Pular para o playerIr para o conteúdo principal
O governo elevou a projeção de crescimento do PIB brasileiro, mas o que isso realmente significa para a economia? O especialista Otto Nogami analisou os impactos e riscos por trás do otimismo.

🚨Inscreva-se no canal e ative o sininho para receber todo o nosso conteúdo!

Siga o Times Brasil nas redes sociais: @otimesbrasil

📌 ONDE ASSISTIR AO MAIOR CANAL DE NEGÓCIOS DO MUNDO NO BRASIL:

🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais

🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562

🔷 ONLINE: https://timesbrasil.com.br | YouTube

🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, TCL Channels, Pluto TV, Roku, Soul TV, Zapping | Novos Streamings

#CNBCNoBrasil
#JornalismoDeNegócios
#TimesBrasil

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00Dos Estados Unidos para o Brasil agora. O governo federal elevou a projeção de crescimento do PIB para 2025 para 2,4%.
00:09Já para os anos seguintes a estimativa ficou em 2,6%.
00:13Esses dados foram divulgados nesta segunda-feira no Boletim Macrofiscal.
00:18E a gente vai entender o que mudou para ter esse leve aumento na projeção, se isso realmente deve acontecer,
00:23conversando agora com o Otto Nogami, que é sócio da Nogami Economia e Estratégias e professor de Economia do INSPER.
00:30Professor Otto, boa tarde, seja bem-vindo ao Money Times mais uma vez.
00:35Muito boa tarde, obrigado pelo convite, um prazer estar aqui com vocês.
00:39A gente que agradece a disponibilidade, Felipe Machado, nosso analista, também participa da conversa.
00:44Professor Otto, o que mudou no cenário econômico para justificar esse aumento, ainda que leve,
00:49e o quão realista é essa estimativa do ponto de vista do senhor?
00:55Bom, na verdade não é tão realista assim como se projetava, porque afinal de contas as projeções indicavam aí,
01:03pelo menos as nossas, um crescimento até 2% nesse ano de 2025.
01:09Entretanto, existem algumas componentes importantes a serem consideradas.
01:13Uma delas diz respeito à agricultura.
01:16Então, mais uma perspectiva de uma super safra, e isso acaba impactando, de alguma maneira,
01:22numa melhor performance da nossa economia.
01:25Mas tem um outro detalhe, mais importante ainda, que diz respeito justamente à antecipação do pagamento
01:31do 13º salário aos aposentados e pensionistas.
01:37Por que eu estou citando isso?
01:39Porque a partir do momento que ele antecipa, então vamos supor,
01:42entre um montante de quase 60 bilhões no mês de abril,
01:46esse dinheiro vai circular pelo menos mais oito vezes ao longo do ano.
01:50Então, isso acaba representando uma contribuição para o crescimento do PIB
01:56da ordem de 500 a 600 bilhões.
01:58Então, isso é que faz com que o próprio governo faça essas novas estimativas
02:04com relação ao crescimento muito maior daquilo que está sendo projetado até hoje.
02:09Agora, temos que considerar tudo ou mais mantido constante.
02:13Então, se não tivermos nenhuma surpresa ao longo do tempo,
02:17muito provavelmente esse 2,4 poderá acontecer.
02:21Certo.
02:21Felipe Machado, sua pergunta para o professor Otto.
02:24Tudo bem, professor?
02:25Boa tarde.
02:26Boa tarde.
02:26Muito bom falar com o senhor mais uma vez.
02:28Professor, a gente tem um certo paradoxo.
02:31De um lado, o governo quer estimular a economia e quer ter um PIB maior.
02:34Do outro lado, o Banco Central quer que a economia desaqueça um pouco
02:38para tentar abaixar a inflação e tal.
02:40Como é que dá para conviver um governo que precisa mostrar um PIB para a sua população,
02:45para, de repente, ter um ganho eleitoral para o ano que vem,
02:48e o Banco Central que fica segurando do outro lado com juros tão altos?
02:52Bom, é a preocupação básica do governo é sempre fazer com que o PIB melhore.
02:56Por quê?
02:56Porque à medida que o PIB melhora, a renda da sociedade como um todo estará melhorando.
03:01Entretanto, o Banco Central tem uma preocupação muito grande, a meu ver,
03:05que diz respeito à condição de oferta da economia.
