Maior investigação do PCC prescreve após 10 anos e termina sem julgamento

Os Pingos Nos Is

A maior investigação já realizada pelo Ministério Público de São Paulo contra o PCC terminou sem qualquer punição. O dossiê reuniu, por três anos e meio, milhares de interceptações, relatórios, apreensões e depoimentos que levaram à denúncia de 175 criminosos, incluindo Marcola. O caso se arrastou por mais de uma década com recursos e liminares, até prescrever.  Assista na íntegra:  https://youtube.com/live/rq9pr9FFaNU Baixe o app Panflix: https://www.panflix.com.br/  Inscreva-se no nosso canal: https://www.youtube.com/c/jovempannews  Siga o canal "Jovem Pan News" no WhatsApp: https://whatsapp.com/channel/0029VaAxUvrGJP8Fz9QZH93S  Entre no nosso site: http://jovempan.com.br/  Facebook: https://www.facebook.com/jovempannews  Siga no X: https://x.com/JovemPanNews  Instagram: https://www.instagram.com/jovempannews/  TikTok:  https://www.tiktok.com/@jovempannews   Kwai: https://www.kwai.com/@jovempannews  #JovemPan #OsPingosnosIs

Transcript

00:00A maior investigação já produzida pelo Ministério Público de São Paulo contra o PCC

00:04foi encerrada sem qualquer punição.

00:07O dossiê reuniu ao longo de três anos e meio milhares de interceptações telefônicas,

00:13documentos, relatórios, apreensões de armas, drogas,

00:17além de depoimentos que levaram à denúncia de 175 criminosos,

00:22incluindo Marcos Williams Herbas Camacho, ele é o Marcola, o chefe da organização.

00:27Apesar do volume robusto de provas, as inúmeras decisões liminares,

00:33sucessivos recursos, fragmentações da ação penal e discussões procedimentais

00:38fizeram o caso se arrastar por mais de uma década e foi prescrito.

00:43A investigação foi descrita pelos promotores como o maior mapeamento

00:47da história do crime organizado no Brasil e trazia um raio-x completo e inédito

00:52da estrutura da facção, revelando, dentre outras coisas, planos de homicídios,

00:58resgates e atentados, além de revelar o faturamento milionário do grupo,

01:04cerca de 10 milhões de reais naquela época.

01:07Vou chamar o delegado Palumbo para trazer a análise, a investigação

01:11sobre a maior investigação feita sobre o PCC e acabou sem o julgamento

01:17dessas figuras, né, delegado?

01:20É tipo fazer um gol e o VAR vem e fala, não vale nada.

01:23Mas, enfim, serviu para mapear, serviu para mostrar quem são os líderes,

01:28mas não se pode punir porque a prescrição está no direito

01:32e a perda do Estado de poder punir alguém ou exigir judicialmente

01:36alguma coisa, mais uma benécia do crime, que vai se beneficiar com isso.

01:42É lamentável, a gente lamenta muito que a justiça é extremamente morosa

01:46em alguns casos e extremamente séria em outros, como a gente viu aí

01:51no julgamento dessas pessoas que estavam no dia 8 de janeiro,

01:56foi super rápido, prisão, julgamento.

02:01Sim, o Brasil, infelizmente, é assim, né?

02:04A justiça, ela deveria ser cega, por isso que a estátua tem uma vida nos olhos,

02:09mas as injustiças são visíveis para quem quiser enxergar.

02:13Ô Cedávila, qual é a discussão que a gente precisa fazer

02:16após um trabalho tão aprofundado sobre a atuação dessa facção criminosa,

02:22mas também a prescrição, né?

02:25Passou muito tempo e, no final das contas, esses criminosos não foram julgados.

02:31Bom, primeiro, frustração.

02:33Frustração com o trabalho primoroso aqui da Procuradoria de São Paulo,

02:40a promotoria fez um trabalho excepcional e isso foi jogado fora.

02:45Por quê?

02:46Porque os mecanismos protelatórios se sobrepuseram às evidências cristalinas

02:54levantadas pela investigação.

