LARANJA DE MARCELO ODEBRECHT DEPÕE A MORO (VÍDEO 2)

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Transcript

00:00Então, nessa ação penal 506-31-3017, depoimento do Sr. Demerval de Souza Gusmão Filho.

00:10Sr. Demerval, o senhor está sendo acusado de um crime aqui pelo Ministério Público,

00:15na condição de acusado pela nossa lei, o senhor tem direito de usar o direito ao silêncio.

00:21Se o senhor usar esse direito, isso não lhe traz nenhum prejuízo pela nossa lei.

00:25Mas também é a oportunidade que o senhor tem de falar no processo.

00:28Tudo o que o senhor falar nesse processo vai ser considerado para o julgamento.

00:32O senhor prefere falar ou o senhor prefere ficar em silêncio, Sr. Demerval?

00:35Eu vou falar, Sr. Demerval. Obrigado.

00:37Silêncio, tem duas questões de ordem?

00:40No microfone, por gentileza.

00:45Bom dia a todos. Pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Luz da Silva, Excelência.

00:51Gostaria de apresentar, primeiro, uma questão de ordem,

00:54porque foi noticiado pela imprensa que, na data de ontem,

00:59o Procurador-Geral da República apresentou uma denúncia no Supremo Tribunal Federal

01:04e essa denúncia faz referência aos imóveis que estão citados nesta ação penal

01:13e também à suposta planilha italiana.

01:18De modo que, diante dessa notícia,

01:23quer aparecer a defesa que seria prudente avaliar

01:28as matérias que hoje estão sob a jurisdição do Supremo

01:32a fim de que não haja usurpação daquela excelsa corte.

01:36Bom, parece que a acusação, até onde eu vi nos jornais,

01:40é de respeito à associação criminosa, que não é objeto da denúncia.

01:45Então, fica indeferida a questão de ordem.

01:47Certo. Tem uma outra questão, Excelência, que é a seguinte.

01:52Só uma questão, doutor. Se for de respeito ao interrogatório ou não?

01:56Isso. É o interrogatório.

01:57Tá.

01:57No dia 26 de setembro de 2016, o senhor Demerval foi ouvido na Polícia Federal

02:06e declarou naquela oportunidade que estava em negociação com o Ministério Público Federal

02:12objetivando uma delação premiada.

02:17Então, diante disso e daquilo que foi convencionado no início da instrução

02:23com a anuência do Ministério Público, eu gostaria de perguntar se existe

02:28um processo de colaboração já concluído ou em curso

02:33diante dessa declaração que foi dada pelo senhor Demerval

02:37no dia 26 de setembro de 2016.

02:41Perfeito. O ministério, por favor, se você tem, Jesus.

02:45Pois não. Na verdade, o senhor tem razão.

02:48Houve um início de negociação com o réu aqui presente.

02:51Nós tivemos algumas reuniões e, por fim, se concluiu que o acordo

02:57não atendia alguns requisitos e ele foi interrompido e não há acordo

03:02com o réu Demerval.

03:06Nós não temos nenhum compromisso em relação a ele,

03:10quer de benefício, quer de tratamento, de qualquer natureza.

03:15Certo. Então podemos prosseguir.

03:17Obrigado, senhor.

03:18Então, senhor Demerval, como eu lhe adverti, o senhor tem esse direito ao silêncio.

03:23Pode utilizá-lo com tranquilidade, isso não traz nenhum prejuízo.

03:26Mas, como eu disse, é a oportunidade que o senhor tem de falar no processo

03:29e esclarecer esses fatos da acusação.

03:32O senhor prefere falar ou o senhor prefere ficar em silêncio?

03:34Eu vou falar em silêncio. Obrigado pela oportunidade.

03:36Certo.

03:36Senhor Demerval, antes de entrar aqui no objeto específico da denúncia,

03:40a sua relação com essa empresa DAG?

03:42Eu sou sócio proprietário da empresa DAG Construtora.

03:49Sou diretor-geral.

03:50Desde quando o senhor tem essa empresa?

03:52Em 1999.

03:54Qual que é a sua posição acionária ou de cotista dentro dessa empresa?

03:58Eu sou majoritário.

04:00Majoritário. E também é o dirigente, o executivo?

04:02Sim, o diretor-geral.

04:03Como se fosse o diretor-presidente ou...

04:05O senhor pode me esclarecer as relações dessa empresa DAG com o grupo Aldebrecht?

04:12Sem entrar no específico objeto da denúncia.

04:14Em geral, uma descrição em geral.

04:18Eu sou amigo de Marcelo, de muito tempo.

04:22Eu trabalhei na Aldebrecht por 10 anos.

