03Então consta que o senhor Emílio Odebrecht foi ouvido nessa ação penal, que ele tinha
12:09antes mesmo do senhor assumir o primeiro governo, contatos, em razão da empresa dele
12:15ser uma grande empreiteira, em especial pelo compromisso que o senhor teria assumido com
12:21relação à política da petroquímica da Basquem, que seria interesse da Odebrecht.
12:26e que várias vezes ele conversou com o senhor, várias vezes houve a sugestão pelos dirigentes
12:34de Petrobras para que fosse reestatizado essa parte, esse setor da economia e que ele sempre
12:41foi conversar com o senhor e o senhor sempre garantiu a continuidade da empresa dele nesse
12:47sentido.
12:48O senhor confirma essas conversas com o senhor Emílio, essa questão da Braskem?
12:53Eu talvez tenha sido na história do Brasil o presidente que mais conversou com empresários.
13:00Talvez o único presidente da república eleito com programas em cada eleição que
13:07eu disputava.
13:08E esse programa de governo era feito ouvindo desde os mais simples trabalhadores aos mais
13:14importantes empresários, passando pela Febraban representando o sistema financeiro, passando
13:19pelo sucro alcooleiro, passando pela indústria de óleo e gás.
13:22Eu, quando construía um programa de governo, eu construí um programa de governo para o
13:27Brasil e não para mim.
13:29E o Emílio Odebrecht e outros empresários participaram muito de discussão, sabe, sobre
13:35o futuro do Brasil, sobre a construção.
13:36E eu tinha um pensamento sobre a indústria petroquímica.
13:39Porque a Petrobras, diferentemente do que algumas pessoas falam, não é uma empresa estatal.
13:45A Petrobras é uma empresa, sabe, pública de economia mista, com ações na Bolsa de Nova
13:51Iorque e com acionistas minoritários.
13:55E eu não tinha nenhum interesse que fosse estatizado qualquer coisa.
14:00Eu tinha interesse que tudo fosse transformado, sabe, numa atividade de empresas públicas.
14:05E que deveria participar Petrobras, empresas privadas, Banco do Brasil, empresas privadas.
14:11Tudo.
14:11Eu achava que tinha que ser uma mistura da atividade econômica para a gente fazer esse
14:16país voltar a crescer.
14:17Mas como o ideal era tentar mostrar que a empresa Petrobras era pública e que o Lula
14:24mandava na Petrobras, sabe, se criou um monstrengo de dizer...
14:29Mas eu nem perguntei da Petrobras.
14:31Eu perguntei especificamente das conversas que o senhor Emílio disse que teve com o senhor
14:37a respeito do medo que ele tinha que a petroquímica Braskem fosse estatizada.
14:42Eu estive com ele e com todos os empresários brasileiros, inclusive todos eles participavam
14:48do Conselho Econômico e Social que eu criei, onde participavam os maiores empresários
14:55do Brasil e nós discutíamos desde política tributária, a política social, a política
15:00de investimento, a política externa.
15:02É por isso que o meu governo passou a ser...
15:05O senhor conversou com o senhor Emílio algumas vezes sobre essa questão da Braskem ou não
15:08conversou?
15:10Não era da minha alçada conversar.
15:12Ou seja, qualquer assunto específico de conversa com quem quer que seja, ou a pessoa conversava
15:18com o ministro da área ou a pessoa conversava com a empresa Fins.
15:21Tá.
15:21Então o senhor não conversou e não garantiu nada ao senhor Emílio em nenhum momento.
15:26Veja, primeiro eu poderia garantir qual era a intenção do governo.
15:30A intenção do governo era ter o Brasil como um país, sabe, de uma indústria química
15:37poderosa.
15:38O Brasil é um país de 200 milhões de habitantes, o Brasil compra até bacia de lavar os pés,
15:44importa porque não tinha uma indústria química forte.
15:46Eu era favorável e defendia que o Brasil tivesse uma indústria petroquímica muito
15:50forte.
15:51E a Braskem...
15:52Eu só queria que o senhor respondesse sim, não.
15:54É porque não é só assim, doutora.
15:56Lamentavelmente não é só assim, sim ou não.
15:58O senhor nunca conversou com a...
