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A primeira semana de Jair Bolsonaro na Polícia Federal, após a decretação de sua prisão, foi marcada por um cenário atípico de poucas manifestações de apoio. O ex-presidente, que perdeu o salário de presidente de honra do PL, apresentou crises de soluços, queixou-se da alimentação da PF e passou a receber "marmitas da Dona Michelle."

A defesa apresentou um relatório médico detalhando dez problemas de saúde para pedir a Prisão Domiciliar Humanitária, mas o Ministro Alexandre de Moraes negou o pedido.

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Transcrição
00:00A primeira semana de cárcere de Jair Bolsonaro foi marcada por poucas manifestações
00:04e poucas confusões em frente à sede da Polícia Federal.
00:07É um cenário completamente diferente da vista ao longo da prisão de Lula,
00:11quando a militância petista, com a bela ajuda do partido, diga-se de passagem,
00:15intensificou sua mobilização em favor do petista na sede da Polícia Federal.
00:20Além disso, durante esta semana, Bolsonaro recebeu visitas de três filhos,
00:24Carlos, Eduardo e Flávio, e reclamou constantemente de crises de soluços.
00:29Houve, inclusive, necessidade de atendimento na noite de quarta-feira.
00:33Bolsonaro também se queixou da alimentação na Polícia Federal
00:36e comeu apenas aquilo que os agentes chamaram de marmitas da Dona Michele,
00:40em referência à ex-primeira-dama Michele Bolsonaro.
00:43Por reflexo da condenação, Jair Bolsonaro também perdeu o direito ao salário de R$ 42 mil
00:48que ele tinha como presidente de honra do PL.
00:52Antes de passar a palavra para os nossos comentaristas,
00:54deixa eu compartilhar mais algumas informações sobre a prisão de Bolsonaro,
00:57que incluem uma reportagem na edição desta sexta-feira da revista Cruzoé.
01:01Por ser ex-presidente da República, ele está em uma sala de estado maior
01:04que conta com televisão, frigobar, ar-condicionado, cama e armários.
01:09Ainda assim, por causa de seus problemas de saúde,
01:11um especialista com quem eu conversei reforçou que podemos esperar
01:14que Bolsonaro precise de atendimento médico frequente na prisão.
01:17Hipertensão, doença aterosclerótica do coração e estenose de carótidas exigem monitoramento contínuo,
01:25pois podem evoluir com complicações cardiovasculares.
01:28Além disso, refluxo com esofagite e anemia por deficiência de ferro também demandam seguimento regular.
01:35Portanto, mesmo em ambiente prisional, consultas médicas, periódicas e, eventualmente,
01:39idas ao hospital são necessárias para garantir a estabilidade clínica de Bolsonaro.
01:43Ao Supremo Tribunal Federal, a defesa de Bolsonaro apresentou um relatório médico
01:47que lista 10 problemas de saúde no total.
01:50Citando os problemas, os advogados pediram ao Supremo a concessão de prisão domiciliar humanitária,
01:56mas o ministro Alexandre de Moraes já negou.
01:59Estamos aqui com Rodolfo Borges e Duda Teixeira.
02:02Rodolfo, boa tarde.
02:03Duda, boa tarde.
02:04Boa tarde.
02:05Rodolfo, e do lado de fora dessa prisão, o que está acontecendo?
02:10Então, boa tarde a todos.
02:12O que está acontecendo do lado de fora é que a família está se mobilizando pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
02:17Inclusive, o Carlos Bolsonaro, o vereador do Rio de Janeiro, publicou hoje toda essa lista de doenças e comorbidades do Jair Bolsonaro
02:27que o Guilherme mencionou agora.
02:28Ele botou lá, compartilhando a notícia de que a PGR se posicionou a favor da prisão domiciliar para o general Augusto Heleno.
02:38E apresentou um diagnóstico de Alzheimer para a justiça.
02:42E o Carlos Bolsonaro não falou isso diretamente, está implicado pela postagem dele,
02:46de que ele espera também que o pai seja beneficiado por esse tipo de decisão.