04:26Por uma questão pessoal minha, eu decidi sair da Aldebrecht.

04:31Basicamente por influência de meu pai.

04:33Eu tenho o mesmo nome que meu pai.

04:34Meu pai foi engenheiro civil, meu pai falecido.

04:38Um engenheiro que também teve uma construtora.

04:40E eu sempre tive a vontade de ter meu negócio.

04:43E passei esse tempo na Aldebrecht com uma espécie de estágio para me preparar para a vida empresarial.

04:49Saí da Aldebrecht.

04:50Já tem aí 20 anos que eu saí da Aldebrecht.

04:53A DAG já tem 18 anos.

04:56Comecei a trabalhar.

04:57Hoje a DAG, nesses 18 anos, nós já fizemos obras em 7 estados do Brasil.

05:03Hoje nós temos operação em 4 estados do Brasil.

05:09Desde 2008, 100% do faturamento da empresa é privado.

05:14Nós trabalhamos para só grandes grupos empresariais.

05:17E qual o ramo de construção dessa empresa?

05:21Ela é uma construtora, mas nós temos, desde 2006, quando nós começamos a fazer planejamento estratégico,

05:28que inclusive decidimos reduzir ao máximo o contato com o setor público,

05:35nós viemos focando no segmento de saneamento, obras de saneamento e obras industriais.

05:41Em especial, centros de distribuições.

05:44E empreendimentos imobiliários também?

05:45Não, senhor.

05:48Agora, eu gostaria que o senhor me explicasse como que se deu o seu envolvimento nessa aquisição pela DAG,

05:57desse imóvel da Haberbeck Brandão.

06:00Como é que isso chegou, senhor?

06:01Por volta de, na verdade, no final de julho de 2010, início de agosto de 2010, eu fui procurado por Paulo Mello,

06:13então, diretor, superintendente da Odebrecht Realizações no estado de São Paulo,

06:19me convocando para uma reunião.

06:21Essa reunião aconteceu primeiramente no escritório dele, e nesse momento, Paulo me explica e me coloca uma oportunidade de negócio,

06:30que a Odebrecht tinha identificado um terreno para construir um empreendimento,

06:36e que Paulo não queria naquele momento, ele não via com bons olhos,

06:40que a Odebrecht aparecesse para efetuar a compra do terreno,

06:44com o argumento de que era um terreno pequeno e que a Odebrecht, para ele ser um porte maior,

06:50poderia ter um aumento, os vendedores terem,

06:54verem uma oportunidade de aumentar o valor.

06:58E me chama, né, para ser o terrenista, o investidor,

07:01e que depois, quando o empreendimento acontecesse, eu viraria sócio.

07:05Essa é uma modalidade comum, nós, inclusive, já temos outros,

07:09como o Edifício Deuã, em São Paulo, aconteceu de forma bastante similar.

07:13Eu disse que via isso com bons olhos, eu tinha interesse, sim, em estudar isso.

07:18Ele disse que marcaria uma reunião em seguida para me aprofundar no assunto e me dar maiores detalhes.

07:25Esse foi a primeira vez que me veio essa história aí do terreno.

07:30Até pela minha amizade com o Marcelo, apesar da agenda dele ser extremamente corrida,

07:37e a minha também, mas quando havia a oportunidade, a gente sempre se encontrava

07:41para almoçar ou para tomar um café.

07:44E eu me lembro que, bem que, poucos dias depois desse encontro com o Paulo Melo,

07:49encontro com o Marcelo, temos um almoço, um almoço de dois amigos que estão atualizando o assunto,

07:57e no meio da conversa, o Marcelo me pergunta se Paulo Melo haveria me passado,

08:03ou comentado já comigo, da compra do terreno para a Constituição do Instituto Lula.

08:09Eu disse a ele que ele tinha me falado da compra do terreno, não da Constituição do Instituto Lula.

08:14E aí ele me disse que o Roberto Teixeira estava coordenando pela parte do Instituto

08:20a identificação e compra para o futuro Instituto Lula, que ele tinha sido chamado para ajudar nisso,

08:28ele é o Debreche, e ele viu ali uma oportunidade de negócio para mim.

08:33O que ele disse, olha, muito provavelmente você compra o terreno, depois se constrói,

08:39e aí o Instituto vai definir se vai comprar ou vai alugar.

08:42A ideia era que isso acontecesse, a compra do terreno, porque era um terreno que o Instituto queria,

08:49porque queria que fosse naquele local, tinha alguma pressa em resolver logo isso,

08:55e que seria que no início, no ano seguinte, em 2011, um pool de empresas fariam doações ao Instituto,

09:05para a formação do Instituto, e ao Instituto tira a capacidade de fazer investimento

09:09em uma nova sede e em outras coisas que eu não sei, ele não falou.

