- há 8 horas
Talardo José dos Santos, de 79 ano, entrou na TV Itacolomi de 1964. Inicialmente como representante comercial, depois como diretor comercial, cargo no qual permaneceu até o fechamento, em 1980.
Como parte do especial "TV Itacolomi: 70 anos", o Estado de Minas apresenta depoimentos de ex-funcionários da primeira emissora de Minas Gerais que permanece na memória de muitos mineiros que, entre 1950 e 1980, puderam acompanhar uma programação de excelência na dramaturgia, no esporte, no jornalismo e no entretenimento.
CAPÍTULOS DO VÍDEO:
00:00 - Abertura
00:28 - Os caminhos que levaram Talardo à TV Itacolomi
03:08 - "Não tinha faculdade (de televisão)"
04:55 - Como eram os comerciais na era da televisão ao vivo
08:39 - Os outros tipos de comerciais (gravado e slides)
10:48 - A ascenção de Talardo até a direção comercial
13:05 - "Errar é humano não existia na televisão"
14:06 - Como era a relação da TV Itacolomi com a Rede Tupi
14:58 - A crise de audiência da Itacolomi nos anos 60
19:34 - As redes de emissoras e a televisão a cores
21:17 - As publicidades nacionais
22:30 - As publicidades no interior de Minas
26:00 - Últimos meses antes do fim da TV
28:39 - Os últimos dias da Itacolomi
32:48 - A perspectiva da Itacolomi antes do fechamento
35:20 - A audiência das TV mineiras na década de 70
38:29 - Por que a TV Itacolomi marcou tanto os mineiros?
Como parte do especial "TV Itacolomi: 70 anos", o Estado de Minas apresenta depoimentos de ex-funcionários da primeira emissora de Minas Gerais que permanece na memória de muitos mineiros que, entre 1950 e 1980, puderam acompanhar uma programação de excelência na dramaturgia, no esporte, no jornalismo e no entretenimento.
CAPÍTULOS DO VÍDEO:
00:00 - Abertura
00:28 - Os caminhos que levaram Talardo à TV Itacolomi
03:08 - "Não tinha faculdade (de televisão)"
04:55 - Como eram os comerciais na era da televisão ao vivo
08:39 - Os outros tipos de comerciais (gravado e slides)
10:48 - A ascenção de Talardo até a direção comercial
13:05 - "Errar é humano não existia na televisão"
14:06 - Como era a relação da TV Itacolomi com a Rede Tupi
14:58 - A crise de audiência da Itacolomi nos anos 60
19:34 - As redes de emissoras e a televisão a cores
21:17 - As publicidades nacionais
22:30 - As publicidades no interior de Minas
26:00 - Últimos meses antes do fim da TV
28:39 - Os últimos dias da Itacolomi
32:48 - A perspectiva da Itacolomi antes do fechamento
35:20 - A audiência das TV mineiras na década de 70
38:29 - Por que a TV Itacolomi marcou tanto os mineiros?
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NotíciasTranscrição
00:00Olha como é bacana, você liga a TV, que vê o show, tinto de morrer, o sucesso, a emoção, os cartazes, a vibração, fique ligado na Itapolome, quem tem voz está aqui.
00:25Talardo José dos Santos.
00:32Qual idade?
00:3379.
00:36Resumindo, sua trajetória na Itapolome, quais cargos você ocupou?
00:40Eu fui o roteirista comercial da faixa 9, que era a mais importante emissora, depois eu fui contato comercial e finalmente fui diretor comercial, até o ensinamento da emissora.
00:52Eu fui o diretor comercial que mais tempo ficou.
00:55Eu fiquei como diretor durante uns 9 anos, de 71 a 80.
01:01Você começou em 64?
01:0264.
01:03Aos 18 anos?
01:04Aos 18 anos.
01:05O que te levou a querer trabalhar com televisão?
01:08É o seguinte, o meu avô foi diretor dessa casa aqui, do Estado de Minas, foi diretor da área comercial, da parte financeira aqui.
01:17E eu tinha um tio também que era jornalista, Carlos Magno Almeida, que foi diretor do Diário da Tarde.
01:23E Marco Antônio Almeida, que foi diretor da Rádio Guarani.
01:27Então, eu tinha na família alguns referências.
01:33E eu gostava, eu gostava muito de rádio, eu gostava muito de ler.
01:36Minha mãe era professora, então, ela nos ensinou a ler muito cedo.
01:39Eu li jornal todo dia, eu li jornal há anos, as revistas que tinha.
01:43Então, isso tudo me fez acreditar que eu poderia entrar em televisão.
01:47Aí, um dia apareceu uma vaga na televisão, que era simplesmente saber se você fazia uma carta de solicitão de emprego com o Datilofo.
01:56E eu era muito bom o Datilofo.
01:58Então, de cara, eu fui aprovado e entrei na televisão.
02:01Mas você entrou, qual foi o seu primeiro cargo na Itacomã?
02:04Foi esse de programador comercial.
02:08Explica exatamente.
02:09É o que criava, que cria os intervalos comerciales, que prepara os intervalos comerciales.
02:13O que vai para o ar, o intervalo comercial.
02:16Eu que produzi, ali tinha algumas técnicas.
02:20Você tinha que ter a preocupação de não fazer um choque de concorrente e colocar.
02:23Por exemplo, você não podia colocar uma cerveja a brama com uma cerveja na tarde, um agarrado outro.
02:28Porque aquilo era um choque de concorrente.
02:29Então, você tinha que ter bom senso para programar.
02:31Então, era um serviço criterioso.
02:36E depois, você tinha que datilografar tudo aquilo.
02:38Que era a Mimeófrica, não existia Xerox ainda.
02:41Para distribuir para o pessoal que ia trabalhar.
02:43Os técnicos, os câmeras, os produtores.
02:47Você distribuia aquele roteiro comercial para a equipe que ia trabalhar à noite.
02:52O roteiro comercial era feito diariamente.
02:54Eram 365 roteiros por ano.
02:56Porque os intervalos comerciais não eram os mesmos.
03:00Porque o cliente comprava um espaço para um dia, mas no outro dia ele não comprava.
03:04Então, ele não estava naquele programa.
03:05Naquela grade do intervalo comercial.
03:08E nessa parte, eu estou bem curioso com isso.
03:12Pelo seguinte, porque você começou com 18 anos.
03:1418 anos.
03:16Não tinha, por exemplo, faculdade de publicidade, propaganda.
03:18Não.
03:19Você teve um mestre que te ensinou a fazer esse trabalho.
03:21Você teve que aprender na marra.
03:22Tudo na marra.
03:24A televisão é uma coisa interessante.
03:26Tinha uma...
03:27A televisão é o seguinte.
03:28Faz aquele...
03:29Faz...
03:30Tinha uma expressão assim.
03:31Faz aquela porra aí.
03:32Era do momento.
03:34Então, você tinha que saber o que era aquilo.
03:36Você tinha que ter muita...
03:37Muita vivacidade, mas não tinha.
03:39Ela não tinha faculdade.
03:42Pouca paciência das pessoas de ensinar.
03:45E não tinha literatura.
03:47Não tinha literatura sobre televisão.
03:50Então, cada um fazia.
03:51Era muito intuitivo.
03:53A televisão, se precisava de...
03:54Trabalhava-se muito.
03:55Mas você não tinha referência.
03:58Você, na verdade, se espelhava em algumas pessoas.
04:00Como eu estou dizendo, no caso de Clóvis Prático.
04:02Você percebia claramente que ele era muito acima da média.
04:05Então, você procurava saber aquela...