02:51O Guilherme mencionou que o Alexandre de Moraes negou a prisão humanitária,
02:56mas quando ele fez essa negativa da prisão humanitária,
02:59foi no contexto do cumprimento ainda da pena de prisão preventiva.
03:06Depois que a prisão passou a ser a prisão de fato pela condenação da trama golpista,
03:12não teve uma decisão do Moraes ainda sobre um novo pedido.
03:15Então imagina-se que vai vir um novo pedido, uma formalização da família Bolsonaro,
03:22da defesa do ex-presidente Bolsonaro.
03:23E aí a gente vai ver, a partir daí, se o Alexandre de Moraes considera,
03:29como a PGR considerou, indicando para o Augusto Heleno,
03:34se o Bolsonaro também mereceria esse tipo de benefício,
03:38porque tem de fato diversas comorbidades.
03:42A mais evidente dela é que ele levou uma facada em 2018
03:46e desde então convalesce por conta das consequências dessa facada.
03:51Para além disso, a família vai tentando conduzir o legado do Bolsonaro
03:57na perspectiva para a eleição de 2026.
04:00Então a gente destacou, por exemplo, ontem, aqui no portal do Antagonista,
04:04que o Eduardo Bolsonaro, que é o membro da família mais vocal,
04:08disse que o candidato dele era o Flávio Bolsonaro, o senador,
04:11o filho 01 do Jair Bolsonaro.
04:14Hoje, já numa outra entrevista, o Eduardo já passou a considerar
04:19um apoio ao Tarcísio de Freitas, que ele estava chamando até outro dia
04:23e chamou, inclusive, nessa mesma entrevista que ele deu mais recente,
04:28chamou o Tarcísio, disse que ele não é de direita,
04:32disse que ele não seria exatamente um candidato bolsonarista,
04:37mas, considerando a perspectiva de enfrentar o Lula,
04:43aí o Eduardo Bolsonaro já está considerando que pode sim
04:45apoiar até o Tarcísio de Freitas, se não tiver um Bolsonaro competitivo.
04:51Duda, o que você destaca?
04:53Bom, eu acho que quando a gente olha a lista dos problemas todos de saúde,
04:58são 10, como você, Resc, mesmo colocou na reportagem da revista Cruzoé,
05:03a gente entende que realmente precisa ter essa preocupação,
05:09a prisão ali é um lugar arriscado para o Bolsonaro ficar.
05:15Ele teve uma cirurgia que durou, acho que eram 10 horas,
05:18uma coisa absurda, então, realmente precisaria ter um cuidado
05:23que não está disponível num cárcere.
05:27Agora, qual que foi o problema disso tudo?
05:32É que o próprio Jair Bolsonaro acabou meio que dinamitando
05:35essa possibilidade dele cumprir pena na casa dele,
05:40porque ele foi lá na sexta-feira à tarde e pegou o fel de solda
05:45e ficou ali violando, destruindo a tornozeleira eletrônica.
05:51Então, o cálculo agora do Alexandre de Moraes é,
05:54puxa, mas se eu dou essa autorização e o Jair Bolsonaro volta para a casa dele,
06:00que garantia que eu tenho que ele não vai de novo destruir a tornozeleira eletrônica
06:06e fazer qualquer outra coisa, sendo que a tornozeleira é importantíssima
06:11para você conseguir garantir que a prisão domiciliar seja cumprida,
06:17que a pessoa não saia de dentro de casa, você ter esse controle.
06:22Então, enfim, acho que o Bolsonaro acabou atrapalhando ele mesmo nessa história.
06:27O que vai acontecer no futuro?
06:29Se tiver uma crise grave de saúde, aí sim o Moraes talvez comece a pensar
06:34em tentar uma segunda chance para o Bolsonaro na domiciliar.
06:39Mas a gente vai ter que esperar isso acontecer,
06:43provavelmente, para que alguma decisão desse tipo venha a acontecer.
06:47Rodolfo, é possível estabelecer um paralelo com o caso do ex-presidente Fernando Collor?
06:51Porque ele recebeu a concessão da prisão domiciliar humanitária.