09:15Então, o negócio era esse.

09:16Depois que o senhor teve esse encontro com o senhor Marcelo Debreche, como é que o assunto se desdobrou?

09:23Pode até se aproximar um pouco do microfone.

09:26Tá bom sim?

09:26Isso.

09:29Eu disse a ele que tinha interesse, porque via que realmente era uma oportunidade de negócio para a minha empresa,

09:34construir para alugar, isso inclusive nas obras de centro de distribuição,

09:39o que a gente chama de build suit, que é a construção por encomenda.

09:44Eu aí, eu mesmo, volto a Paulo Melo, porque realmente foi um negócio que eu achei que era um negócio bom para a minha empresa,

09:49que seria do nosso porte.

09:51Eu procuro o Paulo Melo, Paulo Melo aí me detalha mais algumas, nós temos uma reunião e Paulo Melo me detalha,

09:58ele já tinha umas premissas do que o Instituto tinha passado, do que era necessário, como estacionamento, garagem subterrânea, museu, salões de reunião,

10:09eu me lembro de um mini hotel, que aí com aquela área você consegue estipular mais ou menos se o que o Instituto estava precisando caberia naquele terreno

10:17e o valor para o investimento.

10:21Ele me avisa que vai marcar uma reunião com o Roberto Teixeira, que é a pessoa que o Marcelo já tinha me dito que estava coordenando,

10:26até então eu nunca tinha estado com o doutor Roberto Teixeira.

10:30Paulo me leva, dias depois, Paulo me leva ao escritório do doutor Roberto Teixeira, me apresenta o doutor Roberto Teixeira.

10:38Nessa reunião, o doutor Roberto, de forma bastante pragmática, ele demonstra que a negociação do terreno já vem se alongando por algum tempo,

10:47porque já estavam todas as questões definidas de preço, quem receberia o que, tinha pagamento proprietário,

10:58e aí vale a pena fazer um parêntese, que era um litígio, havia um litígio entre os herdeiros da família, era um espólio,

11:04havia uma briga lá entre os irmãos, entre o irmão e a mãe, e vários pagamentos de concessionária de água e luz,

11:12IPTU, tinha uma ação judicializada de um fornecedor, e ele me passa essa primeira relação,

11:18que montava aí entre 7 milhões e 200 e 7 milhões e 300 o valor a ser pago pelo terreno.

11:25Começamos a discutir algumas coisas específicas, diminuta de contrato de compra e venda e tal,

11:33ele me relata, inclusive nessa planilha tem essa observação, que existia já um contrato de compra e venda assinado com um terceiro,

11:41mas não explicita o nome, e tinha lá, e ele disse que estava colocando um valor ali como uma verba,

11:47um valor pequeno, se eu não estiver equivocado, era um valor entre 30 e 40 mil reais,

11:54e que prefazeriam todo o valor que estava estipulado na planilha.

12:00Eu não entendi esse 30, 40 mil, como assim, 30, 40 mil para quem?

12:07Existia, o que ele me disse, é que existia uma pessoa, um terceiro, que tinha um contrato de compra e venda,

12:13já assinado com o espólio.

12:15Então 30, 40 mil seria para essa pessoa?

12:17Para essa pessoa.

12:17Na hora, eu não me preocupei, porque eu me preocupei com o valor total, que já estava ali definido, correto?

12:25Do meio para o final da conversa, ele me pergunta, na verdade ele me relata,

12:31que um ou mais de um, isso eu não entendi, não me lembro também,

12:34dois vendedores estavam pleiteando receber algum valor em dinheiro ou por fora,

12:42que não estivesse na escritura.

12:44Eu disse a ele que eu não faria isso, de imediato eu parei,

12:47eu disse que eu não faria isso, que se tivesse algum valor por fora,

12:51a DAG não entraria no negócio, basicamente por dois negócios, a excelência.

12:55Primeiro, no build suit, todos os valores têm que ser contabilizados.

12:59Se o senhor tiver um valor por fora, seu plano de negócio não fecha.

13:03E o outro, eu na hora avaliei que seria um risco muito grande,

13:08para mim e para a minha empresa, fazer um pagamento por fora.

13:10Quem que estava presente nessa reunião?

13:11Eu, Roberto Teixeira e Paulo Mello.

13:13Houve discussão do preço? O senhor tentou diminuir o preço, por exemplo?

13:16Não, eu não discuti o preço por uma razão.

13:21Como eu já sabia qual seria o valor do investimento a ser feito,

13:24o valor do terreno estava abaixo do que são margens que nós estipulamos.