16:00Eu acabei de dizer que eu conversei muito com a Braskem.
16:03Mas especificamente sobre esse assunto o senhor conversou ou não conversou?
16:06Devo ter conversado na discussão do programa do governo.
16:09E o senhor garantiu alguma posição para o senhor Emílio?
16:11É possível garantir.
16:14É possível garantir que o governo brasileiro ia ser um governo democrático, plural,
16:18e que as empresas iriam ter o direito de participar das coisas feitas no governo.
16:26Com relação aos diretores da Petrobras, já foi feita a pergunta, mas como o senhor
16:31quer de novo falar sobre o assunto, volto a perguntar.
16:34Qual a participação?
16:35O senhor escolheu os presidentes da Petrobras que foram presidentes durante os seus dois
16:39mandatos?
16:40Essa é uma das grandes mentiras.
16:44Se o Ministério Público tivesse tido interesse, ele teria percebido que antes do Lula virar
16:50presidente da República, quem escolhia o diretor da Petrobras era exatamente o presidente
16:55da República do Brasil.
16:57E que para evitar que o Lula fizesse isso, aí já vem a maldade política, teve um decreto-lei
17:04estabelecido em 2003, 2002, sabe?
17:08Tirando da presidência da República o direito de indicar.
17:13Então, quem passou a ser o indicador era efetivamente o Conselho de Administração da Petrobras, que
17:19era plural, que tinha empresários privados, grandes, pequenos, médios, que tinha acionista
17:25minoritário.
17:26Qual era o papel do presidente da República?
17:28Eu não sei se as pessoas estão acompanhando a montagem do governo agora atual, que é
17:35que está sendo colocado.
17:36Dá essa impressão de que não tem ninguém político.
17:39Mas com raríssimas decepções, todo mundo ali é político.
17:42Então, o que eu fazia?
17:43Eu fui eleito com uma base que me apoiou na campanha.
17:47Eu designei, sabe, o ministro-chefe da Casa Civil, que é o responsável por isso, particular
17:53com os líderes dos partidos que me apoiavam, a montagem do segundo escalão do governo,
17:59porque eu tinha indicado o primeiro escalão.
18:02No caso, era o senhor José Tio de Seu.
18:05Como é que funciona?
18:06Como é que funciona?
18:08Se reúne as lideranças dos partidos, os líderes de cada bancada, sei lá se o presidente
18:13do partido, porque eu não participo.
18:15E eles indicam um nome para que o presidente da república coloque à disposição, primeiro
18:23do gabinete, manda para a Casa Civil, que vai para o gabinete institucional.
18:27O gabinete institucional faz uma investigação, sabe, se tem prontuário, se tem denúncia,
18:35se tem qualquer coisa que não signifique boa conduta.
18:41Quando isso chega, devolve-se à presidência da república, o presidente da república encaminha
18:47isso ao conselho da Petrobras.
18:50E o conselho da Petrobras é quem tem a autonomia e autoridade, segundo o decreto, de indicar
18:56as pessoas.
18:58Quando as pessoas forem indicadas, eu disse no depoimento, já houve o depoimento, não
19:02houve uma denúncia, sabe, nem da imprensa, nem da Polícia Federal, nem do Ministério Público,
19:09nem do Sindicato de Trabalhadores, nem dos funcionários, ou seja, eles foram aprovados,
19:14inclusive, em depoimento de pessoas do conselho, por unanimidade.
19:19Tá.
19:20Então, o senhor fez indicações com base em orientações da base partidária que
19:25lhe dava o sustento.
19:25Excelência pela ordem.
19:27Excelência pela ordem.
19:28Não foi dito.
19:29Foi dito que a indicação era feita pelo conselho.
19:32Foi isso que o depoente acabou de afirmar.
19:34A presidência que falou para o conselho de aprovar, ele enviou o nome.
19:37Encaminhamento.
19:37A gente falou encaminhamento da presidência.
19:40A gente não interfere no conselho.
19:41Tá.
19:42Mas o senhor encaminhava dez nomes para eles escolherem, ou o senhor encaminhava um nome
19:46e eles aprovavam ou reprovavam?
19:48Não, mas você indicava o nome que tinha vindo para você indicar.
19:53Eu não inventava o nome.