04:06Aquela disciplina do Clóvis.
04:08Aquela...
04:09Aquela...
04:11Aquele comando que ele tinha.
04:13Isso tudo se ia aprendendo.
04:14Mas não tinha.
04:15Não tinha.
04:16Não tinha tempo de ensinar.
04:17E depois eu fui para a área de venda.
04:21Que é o contato comercial.
04:22E assumi, em 71, a direção comercial.
04:27Eu era muito jovem.
04:28Tinha 21 anos.
04:2922 anos.
04:29Eu era muito jovem.
04:31Eu lembro que eu tinha um cara muito de menino.
04:33Eu deixava crescer para dar um aspecto mais circunspecto.
04:36Mais responsável.
04:37Você chegava no clube e dizia...
04:38Que menino?
04:39O que é esse menino falando em nome da minha emissora?
04:41Porque você falava em nome da emissora.
04:43Você ia vender.
04:44Vender a emissora.
04:45Vender o espaço da emissora.
04:46Então, você tinha que criar uma certa credibilidade.
04:49Isso...
04:50Então, eu deixei sempre que, por intuição,
04:52eu vou deixar a brava crescer para dar mais respeitabilidade.
04:56Nesse começo, você entrou em 64.
04:59Como que era a publicidade naquela época?
05:01Ainda tinham os comerciais ao vivo, por exemplo?
05:03Claro que sim.
05:04Claro que sim.
05:06Porque eu existia uma outra função também.
05:07Além dessa do programador comercial.
05:10Eu era coordenador comercial.
05:12Era o terceiro expediente que eu fazia.
05:14Eu trabalhava de oito a meio dia e media seis.
05:17De seis até ser remédio da emissora, dando dez dias.
05:19Tava de dezoito horas por dia.
05:21Para ganhar um pouquinho mais.
05:23O que era coordenador?
05:24É você conseguir colocar a emissora no horário.
05:27A novela tem que estar às oito.
05:28Você tem que...
05:29Você tem que chamar as garotas à propaganda.
05:31Que vai ser que os comerciais ao vivo.
05:33Falar, ó...
05:33O comercial é de um minuto.
05:35Se passar, eu na mesa vou mandar cortar o comercial.
05:38Vai ficar mal para você.
05:39Isso aconteceu várias vezes.
05:40Porque eu era muito rígido.
05:41Muito.
05:41Metiu o coronavírus e falei assim.
05:44Às vezes nós falamos.
05:45Vamos repassar esse comercial.
05:47Vamos tirar algumas palavras.
05:48Você está repetindo aqui.
05:49Isso mesmo.
05:50Tira.
05:50Vamos tirar e tal.
05:51Para ficar dentro do minuto.
05:53Às vezes eu não sei.
05:54Então tá bom.
05:54Eu mandava o diretor de TV.
05:56Clófio.
05:56Corta, Clófio.
05:57Aí ela estava falando.
05:58Ah, porque a cerveja e tal é um delígio.
06:01Cortou.
06:02Eu cortava.
06:02Ficava uma coisa horrorosa no ar.
06:04Mas ela assustava.
06:06Aí no outro comercial que ela ia fazer, ela já não fazia isso.
06:08Eu fazia isso com 19, 20 anos.
06:12Tinha que ter uma autoridade que eu não sei como é que eu adquiri.
06:17A Scrofio era uma dessas pessoas que sempre me dava, me apoiava nessas atitudes.
06:22Então eu vou fazer essa coordenação à noite também.
06:25Mas eu imagino que as garotas, de alguma forma, elas eram punidas caso passassem de um minuto.
06:30Porque a empresa que estava lá, comprava um minuto e a TV dava um minuto.
06:33Não podia caguejar.
06:34Ah, mas elas deviam sofrer no dia seguinte.
06:36A agência de publicidade que tinha aquele cliente, claro que chamava ela lá.
06:40E às vezes perguntava bem por que.
06:43Não, porque passou de um minuto aí.
06:44Daqui eu marquava um minuto.
06:46Chegava perto.
06:47Dava um minuto.
06:47Falei, você marca.
06:48Deu um minuto e eu cortei.
06:50Falei, gostei o que ia cortar.
06:50Isso criava-se um certo ambiente de caminho.
06:55Esse menino é bravo, esse menino é bravo.
06:57Mas televisão tinha que ser bravo mesmo.
06:58Televisão tinha que ser bravo.
06:59Se você não tivesse...
07:00Porque não tinha jeito.
07:01Tudo era ao vivo.
07:03Então o erro...
07:04Não tinha jeito de consertar o erro.
07:06Quando você gravou, você conserta o erro.
07:07Mas ao vivo tem jeito de consertar o erro.
07:09Não é verdade?
07:11E como que era?
07:12Porque eu não lembro quem dos entrevistados me falou que os estúdios de comerciais...
07:19Chegou a ter um estúdio só de comercial.
07:20Estúdio era um só.
07:22Para tudo.
07:23Mas justamente nesse estúdio eu ficava...
07:25Porque como era ter que levar os produtos para demonstrá-lo ao vivo...
07:28Como o estúdio é muito grande, às vezes você criava um ambiente para fazer o comercial ao vivo.
07:34Entendeu?
07:34O estúdio era enorme.
07:36Enorme.
07:36Muito grande.
07:37O Edifício Agaiaca não vizesse o terceiro andar.
07:39E na verdade, praticamente ele ocupava todo o terceiro andar.
07:43Porque ali a economia era 22, 23, 24.
07:46O Edifício Agaiaca.
07:4722 era a parte administrativa, comercial.
07:4923 era onde que era a parte de estúdio.
07:53E 24 era a cabine de controle e cabine de controle.
07:57Bom, jornalismo e tal.
07:58Então, como estúdio é muito grande, você criava um ambiente para aquele comercial.
08:02Que não incomodava o que o resto que você estava fazendo.
08:06Entendi.
08:06Então, fazia o mesmo.
08:07Agora, tinha dois estúdios.
08:08Um outro era pequenininho.
08:10Que era mais para a TV Alterosa.
08:12Que na verdade era uma empresa associada com o Diários Associados da época.
08:18Então, esses estúdios eram muito grandes.
08:21Muito pé direito alto.
08:24E duas coisas que funcionavam bem.
08:26O ar-condicionado funcionava muito bem.
08:29Uma técnica que...
08:31Ninguém dominava muito a técnica de ar-condicionado.
08:34E ele funcionava bem.
08:35Nessa...
08:38Talvez, assim, se você tiver lembrança.
08:39Nesse começo seu, ainda tinha muito comercial ao vivo?
08:42Ou já estava começando a gravar?
08:43Vários.
08:44Todo intervalo.
08:45Tinha um intervalo.
08:45Todos os intervalos comerciais.
08:47Tinha um comercial ao vivo?
08:49Todos?
08:50É porque gravar na rua era caro.
08:51Não, não tinha.
08:52Tinha.
08:53Já tinha o filme.
08:5416 milímetros.
08:55Que as agências criavam.
08:57E o DJ tinha produção.
08:58Já sonorizado tinha.
08:59Já tinha também.
09:00Porque os intervalos comerciais, ele era...
09:02O que ele era feito?
09:03Ele era feito desse filme.
09:0416 milímetros.
09:06Sonorizado.
09:07Era feito do intervalo do comercial ao vivo.
09:10E um jogo de slide.
09:12Parado.
09:13Um comercial de 30 segundos.
09:15Podia ter no máximo 6 slides.
09:17Ou seja, 6 imagens diferentes.