13:31No build suit, o preço não pode ser mais do que X% do investimento,

13:34a estrutura tem que ser X%, o acabamento tem que ser X%.

13:38Então, eu, na verdade, ganharia até algum dinheiro pelo valor que estava sendo colocado ali.

13:43E nessa conversa, era mencionado que o propósito era a destinação para o Instituto Lula, desse modo?

13:49Sim, senhor.

13:50Era construir para alugar ou vender ao Instituto Lula.

13:54Certo.

13:54E daí o senhor pode prosseguir?

13:55O que o senhor falou que não acordava com o pagamento por fora?

13:58Aí a reunião se prolongou mais um pouco, o Roberto disse que ia resolver isso de uma outra forma.

14:07Eu me retirei da reunião com o Paulo, nós fomos embora.

14:12Aí eu tive mais uma reunião com o Paulo Melo poucos dias depois,

14:16onde ele me apresentou o Louveira, que eu, na verdade, tinha dito,

14:19olha, nesse momento eu não estou com obra em São Paulo,

14:21então eu precisaria de uma pessoa para me auxiliar com retirada de certidões,

14:26todo o trâmite de cartório.

14:28Ele me apresenta o Louveira, que eu não conhecia então,

14:30eu era o gerente administrativo dele, para ser meu apoio.

14:34Isso nós já estamos falando aí no finalzinho, no meio para o final de agosto.

14:39E aí eu começo as tratativas, e eu tenho uma reunião com o Paulo,

14:44quando eu pego o valor e quando se avançam para datas de pagamentos e valores,

14:48e aí eu vejo que os R$ 7,1 milhões deveriam ser pagos todos no mesmo dia.

14:55Eu procuro o Paulo e digo,

14:56Paulo, a DAG hoje tem caixa para fazer frente a esse pagamento.

15:00Mas como isso foi uma solicitação de vocês,

15:02meu caixa vai apertar muito se eu comprar esse imóvel,

15:06e eu só vou começar a ter receita desse imóvel depois que a obra ficar pronta.

15:10Então vai ser coisa de um ano a dois anos.

15:13Eu queria fazer um pleito.

15:14Eu estou em fase final de negociação de uma obra com a construtora Norberto Aldebrecht,

15:19uma obra grande, que nessa negociação já está incluído um valor de mobilização,

15:25era um valor de R$ 3,350,000.

15:30Esse valor já está negociado e eu queria fazer um pleito.

15:33Eu gostaria de que você pegasse o valor do contrato,

15:36o meu resultado do contrato, ao longo do contrato,

15:39ele fosse antecipado para o momento P0.

15:43Fiz uma conta com o Paulo de quanto seria necessário,

15:47e aí o valor ficou entre R$ 8,200 e R$ 9,300, mais ou menos,

15:52a somatória da mobilização e mais o adiantamento,

15:55a antecipação do lucro da obra.

15:58E ele disse, olha, eu não tenho poder para decidir isso,

16:00eu vou tratar aqui internamente,

16:02e eu lhe retorno, alguém lhe retorna.

16:04Bom, de forma muito rápida, dois dias depois, no máximo,

16:08eu fui chamado para o Benedito Júnior,

16:10diretor-presidente da construtora Norberto Aldebrecht,

16:13eu tive uma reunião com ele no Rio, no escritório dele,

16:16ele me disse que recebeu um input interno,

16:19não me disse que tinha dado esse input a ele,

16:21ele disse, olha, recebi um input de seu pleito,

16:24o valor está entendido que tem que ser acrescido

16:26para você receber de forma imediata,

16:29e aí confirmei que o valor seria de R$ 8,200,00 a R$ 2,000,00.

16:34Foi colocado no contrato original, inicial,

16:39o valor de R$ 8,700,00 e pouco.

16:42Nesse momento, eu acabei fazendo mais um pleito a ele,

16:44que o contrato fosse antecipado a assinatura,

16:47que a assinatura estava prevista para o final de setembro,

16:50aí eu peço que o contrato antecipe para o início de setembro,

16:54para que haja tempo suficiente para eu receber o dinheiro,

16:57e também que diminuísse o prazo para o pagamento desse valor de imobilização,

17:01que foi pago em três ou quatro parcelas.

17:03Certo.

17:04Desculpa.

17:05Não, sim, e daí o que aconteceu?

17:07Aí daí, e ele também me informa que ele já falou com a equipe da obra,

17:11que a equipe da obra estaria em contato comigo,

17:13e aí eu me recordo que o gerente comercial da obra procurou,

17:16o meu gerente comercial,

17:18mandou todas as planilhas, material,

17:21nós fizemos a troca de documentação,

17:23toda a provatória que precisa para começar o contrato,

17:26assinamos o contrato e recebemos os valores de adiantamento.