02:56O que mostra que, no Brasil, quando se tem muito dinheiro,

03:02é possível fazer com que o processo prescreva

03:06e que bandidos saiam pela porta de entrada da cadeia.

03:11É mais um tapa na cara da sociedade

03:14que vê o avanço do crime organizado,

03:17a cooptação da justiça

03:19por essas organizações como o PCC

03:24que cada vez mais transformam o Brasil no narco-estado.

03:29Esse é um ponto muito importante.

03:31Deixa eu até passar para o delegado Palombo.

03:33Delegado, estamos falando de organizações criminosas

03:36que têm muito dinheiro, né?

03:37Podem contratar advogados caríssimos, né?

03:40Bancas renomadas de advocacia

03:42e aí, com uma boa defesa,

03:46esses advogados conseguem protelar ao máximo

03:49o avanço desses processos.

03:51E aí acontece justamente isso, a prescrição.

03:54Muitos acabam sendo julgados por outros crimes.

03:56Mas qual é a análise que a gente precisa fazer

03:58sobre o poderio econômico

04:01e como isso acaba ajudando os criminosos?

04:05A análise que a gente precisa fazer, Caniato,

04:07é que chefes de facções, crimes hediondos,

04:10tem que ser imprescritível.

04:11O Ministério Público fez um trabalho brilhante

04:14com o apoio da polícia, da polícia civil, principalmente.

04:17Chega a descobrir fatos revelantes,

04:21criminosos de alta periculosidade

04:23e aí você oferece uma denúncia

04:26que depois, por força de lei,

04:28passado um período,

04:29o Estado não tem mais o direito

04:31de sequer prosseguir com aquela ação.

04:33É extinta a ação.

04:34E o bandido é que se dá bem.

04:36Então, o faccionado, crimes hediondos,

04:38crimes pesados, tem que ser imprescritível.

04:41Não adianta.

04:43Às vezes o processo se arrasta por décadas,

04:45como foi o que aconteceu.

04:47Homicídios também, se não julgar em 20 anos,

04:50não tiver uma solução em 20 anos,

04:52você pode achar esse indivíduo,

04:54depois do 21º ano,

04:56não vai acontecer absolutamente nada com ele.

04:58Ele pode até bater no peito,

04:59ele matei mesmo.

05:00Matei mesmo que não vai acontecer nada,

05:01porque está na lei a prescrição.

05:04Então, a gente precisa entender,

05:06a sociedade precisa entender,

05:08através dos seus parlamentares,

05:11claro que não são todos,

05:12uns são bem linha dura,

05:13tem vários deputados linha dura,

05:15de que a gente tem que acabar com a prescrição

05:17no caso desses crimes,

05:18para que isso não ocorra um trabalho

05:20bem feito de investigação,

05:22mas como o Dávila mesmo falou,

05:24você tem um advogado,

05:25você tem recurso,

05:26você não tem um advogado,

05:28você tem vários advogados

05:30contratados pelo crime organizado,

05:32que pagam por mês,

05:35são salários altíssimos

05:37para eles serem funcionários exclusivos

05:39do crime organizado.

05:41E aí acontece isso,

05:42eles vão achando as brechas na lei,

05:44vão entrando com recurso aqui,

05:45outra colar,

05:46fazem conta até prescrever.

05:49Quando prescreve, pronto,

05:50está prescrito, acabou.

05:51Não tem mais o que se fazer,

05:53é um trabalho inteiro jogado fora,

05:55o suor de policiais,

05:56o suor de promotores

05:58que acabam ficando frustrados

05:59por não poderem ir até o final

06:01e dar uma punição exemplar

06:03a esses criminosos,

06:04que mais uma vez,

06:06por causa das benéficas da lei,

06:08acabam sendo beneficiados.

06:10Tem bancas famosas

06:12e advogados conhecidos

06:14que são apontados

06:15como defensores

06:16de integrantes

06:17de facções criminosas.

06:19Inclusive, aqui em São Paulo,

06:20se falou de muitos nomes.