06:54O que diferencia em relação ao Bolsonaro?
06:56Olha, eu acho que é inevitável fazer o paralelo com qualquer prisão domiciliar.
07:01E a do Collor, assim, a concessão, a condição do Collor parece ser muito menos grave
07:06do que a do Bolsonaro.
07:08Inclusive, na audiência de custódia do Collor, quando ele foi preso,
07:13ele não chegou a mencionar essa questão da doença ou disse que estava tudo bem com ele
07:17e aí depois a defesa apresentou formalmente.
07:19No caso do Bolsonaro, é notório, todo mundo sabe que ele tem uma ferida ali na barriga
07:24e ele já foi hospitalizado diversas vezes por conta disso.
07:28O que o Duda destacou bem aqui é de que o contexto do Bolsonaro é diferente.
07:33Então, teve, por exemplo, um problema com a tornozelela eletrônica do Collor.
07:37Os aliados do Bolsonaro mencionam isso toda hora, dizendo que isso não foi motivo
07:44para tirar o Collor da prisão domiciliar, mas o contexto é completamente diferente.
07:48A questão do Collor, aparentemente, foi uma falta de carregamento da bateria,
07:53da tornozeleira.
07:54Ele não tentou romper a tornozeleira com solda.
07:59Esse é o problema.
08:01Um dos problemas.
08:02Porque não só o Bolsonaro tentou ali romper e admitiu que tentou,
08:06e está gravado ele admitindo isso,
08:09como tinha o contexto de que, e isso está na decisão do Alexandre de Moraes,
08:13de que eles estavam convocando, o Flávio Bolsonaro convocou uma vigília
08:16sob o argumento de fazer, de rezar pelo Bolsonaro,
08:21mas isso foi interpretado como um possível início de um tumulto
08:26ali na frente do local onde o Bolsonaro estava cumprindo a sua prisão domiciliar.
08:30Então, assim, não dá para tirar desse contexto o que está ocorrendo.
08:34O Duda destacou bem que o problema de saúde do Bolsonaro é evidente
08:38e, em qualquer outro contexto, provavelmente ele conseguiria essa prisão domiciliar,
08:44como o Augusto Heleno, aparentemente, parece que vai conseguir também.
08:48Agora, de fato, o Bolsonaro se complicou porque o contexto é muito ruim.
08:53Hoje, o que o Alexandre de Moraes vai ter que medir,
08:56quando vier a ser questionado formalmente pela defesa do Bolsonaro,
08:59é se existe algum risco, de fato, de fuga dele nesse contexto.
09:03E aí tem essa questão de que o Bolsonaro não está num presídio,
09:08não está na papuda.
09:09Se ele estivesse na papuda, o argumento de que o ambiente
09:11seria nocivo para a saúde dele era muito mais forte.
09:15Hoje ele está numa sala separada,
09:18numa localidade próxima a hospitais,
09:21Então, se tornou mais difícil, de fato, para a defesa dele conseguir esse benefício.
09:27A gente concorda, todo mundo está dizendo aqui.
09:29A condição física dele mereceria esse tipo de tratamento.
09:35Agora, o contexto joga contra o Jair Bolsonaro.
09:37E a prisão, também, na sala do Estado-Maior,
09:43da superintendência da PF,
09:45também tem um sentido,
09:48que é o fato do Lula também ter ficado
09:50na superintendência da Polícia Federal.
09:53Então, essa decisão do Alexandre de Moraes,
09:56de ter escolhido esse lugar,
09:58também pode ter como pano de fundo
10:00essa ideia de que não estou privilegiando ninguém,
10:03não estou aqui fazendo uma decisão política partidária
10:09de botar num lugar ou no outro.
10:10Você pensava em colocar ele na papuda.
10:13E aí teve muita gente reclamando,
10:14mas a papuda, por que o Bolsonaro na papuda
10:17e o Lula numa salinha da PF?
10:20Então, o Bolsonaro fica numa salinha da PF
10:22e fica com uma ideia que alguma justiça,
10:26um equilíbrio nas duas situações aconteceu.