09:19Com um acetato rodando ao lado.
09:21Um acetato, um som rodando ao lado.
09:23E o diretor de TV tinha que ter bom senso.
09:25A liquidação.
09:26Tinha que colocar o slide lá de liquidação.
09:28E acompanhando aquilo, né?
09:29E aí, alguns meses depois que você entrou na TV,
09:32surgiu o videotape.
09:33Surgiu o videotape.
09:34Aí passou também de ter alguns comerciais gravados de videotape.
09:37Gravar os comerciais de videotape, o tempo exibia.
09:40Mas mesmo que o videotape continuasse por um tempo tendo ao vivo.
09:42É propagado ao vivo.
09:43Claro que continuasse por muito tempo.
09:46Muito tempo.
09:48O comercial vivo era...
09:50Era muito mais barato.
09:51Você pagava uma pessoa.
09:53Pagava uma garota propaganda.
09:54É que hoje, assim...
09:56O equivalente hoje ao comercial ao vivo é nos programas de TV que tem o merchandising, né?
09:59Não, exatamente.
10:00É o merchandising.
10:01Só que hoje a gente não está acostumado a ver isso no meio do comercial, né?
10:04Não, isso é o merchandising.
10:05É o merchandising.
10:06Não, não.
10:07No intervalo comercial você não vê aquilo.
10:08Você vê dentro do próprio programa, né?
10:10O Ratinho para o programa e vai lá e faz o merchandising.
10:13No outro, no outro, ela vê dentro do intervalo comercial.
10:16É o que eu fiz.
10:16É o que eu programava.
10:18Você tinha que ter bom senso para saber.
10:19Porque você não podia...
10:21Às vezes o programa estava ao vivo.
10:22Como é que eu ia colocar ao vivo um comercial na primeira posição do comercial?
10:26Não tinha jeito de virar essas câmeras para lá.
10:28Então você tinha que...
10:29Parava o programa, colocava uns dois, três comerciais.
10:33Um minuto para o cara com câmera voltar para fazer o comercial ao vivo.
10:37Então tinha que ter uma...
10:38Tinha que ter toda uma técnica.
10:39Não era...
10:40Porque não tinha jeito.
10:41Porque eram duas canas.
10:43Dentro do estúdio.
10:44Porque às vezes estava fazendo um programa ao vivo e tinha o comercial também.
10:47Entendi.
10:49E aí...
10:50Beleza.
10:50Se deu videotape, foi aquela revolução assim.
10:53E depois desse primeiro cargo que você ocupou, você foi para...
10:57Área de venda.
10:58Área de vendas.
10:59Contato comercial.
11:00E aí você visitava as agências para convencê-las a anunciar na Itacolomia.
11:05Exatamente.
11:05Ou então um próprio cliente direto.
11:06Passava e que via uma loja aberta, ele entrava.
11:09Me oferecia.
11:10O que nós chamamos de cliente direto.
11:14Porque não tinha agência.
11:15E atendia também as agências de publicidade.
11:19E depois disso, eu...
11:21Logo, logo, uns dois anos depois, assumi a direção comercial da demissora.
11:25Você se destacou muito rápido, não é, então?
11:28A minha ascensão foi muito grande.
11:31Muito grande.
11:34E...
11:35Dizeram com sinceridade.
11:36Eu não tinha nenhum padrinho.
11:38Essa história que eu contei de minha avó.
11:40Minha avó já não trabalhava mais no Jair Associado.
11:43Então eu não tive nenhum padrinho.
11:46Foi empenho mesmo e dedicação.
11:48Deixa eu te falar um negócio.
11:49A primeira vez que eu entendi em televisão, eu tinha trabalhado.
11:52Aí eu comecei a trabalhar muito cedo, porque meu pai morreu, eu fui trabalhar.
11:54Trabalhei na prefeitura de Santa Luzia, que eu sou de lá.
11:56E lá eu fui trabalhar no Magnesito.
11:58Quando eu entrei na televisão, eu disse que eu fui fazer esse curso.
12:03Fazer...
12:03Essa seleção.
12:05Quando eu cheguei em televisão, eu fiquei fascinado.
12:07Eu vi tudo o que eu gostava.
12:09Uma...
12:09Uma correria total.
12:11Vai ter uma...
12:13Corre, tá na hora e tal.
12:14Uma mulherada linda, maravilhosa.
12:17E todas...
12:18Muito avançada pro tempo.
12:20Lindas mulheres.
12:21Entendi, na redação, eu nunca vi tantos jornais na minha vida.
12:26Porque tinha os jornais do Diário Associado e os jornais que o Globo mandava, o Jornal do Brasil mandava e tal.
12:31Nunca vi tantos jornais assim.
12:34Aquilo me fascinou.
12:35Ah, essa troça é que eu quero.
12:37Isso aqui que eu quero.
12:38E uma certa indisciplina assim.
12:41Você sabia o horário que você entrava.
12:43Não sabia o horário que você ia sair.
12:45Aquilo tudo era uma maravilha.
12:48Uma maravilha.
12:49E quando você conseguia terminar o dia, a mistura foi bem, a parte comercial foi bem, o programa foi bem e tal.
12:57Aquilo era uma alegria.
12:59E eu era boêmio também.
13:00Você ia pra boemia, né?
13:01Todo mundo era boêmio, né?
13:03Então, quando eu entendi a televisão, eu não imaginava que fosse aquilo.
13:06Porque eu tô pra te dizer...
13:08Eu não tenho certeza.
13:08Eu acho que na minha casa, nessa época, eu não tinha nem televisor.
13:11Um aparelho.
13:13Não tinha.
13:14Era televisinho mesmo.
13:16Agora, quando eu vi aquilo, eu achei espetáculo.
13:19Ah, esse negócio é aquela mesa enorme que põe emissora no ar, né?
13:22Uma mesa de corte, de áudio, de vídeo e câmera roda pra lá.
13:26Cabrão, cabrão.
13:27Quando eu vi aquilo, gente, como é que esse negócio consegue sair?
13:31Como é que sai?
13:32Como é que você entrega esse produto?
13:34E tudo ao vivo, assim, com um machado na sua cabeça.
13:37Você não pode errar.
13:40Porque se errar, o telespectador vai ver que você errou.
13:42Vai ficar mal pra nós.
13:44Então, isso era uma coisa louca.
13:45Você ficava meçando, não sei quanto tempo, caro no ar, umas 15 horas, 16 horas por dia.
13:49E aquela pressão o tempo todo.
13:50Você não pode errar.
13:52Não tem negócio de erro aqui.
13:54Errar é humano.
13:54Isso não existia em televisão.
13:56Não existia em televisão, isso.
13:58Essa expressão.
13:59Tanto que eu não gosto dela.
14:02Ah, não tem negócio de errar, não.
14:04Você não pode errar.
14:05E não podia mesmo, não.
14:06Te perguntar, como que era, na sua condição de diretor comercial, como que era a relação
14:11com a Tupi?
14:13Porque a Tupi era uma rede, mas nunca chegou a ser efetivamente uma rede.
14:17Não, não.
14:18Porque, na verdade, o que nós chamávamos de cabeça era Tupi de São Paulo e Tupi do Rio.
14:21Tupi de São Paulo era mais novela, Tupi do Rio era mais linha de shows.
14:24Era o melhor possível.
14:25Nós tínhamos reuniões sempre.
14:27Reuniões.
14:27Eu ia para São Paulo várias.
14:30Duas, três vezes por ano eu ia para São Paulo e o Rio de Janeiro, para a gente participar
14:35das reuniões, para decidir qual é a programação que ia ser.
