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O Banco Central (BC) divulgou dados que indicam que o rombo financeiro das empresas estatais federais soma cerca de R$ 6,35 bilhões ao ano. O valor representa o déficit agregado das empresas que não dependem do Tesouro Nacional para se financiar. Para explicar a crise, a Jovem Pan News entrevista o economista Gilberto Braga.
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NotíciasTranscrição
00:00informou nesta sexta-feira que
00:01as empresas estatais federais
00:03registraram prejuízo bilionário
00:05no acumulado deste ano. Daniel
00:07Leão. O rombo das estatais só
00:10poderá ser minimizado com a
00:12atuação de gestores
00:13qualificados. Para Paulo
00:15Feldman, professor de economia
00:17da Universidade de São Paulo,
00:19enquanto não acabarem com os
00:21cargos de confiança que são
00:23preenchidos politicamente,
00:26dificilmente esse cenário será
00:27modificado. A pessoa
00:29é muito ligada a um determinado
00:32político, um político influente,
00:34então ela vai ocupar uma posição
00:36importante. Muitas
00:38vezes a presidência de uma estatal,
00:40mas ela nunca
00:42esteve à frente de uma
00:44empresa na vida dela, uma empresa
00:46do porte daquela estatal
00:47principalmente. Então
00:50as coisas acabam não
00:52dando certo. Eu digo
00:54que isso é uma doença brasileira
00:56porque o número
00:58de pessoas ocupando cargos de
01:00confiança chegou a 1,1 milhão de
01:05pessoas. E isso então é uma falta de
01:08responsabilidade geral com as
01:11empresas públicas. Porque
01:13empresas públicas em outros países
01:15estão muito eficientes. Você tem
01:18países onde as empresas públicas são
01:20mais eficientes do que a empresa
01:22privada. É porque essa questão de
01:26cargo e confiança é algo
01:28brasileiro. O rombo das estatais que
01:31já soma 6,35 bilhões de reais somente
01:34nos dez primeiros meses desse ano é
01:37puxado especialmente pelos Correios e
01:40deve superar o recorde histórico
01:42negativo batido em dois mil e vinte e
01:44quatro quando atingiu a marca de seis
01:47vírgula setenta e três bilhões de reais. O
01:50economista Bruno Lavieri afirma que os
01:53Correios não se modernizaram e não
01:57conseguem fazer frente aos concorrentes e
02:00a consequência disso é que a conta sai
02:03cara para o brasileiro. O argumento de
02:06que puxa mas o Correio leva isso
02:08para os Correios. Enfim, a verdade é que é
02:12muito caro um déficit desse tamanho, um
02:16prejuízo desse tamanho dos Correios para
02:19fazer algo que poderia ter sido feito
02:21muito mais barato se você desse
02:23eventualmente para uma empresa privada
02:25fazer essas entregas em locais mais
02:28remotos do Brasil. Enfim, certamente não
02:30seria um prejuízo tão grande quanto é o
02:33que todos os brasileiros estão pagando
02:35para os Correios.
02:36Em meio à necessidade de um ajuste fiscal
02:39mais rigoroso, o resultado afeta
02:42diretamente as contas públicas. Tanto é
02:45que o governo já foi forçado a
02:48bloquear três bilhões de reais do
02:50orçamento para esse custeio.
02:53A verdade é que três bilhões é muito
02:55pouco, né, para o tamanho do pombo que
02:57a gente tem. A verdade é que se fosse de
03:00fato um governo tão comprometido, né, com
03:03equilíbrio fiscal, esses três bilhões já
03:05estariam conscienciados há muito tempo, né,
03:08acho que já está muito claro que nem
03:09neste ano e nem no próximo a gente vai
03:12alcançar um resultado primário neutro ou
03:15minimamente positivo, né, ou seja, já
03:18devia estar com o freio de mão puxado e
03:19não está. Na lista do Banco Central das
03:22Estatais em dificuldades figuram, entre
03:25outras, os Correios, a Casa da Moeda,
03:28Infraero e Eletronuclear.
03:31A gente continua falando sobre a crise
03:33nas estatais e para falarmos sobre este
03:35assunto nós recebemos agora o professor
03:37e economista Gilberto Braga aqui no
03:39Jornal da Manhã. Professor, seja muito
03:41bem-vindo, bom dia. Isso quer dizer
03:43então que o gasto das estatais foi
03:45muito maior do que a receita gerada, é
03:48isso?
03:49É um conjunto de fatores, né. Na verdade o
03:52que nós temos é que o resultado das
03:55estatais, ela soma os resultados positivos
03:59e os negativos. Então, quando a gente
04:01coloca isso tudo dentro de um conjunto,
04:05o que nós temos é que o resultado do
04:07endividamento das deficitárias, eles
04:11sobressaem em relação às que são
04:14superavitárias. Então, esse aumento das
04:18estatais reflete isso.