03:08Ou seja, quais são as perspectivas do setor produtivo da economia
03:13para poder atender essa demanda por parte do consumidor.
03:17E o papel do Banco Central é justamente também trabalhar como sendo um contraponto
03:21daquilo que o Executivo faz.
03:23Então, o Executivo procurando estimular a atividade econômica,
03:27o Banco Central é preocupado se há oferta suficiente para atender
03:31esse eventual crescimento de demanda.
03:36Então, se ele não vê da parte da produção uma perspectiva de melhoria,
03:41então, lógico, ele vai manter essa elevação da taxa de juros.
03:48Os indicadores, que nós chamamos de indicadores antecedentes,
03:53eles mostram aí uma recuperação da confiança, principalmente do consumidor,
03:58com relação à atividade econômica.
04:00Por outro lado, quando a gente analisa a perspectiva do produtor industrial,
04:05ele está com um certo receio daquilo que possa acontecer nos próximos meses.
04:10E, claro, à medida que o setor produtivo não tem uma segurança muito grande
04:15com relação ao futuro, ele vai, não vou dizer reduzir,
04:21mas ele vai expandir a sua produção com maior cautela.
04:26E essa maior cautela, então, pode afetar exatamente essa condição de oferta,
04:32de alguma maneira, podendo pressionar preços na economia.
04:37Professor, pegando em bala aqui nessa resposta,
04:39falar mais de agropecuária, porque ela se destaca, essa área,
04:42esse setor comum, a expectativa de alta, de 6,3%.
04:46Como é que o senhor vê, então, esse setor influenciando
04:49o crescimento econômico geral do Brasil, nesse contexto atual,
04:53em que a gente tem guerra tarifária, tem gripe aviária,
04:57tudo isso pode afetar, de alguma forma, essa projeção ou não?
05:01Sem dúvida alguma.
05:02Principalmente, levando-se em conta que nós somos os maiores exportadores,
05:06hoje, de ovos para a economia mundial.
05:09Agora, temos que levar em consideração o seguinte,
05:13o setor agropecuário, como um todo, na composição do PIB,
05:17ele não é tão representativo.
05:19Então, os reveses, vamos colocar assim,
05:23essas intercorrências, tipo gripe aviária,
05:26ou problema climático,
05:28ele tem que ser muito grande para afetar negativamente
05:32o setor agropecuário e, consequentemente,
05:35afetar negativamente a performance do PIB.
05:37A maior preocupação, sem dúvida alguma,
05:40com relação a essa perspectiva de crescimento,
05:43diz respeito ao setor de serviços,
05:45que é o mais importante componente no cálculo do PIB.
05:49Agora, qual é a relação que a gente pode estabelecer
05:52entre, então, essa performance da agropecuária
05:54impactando na atividade econômica?
05:57Ora, apesar da representatividade do setor agropecuário
06:01na composição do PIB ser pequeno,
06:03a geração de renda que pode ocorrer no campo,
06:07isso acaba se disseminando nos grandes centros urbanos.
06:13E irradiando para os grandes centros urbanos,
06:16isso faz com que a atividade econômica se movimente.
06:20Então, você vai ter aí um movimento maior do setor de serviços,
06:24eventualmente impactando, à medida que o empresário percebe
06:27essa perspectiva de melhoria da renda vinda do campo,
06:32ele muito provavelmente tenderá a produzir mais.
06:36Então, produzindo mais, você vai ter maior geração de renda,
06:39vai ter maior consumo das famílias, enfim.
06:43É uma monopropulsora que faz com que a atividade econômica
06:47ela presente um resultado interessante.
06:50Certo. Mais uma sua, Felipe.
06:51Professor, o Morgan Stanley, o Banco Morgan Stanley,
06:55apresentou um relatório essa semana muito favorável
06:58à Bolsa de Valores brasileira, a Bovespa B3,
07:01dizendo que ela pode chegar até quase 180 mil pontos
07:04até o final do ano, recomendando a compra dos papéis brasileiros.
07:07Como é que, se isso for seguido pelos investidores,
07:09que já tem acontecido aí ao longo das últimas duas, três semanas,
07:13como é que o senhor acha que isso pode influenciar a economia brasileira?
07:16Essa chegada de mais dinheiro externo, mais investimento estrangeiro?
07:19Bom, à medida que a gente tem uma entrada mais significativa,