14:39Pois, na época dessa, tinha sempre uma reunião, porque era para discutir o que seria a programação
14:43do ano seguinte.
14:45Então, era o melhor possível.
14:45Eu lembro muito bem dos meus companheiros todos.
14:47José Fernando Carvalho Severino, que foi um dos mais bilhantes da área comercial de televisão
14:51do Brasil.
14:53Gilberto Ferraz, Afonso Viana.
14:56Eu conheci todos.
14:57É que tinha uma questão interessante, eu estava até pesquisando em alguns estados
15:02de Minas antigos, a programação da Economia, Mapéres e tudo mais.
15:08E eu achei interessante porque tinha programas que não eram da Tupi na grade.
15:14Por exemplo, isso já é anos 60.
15:15Tinha, por exemplo, Família Trapo, que era feito pela Record.
15:18Eu vou te explicar o que é.
15:20O papel tem, mas eu vou explicar.
15:21E justamente, eu cheguei a encontrar também novelas.
15:23Teve uma novela da Globo, agora eu não lembro o nome, mas era uma novela.
15:25Chega de Agir.
15:27Isso.
15:28Eu vou te explicar o que é.
15:30O que é que acontecia?
15:31É o seguinte.
15:32Eu passei de todas as fases da TV da Corpo.
15:36Quando eu entrei lá, a televisão já tinha nove anos, mas nesses nove anos a programação
15:39toda era ao vivo.
15:40E eu entrei nos últimos seis meses dessa programação ao vivo.
15:44E a televisão estava definhando.
15:46A TV da Corpo passava por um momento seríssimo.
15:48A audiência é baixíssima, um patrulhamento muito baixo e tal.
15:51Porque tinha entrado aqui o Canal 12, que hoje é a TV Globo, chamada TV Belo Horizonte,
15:55que retransmitia as programações da TV Rio, que tinha grandes linhas de show e também
16:01apresentou as novelas que fez muito sucesso aqui, que chamava O Direito de Nascer.
16:05Quando, no início de 65, assuma a direção da TV da Corpo, um grande profissional,
16:11chamado José de Oliveira Vaz, que é autor do livro.
16:14A segunda passagem dele.
16:16Sim.
16:16Sim, a segunda passagem.
16:18Uma outra ele põe na área comercial.
16:20Essa ele tomou como superintendente da emissora.
16:23Ele descobriu que tinha um equipamento de videotape parado no porto, porque a empresa
16:30não teve condições de pagar para desembarassar aquilo.
16:34Quando ele trouxe o videotape para cá.
16:36Nenhuma televisão no Brasil existia rede.
16:39Então, ele saiu comprando programação.
16:41Aí, é o segundo estágio da TV da Corpo.
16:44Brilhante.
16:45Ele passou a comprar programas.
16:47Ele comprou programas da Globo, que estava iniciando.
16:49Comprou uma novela chamada O Shake de H.D.
16:51Que foi um sucesso absoluto.
16:53Tinha outro programa que chamava Campeões de Popularidade, que era o Rito Parede.
16:57Comprou programas todos da Record, que tinha uma linha de show espetacular.
17:00Foi quando nasceu a MPB, o Chico Buarque, Edu Lobro, Caetano e Gil e tal.
17:05Ele comprou aquele festival da Música do Brasil.
17:07Todos foram veiculados, foram exibidos na TV e na Colômbia.
17:11E comprou também da Excélsio, que ainda existia a TV Excélsio.
17:14Comprou uma novela, ela chamava O Gemas de Ouro.
17:18E tinha os programas da Tupi.
17:20A Tupi era uma boa produtora de novelas.
17:23Ela produzia grandes produtores de novelas.
17:25E alguns programas da Tupi do Rio, que fizeram muito sucesso aqui, como o Flávio Cavalcante e tal.
17:29E esse Família Trava era um dos programas da linha de show da TV Record.
17:35Esse é o segundo estágio.
17:36Foi durante o quê?
17:38Uns seis, sete anos.
17:40Até a Colômbia dava 100% de audiência.
17:42Era uma coisa de louco.
17:43Era uma coisa de louco.
17:44E com alguns programas locais, que o jornalismo bom, que era o jornal Banco Meninas.
17:50O jornal do almoço, que era muito bem produzido.
17:52Que Clóvis produziu esse jornal.
17:54Clóvis, que foi o produtor, foi o idealizador desse jornal da hora do almoço.
17:58O Factorama.
17:59O Factorama é depois.
18:02Ele se chamava o Jornal do Almoço.
18:03Esse jornal foi criado no almoço, como o Clóvis que idealizou esse jornal.
18:08Eu acho que eu até vendi o patrocínio desse jornal.
18:10O Banco Mercantil, acho que fui eu que vendi.
18:13E esse período durou um período de ouro.
18:17A empresa estava próspera.
18:19A audiência absoluta.
18:20Um prestígio impressionante.
18:22Quando, nos anos 70, a Globo realmente apareceu com tudo.
18:27Em 70...
18:28Não, em 70...
18:29Foi quando eu subi a direção e comecei a...
18:31Eu não peguei, eu só peguei o osso.
18:32Eu peguei o almoço do osso.
18:35Em 71, 70, a Globo já começou a ir...
18:37Nossa, nunca mais.
18:39Foi uma mesma coisa.
18:40Que já me sorvalente, de boa qualidade.
18:42Que tinha boa audiência.
18:44Mas não, a Globo sumiu de maneira avassaladora.
18:49Então, foram esses três estádios.
18:50O do Ao Vivo definhou esse brilhante que podia comprar programa de qualquer outro emissora.
18:57E depois a emissora continuava sendo...
19:01Então, os programas que a Tupi produziram, o Rio e São Paulo e os programas locais.
19:06Que realmente ainda tinha uma boa aceitação como jornalismo.
19:10A TV Tupi tinha muita credibilidade na área de jornalismo.
19:13Que é perto de que ele se faz hoje.
19:16Aquilo praticamente não é nada.
19:18Era muito pobre.
19:19Porque era uma maquininha que você filmava.
19:22Não tinha som.
19:23Você não podia fazer uma transmissão direta.
19:25Tem um acidente que...
19:26Não tem como.
19:27Não tinha como linkar isso.
19:29Tinha que levar para o estúdio.
19:30Revelar o filme e colocar no ar.
19:32Não é isso que você vê hoje.
19:33Hoje é...
19:35Nessa parte de direção comercial,
19:38a partir da década de 70, começou a ter mais tecnologia.
19:42Você já teve a cores, começou a ter satélite para fazer transmissão ao vivo e tal.
19:48Isso causou muita mudança, assim, no trabalho de vendas até?
19:53Melhorou.
19:54Pelo contrário.
19:55Acho que até melhorou.
19:57Porque...
19:58É que antigamente, como a programação...
20:00Aí já não tinha mais o ao vivo, tá?
20:02É.
20:03É porque na época que a programação era toda ao vivo e tinha muitos programas locais,
20:06eu imagino que a própria identificação com o público, a maneira de vender os programas,
20:11ela deve ter sido diferente de quando realmente a Tupi virou uma rede
20:14e tinha muita programação que vinha de São Paulo, muita coisa que vinha de Rio.
20:18Melhorou.
20:18Ficou mais fácil.
20:19Você tinha um produto mais qualificado para vender.
20:23Isso melhorou muito.
20:23A televisão em curso foi muito bom.
20:26E outra coisa, você começou...
20:32Ficou mais bonito o vídeo, né?
20:34Começou a ficar mais bonito o vídeo que entrou.
