Na Super Quarta, o diretor de investimentos da Nomos, Beto Saadia, analisou, em entrevista ao Money Times Brasil, as expectativas para as decisões de juros no Brasil e nos EUA, e os possíveis impactos no mercado.
🚨Inscreva-se no canal e ative o sininho para receber todo o nosso conteúdo!
Siga o Times Brasil nas redes sociais: @otimesbrasil
📌 ONDE ASSISTIR AO MAIOR CANAL DE NEGÓCIOS DO MUNDO NO BRASIL:
🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais
🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562
🔷 ONLINE: https://timesbrasil.com.br | YouTube
🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, TCL Channels, Pluto TV, Roku, Soul TV, Zapping | Novos Streamings
00:00E o mercado financeiro está na expectativa nesta quarta-feira esperando o anúncio do ajuste da taxa de juros no Brasil pelo Copom e lá nos Estados Unidos pelo FED.
00:11O diretor de investimentos da Nomos, Beto Saad, está aqui no Money Times para conversar com a gente sobre as expectativas em torno desses índices.
00:19Tudo bem, Beto? Boa tarde para você. Bem-vindo de volta.
00:23Tudo bom, boa tarde. É um prazer estar aqui novamente.
00:25Felipe Machado, nosso analista, participa da conversa também.
00:28Bem, Beto, quais são as suas expectativas para as duas decisões de hoje?
00:33Pode começar pelo FED, pelo Banco Central do Brasil.
00:37Você acha que o mercado já precificou nos Estados Unidos o ajuste da taxa de juros por lá?
00:44Sim, já precificou e nos Estados Unidos está até mais precificado essa decisão que ocorre daqui a pouquinho.
00:51Agora nos Estados Unidos, por parte do FED, de manutenção agora da taxa de juros americana.
00:57E provavelmente ainda é esperado mais uma manutenção na próxima reunião também, tá?
01:02Então, o que os Estados Unidos passam agora é um momento de bastante certeza em que, gente, vamos lá, é a primeira reunião, é a primeira superquarta que acontece depois daquele Liberation Day, daquele dia que o Trump mostra, aquele cartaz enorme, com todas aquelas tarifas para os países, inclusive como principal alvo a China.
01:23Então, esse é a primeira superquarta, por isso que vai ser muito curioso também a coletiva de imprenta depois com o Powell.
01:28E também para a próxima reunião a gente espera mais uma manutenção e uma expectativa maior de inflação por conta de tudo isso nos Estados Unidos.
01:35No Brasil, a gente tem aí uma expectativa de 50 pontos, não é tão óbvio assim, existe uma minoria do mercado que ainda está apostando numa alta menor de 25 pontos, mas a gente ainda acredita numa alta de 50 e, provavelmente, aí sim, na próxima reunião de junho, a manutenção dos juros chegando, depois de muito tempo, o fim de mais um ciclo de alta de juros no Brasil.
02:01Felipe, sua pergunta para o Beto.
02:03Legal, Beto, boa tarde.
02:05Não, você falou bem, uma minoria aí está acreditando que pode ser 0,25, mas a maioria, como você disse, também está no 0,50.
02:14Você acha que essa vai ser a última subida de juros pelo Copom nesse ano?
02:21Obrigado pela pergunta, eu não acho, eu acho até que é um pouco ingênuo a gente achar que a pressão inflacionária aqui no Brasil se encerrou, eu acho que não é o caso.
02:29Na verdade, existe uma ameaça até que pode vir de fora, eventualmente, numa recessão maior dos Estados Unidos, que pode levar o nosso dólar ao patamar muito próximo ao que estava ali próximo dos 6 reais.
02:42É um risco que está no radar e também do nosso lado aqui existe o risco fiscal.
02:47A demanda agregada ainda está muito forte.
02:50A gente vê cada vez mais estímulos fiscais e parafiscais vindos do próprio governo, sendo que a gente nem entrou em ano eleitoral ainda.