06:22Ah, esse daqui já defendeu fulano,

06:24essa banca aqui

06:24ganhou muito dinheiro

06:25porque defendeu aquele chefão.

06:27Enfim,

06:28há histórias e mais histórias

06:29quando a gente fala

06:30de advogados que defendem

06:31integrantes de facções criminosas.

06:34Você, Diego,

06:35a maior investigação da história

06:36e uma sensação de frustração,

06:40quais são suas reflexões

06:41a respeito desse importante trabalho

06:43que foi desenvolvido,

06:45muitos apontamentos.

06:47Sabemos muito mais

06:48da atuação do crime organizado

06:50por conta dessa investigação

06:52que durou tanto tempo.

06:53mas, no final das contas,

06:55muitos se frustraram,

06:57porque não necessariamente

06:59houve julgamento

07:00e essas pessoas acabaram

07:02ficando fora da...

07:05tranquilamente nas suas casas.

07:06Enfim,

07:07queria que você trouxesse

07:08a análise sobre

07:09a prescrição desses episódios,

07:11desses casos.

07:13Pois é, Caniato,

07:14é aquele descompasso

07:15que existe entre a realidade brasileira

07:17e aquilo que dispõe

07:19a nossa legislação.

07:20É muito frustrante

07:22comemorar o bom trabalho

07:23feito pela polícia militar

07:24em operações,

07:26em reiteradas operações

07:27contra o crime organizado,

07:28mas não vê o sistema de justiça

07:30dando o andamento

07:32que a sociedade espera,

07:33dando a punição

07:34que merecem essas pessoas.

07:36Enfim,

07:37isso é o que cria

07:38esse solo fértil,

07:39essa terra roxa

07:40para que o crime organizado

07:42floresça aqui no Brasil.

07:44Não à toa,

07:45ano após ano,

07:46as facções criminosas

07:47aumentam as suas receitas.

07:48Não à toa,

07:49ano após ano,

07:50o Brasil passa

07:51a receber operações

07:52também de organizações

07:54criminosas estrangeiras,

07:55como já foi desbaratado

07:56pela Polícia Federal

07:57até mesmo

07:58uma célula do Hamas

07:59atuando aqui

08:00em solo brasileiro.

08:02Então,

08:02eu reitero

08:03o meu argumento anterior,

08:04é necessário

08:05uma reforma

08:06do sistema de justiça,

08:07é necessário acabar

08:08com o tanto de benefícios,

08:10inclusive os benefícios processuais,

08:12as possibilidades infinitas

08:14de recurso,

08:15a possibilidade infinita

08:16que esses criminosos,

08:17que têm um poder econômico

08:19justamente para contratar

08:20esses bons advogados,

08:21que não tem nada a ver

08:22com as brechas

08:23que tem o sistema de justiça,

08:26apenas se utilizam

08:27dessas possibilidades

08:28que a própria lei oferece.

08:30Mas, enfim,

08:30os criminosos têm dinheiro

08:31para contratar esses advogados

08:32e, assim,

08:33postergam os seus processos.

08:35Jogam o processo

08:36para um tribunal,

08:37depois faz um recurso

08:38procedimental

08:38para um tribunal superior,

08:40joga para o STF,

08:41volta para o STJ,

08:43aí volta a discutir

08:43o mérito

08:44no Tribunal de Justiça,

08:45quando é o momento

08:46de se, de fato,

08:47julgar o mérito

08:49dos crimes praticados,

08:50aí ocorre o que nós estamos

08:52noticiando hoje aqui.

08:53É mais um absurdo,

08:54tal como foi um absurdo

08:55quando nós tivemos

08:56que repercutir

08:57que o André do Rap

08:59foi colocado

08:59em liberdade,

09:01tal como foi um absurdo

09:02quando nós tivemos

09:02que repercutir aqui

09:03que o André do Rap

09:04teve devolvido

09:05um helicóptero,

09:06devolvido um imóvel

09:07de alto valor,

09:09tal como nós tivemos

09:10que repercutir aqui

09:10tantos outros líderes

09:12de organização criminosa

09:13que são colocados

09:14em liberdade

09:15em razão de questões

09:16processuais,

09:17depois fogem,

09:18deixam o país,

09:19nunca mais são encontrados

09:20e seguem controlando

09:21as atividades

09:22das facções criminosas.