20:37Já tinha umas produções em cores e tinha alguns intervalos comerciais.
20:40As agências de publicidade já começavam a produzir o filme ainda.
20:44Continuava o mesmo com o 16mm, que era a bitola de televisão,
20:48mas um filme em cores e tal.
20:49Você gravava um comercial, ou seja, gravava em cores.
20:53Essas câmeras pretas e brancas foram afastadas.
20:57Elas não serviam para mais nada.
20:59Elas não serviam para nada.
21:00Aquilo, na verdade, esse equipamento todo da inauguração,
21:04ele não serviu para nada.
21:05Apenas o transmissor.
21:07Porque o transmissor tinha essa possibilidade de colocar alguns equipamentos nele
21:13para emitir o sinal em cores.
21:15Agora, o restante, tudo, não servia para mais nada.
21:18Os comerciais, na década de 70, eles eram gerados aqui, localmente.
21:24Então, eu pergunto porque a gente encontrou vários rolinhos.
21:28Não.
21:29Às vezes, era filmado aqui e revelado em São Paulo.
21:33Aqui não tinha muita revelação, não.
21:35Tinha uma grande empresa.
21:36Em São Paulo, não sei se é uma opção para ele.
21:38Chamava Líder, que fazia as revelações de filmes.
21:42Você gravava, fazia um filme, película, e levava aquilo sem saber o que estava ali.
21:50Revelava em São Paulo.
21:51Aqui não revelava, não.
21:52Então, eu falo gerados porque a gente encontrou várias propagandas aqui da década de 70,
21:57por exemplo, da Pepsi, da Coca-Cola, que não sei o quê.
21:59Não, isso tudo é cliente nacional.
22:00Era cliente nacional, mas eles mandavam para cá esse material.
22:03Mandavam o filme para nós.
22:04E aqui programavam as exceções.
22:08Exatamente.
22:08Exatamente.
22:10Esse estudo era o que nós chamamos de cliente nacional.
22:12cliente nacional, que tinha abrangência nacional, realmente.
22:17Esse filme chegava aqui para nós muito bem produzido já, de boa qualidade, de boa direção,
22:23boa iluminação, boa revelação.
22:26E chegava um filme de 16 milímetros para nós aqui.
22:29A gente exibia aquele filme.
22:31E como que era a relação com o interior?
22:34Porque Itacolomia chegava para quase toda a cidade de Minas.
22:38Mas conseguia vender publicidade?
22:39Muito, isso já foi na década de 70.
22:43Porque como nos anos 50 e 60 não tinha comercial.
22:47Nessa minha época eu já tinha um pessoal que trabalhava no interior.
22:51Eu já tinha uma equipezinha, uma equipe de...
22:53É uma equipe.
22:54Claro, pessoas que trabalhavam no interior.
22:57Nós trabalhava...
22:58A rigor, o Ribeirão, nós trabalhava no Vale do Aço.
23:01Quer dizer, de Patinga até Valadares.
23:04Basicamente isso.
23:04Patinga, Valadares.
23:06Às vezes um pouco para o norte, Monte Esclaro, tinha uma equipe.
23:09Era uma coisa...
23:10Você pegava lá que eu acertava um contato com o cliente.
23:14E às vezes mandava uma dessas filmadoras.
23:17Gravava na própria loja do cliente.
23:19E depois finalizava na própria emissora.
23:22Mas já tinha um mercado interessante.
23:27Porque os clientes de Belo Horizonte...
23:29Belo Horizonte sempre foi um mercado muito de cliente de varejo.
23:33Essas lojas aqui não tinham loja do interior.
23:36Não tinha.
23:37Dorgaria da hoje não tinha nenhuma loja do interior.
23:39Estou dizendo Dorgaria da hoje porque...
23:41Ela remonta aos primórdios da televisão.
23:47Cliente desde os anos 50.
23:49Mas não tinha loja do interior.
23:50Então tinha um mercado maravilhoso no interior.
23:53Que o mercado de varejo das lojas não explorava.
23:57Foi uma miopia total.
24:01E tinha alguma...
24:03Tinha conversa, assistia um trabalho em conjunto com a TV Uberaba?
24:07A TV Uberaba foi...
24:08Eu trabalhei.
24:09A TV Uberaba foi...
24:11Ele também era o Diário Associado.
24:13A TV Uberaba é o seguinte.
24:15A TV Uberaba...
24:16Eu fui até lá.
24:18Eu cheguei a trabalhar lá.
24:19Fiquei lá uns três meses, uns dois meses.
24:20Porque eu montei a área comercial.
24:22Porque eu conheci a área comercial.
24:23A cozinha.
24:24Eu sabia como é a cozinha.
24:26O que era programar.
24:28Fatoramento.
24:29Comprovante para o cliente.
24:29Eu sabia aquela coisa toda.
24:30Então eu fiquei lá o tempo lá.
24:31Porque quem foi para lá foi Paulinho Cabral.
24:35E eu que fiquei no lugar dele aqui como diretor comercial.
24:38Quando ele foi para lá ele me chamou.
24:39Quase que a gente costa.
24:40Eu estou indo para o Uberaba.
24:41Vou subir a direção.
24:42Não é você que vai ser o diretor.
24:43Ah, mas esse Paulinho.
24:44Eu não tenho competência.
24:46Não tem competência disso não, pô.
24:47Ah, você.
24:48Estou te preparando há muito tempo.
24:49Nós éramos muito amigos.
24:51Mas ele era muito duro.
24:52Enfim.
24:53Nós tínhamos arrancatouco lá.
24:56Mas eram bons amigos.
24:58E eu tinha muito respeito por ele.
25:00Então teve uma relação.
25:02Mas não foi muito efetiva a relação da Colomia com o Uberaba.
25:05O Uberaba me emprestou e alguns funcionários ficaram por lá.
25:10Eu fui.
25:11Eu juntei, montei o departamento comercial e voltei para cá.
25:15Ainda eu já estava com contato, indo para diretor com a missão.
25:18Aí eu fiquei no lugar de Paulinho.
25:19Mas a relação foi de alguns clientes que interessavam a TV Uberaba, que a gente vendia para eles aqui.
25:28Por exemplo, a Caixa de Conhecimento Estadual, que era um cliente, um banco do governo.
25:33Tinha agência lá.
25:35Então você vendia espaço para eles na TV Uberaba.
25:38E assim outros, né?
25:39Sei lá, Coca-Cola, Mar no Guarapão.
25:43Tinha alguns clientes que a gente vendia para eles lá.
25:45E te perguntar o seguinte, no último ano da Itacolamia, como que estava a situação?
25:50Péssimo.
25:51E para mim não era da Itacolamia péssima.
25:53A Tupi estava definhando a Tupi de São Paulo e a Tupi do Rio.
25:58Porque tem...
25:59O pessoal comenta que...
26:00Não, a TV Tupi de São Paulo estava horrível, a TV Tupi do Rio estava horrível.
26:05Mas a TV Itacolamia não estava.
26:06É verdade.
26:07É um fato.
26:07Eu não sei qual que é o que é o milagre.
26:09Mas é verdade.
26:11Era verdade.
26:12Porque tinha algumas ações que a gente fazia.
26:15Porque a programação do Tupi do Rio e São Paulo estava muito fraca.
26:19Perderam o elenco todo para a Grupo.
26:21Pagamento atrasado era normal.
26:23O mês lá era de 90 dias.
26:24Aqui não.
26:27Não, aqui não.
26:28Mas a Tupi, o pessoal recebia de 90, a TV Greve.
26:31Então era horrível.