17:31Os oito milhões?

17:33Oito milhões e setecentos e pouco,

17:34que foram recebidos de forma fracionada.

17:37Qual a obra que era essa que houve essa...

17:39A obra do ProSub,

17:40o estaleiro e a base naval do programa do Sub.

17:42E qual que era a obra que a sua empresa estava fazendo para o Debrecht,

17:46nesse caso, ou iria fazer?

17:47Pronto.

17:48Era a mobilização inicial de todo o canteiro,

17:51havia uma terraplanagem grande a ser feita,

17:52porque é uma área de beira de mar,

17:54e mais o serviço de enrocamento em mar também.

17:57E aí o senhor recebeu esse dinheiro,

17:59e esse dinheiro o senhor usou para pagar o preço do imóvel no Haberbeck?

18:03Sim, senhor.

18:04Eu aí recebo o dinheiro,

18:06e aí começo a fazer os trâmites,

18:08assinar os contratos de compra e venda,

18:10providenciar procuração, etc.

18:13O Dr. Roberto Teixeira também me indicou uma advogada,

18:18que achei que era uma colega dele,

18:20mas agora no processo,

18:21foram até meus advogados que fizeram essa pesquisa,

18:24que essa advogada é até sócia lá do escritório deles,

18:28está lá na relação de sócio.

18:29Mas na época eu não sabia que ela era uma advogada,

18:32porque realmente precisava de uma advogada

18:33para fazer alguns trâmites cartoriais.

18:36Aí compro o terreno,

18:38tomo posse do terreno,

18:39isso no final de setembro,

18:41e aí vai, as coisas vão caminhando,

18:47eu tomo posse,

18:49fiz fechamento da obra que estava aberto,

18:51do terreno,

18:52botei segurança patrimonial.

18:54Já tinha um plano de investimento no imóvel

18:57para adequar ele ao instituto ou na cidade?

18:59O que tinha era o seguinte,

19:01pelo menos o que foi medido,

19:02excelência na oportunidade,

19:04o terreno é esse,

19:06e nesse terreno a edificação que vai ser feita aqui,

19:08nós precisamos de uma área de museu,

19:11auditórios, várias salas de reunião,

19:14tinha inclusive uma espécie de mini hotel,

19:16havia um espaço de trânsito com suítes.

19:19Mas quem te disse isso?

19:20Paulo Melo me passou uma relação,

19:22é um paper,

19:23isso é comum em built-suites,

19:24você recebe,

19:25eu quero fazer isso,

19:27tome aí e me dê pronto.

19:28E tinha um projeto já?

19:29Não, não,

19:30eu pelo menos nunca vi projeto,

19:32excelência,

19:32eu só vi esse paper.

19:33E aí, como é que evoluiu?

19:35Pronto,

19:36e aí,

19:38no final de outubro,

19:39de 2010,

19:41o Louveira me chama em São Paulo,

19:44e me coloca,

19:46confesso até que eu percebi que ele estava

19:47até meio constrangido,

19:50dizendo o seguinte,

19:51olha,

19:51Nerval,

19:52apareceu aqui,

19:54o valor a ser pago ao escritório de Roberto Teixeira,

19:57de 234 mil reais,

19:58mais um valor de 800 mil reais,

20:01que é o terceiro,

20:03que tinha o contrato de compra e venda,

20:06a preferência da compra do contrato,

20:09e esse contrato precisa ser feito com data retroativa.

20:13Eu,

20:14mas isso não estava no combinado,

20:17ele disse,

20:18é isso e tal.

20:19E aí o que aconteceu,

20:20excelência,

20:21a contra gosto,

20:23eu acabei fazendo esses pagamentos,

20:26por dois motivos,

20:27primeiro que eu já tinha gasto 7 milhões,

20:28segundo,

20:30nesse período eu percebi

20:31que o Roberto Teixeira

20:33tinha realmente

20:34uma intimidade muito grande

20:35com a família do ex-presidente,

20:38e eu fiquei com medo

20:39de que uma negativa minha

20:40inviabilizasse o negócio

20:41e eu tivesse problema

20:42de perder os 7 milhões.

20:43E fora isso,

20:45como eu disse

20:45na minha narrativa inicial,

20:47tinha margem,

20:49eu poderia ainda pagar um pouco mais

20:51ao terreno,

20:51porque mesmo assim

20:52o negócio seria bom para mim,

20:54não inviabilizaria

20:55o construir para alugar.

20:56Então o senhor concordou

20:58em assinar um contrato

20:59com data retroativa?

21:00Sim, senhor.

21:01Mas esse contrato

21:02substituiu o anterior, então?