09:24Se nós não

09:25Travou de novo

09:28o sinal do Diego,

09:29mas a gente

09:29compreendeu bem

09:31a análise

09:31e a defesa

09:32feita por ele.

09:33Deixa eu passar

09:34mais uma vez

09:34para o Dávila

09:35que a gente tem

09:35acompanhado, né Dávila,

09:37as discussões

09:38e o avanço

09:38daquele PL

09:39anti-facção.

09:41É um PL

09:41que reúne

09:43dispositivos

09:44para consertar

09:46a legislação

09:47e enfrentar

09:49o crime organizado,

09:51as facções criminosas,

09:53dará mais poder

09:55às forças policiais

09:56para enfrentar

09:57essas mega-facções?

10:00Colabora, Caniato,

10:01mas nós precisamos

10:03da lei anti-máfia

10:04e essa lei anti-máfia

10:06provavelmente

10:07vai estar dividida

10:09um pedaço

10:10na lei anti-facção,

10:11outro pedaço

10:11na PEC da segurança

10:12e outro ainda

10:13a ser apresentado.

10:15Aquele conjunto

10:16de medidas

10:17da lei anti-máfia italiana

10:18deveria servir

10:20de exemplo

10:21para o Brasil,

10:22porque ali tem

10:22algumas coisas

10:23já contempladas,

10:24por exemplo,

10:25no PL

10:26anti-facção.

10:28Por exemplo,

10:29o cumprimento

10:29da pena

10:30na PEC da segurança

10:32da pena integral,

10:34ou seja,

10:34zero

10:35de redução

10:36de pena,

10:37isso é importante.

10:38tem no PL

10:39da anti-facção

10:41também

10:41a construção

10:43de presídios

10:44de segurança

10:44máxima

10:46para isolar

10:47faccionados

10:48de demais criminosos,

10:49isso também

10:50é outra medida

10:51absolutamente

10:52importante,

10:54mas tem uma

10:54outra medida

10:56que não está

10:56contemplada

10:57nem no PL

10:59anti-facção

10:59e nem na PEC

11:01da segurança,

11:02que é a criação

11:03de uma agência

11:04independente,

11:05como é a famosa

11:06DEI na Itália,

11:08que permite

11:09justamente

11:10reunir

11:11promotores,

11:12Receita Federal,

11:14Polícia Civil,

11:15Militar,

11:16todo mundo

11:17que participa

11:18para criar

11:19este quebra-cabeça

11:21do crime organizado,

11:22da sua movimentação

11:23financeira,

11:24das suas atividades

11:24criminosas,

11:25muito parecido

11:26como foi feito

11:27nesta apuração

11:29da investigação

11:30aqui em São Paulo,

11:31que agora vai ser

11:31jogada na ata

11:32do lixo,

11:33porque isso

11:34faz com que

11:35as organizações

11:37mafiosas

11:38sejam mapeadas

11:40em todas

11:41as suas atividades,

11:42inclusive as atividades

11:43internacionais,

11:44e sejam combatidas.

11:46Não é por outra razão

11:47que atividades

11:49mafiosas

11:49na Itália

11:50estão cada vez mais

11:51indo para outros

11:52países,

11:53como o Brasil,

11:54por causa do rigor

11:56da lei

11:56e da pena

11:57na Itália.

11:59Pois é,

12:00daqui a pouco

12:01o Diego Tavares

12:01volta com a gente,

12:02daqui a pouco

12:03ele vai trazer

12:04as análises

12:04sobre quais

12:06são os caminhos

12:07possíveis

12:08para evitar

12:08esse tipo

12:09de problema,

12:10o delegado Palumba

12:10apontou que

12:11haveria a necessidade

12:15de você aprovar

12:15uma legislação

12:16que para alguns

12:17casos

12:18o crime

12:20não prescreveria,

12:22e aí

12:22esses integrantes

12:24de facções criminosas

12:25que tem muito dinheiro

12:26podem contratar

12:27vários advogados,

12:29eles não iriam

12:29se beneficiar

12:30desse prazo

12:32da prescrição,

12:33enfim,

12:34é algo que a gente

12:34precisa discutir

12:35também.