26:32Então a gente conseguia fazer algumas coisas.
26:36Comprava um pacote bom de filmes.
26:39E exibia.
26:40Na faixa de 9 horas, 10 horas.
26:43Então nós fazíamos algumas coisas que conseguia manter a emissora no nível de faturamento
26:48que ela se pagava.
26:52É verdade.
26:54Peraí, o senhor fez anos 70 e já não dava mais para confiar, digamos assim, na programação
26:57do Rio e São Paulo.
26:58Que maneira nenhuma.
26:59Não tinha.
26:59Eu não tinha.
27:00Você nem sabia se eu ia gravar a novela.
27:02Greve, porque o cara vai receber de 90 em 90 dias.
27:05Isso, quando dizemos ator, atriz, diretor, faxineiro, porteiro, todo mundo.
27:12Era um negócio terrível.
27:13Nos últimos anos foram terríveis.
27:14Foram terríveis.
27:16Vou te contar um caso, um fato aqui.
27:18Final desse ano.
27:19Em 1980 teve a Olimpíada de Moscou.
27:23A Tupi não pode, a rei Tupi não pode transmitir porque ela tinha sido negligente, não tinha
27:28pago os direitos da Copa do Mundo de 78.
27:32Então uma coisa estava ligada à outra.
27:34Então ela não teve direito a Olimpíadas.
27:37Através de um amigo meu, eu consegui conversar com a TV Cultura de São Paulo.
27:44Por isso que eu falei que eu tenho muita simpatia por ela.
27:46Um sujeito que chamava...
27:48A Globo, a tradução da Olimpíada foi exclusiva da Globo.
27:54Mas ela dava o direito às emissoras educativas a transmitir os jogos.
27:58A Globo te deu o sinal.
28:01E eu consegui, através do diretor da TV Cultura, chamar Sérgio Fajardo,
28:05o sinal da Olimpíada, que é uma Olimpíada completa.
28:09Eu fui lá e consegui correr.
28:10Custo zero.
28:13Até mesmo um amigo meu que tabuleu com ele, Afonso Maurício, eu consegui.
28:17Então nós íamos transmitir a Olimpíada.
28:18Foi exatamente no período que fechou a televisão.
28:20A televisão foi cassada.
28:21Ela foi cassada dia 20.
28:22Eu acho que a Olimpíada ia começar dia 27 ou 28 de julho de 1980.
28:28Aquela Olimpíada de Moscou.
28:30Porque a Tupi não tinha condições de fazer.
28:32Eu fui, ela consegui.
28:33Lembro o nome do sujeito aí hoje.
28:34O cara é educadíssimo.
28:35Sérgio Fajardo, para eu te entregar o sinal.
28:38Mas não tem dinheiro para te pagar.
28:39Não precisa.
28:40Você só paga em Bratel.
28:41Porque se não eu chegava lá, eu entrava em...
28:43Bratel entrava com ele e jogava imagens para cá.
28:46Não aconteceu, né?
28:47Porque ela fechou exatamente uma semana antes.
28:49A citação era dramática.
28:50Como que foram?
28:51Porque você falou assim nos últimos anos.
28:53Mas e os últimos dias, as últimas semanas?
28:57Você foi um dos que esteve no fechamento da empresa.
29:02Como que foi esse período?
29:03Fechou a porta?
29:04Quando fechou as portas, ninguém voltou lá.
29:06Mas havia uma expectativa?
29:10Ou um dia simplesmente não teve...
29:12Nós sabíamos que não tinha volta.
29:13Que era irreversível.
29:15Porque o fechamento era irreversível.
29:19Um momento muito difícil para nós.
29:22Porque nós, os funcionários, os diretores também, né?
29:25Foram apenados.
29:28Seria uma culpa.
29:28Que culpa tinha eu?
29:30Essa empresa...
29:30Parece que tinha uma inadimplência da empresa.
29:33Da empresa.
29:34Junto ao governo.
29:36Mas que culpa tínhamos nós?
29:37Nós perdemos o emprego de uma hora para a outra.
29:39Eu até que não tive problema nenhum.
29:41E vou te contar por quê.
29:43A Globo já estava me assediando há algum tempo.
29:46Uns meses antes.
29:47E um mês antes, eu tinha ido a um coquetel.
29:52Que é muito coquetel esse valor.
29:53Eu adorava coquetéis.
29:56Aqui na subida do nosso lado do carro.
29:57Uma loja de...
29:58Uma empresa de...
29:59Um revendo de automóveis.
30:00Eu acontei com o diretor comercial daqui.
30:02Que era a Milcrande Carolis.
30:04Que era o diretor da Globo aqui.
30:05E ele chegou e me perguntou.
30:06E ele me perguntou assim.
30:07Como é que está lá?
30:09Agora está muito feio.
30:11Nós conseguimos sobreviver aqui.
30:13Que nós vamos fazer um acordo com...
30:14Ah, nós vamos começar a fazer um acordo com o Silvio Santos.
30:16Com o Silvio Santos.
30:18Ele mandava...
30:18Ele tinha uma emissora no Rio.
30:19Ele mandava o Consílio para cá.
30:21Silvio Santos.
30:21TVS do Rio.
30:23Eu acho que nós sobrevivemos aqui.
30:24Mas eu sento lá.
30:26Eu quero levar você para a Globo.
30:27Falei ao Milton.
30:28Eu fiquei feliz.
30:29Você me convidou.
30:30Falei.
30:30Não, mãe.
30:31Com essa de...
30:32Bebo?
30:33Não.
30:33Não quero levar.
30:34Falei.
30:34Você tem que me dar um tempo.
30:35Te dou tempo.
30:36Tem para ver nenhum, não.
30:37Tanto que no dia que fechou a emissora.
30:39Eu estava em São Paulo.
30:41Vindo a ter essa reunião na...
30:43Com a TV Cultura.
30:44Eu fiquei sabendo no aeroporto que estava fechado a televisão.
30:46Contei com uma pessoa que falou comigo.
30:48Foi um choque.
30:48O que é?
30:49Fechou como?
30:49Como é que fecha?
30:51Eu disse, como que eu sei mais dentro?
30:52Como é que fecha?
30:53No aeroporto que falava comigo isso.
30:56Falei, puta que...
30:57Quando eu cheguei aqui, estava um velório.
30:58Estava um velório.
30:59Aqui na...
31:00Aqui na Sassi-Chateaubriand, né?
31:01Aí, essa mesma noite inteira,
31:04aniversário, minha secretária,
31:057, 8 horas, minha secretária,
31:07falou comigo sim.
31:08Está lá, seu amigo que não tem telefone.
31:10Ele falou comigo só o seguinte.
31:11Amigo que não tem telefone.
31:12Estou com a visão.
31:13Agora não tem que esperar mais, né?
31:14Não, amigo, não tem não.
31:15Falei assim, ó.
31:16Hoje é quinta.
31:17Eu vou para o Rio.
31:17Segunda-feira nós almoçamos.
31:19Na segunda-feira eu estava contratado.
31:21Eu fiquei desempregado há três dias.
31:22Sexta, sábado e domingo.
31:24Fui contratado imediatamente.
31:27Você me desculpa que é um pouquinho...
31:28Não tem nenhuma vaidade.
31:29Não tem nenhuma ejactância nisso aqui.
31:31Mas eu era um profissional de boa qualidade.
31:35Eu era muito de boa qualidade.
31:36Eu tinha muita intuição para a venda.
31:37Muita apurada a intuição.
31:39Ah, e a economia ter mantido
31:40um bom faturamento mesmo
31:41nesse período difícil.