21:03Não,

21:04eu assinei

21:05sem ter contrato

21:06de acessão feita,

21:07a acessão foi feita nessa data,

21:09a oficialização da acessão

21:10foi feita nessa data.

21:11O senhor fez os pagamentos

21:12sem ter um contrato antes?

21:14Não,

21:14o contrato de compra e venda,

21:16no contrato de compra e venda

21:18que está na denúncia

21:19estão lá relatados,

21:21enumerados,

21:21todos os beneficiários

21:23e os valores a serem pagos.

21:24Sim,

21:24mas não é o senhor

21:25que está naquele primeiro contrato?

21:27Não,

21:27aí eu pago,

21:28eu faço um contrato

21:29com os proprietários

21:32para pagar as dívidas

21:34e pago

21:35e compro o terreno.

21:36Mas nesse contrato

21:37não estava o Glauco?

21:38Não,

21:39a primeira vez que eu ouvi

21:40o nome de Glauco,

21:41até então,

21:41o nome de Glauco

21:42nunca tinha sido me falado,

21:43a primeira vez que eu ouvi

21:44falar do nome de Glauco

21:44foi no início de dezembro de 2010,

21:47até então,

21:47eu nunca tinha ouvido

21:48falar o nome dele

21:48e nunca estive com o seu Glauco.

21:51Vim saber quem era Glauco

21:52agora aqui nessa denúncia.

21:53E aí, excelência,

21:56eu queria aqui fazer um,

21:58se o senhor me permite

21:59um parênteses

22:00nesse momento.

22:04Só o pessoal da Aldebrecht

22:06sabia

22:08que haveria um pagamento

22:10de 800 mil

22:10de 234

22:13e essa assinatura

22:13desse contrato

22:14no início de dezembro.

22:18Eu, ouvindo os áudios

22:19de Marcelo,

22:20eu soube

22:21que

22:22ele pega,

22:24peguei aqui

22:26na anexada

22:27que a defesa dele deu,

22:30ele pega aqui

22:31um documento

22:32que diz

22:32que foi sacado

22:351 milhão

22:37234 mil

22:38pela DAG

22:39em Salvador

22:40em express.

22:41O que eu tenho

22:42a dizer ao senhor

22:42é que não foi a DAG

22:44que pegou esse dinheiro.

22:45O que a DAG fez,

22:47estão aqui,

22:48nós pagamos,

22:50eu paguei

22:51Roberto Teixeira,

22:51mesmo ele não tendo

22:52advogado para mim,

22:53Roberto Teixeira

22:54era advogado de todo mundo,

22:55menos meu,

22:56mas eu paguei.

22:58Paguei conta corrente,

22:59saiu da conta corrente

23:00de minha empresa

23:00para a conta corrente dele.

23:02234 mil reais.

23:03Da mesma forma

23:04que o contrato do Glaucus

23:05saiu de minha conta,

23:06da conta da minha empresa

23:07para a conta do Glaucus.

23:09Está certo?

23:10Esse 234 mil aqui,

23:12esse número não é coincidência.

23:14Esse 1 milhão e 234 aqui,

23:16que está aqui

23:17nesse relatório

23:18dessa fábrica de dinheiro,

23:20esse dinheiro eu não peguei.

23:22Um real disso aqui.

23:23Está certo?

23:24Eu gostaria de esclarecer

23:25isso aqui

23:25e estou à disposição

23:27de Vossa Excelência.

23:28Eu preciso de uns

23:30conhecimentos do senhor.

23:32Pelo que eu entendi,

23:33o senhor então fez

23:33os pagamentos

23:34e o senhor nessa época

23:35tinha um contrato

23:36no seu nome?

23:37Contrato de compra e venda

23:39com os herdeiros

23:41e com a DAG.

23:42Exatamente.

23:43Isso está inclusive

23:44na denúncia, Excelência.

23:45Tá.

23:46E isso foi

23:48na época já dos pagamentos?

23:51Entre 20 e 25 de setembro

23:55foram pagos

23:56todos da conta corrente

23:58da DAG

23:58para a conta corrente

23:59dessas pessoas.

24:01Os herdeiros,

24:02conta atrasada

24:03de PTU.

24:03Entendi.

24:04E quando chegou

24:05essa questão

24:05relativa

24:06aos pagamentos adicionais?

24:08800 mil e os 234 mil?

24:10No finalzinho de novembro,

24:12primeira semana

24:12de dezembro.

24:14E aí ele trouxeram

24:15um outro contrato?

24:16Não, não.

24:17Era um contrato

24:19de sessão

24:20do contrato

24:21que eu já tinha assinado.

24:22Na verdade,

24:23esse contrato

24:24precisava ser feito,

24:25Excelência,

24:26porque eu não teria

24:26como pagar o Glauco.