12:36Deixa eu só passar

12:36para o delegado Palumbo

12:37enquanto o Diego

12:38não volta.

12:39Delegado Palumbo,

12:40o PL

12:40anti-facção,

12:42um avanço,

12:43faltaram muitas

12:44coisas,

12:45qual seria

12:46o ponto

12:48crucial

12:48que o senhor

12:49se pudesse

12:50incluiria

12:51nesse projeto

12:52de lei?

12:53Olha,

12:54foi um avanço,

12:55saiu da Câmara

12:56dos Deputados

12:57como um avanço,

12:57foi para o Senado

12:58Federal,

12:59já mudaram

12:59praticamente tudo,

13:00já desqualificaram

13:02o projeto

13:03de lei

13:03que saiu

13:04da Câmara

13:04dos Deputados,

13:05diminuindo o pena,

13:06colocando o preso

13:07para votar,

13:09o que tinha sido

13:09extinto aqui no PL

13:11que o relator

13:13colocou pela extinção,

13:15acabando com o auxílio

13:16reclusão,

13:17que é um absurdo

13:17o preso receber,

13:19a família do preso

13:20receber dinheiro

13:21enquanto a família

13:22da vítima

13:22não recebe nada.

13:23Ou seja,

13:24a gente vê um alinhamento

13:25aí do governo federal,

13:27literalmente aí,

13:28não querendo endurecer

13:29as penas,

13:30não querendo tornar

13:31a vida de criminoso

13:32mais difícil.

13:33O que o Dávila falou

13:34é muito interessante.

13:36Quando um bandido,

13:37ele sai,

13:38o criminoso,

13:38o mafioso,

13:39sai da Itália

13:39e procura o Brasil,

13:41é porque,

13:41é lógico,

13:42como o Dávila mesmo falou,

13:43a lei lá está complicada,

13:45ficou ruim para eles.

13:47Isso acontece

13:48em todos os setores.

13:49A gente pode falar

13:51até sobre o crime

13:52que acontece nas ruas.

13:54Quando um bandido

13:55percebe

13:56que não tem

13:57um patrulhamento,

13:57não tem a investigação,

13:58ele vai atacar

13:59vítimas daquele bairro.

14:01Aconteceu muito isso

14:02nos anos de 2018,

14:0417,

14:05quando tinha aquele

14:06novo cangaço,

14:08aonde 20,

14:0930 marginais

14:10com carros blindados,

14:11principalmente SUV,

14:12faziam um furo

14:13na blindagem lá atrás,

14:14colocavam um tripé

14:15com uma ponto 30,

14:16uma ponto 50.

14:18Literalmente,

14:19eles explodiam

14:19um,

14:20dois bancos

14:20por dia

14:21aqui na cidade de São Paulo.

14:23Depois,

14:23com o reforço

14:24do patrulhamento,

14:25com a entrada

14:25de grupos especiais

14:26combatendo esse crime

14:28e com troca

14:28a gente tirou

14:29de vários bandidos

14:30e acabaram perdendo a vida.

14:31O que eles fizeram?

14:32Eles migraram

14:32para o interior,

14:33aonde cidades

14:34que tem uma viatura,

14:36uma delegacia,

14:37a delegacia é fechada,

14:38fica dois patrulheiros

14:40de pistola

14:40e com uma calibre 12.

14:42Eles vão lá,

14:43iam lá,

14:44fechavam a cidade,

14:46colocava grupos

14:48de bandidos

14:49na frente

14:50de batalhões

14:50da polícia militar,

14:51atirando-os

14:52sem parar,

14:53de delegacia,

14:54explodiam o banco

14:54e ir embora.