19:54Então é isso que eu estou falando.
19:55O senhor recebia o nome da sua base de apoio, mas o senhor está falando inclusive da presidência?
20:01O Dutra, Gabrieli, era a base de apoio?
20:05Não, o presidente foi da indicação minha, o presidente da Petrobras.
20:09Tá.
20:10Tanto o Zé Eduardo Dutra quanto o Zé Eduardo, o Zé Sérgio Gabrieli.
20:14O senhor passou o nome, então, ou indicou o nome para o conselho da Petrobras e o conselho aprovou.
20:21É isso.
20:22E até então não tinha nenhum indicativo que nenhuma dessas pessoas tinha qualquer problema.
20:27E eram todos concursados de mais de 30 anos de empresa?
20:30De empresa.
20:30Tá.
20:31A mesma coisa ocorria com as diretorias.
20:34A mesma coisa com as diretorias.
20:35Mas o senhor sabia até então que cada diretoria era indicada por um partido?
20:41Era indicado por um conjunto de forças políticas que tinha me ajudado a ganhar.
20:46Como é hoje.
20:47Tá.
20:48Não estou falando que isso é errado.
20:49Mas o senhor sabia então que, por exemplo, o Paulo Roberto Costa era indicação do PP?
20:56Sabia que o Cerveró e depois o Zelada era do PNDB?
21:01Do PP e de outras forças políticas.
21:04Isso já está no meu depoimento.
21:05É que o senhor pediu para falar de novo.
21:07É que ele falou de forças políticas, excelência, não um partido.
21:10Mas eu estou perguntando do partido, por isso que eu estou perguntando.
21:13Ele sabia que era partido...
21:13Mas tem várias forças políticas que indicam.
21:15Não era PT, PMDB e PT como ficou...
21:17Exatamente como é hoje.
21:19Tá.
21:20O senhor...
21:22Então, com essas forças políticas, indicaram o nome do Paulo Roberto Costa,
21:29indicaram o nome do Cerveró, indicaram o nome do...
21:36Então, até...
21:37Do...
21:38Do Duque.
21:40Do Duque.
21:41E o senhor encaminhou para o conselho e eles aprovaram.
21:46É isso.
21:46É.
21:46Tá.
21:49Houve em algum pedido de políticos para o senhor trocar diretores da Petrobras?
21:54Não.
21:54O senhor nunca recebeu pedido de político dizendo assim, esse diretor está me dando
21:59problema, a gente precisa...
22:00O nosso partido está tendo problema com esse.
22:03O senhor nunca recebeu.
22:04Nunca.
22:04O senhor foi repassado pelo chefe da Casa Civil na época ou no segundo momento pela
22:10senhora Dilma, alguma informação de que algum diretor estava dando problema com a sua base
22:15de apoio?
22:15Não.
22:16Aquele fato narrado aqui na denúncia de que houve, antes da indicação do Paulo Roberto
22:22Costa para a diretoria da Petrobras, uma obstrução na Câmara dos Deputados, o senhor
22:28tomou conhecimento, sabe falar alguma coisa a respeito, ou quer repetir alguma coisa a
22:32respeito disso?
22:33Deixa eu dizer uma coisa, doutora.
22:34É que a pessoa que contou esse fato não merece, da minha parte, meio sentimento de respeito.
22:44Porque se tivesse acontecido um bloqueio de votação na Câmara, o governo tinha um coordenador
22:50político, que era ministro, que mantinha relação com a Câmara.
22:54Esse coordenador político tinha contato com todos os líderes partidários.
22:58Além disso, o governo tinha, naquela ocasião, a presidência da Câmara.
23:04Além disso, o presidente tem o líder do governo dentro do Congresso Nacional.
23:09É muito sistemático que eu nunca tenha ouvido falar de que houve a obstrução para
23:18aprovar o nome.
23:19Então, o senhor, nunca foram para o senhor falando que teve problema e que estavam obstruindo
23:24votações na Câmara?
23:25Eu, graças a Deus, nunca tive obstrução no Congresso por nenhum projeto.
23:30Segundo consta, aqui na denúncia, dentre as várias reuniões que constam na sua agenda
23:36com o senhor Emílio Odebrecht, há uma reunião no dia 30, no penúltimo dia do governo do
23:43senhor, 30 de dezembro de 2010, que o senhor teve uma reunião com o senhor Emílio.