04:22Bom, em relação também, né, a gente teve
04:25a derrubada dos vetos do presidente Lula, a
04:28lei que criou o programa de pleno
04:29pagamento de dívidas dos estados. Quais
04:32são os impactos disso nas contas
04:34públicas efetivamente?
04:36Olha, esse impacto ele vai permitir o
04:39a diminuição do endividamento do do
04:44estado de uma forma geral, né. O
04:46Propag, que é o programa de pleno
04:48pagamento da dívida dos estados, ele
04:51soma aproximadamente hoje 70 bilhões
04:54dentro do balanço do governo federal, ou
04:57seja, o governo federal central tem para
04:59receber dos estados e do Distrito Federal
05:0270 bilhões em dívidas, que são diversas
05:06operações de empréstimos desde o início
05:09desse século, desde até o fim do século
05:11passado, que foram feitos ao longo do
05:14tempo e que vêm sendo rescalonados e na
05:16maioria das vezes com pagamentos
05:18parciais, mas nunca integrais. Sobre esse
05:22endividamento, sobre esse carrego da
05:25dívida, sempre vai sendo colocados novos
05:27juros que vão sendo acumulados. Então,
05:30isso, esse tamanho desse rombo hoje é de
05:3370 bilhões e esse Propag, que foi, que
05:38tinha vetos do governo e que foram
05:40derrubados no Congresso, vai permitir o
05:43rescalonamento dessa dívida pela maioria
05:45dos estados. Vários estados, tendo como
05:49grande protagonista o Rio de Janeiro,
05:51onde o governador Cláudio Castro foi um
05:53grande ator que se envolveu diretamente
05:56e, inclusive, passou a semana em Brasília,
05:59no corpo a corpo com os parlamentares.
06:03Nós também temos os estados de Goiás, de
06:05Sergipe, de Minas Gerais e do Rio Grande do
06:09Sul, que publicamente já manifestaram que
06:11vão aderir a esse programa. O estado de
06:15São Paulo também estuda, tem uma
06:19tendência de que São Paulo faça uma
06:21adesão, embora ainda não tenha anunciado
06:24publicamente. Os próprios técnicos do
06:27governo acreditam que nos próximos dias,
06:30pelo menos mais quatro a cinco estados
06:32deverão anunciar a sua adesão.
06:36Professor, os nossos comentaristas também
06:38participam da entrevista. Quero chamar
06:40primeiramente ao Jess Peixoto. Jess, sua
06:42pergunta. Professor, nós temos essa
06:44situação aí de rombo das estatais,
06:46batendo esse possível novo número
06:49recorde nesta gestão. Eu queria saber
06:52principalmente sobre uma delas, que é o
06:53Correios, que talvez a mais deficitária,
06:56esse déficit foi ali enquadrado como
06:58talvez uma consequência de uma política
07:00do próprio governo, que é a taxação ali,
07:02dita a taxação das blusinhas. Eu queria
07:04entender como que o senhor vê a
07:05possibilidade de, a partir deste momento,
07:08também pensando no ano eleitoral, abrir
07:10a discussão e a possibilidade de
07:12privatização dos Correios. Se você vê
07:14isso como possível, como provável e até
07:17mesmo como, quem sabe, um novo caminho em
07:20relação a uma tendência do passado, que
07:24era essa supervalorização das estatais,
07:27dos Correios per si, até mesmo por conta
07:29de alegarem que não poderia ter essa
07:31distribuição para devidas regiões, que
07:33hoje são bem atendidas por serviços
07:35privados. Como o senhor enxerga isso?
07:36Muito obrigado. É importante notar que a
07:40operação dos Correios nos últimos anos, ela
07:43mudou fundamentalmente, né? Se nós olharmos
07:46dez anos para trás, nós tínhamos uma
07:49operação específica para essa estatal, em
07:52que nós ainda tínhamos um volume muito
07:54grande de correspondências que a gente
07:56chama de cartas. Então, uma boa parte da
07:59receita da companhia vinha de algo que
08:02caiu vertiginosamente nos últimos anos,
08:05sobretudo da pandemia para cá. Da pandemia
08:08para cá, nós tivemos uma geração que era, de
08:12alguma forma, refratária ao uso de
08:14tecnologia, o uso de transações online, que
08:17cresceu bastante. A inserção de novas
08:21gerações mais jovens no mercado de consumo
08:24que fazem compras online. Então, o negócio dos
08:27Correios mudou radicalmente. Ele tinha um
08:30monopólio de uma época em que se faziam
08:33cartas escritas, hoje se manda
08:35correspondências eletrônicas, e-mails, se
08:38mandava telegrama, hoje isso caiu para
08:42praticamente perto de zero dentro da
08:44receita dos Correios. Então, o que nós
08:46temos é que bancos que mandavam os
08:49tratos bancários, correspondências,
08:51comunicados. Então, toda uma forma de
08:54citação de comunicação oficial mudou. Nesse
08:58processo de reestruturação, de mudança
09:01de hábito, o Correio ficou para trás, os
09:03Correios ficaram para trás. Então, hoje o
09:06que nós temos é o principal produto desse
09:09segmento, é o chamado delivery, o frete, a
09:13entrega. E nisso, os Correios, eles chegam em
09:16alguns lugares remotos, tem aí uma
09:18confiança bastante grande de parte do
09:21mercado, mas ele tem uma concorrência que
09:23ele não tinha quando tinha o monopólio das
09:26correspondências até alguns anos atrás.
