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Valdir da Silva Bezerra, mestre em relações internacionais e pesquisador de Rússia, analisa o novo plano de paz para a guerra na Ucrânia, que pode reduzir o território ucraniano e alterar o equilíbrio geopolítico. Ele explica impactos para Otan, economia global e o papel dos EUA sob Donald Trump.

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Transcrição
00:00Hoje as negociações de paz para a guerra na Ucrânia ganharam um novo fôlego.
00:05Zelensky sinalizou estar pronto para trabalhar em uma estrutura de paz,
00:10apoiada por Washington, apesar do plano original exigir concessões territoriais.
00:18Para analisar o assunto, converso agora com Valdir da Silva Bezerra,
00:22mestre em relações internacionais pela Universidade Estatal de São Petersburgo
00:28e pesquisador de Rússia.
00:30Valdir, é sempre um prazer te receber aqui, você para mim é uma referência nos estudos sobre Rússia.
00:37Conhece a Rússia de dentro para fora, sabe como os russos pensam
00:41e eu acho que agora vai ser fundamental para você ajudar a gente a destrinchar
00:47este tal plano de 28 pontos, que está muito claro,
00:52embora o plano não tenha sido publicado para a imprensa, algumas coisas já vazaram,
00:56mas a gente já entende que se fala em concessões severas,
01:0220% talvez de perda do território ucraniano para os russos.
01:07Primeiro vamos olhar essa parte política, depois eu vou colocar o componente Donald Trump
01:12para a gente olhar depois a economia global com tudo isso.
01:16É o fim da linha para a Ucrânia, para o Vladimir Zelensky?
01:21Ele ainda tem fôlego, capital político, força, capacidade militar
01:26para tentar reverter essa situação de perda do território,
01:31aquela meia-lua toda que ele perdeu na parte leste para os russos já?
01:37Boa noite mais uma vez, Valdir.
01:38Boa noite, Marcelo. Boa noite a todos que nos acompanham agora pela CNBC Times Brasil.
01:47No campo de batalha, a Ucrânia não tem condições de recuperar os territórios
01:52que a Rússia hoje controla.
01:55Entretanto, as expectativas em torno de um otimismo cercando esse plano de 28 pontos
02:03do Trump ainda é muito prematura, porque muitos europeus, inclusive muitos dentro da própria Ucrânia,
02:11consideraram esses 28 pontos do plano como uma espécie de lista de desejos do Putin.
02:18E foi justamente por conta disso que negociadores americanos e ucranianos
02:22se encontraram no domingo para fazerem modificações nesse plano.
02:28Esse plano agora já está atualizado.
02:30não foi publicado ainda, e é justamente sobre isso que o enviado americano
02:35Steven Whitcock vai conversar com Vladimir Putin nos próximos dias.
02:40Todavia, se a Rússia olhar para esse plano como está agora atualizado
02:45e não concordar com alguma cláusula, ou com algumas cláusulas,
02:49nós iremos voltar para a estaca zero.
02:52Valdir, vamos colocar todo mundo na mesma página,
02:55que literalmente eu preparei um mapa junto com a nossa talentosa equipe de videografismo
03:00para a gente mostrar o que aparentemente é esse plano.
03:05Essa parte aqui, essa cor de salmão, que é um mapa de guerra que a gente está vendo aí
03:11há anos do território ocupado pelos russos.
03:17Aparentemente, o plano fala dessa concessão dos ucranianos para os russos.
03:22A retirada dos ucranianos dessa região,
03:27perdão, essa região amarelada fica para a Ucrânia,
03:32e essas regiões aqui mais em azul,
03:35que são presenças militares de tropas russas na Ucrânia,
03:39seriam retiradas.
03:40Ou seja, se o Volodymyr Zelensky acatar,
03:45ele perde boa parte de todo o seu flanco leste,
03:51e principalmente no mar de Azov.
03:54Mas isso aí a gente já sabe faz tempo, Valdir.
03:56Queria aproveitar a sua presença aqui para fazer um exercício imagético.
04:02Você concorda comigo?
04:04Se esse plano for aceito,
04:06a OTAN e a União Europeia saem enfraquecidas dessa história?
04:14Certamente essa é uma das questões que tem se tornado um dos pontos sensíveis,
04:18porque nesse plano de 28 pontos inclui-se o fato de que,
04:26inclui-se na verdade uma disposição de que a OTAN não vai se expandir mais,
04:33e de que a Ucrânia não vai ter nenhuma possibilidade de fazer parte da Aliança Atlântica.
04:37Essa é uma das questões que mais incomoda os ucranianos,
04:42mas que também incomoda os europeus.
04:44Porque se nós formos voltar para 2023, no summit, na reunião da OTAN,
04:53que ocorreu em Vilnius, na Lituânia,
04:57a gente teve uma declaração que foi emitida depois dessa reunião,
05:02que dizia que o futuro da Ucrânia é justamente na OTAN.
05:05A questão territorial é um problema também.
05:09A questão de fechar as portas para a OTAN, para a Ucrânia, é um problema.
05:15A questão de você limitar o contingente das forças armadas ucranianas
05:20é um dos pontos sensíveis.
05:23A gente tem outras questões também que acabam colocando
05:26russas e ucranianos em lados opostos.
05:30Novamente, eu venho dizendo, batendo nessa tecla,
05:32que um acordo de paz duradouro vai precisar ser estabelecido
05:37em cima de um denominador mínimo comum para Estados Unidos,
05:41para a Rússia, para a Ucrânia e para os europeus.
05:44E ainda estamos muito distantes disso.
05:47Agora, Valdir, voltando aqui nessa...
05:51as possibilidades que eu coloquei aqui, resumidas, nessa tela,
05:57vamos também, de novo, fazer um exercício imagético.