23:48O senhor confirma essa reunião?
23:49Ela não teve reunião.
23:50Tá, mas está na sua agenda.
23:52Não teve reunião.
23:55Foi eu que contei, que houve a conversa.
23:58O Emílio pediu para ir ao Palácio para que ele pudesse apresentar o Marcelo à presidenta
24:07Dilma.
24:08Foi isso.
24:08Eu estava na Bahia, regressei da Bahia, que eu estava inaugurando um programa votacional,
24:12e o Emílio esteve no Palácio por volta de cinco horas, quase, já era final, já era
24:17véspera da posse da Dilma, tinha poucos minutos para qualquer contato político.
24:23A conversa foi muito rápida, sabe?
24:26Mas não foi uma reunião em que você senta numa mesa e conversa e discuta o teu assunto.
24:31Dentre os documentos juntados no processo, entregues ao Ministério Público pela defesa dos executivos
24:39da Aldebrecht, consta uma pauta que o senhor Marcelo teria passado ao pai de assuntos a serem
24:46tratados com o senhor.
24:48Isso já foi perguntado para o senhor antes, mas dentre os assuntos estava sítio 15 do 1,
24:56que é a data que o senhor disse que conheceu o sítio, né, coincidentemente a data que
25:00o senhor disse que conheceu o sítio estava nesse e-mail que o senhor Marcelo mandou
25:03para o pai para conversar com o senhor nesse dia 30.
25:07O senhor Emílio, ouvido aqui em juízo, diz que mencionou ao senhor ao final da reunião
25:13que o sítio estaria pronto no dia 15 e que o senhor não esboçou nenhuma reação.
25:20Porque eu não sabia, doutora.
25:22Tá, mas o senhor se recorda do senhor Emílio ter falado com o senhor?
25:24Eu, na verdade, não lembro. Eu vi o Emílio no depoimento, vi até pela televisão,
25:29o Emílio dizendo, dando um sorrisinho sarcástico, de que, olha, eu até lembrei, falei com o
25:35presidente, o sítio está pronto, ele não me respondeu nada, eu pressuponho que ele
25:38conhecia. Ele poderia ter pressuposto que eu não conhecia.
25:43Porque se eu conhecesse, eu ia dar um abraço.
25:45Leandro, obrigado, doutor Emílio, que maravilha que o senhor fez.
25:47Tá. Então, o senhor não se recorda disso?
25:52Eu não me recordo dele ter falado, e também se tiver falado, para mim não significava
25:56nada, porque eu até então era analfabeto de sítio.
26:00Tá.
26:03Segundo os dados...
26:05Quantos minutos?
26:05Segundo os dados do processo, a Odebrecht fez uma reforma no sítio, em que teria gasto
26:14700 mil reais. Ninguém, naquela época, nem comentou com o senhor a respeito dessa
26:21reforma?
26:22Não?
26:22Não, porque quando eu conheci o sítio, ou seja, o sítio já não tinha reforma, o
26:27sítio estava pronto.
26:27Os executivos da Odebrecht, o senhor Alexandrino e outras pessoas falaram que existia na época
26:38uma conta, junto com o PT, de propinas que eram recolhidas nos contratos públicos celebrados
26:45da empreiteira com o governo, ou estatais, ou direto. O senhor, em algum momento, teve conhecimento
26:53disso, enquanto o senhor era presidente, ou após a presidência?
26:56Na verdade, doutora, essa é a senha que foi criada no PowerPoint. É por isso que hoje
27:02eu vejo as pessoas falarem, não, porque foi do Caixa Geral, qualquer coisinha, um Caixa
27:06Geral, qualquer... É que se construiu uma mentira, eu não sei se do empresário, de quem quer
27:11que seja, e passa a tentar jogar nas costas do PT, sabe, a responsabilidade por tudo o que
27:20aconteceu nesse país. É uma única coisa que eu tenho a tranquilidade é dizer que eu
27:25não sei quanto custou, quanto gastou, quem fez, por que fez e o que fez, né? Quem pode
27:31dizer isso é quem é o dono do sítio.
27:33Eu vou interromper o áudio.
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