31:42Você deve muito a mim.
31:44Não tem pejo de não fazer essa afirmação, não.
31:48Eu era muito dedicado.
31:50E eu ficava infeliz
31:52se sabia que pagamento ia atrasar.
31:53Aquilo me angustiava.
31:55Na época, eu estava angustiado.
31:56Já porque sabia que tinha um
31:5810 terceiro pela frente, né?
31:59Eu vivia realmente a empresa.
32:02Televisão, você não precisa de ter PKD, não.
32:05A cultura, você não precisa de ser muito apurada, não.
32:07Porque a televisão é muito falada.
32:09Se você escrever linguiça com dois sessos,
32:10você se dira,
32:11na hora de ler, vai dar a mesma coisa.
32:13Percebeu?
32:14Se você escrever linguiça com dois sessos,
32:16o locutor vai ler,
32:17vai dar a linguiça do mesmo jeito.
32:20É uma coisa assim muito...
32:21É muito oral.
32:24E é visceral também.
32:27Se você não tiver isso,
32:28você não vê-se.
32:29Não vê-se.
32:30Eu chegava assim,
32:31e o cara dizia,
32:31isso aí não vai dar certo.
32:33E não dá.
32:33O cara, não, tá na hora.
32:35O pessoal não é meu que falava,
32:36tá na hora.
32:38Falei,
32:38a segunda vez que você vai fazer,
32:39tá na hora?
32:39Não tá na hora.
32:40Você já vai passar lá no RH.
32:42Não tá na hora.
32:43Se eu falar com você,
32:43você vai ficar porque precisa de ir pra ficar.
32:45Que precisa sair pra vender esse patrocínio,
32:47e é pra perder esse patrocínio.
32:48O que você vai fazer?
32:49Eu não sei, porra.
32:50Mas a sua função é essa.
32:52Isso dá um desgaste emocional, né?
32:55Aí tomava-se meio lindo de uísque logo depois, né?
32:58Claro, né?
32:59Esse fechamento,
33:00qual que era a perspectiva da Etacolomi?
33:02Porque você comentou que estava em vias
33:04de transmitir a Olimpíada de Moscou.
33:06Você falou por alto...
33:08Uma cortesia da TV Goutoura.
33:10Você comentou por alto esse acordo com o...
33:12Seria o Silvio Santos.
33:13O caminho seria o Silvio Santos.
33:15Então, isso que a Alterosa faz,
33:16seria o nosso caminho.
33:17Exatamente isso.
33:18O que a Alterosa faz hoje,
33:20com o programa do Silvio Santos,
33:21seria a Etacolomi.
33:22Eu tinha que responder.
33:24Nada diferente.
33:25É exatamente isso.
33:26É porque a Tupi, a rede Tupi,
33:27ela transmitiu o programa do Silvio Santos.
33:28Hein?
33:29A TV Tupi transmitiu o programa do Silvio Santos.
33:31A rede.
33:31Transmitiu o programa do Silvio Santos.
33:33É porque ele tinha saído da Globo
33:34e tinha transmitido na...
33:36Isso.
33:36Ele tinha emissora dele, TVS,
33:38mas os programas também eram...
33:39Tanto que no Rio,
33:39ele passava em dois canais.
33:41A Tupi do Rio e a TVS deles.
33:43Isso.
33:43Aí, quando fechou a TV,
33:45que ele ganhou os canais
33:47em torno...
33:47No lugar da...
33:49Ele ganhou uma parte,
33:50a Manchete ganhou outra parte.
33:50É o caso de São Paulo,
33:51ele ganhou São Paulo,
33:52ganhou no Rio.
33:54Não, o Rio não.
33:56O Rio é Manchete.
33:56O Rio é Manchete.
33:58São Paulo, Pará,
34:00Porto Alegre...
34:02Porto Alegre e Pernambuco.
34:04Porque o Brasil,
34:05o associado não perdeu o canal lá, não.
34:08É, no Brasil perdeu, não.
34:09É.
34:10Mas, enfim...
34:11O caminho seria isso.
34:13O caminho seria esse.
34:13Você ia transmitir outros programas da TVS.
34:15Fazia uma coisa direta,
34:16porque o que a Alterosa fez
34:18ao longo desse tempo todo
34:19seria o caminho Itaconobi.
34:22E que seria um caminho bem-sucedido.
34:24Porque depois já estão entrando...
34:25Uma coisa com a Alterosa.
34:26Exatamente.
34:27A Alterosa nunca padeceu, não.
34:30Uma Globo é líder, é líder.
34:32Mas ela nunca padeceu, não.
34:33Ela está sempre muito bem.
34:34E teve boas direções
34:35com o Camilinho,
34:37o Marçal,
34:38a gente é muito competente.
34:39Eu gosto muito do Camilinho,
34:40o Camilho do Filho.
34:41Então, seria...
34:43Não seria...
34:44Tranquilo.
34:45A gente vai perguntar o seguinte,
34:46para a gente finalizar.
34:47E só o...
34:48E ainda com aquele...
34:50Talvez um pouco...
34:51E com a programação local,
34:53que a Tancurumi tinha realmente
34:54alguns talentos
34:56para fazer alguns programas locais,
34:58como a jornada esportiva
34:59era de bom nível,
35:01jornalismo era de bom nível,
35:04alguns programas sábado à tarde ali,
35:05que eram meio de entretenimento,
35:06entretenimento,
35:07assim, tipo o Fernando Schultz,
35:08o Disco Oteve.
35:10Eram os programas
35:10que dava boa audiência.
35:11Era um programa de apelo popular
35:13e que custava muito barato,
35:15que fazia no próprio teatro
35:17da TV Alterosa.
35:20Não tinha que deslocar equipamento,
35:22deslocava câmera,
35:23quer dizer,
35:23o estúdio era bom,
35:24o teatro era bom.
35:25Então, provavelmente,
35:27até um pouco mais de qualidade
35:28que Altero Alterosa,
35:29porque nós tínhamos vocação
35:30para fazer isso.
35:32Inclusive, nesse finalzinho,
35:33você lembra mais ou menos
35:34como que era a audiência,
35:35a distribuição da audiência?
35:36Pérsico.
35:38Falei, completamente.
35:40Nós era, na verdade,
35:41a Tacharolomi era o quarto lugar.
35:43No quarto lugar,
35:44quando terminou.
35:45Vou te explicar por quê.
35:45A Globo,
35:47a Baderante era o segundo lugar.
35:48A Baderante tinha uma boa
35:49pra ganhada na época.
35:50Ela tinha a época magra,
35:51tinha uma linha de show boa,
35:53tinha uma segunda celeia
35:55que era um faroeste muito bom,
35:56passar com esse filme italiano,
35:57aqueles americanos,
35:58italiano.
35:59Ela tinha um programa
36:00de música,
36:02ela tinha uma novela
36:02muito boa no ar,
36:03que chamava Os Imigrantes,
36:04e ela estava muito bem
36:05Baderante.
36:06Ela consolidou, nessa época,
36:08o segundo lugar.
36:09O terceiro lugar
36:10era, às vezes,
36:12a TV Alterosa,
36:12porque a TV Alterosa,
36:14tinha um profissional,
36:16Afonso Maurício,
36:17que também é um padrinho de casamento,
36:18depois foi diretor de programação
36:20na Globo também,
36:21Afonso era craque.
36:21Afonso começou a comprar
36:23os programas da TVS.
36:27Os programas durante a semana,
36:28não domingo,
36:29domingo,
36:29o Silvio Santos ainda era
36:30Itacolombia.