14:55O crime,

14:56ele procura facilidade,

14:58ele procura

14:59o que é melhor

14:59para eles,

15:00eles têm medo

15:01de uma punição exemplar.

15:04Agora,

15:04aqui no Brasil,

15:05que bandido

15:05que vai ter medo

15:06de uma punição exemplar?

15:07Acabei de citar

15:08o exemplo

15:09daquele feminicida

15:10que ele foi passar

15:11numa audiência

15:11de custódia,

15:12só faltaram

15:13colocar ele numa rede

15:14e alguém abanando ele lá,

15:15perguntando se ele

15:16queria uma massagem no pé.

15:18E quem está assistindo

15:19aquilo lá,

15:20não é só gente de bem,

15:22bandido tem celular,

15:23inclusive na cadeia,

15:23criminoso tem celular

15:25nas biqueiras,

15:26eles ficam lá rolando lá

15:27os grupos de WhatsApp,

15:29Instagram,

15:30Facebook,

15:30olha como é que eles

15:31trataram aqui,

15:32um dos nossos,

15:33olha como a gente

15:33é tratado bem

15:34por esse juiz,

15:35aliás,

15:36os bandidos já sabem

15:38até qual vara,

15:39cidades onde tem

15:40diversas varas criminais,

15:41como por exemplo

15:42Ribeirão Preto,

15:42Campinas,

15:43São Paulo,

15:44eles já fazem conta,

15:45olha,

15:45se eu cair aqui

15:46na primeira vara criminal

15:47de Ribeirão Preto,

15:48cujo juiz é o doutor Guaraci,

15:50ah,

15:50estou ferrado,

15:51porque ele é linha pesada,

15:52eles sabem disso,

15:53eles sabem o promotor,

15:55o promotor aqui

15:55de Ribeirão Preto,

15:56doutor Teutônio,

15:57extremamente em linha pesada,

15:58eles sabem disso,

15:59e ficam com medo

16:00de cair e ser julgado,

16:02processado por essas pessoas,

16:03agora,

16:04quando tem um juiz

16:05já complacente,

16:06bonzinho,

16:07garantista,

16:08que serve café,

16:09quando cai

16:09nesse tipo de vara,

16:12que cai com esse juiz

16:15na vara deles,

16:16ficam extremamente felizes,

16:17pode ficar tranquilo,

16:18que ali é dos nossos,

16:19é assim que pensa o bandido,

16:21não pensem vocês estudiosos,

16:23vocês que passaram a vida

16:24inteira estudando,

16:25no carpete,

16:25no ar condicionado,

16:27que o bandido não fica olhando

16:28quem é que vai julgar,

16:30no grupo de operações especiais

16:31tinha cinco grupos,

16:32lá,

16:33e um supervisor,

16:34que era o 01,

16:35quando tinha a revista

16:36em cadeia,

16:37eles temiam alguns grupos,

16:39e o outro eles não temiam,

16:40porque o delegado ia lá

16:41e comia banana

16:41e tomava café com eles,

16:43é assim que funciona o crime.

16:44Pois é,

16:46o Diego Tavares

16:47conversava com a gente

16:48há pouco,

16:49né Diego,

16:49muito vento em São Paulo,

16:50instabilidade na rede

16:52de energia elétrica,

16:53teve uma queda de energia

16:54onde está o Diego Tavares,

16:56por isso a gente interrompeu

16:59o comentário dele.

17:01Agora,

17:01Diego,

17:02você discorria sobre a estratégia

17:04dos integrantes

17:04das facções criminosas

17:06de protelarem ao máximo,

17:08né,

17:08os processos

17:09com o objetivo

17:10de alcançar a prescrição,

17:12lógico,

17:12eles têm muito dinheiro

17:13e conseguem contratar

17:14muitos advogados,

17:16bancas famosas,

17:16mas qual a saída então?

17:19Tornar alguns crimes

17:20imprescritíveis?

17:24Pois é, Caniato,

17:25estou vivendo a notícia

17:26ao vivo aqui

17:27e sempre também,

17:29sempre importante mencionar

17:30o descaso

17:31da nossa concessionária,

17:32a Enel.