02:57Então, isso pode pressionar o consumo e acabar pressionando a inflação.
03:01Em relação à valorização da nossa moeda, é importante dizer que ela ocorreu sim, mas grande parte dessa valorização ocorreu em janeiro e fevereiro.
03:09Ou seja, a reunião anterior do Copom, de alguma forma, já estava incorporado toda essa valorização do real pós virada de ano.
03:19Desde a última reunião do Copom para esse dia que a gente está hoje, não teve uma valorização do real tão expressiva assim.
03:27Então, não acho que isso vai ser um ponto crucial dentro do comunicado como um todo.
03:31Roberto, quero aproveitar a sua presença aqui para te pedir para trazer para a nossa audiência a informação de por que essas decisões são tão importantes,
03:41por que a gente está todo mundo de olho nelas, como é que elas podem impactar o mercado financeiro e a vida das pessoas,
03:48ainda que elas não estejam ali tão ligadas ao meio econômico diretamente.
03:52Exato, e mais ainda quando acontece o que a gente está vivendo hoje, que é a super quarta, que é a combinação de duas reuniões extremamente importantes de bancos centrais,
04:05que é a nossa própria aqui, brasileira, quanto a americana, que também muito nos afeta, principalmente porque grande parte do nosso volume de investimentos,
04:14de bolsa de valores, de renda fixa e tudo mais, ele depende muito do fluxo estrangeiro e grande parte desse fluxo, sim, é americano.
04:21Mas essas decisões de bancos centrais, elas têm como objetivo final colocar a nossa inflação na meta.
04:29Eles são ali o arcabouço do nosso xerife da inflação e isso justamente atinge principalmente as camadas mais pobres da população.
04:41Quando a gente tem uma inflação muito próxima à meta ou uma inflação baixa, a gente tem uma economia com menos desigualdade
04:47e uma economia onde principalmente os passos mais baixos conseguem ter um poder de compra muito relevante.
04:55Perfeito.
04:56Felipe, mais uma só.
04:56Opa, Beto, eu queria te perguntar uma coisa que sempre quando a gente vê essa história de super quarta, com as duas decisões no mesmo dia, sempre me vem à cabeça.
05:04No Federal Reserve Bank, a gente tem um mandato duplo, ou seja, eles ficam de olho na inflação, mas eles também estão de olho no emprego.
05:13Então, eles têm duas tabelas, dois objetivos com a decisão da taxa de juros.
05:20No Brasil, como é que funciona?
05:21É apenas a inflação?
05:23Está na hora do Banco Central brasileiro ter também algum outro tipo de mandato duplo?
05:27Ter um olhar um pouco mais social?
05:28Ou apenas a inflação já é suficiente no caso do Brasil?
05:31Como é que você vê essa diferença entre os dois bancos centrais?
05:36Perfeito.
05:36E no caso do Brasil, mesmo se houvesse ali um olhar mais próximo em relação ao mercado de trabalho,
05:43ainda assim o Banco Central perceberia como o nosso mercado de trabalho está extremamente aquecido.
05:49Inclusive, um dos pilares ali da pressão na inflação através da inflação de salários.
05:53Ou seja, eu escuto muito que o Banco Central, principalmente daqueles...
05:57As pessoas um pouco mais leigas de que o Banco Central tem o interesse de gerar um desemprego estrutural
06:04para colocar a inflação na meta.
06:05Então, isso não é verdade.
06:06Na verdade, o objetivo do Banco Central é gerar um desemprego no curto prazo
06:10para que o emprego no longo prazo se mantenha estável e crescente.
06:15Então, em relação ao duplo mandato, obviamente o FED é muito mais à luz disso no FED,
06:22essa questão do duplo mandato, porque a inflação nos Estados Unidos existe um tratamento bem diferente.