36:32No domingo,
36:32Itacolombia era o segundo lugar,
36:34às vezes,
36:34era o primeiro lugar,
36:35mas segunda, terça,
36:36quarta, quinta,
36:36sexta, sábado,
36:37não era não.
36:38A TVS era baixíssima.
36:40As novelas do Tupi,
36:41muito mal produzidas,
36:44com o elenco já fraco,
36:45que grande parte
36:46já tinha ido
36:47todo para a Globo.
36:48Então,
36:49a aceitação da Itacolombia
36:50era péssima.
36:51De segunda a sábado
36:52era muito difícil.
36:54Porque se Afonso,
36:55ele fazia muitos jogos,
36:57ele conseguia,
36:58através da TV,
36:58Tocativo,
36:59que ele tinha trabalhado lá,
37:00jogos do Campeonato Carioca,
37:01o Campeonato Carioca
37:02tinha muita força
37:03em Belo Horizonte,
37:04Flamengo,
37:05Vasco,
37:05Botafogo.
37:06Ele pegava que jogo,
37:07não pagava nada,
37:09porque não tinha
37:10esses acordos que tem,
37:11e pagava em Bratel,
37:12que é uma coisa barata.
37:14Aí punha lá,
37:15domingo,
37:16quarta-feira,
37:16nove horas,
37:17Flamengo e
37:18Fluminense.
37:19Claro que a alterose
37:20era de segundo,
37:21em terceiro lugar,
37:22porra.
37:22Nós íamos para o buraco.
37:24De certa forma,
37:25tinha até uma
37:26canibalização
37:27entre o próprio diário associado.
37:29Claro que tinha.
37:30Claro que tinha.
37:32Claro.
37:32Eu falava,
37:32Afonso,
37:33eu chamar de Balbo,
37:33você é um filha da puta.
37:35É o meu negócio.
37:38Eu sabia que era.
37:39Ele era competente.
37:40Esse negócio que eu conseguia
37:41através da TV Educativa,
37:43foi através dele.
37:43Ele que era amigo
37:44de Sérgio Fajato.
37:46Ele conhecia tudo
37:46na televisão.
37:47ganha um grande profissional
37:48na televisão.
37:49Então,
37:49os últimos dias,
37:50eu sempre falava,
37:52eu tinha uma expressão
37:53que eu usava lá
37:53quando eu estava
37:54empurtecido,
37:56você aqui só tem um jeito,
37:57acabar tudo
37:58e começar tudo de novo.
38:00Não tinha muita solução.
38:01foi a que a Oterosa chegou
38:04e ocupou esse espaço.
38:06Porque tinha muitos funcionários
38:07já acomodados,
38:10o salário não era bom,
38:12a perspectiva de programação
38:13não era boa,
38:15você sabia que nenhum grande profissional
38:16queria para Tupi,
38:17para receber de 90 em 90 dias,
38:20sei lá quem,
38:20um profissional qualquer,
38:21vamos dizer,
38:22o Faustão,
38:22se tivesse,
38:23não existia o Faustão.
38:25Ele não iria para Tupi,
38:26sabia que ia receber de 90 em 90 dias,
38:27mas o que que ia levar para lá?
38:31Então,
38:31a Globo,
38:32a Globo teve um homem,
38:33a Globo pegou muita moleza,
38:34porque Tupi
38:35caiu muito,
38:38foi muito,
38:39foi muito difícil.
38:41Vamos perguntar o seguinte,
38:42para a gente que vai avisar,
38:43teve que ter que ter que ter
38:44a economia fechou há 45 anos.
38:4645, dá?
38:4745 anos.
38:48Deve ser isso mesmo.
38:49Eu fiquei 9 anos na Globo,
38:51depois o resto do teu,
38:52a empresa tem 36 anos,
38:54é isso mesmo?
38:54Também.
38:56E justamente,
38:5645 anos,
38:57mas as pessoas ainda lembram
38:59da musiquinha da Itacolomi,
39:00lembram do videozinho,
39:02lembram dos programas,
39:03tinha Dulce,
39:04Melo,
39:04Frente a Frente.
39:05É,
39:05Melo,
39:05Frente a Frente.
39:06O que que você acha
39:07que fez a TV Itacolomi
39:09ser tão marcante
39:11na história das pessoas?
39:12Que 45 anos...
39:13Eu acho que não,
39:13é o fato de ter sido
39:15a primeira emissora,
39:16o neidetismo,
39:17e que é uma emissora
39:17muito simpática,
39:19assim,
39:19ela tinha um prazer
39:20em acolher bem a cidade,
39:22ela acolhia bem a cidade,
39:24ela recebia bem a cidade,
39:26ela me via,
39:26mesmo com poder público
39:28ou no privado,
39:30ela tinha uma facilidade
39:31de falar com ela,
39:32só muito em função
39:34dos diretores da empresa,
39:36que servasse,
39:37foi muito importante
39:38para a televisão,
39:38que ele era um homem
39:39de muito conhecimento
39:41de televisão,
39:41muito intuitivo,
39:42porque lá não tinha pesquisa,
39:43né?
39:44Tinha pesquisa de audiência,
39:45mas não tinha pesquisa
39:46para fazer.
39:46Vou lançar esse programa,
39:47isso dá certo ou dá errado?
39:48Não existia isso.
39:49Lança e vê o que é que dá.
39:50A gente produziu
39:53um programa em São Paulo,
39:54era bom para São Paulo,
39:54chegava aqui,
39:57os gostos eram diferentes,
39:59os estados eram muito diferentes,
40:00ainda tem uma diferença
40:01entre o que é o paulista,
40:03o paulistano,
40:04o carioca,
40:04o mineiro,
40:05não são todos iguais,
40:06são?
40:06Não, não somos iguais,
40:07nós falamos a mesma língua,
40:08mas não somos iguais,
40:09nossos gostos
40:09e as nossas ações
40:11são completamente diferentes.
40:13Então,
40:13eu acho que esse fato
40:15é ter sido a primeira emissora,
40:17o primeiro grande divertimento
40:18que teve,
40:19qual foi o primeiro
40:20grande divertimento
40:21que teve,
40:21vamos dizer,
40:22na América Latina?
40:23Foi a televisão.
40:25Foi a televisão.
40:26As pessoas andam
40:27de ir em cinema muito,
40:28até que iam,
40:29de teatro.
40:31Não iam.
40:32Não iam.
40:34Então,
40:34quem foi o grande companheiro
40:36das pessoas no Brasil?
40:38Não iam no Brasil,
40:39não,
40:39na América Latina.
40:40Foi a televisão.
40:42A televisão foi excelente,
40:44porque ela agradava
40:44criança,
40:45velho,
40:45adulto,
40:47menino,
40:47todo,
40:48qualquer faixa etária,
40:50qualquer sócio-econômico
40:51que a televisão agradava.
40:52Era um divertimento.
40:55Era um divertimento.
40:56E até para mim,
40:56fazia uma programação decente,
40:58voltada um pouco
40:59para as coisas de Minas Gerais,
41:01aquele mesmo,
41:02um pouquinho do bairrismo,
41:03que ela sabia estourar bem.
41:05Isso tudo fez dela
41:06muito querida.
41:08Era uma missória querida.
41:09importante,
41:09hah,
41:10que Jesus Шance claro
41:12aliás,
41:24não é prueba.
41:24Olha lá,
41:25é...
41:26hoje é agora,
41:27hoje é o maior
41:28tem
41:29que ele
41:29vai fazer uma
41:31dúvida do bairrismo.
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