24:27Já que ele tinha um contrato

24:29e ele estava me cedendo,

24:30eu teria que pagar

24:31esses 800 mil

24:32com o contrato

24:33até para dar suporte

24:34na minha contabilidade

24:35e o pagamento seu

24:36contra um pagamento legal.

24:40Tá.

24:41E o senhor chegou

24:41a conhecer o Glauco Costa Marques?

24:43Não, senhor.

24:44Nunca conheci.

24:44Não sei nem quem é.

24:45E qual que foi a explicação

24:46que lhe deram

24:46para esse pagamento adicional?

24:48Que, na verdade,

24:49o Louveira não tinha

24:50muita informação,

24:51mas ele chegou

24:51para mim e disse

24:51tem que pagar logo.

24:52Esse cara é o cara

24:53que tinha o contrato

24:57com a família

24:58e a família ainda

24:59continua em pé de guerra.

25:00Isso corre risco

25:01da escritura não sair.

25:03Então, veja aí.

25:04E eu tomei a decisão

25:05de fazer naquela época,

25:07como eu disse ao senhor,

25:08mesmo com esse 1 milhão,

25:09ainda ficaria

25:10um muito bom negócio

25:12o preço do terreno

25:13no negócio do Bitsuto

25:14como um todo.

25:15E aquela questão

25:16do pagamento por fora,

25:17como é que foi resolvido?

25:19Excelência, eu não sei.

25:21Na reunião,

25:22eu disse a Paulo Mello

25:23e a Roberto Teixeira

25:24que se tivesse

25:25qualquer pagamento por fora,

25:26eu não faria.

25:28Eu não sei.

25:29Vim saber que houve

25:29pagamento por fora,

25:30agora é na instituição

25:30do processo.

25:31Mas teriam feito

25:32pagamento por fora

25:33sem o seu conhecimento?

25:34Excelência,

25:36isso não está

25:37no preço do meu terreno.

25:40Se a Aldebrecht pagou,

25:41quem pagou,

25:42pagou porque quis.

25:43Não fui eu.

25:43Não saiu

25:44de minha conta.

25:46Mas o senhor

25:46não foi nem informado, né?

25:47Não, senhor.

25:48Que alguém estava

25:48quitando esses valores

25:49por fora?

25:50Não, senhor.

25:50Nunca soube.

25:51Vim saber nos processos.

25:53E esse pagamento,

25:54essa corretora aí,

25:55quanto foi pago,

25:56afinal de contas,

25:57por esse...

25:57para a corretora...

25:58da corretora...

25:59Excelência,

26:00essa senhora Edna.

26:02Pronto.

26:03O que aconteceu

26:03na relação

26:05também,

26:06que me foi passada,

26:07que está na denúncia,

26:09tinha lá a Edna

26:10recebendo a comissão dela

26:12de quatrocentos e poucos mil,

26:13inclusive existe um contrato

26:15que nós fizemos

26:16com ela

26:17para dar suporte

26:17ao pagamento

26:18de quatrocentos e poucos mil reais

26:20da comissão.

26:21que se eu pegar

26:22o valor pago

26:22por um valor

26:23que foi pago

26:23no terreno,

26:24vai dar a comissão

26:24de seis por cento

26:25que é a prática de mercado.

26:27Está ok?

26:30Logo depois,

26:31antes de fazer

26:32os pagamentos totais,

26:34existe,

26:35inclusive,

26:35na denúncia,

26:36um e-mail,

26:37que ele está até cortado,

26:38mas nós vamos anexar

26:39aqui toda a trade

26:40do e-mail.

26:41O Roberto Teixeira

26:43solicitando a Louveira

26:44mais dois pequenos valores

26:46para serem pagos.

26:48Um era um reembolso

26:48ao escritório dele,

26:50outro era um reembolso

26:51de um despachante

26:52e pedindo mais

26:53cento e noventa e um mil,

26:54em torno de cento e noventa e dois mil reais

26:56em dinheiro.

26:58Eu respondo nesse e-mail a Louveira

27:00que em dinheiro eu não faço.

27:02Louveira me ligou,

27:03insistiu que fosse feito,

27:05eu dei um andijão sem braço,

27:06me desculpe o termo,

27:07mandei fazer o cheque administrativo

27:08que para mim

27:09o cheque administrativo é dinheiro.

27:10Pegou o cheque administrativo,

27:11Louveira está aqui,

27:11mas em dinheiro.

27:12Está aqui o cheque administrativo,

27:13só resolvo dessa forma.

27:15Eu aí entreguei a ele,

27:17me lembro que aí

27:18duas ou três semanas depois

27:20ele me devolveu

27:20o cheque administrativo.