06:29Lembra que a própria meta de inflação para o americano não é uma coisa muito antiga como é no Brasil,
06:34é uma coisa nova.
06:35O FED sempre teve um alvo de inflação.
06:38Só depois da virada dos anos 2010 que o FED passou a ter, de fato, uma meta cravada em pedra
06:43no seu estatuto, como é assim no Brasil.
06:46Então, para os Estados Unidos, a inflação, como é um país que não tem uma memória hiperinflacionária
06:52como nós brasileiros tivemos nos anos 90, não é tão necessário ser um guardião tão firme
06:57da inflação nos Estados Unidos, porque ela não dispara por qualquer motivo.
07:01É diferente um pouco no Brasil.
07:02E aí me vem, esse assunto me vem exatamente na cabeça aqui, agora a frase do Alckmin,
07:08de querer criar uma espécie de um núcleo de inflação para o Banco Central ter perseguido.
07:16Não existe isso, não deveria existir.
07:18Obviamente, o núcleo de inflação, que é aquela inflação que exclui alimentos e energia,
07:23ele é um instrumento extremamente relevante para a tomada de decisão do Banco Central,
07:27mas a gente sabe que o Banco Central tem que ter a meta de inflação,
07:30que é o IPCA, que é exatamente a cesta de consumo e representa, de fato, o que o brasileiro consome,
07:36e obviamente tem as suas evoluções e tudo mais.
07:39Nos Estados Unidos, você consegue usar outros instrumentos alternativos,
07:43você consegue, eventualmente, até ter, ser um guardião menor da inflação,
07:47porque a memória inflacionária do americano, ela é muito menor,
07:51a economia é menos indexada à inflação.
07:54Os salários lá, eles não evoluem conforme a inflação,
07:57os contratos de aluguéis nem sempre evoluem conforme a inflação,
08:01assim como a educação e tudo mais.
08:02No Brasil é diferente.
08:03No Brasil, tudo é muito indexado à inflação.
08:06Então, precisa de um carinho especial,
08:09considerando também que a gente é um país emergente,
08:11de uma moeda que não é tão forte quanto o dólar.
08:14Interessante esse ponto que você trouxe,
08:16do fator histórico, cultural, emocional até,
08:20como que tudo isso impacta nas decisões monetárias, financeiras.
08:26E, pegando em bala, então, na minha pergunta anterior,
08:29que eu te pedi para explicar,
08:30por que é tão importante a gente ficar de olho,
08:32como que a superquarta influencia na vida das pessoas reais,
08:35você explicou bem a questão do controle da inflação,
08:38a importância disso, o impacto que ela tem na vida das pessoas,
08:42especialmente de baixa renda.
08:43Agora, a taxa de juros também,
08:46que é o resultado, de fato, da superquarta,
08:50muda tudo no comportamento dos investidores
08:52e nas decisões das empresas.
08:54Beto, queria te ouvir um pouco sobre isso também.
08:57Pois é.
08:58E a superquarta, ou a reunião do cupom e a reunião do PED,
09:01ela, na verdade, acaba corroborando
09:03grande parte do que o mercado já espera.
09:06Então, se você for ver pela movimentação de mercado,
09:10pela volatilidade,
09:11e quem olha o dia inteiro na tela,
09:13percebe que a reunião do cupom,
09:16as reuniões de bancos centrais,
09:17elas não mexem tanto assim com o mercado no dia seguinte.
09:21Geralmente, essas mudanças ocorrem,
09:23por exemplo, do outro lado de Brasília,
09:25que é quando o governo,
09:27eventualmente,
09:28anuncia medidas que aí sim são inflacionárias.
09:31Ou, por exemplo,
09:31quando sai um índice de inflação
09:33um pouco acima do esperado,
09:35quando a gente tem, por exemplo,
09:36uma crise climática,
09:37como eventuais,
09:38como ocorreram alguns eventos no ano passado,
Seja a primeira pessoa a comentar