07:24mesmo que seja do capital especulativo,
07:27isso faz com que cresçam as possibilidades
07:32de um melhor financiamento da dívida pública.
07:34Então, esse é o lado.
07:35O segundo lado, isso faz com que, de alguma maneira,
07:39se faça movimentar a economia,
07:41principalmente à medida que esse capital de curto prazo,
07:44ou especulativo, ele desembarque principalmente nos fundos de renda fixa.
07:51E, na medida que ele desemboca no fundo de renda fixa,
07:54o fundo de renda fixa, na sua composição,
07:57ele tem CDBs, RDBs, RBCs das instituições financeiras,
08:02isso faz com que as instituições financeiras tenham mais recursos
08:05para poderem emprestar,
08:07seja para o consumidor final, seja para a indústria.
08:10E aí, então, isso acaba criando um cenário mais favorável à economia.
08:17E aí, um detalhe importante,
08:19a gente sabe que, nesse período em que a Bolsa esteve realmente
08:23num patamar bem abaixo daquilo que seria o esperado,
08:27isso faz com que o preço dos ativos bursáteis sejam mais baratos.
08:33E talvez aí que esteja a atratividade para o capital estrangeiro especulativo,
08:38que vem aproveitando essa oportunidade que esses ativos estão baratos,
08:44combinado com uma perspectiva de melhora da atividade econômica,
08:49perspectiva essa que tende a levar as empresas a terem mais lucro,
08:54tendo mais lucro, lógico,
08:55isso acaba criando um movimento favorável para a Bolsa de Valores.
09:00e torcendo para que realmente esses R$ 180 mil estimados aconteçam.
09:08E, professor, a gente falou de Bolsa de Valores,
09:11eu queria agora passar pelo câmbio,
09:13porque a projeção é de um câmbio de R$ 5,86,
09:19R$ 5,86.
09:21Como é que o senhor vê o impacto desse valor nas importações, exportações?
09:25E que setores podem ser mais afetados por essa variação cambial?
09:29Na verdade, à medida que a gente tem um fluxo favorável de capital estrangeiro,
09:35então, seja o especulativo, seja o capital produtivo,
09:39e ainda associado a um volume de exportação significativo,
09:45então, tudo isso acaba contribuindo para o arrefecimento da taxa de câmbio,
09:49ou seja, uma valorização da moeda nacional.
09:52Essa valorização da moeda nacional favorece a nossa economia
09:57no aspecto, principalmente, consumo das famílias.
10:02Porque, à medida que nós temos, conforme eu comentei agora há pouco,
10:05uma oferta relativamente reduzida à necessidade real do nosso mercado,
10:13então, a dependência à importação é relativamente grande.
10:18Tanto é que a gente tem verificado, nos últimos meses,
10:21o crescimento do volume de importações,
10:24principalmente para o consumo das famílias.
10:27Então, isso, à medida que a nossa moeda se valoriza,
10:31ou seja, à medida que o câmbio cai,
10:32isso barateia esses produtos,
10:35impactando positivamente sobre os preços na economia.
10:40Então, aí, talvez a gente tenha uma componente que ajude
10:45a essa redução dos preços,
10:50e, principalmente, levando-se em conta o setor produtivo,
10:55que depende também da importação de bens intermediários,
11:00uma moeda nacional valorizada,
11:03faz com que esses bens intermediários cheguem mais baratos,
11:07consequentemente, também impactando no preço do produto final.
11:11Então, esse fluxo de capital estrangeiro
11:13que nós estamos verificando nos últimos dias,
11:15é extremamente interessante nesse sentido,
11:17porque talvez isso ajude ao Banco Central
11:21controlar melhor os preços na economia.
11:24Agora, tem um alerta importante,
11:27desde que não hajam discursos muito inflamados
11:31que assustem esse capital estrangeiro
11:33e levem a uma desvalorização da nossa moeda novamente.
11:36Está certo.
11:38Professor Otto Nogami,
11:39sócio da Nogami Economia e Estratégia,
11:41sempre muito claro, coerente na entrevista.
11:44Muito obrigada.
11:45Volto sempre aqui ao Money Times.
11:47Boa tarde para o senhor.
11:47Muito obrigado.
11:49Boa tarde e um abraço a todos.
11:51Até a próxima.
11:51E aí
Seja a primeira pessoa a comentar
Adicionar seu comentário

Recomendado