27:22Isso está na minha contabilidade,

27:23a saída e a volta,

27:24a abaixada.

27:26E para minha surpresa,

27:27também em função

27:28até do que Marcelo fez,

27:29eu fui me debruçar

27:30nos anexos

27:32que a defesa dele

27:33colocou no processo,

27:35está aqui escrito

27:36que se saiu

27:37cento e noventa e dois mil

27:39para o Instituto Lula,

27:41e aí imagino que seja

27:42o mesmo valor,

27:43até pela data,

27:44saiu lá da fábrica de dinheiro

27:45para pagar não sei quem.

27:46Mas e qual que é a explicação

27:47para esse cento e noventa e dois mil?

27:49O senhor já estava recebendo

27:50seis por cento do preço.

27:51É, pare,

27:52isso aqui está no e-mail

27:53de Roberto Teixeira,

27:54Roberto Teixeira diz que é para ela.

27:56Sim, mas qual que é a explicação

27:57que deram para o senhor?

27:58O senhor emitiu o cheque administrativo,

28:00afinal de contas,

28:01depois foi devolvido.

28:02O que eles me falaram

28:03que era uma comissão,

28:04o que eles me falaram,

28:05isso aqui é uma complementação

28:06de comissão.

28:08Mesmo com isso,

28:10o valor subiria da comissão dela.

28:11Mas como realmente

28:12o contexto,

28:13a compra do terreno

28:14exigiu realmente

28:16um trabalho árduo,

28:17pelo que eu percebi

28:18e hoje vindo aqui nos autos,

28:20eles estavam já negociando

28:21esse terreno há bastante tempo,

28:23há mais de dez meses,

28:24eu disse,

28:25tudo bem,

28:26tem que pagar, está certo,

28:27está justo, está combinado,

28:28vocês combinaram,

28:28eu falo,

28:28eu vou pagar.

28:30Agora, por fora eu não pago.

28:31Está certo?

28:32E aí eu fiz o cheque administrativo

28:33que aí foi estornado.

28:35E vendo o material

28:36que o Marcelo anexou,

28:38pela data,

28:39192 mil

28:40e está saindo aqui

28:40para o Instituto Nula.

28:41Para quem o senhor entregou

28:42esse cheque administrativo?

28:43Para Roberto Louveira.

28:46Quantas vezes o senhor esteve

28:47com o senhor Roberto Teixeira?

28:48Excelência,

28:49por volta de cinco vezes.

28:52O senhor chegou a conhecer

28:53o senhor Bramislav Contique?

28:54Não, senhor.

28:55Chegou a estar

28:56com o senhor Antônio Palocci?

28:58A única vez que eu tive

28:59com o senhor Antônio Palocci

29:00foi aqui,

29:00numa audiência que ele estava,

29:02ele até agradeceu,

29:03me lembro que eu estava do lado,

29:04ele agradeceu o senhor

29:05por o senhor ter, acho que,

29:06diminuído a quantidade

29:07de presos na carceragem.

29:08Foi a única vez que eu tive com ele.

29:09Chegou a trocar a mensagem

29:10ou o telefone com eles?

29:11Nunca.

29:12Nem com o Bramislav,

29:13nem com o Glauco.

29:13E com o ex-presidente Luiz Inácio?

29:15Não, nunca estive com o ex-presidente

29:16Inácio Lula da Silva.

29:19O consta aqui,

29:20afirmação de anúncia,

29:21que o senhor,

29:22na sua contabilidade,

29:23foi lançado esse pagamento

29:24para o senhor Glauco

29:25como pagamento de multa?

29:29Excelência,

29:29está até aqui,

29:33deixa eu explicar uma coisa

29:34para o senhor.

29:36Nós temos um contrato,

29:37nosso sistema gerencial,

29:40ele é integrado.

29:41Quando você cria um sistema gerencial

29:43numa construtora,

29:45em que o setor pessoal,

29:46financeiro,

29:47contabilidade,

29:47eu vou explicar isso direitinho

29:49para,

29:50e se o senhor não entenda,

29:51por favor,

29:52pode perguntar à vontade,

29:52porque isso é importante.

29:54Os módulos se conversam.

29:56E eu sou uma construtora.

29:58Na parametrização,

29:59na instalação do sistema,

30:01que é um sistema da TOTS,

30:03há inclusive uma nata cartorial aqui

30:05que explica tudo isso aqui

30:07e confirma tudo isso que eu estou dizendo.

30:10Eu não tinha pagamento,

30:13eu não tinha o item lá.

30:14Eu vou interromper pelo tamanho do áudio,

30:16que já retomamos.

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