17:33Ventou aqui realmente,

17:34já fiquei sem energia

17:35no escritório

17:35e na minha casa hoje,

17:36estou na casa da minha mãe agora

17:37e também estou sofrendo aqui

17:39com esse péssimo serviço,

17:41infelizmente.

17:42Mas sobre o crime

17:43organizado,

17:44que é de fato

17:44a nossa pauta,

17:46a solução

17:47é entender

17:48que nós temos

17:48hoje no Brasil

17:49duas categorias

17:51de infratores,

17:51nós temos

17:52o criminoso comum,

17:53que também

17:54tem que ser punido,

17:55que também

17:55tem que ser reprovado

17:56pela sociedade

17:57e tem que cumprir

17:58uma pena severa

17:59se possível,

18:00mas nós temos

18:00uma segunda categoria

18:01de criminoso,

18:02que é o faccionado,

18:04que não pode ter

18:05os mesmos direitos,

18:06as mesmas garantias,

18:07porque o faccionado

18:08ele faz do crime

18:09a sua profissão de fé,

18:11é uma pessoa

18:11que dificilmente

18:12será recuperada

18:13e que causa

18:14um problema endêmico

18:15no país.

18:16São invasores

18:17que têm certidão

18:18de nascimento brasileira,

18:19mas que fazem parte

18:20de grupos

18:21que querem separar

18:22pedaços do território,

18:23que querem impor

18:24símbolos,

18:25que querem impor

18:25legislação própria aqui.

18:27Então,

18:27essas pessoas

18:28não podem ter

18:29um tratamento

18:30da lei

18:31que recebe também

18:32o criminoso comum.

18:34Essas pessoas

18:34precisam de uma legislação

18:35que seja mais séria,

18:36que seja mais dura,

18:38precisam de estabelecimentos

18:39prisionais próprios,

18:40tal como nós

18:41acompanhamos

18:42o que aconteceu

18:43em El Salvador.

18:44É um país totalmente

18:45diferente do Brasil,

18:46um país muito pequeno,

18:48mas que tem um laboratório

18:49que merecia

18:49ao menos um estudo

18:50do Brasil.

18:51Você precisa sim

18:52separar essas lideranças

18:54de facção criminosa,

18:55os membros de facção criminosa,

18:57em um presídio

18:58no qual eles não possam

18:59converter outras pessoas

19:00também para facção,

19:02onde eles cumpram

19:03penas mais severas,

19:05onde eles não tenham

19:05acesso à progressão

19:06de regime,

19:07onde eles não tenham

19:08o direito à visita íntima

19:10e tantas outras benesses

19:12que os criminosos

19:13em geral têm.

19:15Então, nós precisamos entender

19:16que existe uma guerra

19:17em curso no Brasil.

19:18Enquanto nós não nos dermos

19:20contas que nós estamos

19:21em uma guerra,

19:21nós não vamos conseguir

19:22tratar esses criminosos

19:23de forma adequada.

19:24E aí, nós vamos sempre

19:26repercutir aqui

19:26o crescimento das facções,

19:29o engrandecimento

19:29da riqueza das facções,

19:31do poder bélico

19:32das facções,

19:33e a resolução

19:33do problema, infelizmente,

19:34vai sendo jogada

19:35só ao debate

19:37de eleição

19:38em eleição

19:39e de forma muito perigosa,

19:41inclusive com interlocutores

19:42das facções

19:43nessas eleições,

19:44porque também não é mais novidade.

19:46As facções criminosas

19:46investem nas eleições,

19:48estão cada vez mais

19:49fazendo parte

19:50da estrutura

19:51do Estado.

19:52Então, o problema

19:52só se agiganta.

19:53Enquanto nós não entendermos

19:54que é uma guerra

19:55e começarmos a enfrentar

19:56isso como uma guerra,

19:57dificilmente a solução

19:58do problema virá.

19:59E aí

20:00o problema virá.

20:00E aí

20:03e aí

20:04e aí

20:08e aí

20:10e aí

20:11e aí

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