10:30Aí, agora, vai botar o Bolsonaro na domiciliar,
10:34na casa dele,
10:36vai ter gente reclamando também.
10:37Puxa, como assim?
10:38O Lula ficou na sala da PF e o Bolsonaro não?
10:41Então, existe uma lógica por trás
10:44de manter ele na PF.
10:46Agora, claro, tem a situação de saúde,
10:48que é uma coisa que o Lula não tinha.
10:50Lula, e o que será que explica
10:51essa falta de manifestações,
10:53seja contra a prisão, a favor da prisão?
10:56Porque o Bolsonaro é um político
10:57com muita gente que apoia
10:58e muita gente que odeia também, né?
11:00Por que não está tendo essas manifestações?
11:02Vou voltar na comparação, então, com o Lula,
11:04porque o Lula estava solto,
11:06falando livremente,
11:10vai para os sindicatos metodológicos,
11:13faz um ato público,
11:15e aí vão os agentes da Polícia Federal,
11:18prendem ele e levam para a prisão.
11:20Então, você tem uma mudança muito brusca
11:25da situação, né?
11:27E aí, claro, no caso do Lula,
11:30todo mundo, as pessoas esquerdistas
11:32foram lá no sindicato
11:33para dar apoio para ele.
11:35No caso do Bolsonaro, não, né?
11:37Foi uma decisão que vem acontecendo
11:39de pouquinho em pouquinho.
11:40Então, vem a cautelar,
11:44depois vem a domiciliar,
11:46aí tira a rede social,
11:47aí começa a dificultar a visita,
11:49e aí depois vem a prisão preventiva.
11:51Então, é mais uma continuação
11:53de uma prisão que vem acontecendo aos poucos,
11:56e aí você não tem essa mudança brusca
11:58de situação, e aí é por isso,
11:59acho que esse é um dos motivos, né?
12:02Talvez o Rodolfo tenha mais um motivo
12:03para apontar aqui.
12:04Isso, queria levantar a mão aqui
12:05para continuar, porque, assim,
12:07eu acho que tem outros dois fatores aí.
12:09Um é como se desenrolou
12:11o processo judicial
12:14depois do 8 de janeiro.
12:16Então, muita gente que estava protestando
12:19foi presa, e depois daquilo,
12:21todo mundo que estava na frente dos quartéis
12:23ou foi retirado ou saiu.
12:25Se tornou perigoso protestar nesse contexto,
12:28até porque ia ter uma vigília,
12:30e essa vigília foi interpretada
12:32pelo juiz que toma conta do caso
12:34como potencialmente tumultuosa
12:37para o ambiente.
12:38Então, assim, imagino que quem
12:40seja apoiador do Bolsonaro pense realmente
12:42duas ou três vezes antes de fazer
12:43uma manifestação próxima
12:45da Polícia Federal ou de um quartel general.
12:47Outra coisa, o Wilson Lima lembrou
12:49aqui na redação,
12:50é que o Lula,
12:52aquele movimento Lula Livre,
12:54ele tinha patrocínio.
12:57Ele tinha uma estrutura sindical
12:59que é sustentada
13:02e sustenta o PT ao mesmo tempo,
13:04que permitia que as pessoas ficassem ali.
13:06Nos acampamentos de Brasília,
13:09tinha gente patrocinando
13:11com comida,
13:12inclusive foram processados,
13:15investigados por conta disso,
13:16por patrocinar.
13:17No caso do Lula,
13:18e aí era um contexto diferente,
13:20os contextos são diferentes,
13:23mas tinha dinheiro.
13:26Então, assim,
13:27se você tem dinheiro,
13:27se você pode ficar ali por um tempo
13:29sendo sustentado
13:31numa estrutura sindical,
13:33e essa estrutura sindical faz sentido
13:34que ela defenda um líder político,
13:37independente do crime que ele cometeu,
13:39então tem uma facilidade também aí.
13:40Eu acho que tem essas duas distinções aí
13:42para além de tudo o resto
13:45que pode estar acontecendo.
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