09:29Então, existe aí uma mudança comportamental
09:32do mercado consumidor em relação a essa
09:35atividade, e dentro desse segmento, você
09:38precisa fazer uma reestruturação em busca
09:40de eficácia e eficiência, ou efetivamente
09:44partirmos para uma privatização, na medida
09:48em que é um gigante, um mastodonte estatal,
09:51com trocas sucessivas de gestão, sem uma
09:55linha de continuidade e, sobretudo, sem
09:58investimentos que são necessários para
10:02reestruturação da sua dívida e em novas
10:05tecnologias.
10:07Gilberto, vou incluir na nossa conversa
10:09também o Cristiano Villela para fazer a
10:10próxima pergunta.
10:11professor, bom dia. Professor, falando
10:15justamente sobre privatização, na linha
10:17do que o senhor tocou agora, nós temos de
10:20uma forma geral esse tema como um tema que
10:22muitas vezes ele não é bem visto por uma
10:25determinada parcela da sociedade, acaba
10:27tendo até um certo preconceito com relação
10:29às privatizações de uma forma geral.
10:32Talvez alguns episódios que acabem atingindo
10:35fortemente a sociedade, como no caso da Enel em
10:37São Paulo, enfim, acabem fomentando esse tipo
10:40de visão. Na sua ideia, na sua visão, a
10:45questão das privatizações, elas são
10:48efetivamente o caminho e de que forma isso
10:50pode ser feito para fazer com que elas
10:53sejam efetivas, demonstrem eficiência e que
10:57esses casos, como esse que eu mencionei,
10:59por exemplo, acabem não contaminando a
11:02ideia da sociedade de que esse seria um
11:04caminho razoável, um caminho sustentável
11:07para o país de uma forma geral?
11:09Olha, quando nós pegamos as experiências
11:12internacionais, nós observamos, por exemplo,
11:15que boa parte do mundo, sobretudo do
11:18mundo desenvolvido, com os quais normalmente
11:21nós nos comparamos ou usamos como
11:24referência, então se você pega o exemplo
11:27da Inglaterra, por exemplo, você tem um
11:29serviço que ele é praticamente desempenhado
11:32pela iniciativa privada. E o que não
11:35significa que a atividade não seja
11:37considerada estatal? É muito semelhante ou
11:40parecido com a questão de você poder
11:42colocar empresas para desenvolverem esse
11:46serviço, mas sob o controle de uma agência
11:48de regulação estatal. Então, o próprio
11:50governo, ele mantém, através dessa
11:53vigilância, o interesse público com
11:57relação à atuação privada e ele permite
12:00que a distribuição seja feita através de
12:03empresas que vão ter ali determinados
12:05parâmetros de funcionamento. Então,
12:08dependendo do país, você pode ter ou não
12:10concorrência no preço, você pode ter
12:13preços fixados, mas o que é fundamental
12:16é a eficácia, ou seja, que o produto seja
12:21entregue, que a carta, a correspondência
12:24seja colocada com precisão em relação ao
12:28usuário, dentro de determinadas condições
12:30que atendam às necessidades dessa
12:32população, desse público. Então, na
12:35verdade, o que importa é o resultado. Se
12:38ele, eu não sou contra que ele seja
12:40estatizado, nem acho que nós devamos
12:42ter determinados preconceitos com
12:45relação à privatização. O importante é
12:47a qualidade dos serviços. Aqui no Brasil,
12:50como contraponto, nós podemos dizer que o
12:53setor de telefonia é um bom exemplo, onde
12:56nós temos hoje, depois da privatização,
12:58uma grande concorrência e quando o governo
13:02tentou interferir nisso em determinado
13:04momento, na pós-privatização, tentando
13:08formar a Superteg, deu no que deu, que foi o
13:11caso da Oi, que comprou a antiga Brasil
13:14Telecom e que hoje está praticamente numa
13:17discussão se ela está falida ou se está em
13:20recuperação judicial. Então, isso mostra que
13:23nós também temos experiências vitoriosas e
13:26que podem servir de parâmetro para essa
13:28discussão. Sobre o rombo nas estatais, nós
13:32conversamos com o professor economista
13:34Gilberto Braga. Professor, muito
13:35obrigada pela participação aqui no Jornal da
13:37Manhã deste sábado. Obrigada pelos
13:39esclarecimentos. Um ótimo sábado ao
13:41senhor. Bom fim de semana a todos. Até.
13:44Bom fim de semana.
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