06:00O que são esses riscos aqui, né?
06:03De uma soberania fragilizada.
06:05Tá bom, eu sou o presidente da Ucrânia,
06:08Vladimir Zelensky, joguei a toalha, assino.
06:11Qual é a garantia de que os russos não voltem depois de um tempo,
06:17seja daqui seis meses, dois anos, cinco anos, uma década,
06:20e tomem o resto do território ucraniano?
06:24Mas, antes disso, qual é o risco de uma crise interna
06:29de movimentos nacionalistas e tudo mais,
06:32que até pode gerar, talvez esteja exagerando, mas não muito,
06:36uma espécie de uma guerra civil interna,
06:39porque vai haver lados que concordam com a decisão do Zelensky,
06:43aqueles que vão discordar.
06:45O futuro político do Zelensky vai virar pó.
06:47O que pode ser essa, uma provável, uma suposta convulsão interna na Ucrânia,
06:55caso o desenho da Ucrânia seja diferente a partir desse mapa aqui?
07:00A questão das garantias de segurança à Ucrânia
07:06é um ponto tão complexo que, dentro dessas 28 propostas
07:12que foram feitas agora, alegadamente pela administração Trump,
07:17menciona-se que essa questão das garantias de segurança
07:21vão ser discutidas depois,
07:23porque existe uma diferença de interpretação
07:26de como que a Ucrânia vai se sentir segura depois desse conflito.
07:31Será com a presença de tropas europeias no território ucraniano?
07:37Quem já se manifestou a favor do envio de tropas para a Ucrânia
07:41foi, por exemplo, a França e o Reino Unido.
07:45Entretanto, a Rússia não concorda com essa condição.
07:48Ela não concordava em 2022 e não concorda agora.
07:52A Rússia propunha em 2022 garantias de segurança à Ucrânia
07:58que exigiam, caso a Ucrânia fosse novamente atacada,
08:02um consenso entre todos os membros do Conselho de Segurança da ONU
08:06e a Ucrânia novamente não queria essa condição
08:09porque a Rússia teria um poder de veto sobre a decisão
08:11de auxiliar a Ucrânia no futuro se ela fosse atacada de novo.
08:14Então, esse é um ponto muito sensível,
08:17é considerado por alguns como sendo um detalhe,
08:21mas, como diz o ditado popular nosso aqui,
08:23o diabo mora justamente nos detalhes.
08:25Exatamente.
08:26Eu vou pegar uma outra expressão,
08:29mas menos contemporânea nossa, Valdir.
08:31Você que é um estudioso e um leitor dos grandes clássicos,
08:35deixa eu voltar na Grécia Antiga
08:37para pegar um título da dramaturgia grega antiga,
08:42o Deus, o grande Deus chamado dinheiro, né?
08:45Porque nós estamos falando aqui de segurança,
08:47nós estamos falando de política, de diplomacia,
08:50mas existe uma camada muito grossa aqui
08:52que é riqueza natural.
08:55Vamos supor que cheguem a um acordo de paz, né?
08:58Eu fui fazer um outro exercício imagético
09:01e para nós aqui, nosso canal que tem esse DNA de negócio,
09:04é muito importante a gente olhar,
09:06o que se fala é que o chamado prêmio de risco geopolítico,
09:12ele é eliminado, né?
09:15Ó, chegamos a um acordo de paz, acabou com a guerra.
09:19O barril do Brent, ele pode ficar de 10% a 15% mais barato a curto prazo.
09:25A gente vai mexer com a economia global,
09:27nós estamos falando de petróleo.
09:28Depois, o gás europeu, né?
09:32Com supostas, vamos supor, o fim das sanções,
09:39o gás volta a ser mais barato para os europeus
09:43produzirem eletricidade e colocarem essa dinâmica na indústria.
09:48Barateia produtos.
09:50Para este lado aqui, confiança em investimentos.
09:54Podem haver novos, pode haver novos investimentos
09:58numa área ali ameaçada para a guerra.
10:00E, por final, deixei aí o mais saboroso, né?
10:04Para o final, ou se você quiser usar o mais complexo,
10:07esse outro adjetivo, as mudanças estruturais.
10:11Porque a guerra, quando o Ocidente fecha portas para a Rússia,
10:16a Rússia foi empurrada às parcerias comerciais com Índia e China
10:19e novas rotas comerciais foram criadas na Europa
10:23que não serão desfeitas assim no estalar de dedos, né?
10:27Há uma nova configuração.
10:30Diante de tudo isso, né?
10:32Eu compliquei a sua vida, agora você resolve, Valdir.
10:35Explica para a gente.
10:36Faz sentido isso?
10:38A gente pode esperar queda nas sanções,
10:41ou suspensão nas sanções,
10:42o gás fica mais barato, o Brent mais barato
10:45e essa nova dança geopolítica por causa da guerra.
10:50Ela se mantém?
10:51Eu não vejo a possibilidade de isso ser refeito, né?
10:55Porque alguns desses contratos aqui
10:56são movimentos que se tornaram inexoráveis, né?
11:00Foram pontos que eles não têm mais volta.
11:02Mas esses são os meus achismos.
11:03O especialista é você.
11:04Estou jogando na sua mão.
11:07Muitas questões me parecem, pelo menos no curto e no médio prazo,
11:11como pontos de não retorno.
11:12Por exemplo, a questão do levantamento das sanções contra a Rússia.
11:17Em planos do Donald Trump, do primeiro semestre desse ano,
11:22falava-se sobre o levantamento das sanções imediata.
11:26Esse novo documento de 28 pontos
11:28já fala sobre um levantamento gradual e caso a caso.
11:33Então, a linguagem mudou um pouco.
11:35Os europeus dificilmente vão voltar a comprar energia da Rússia
11:40da forma como compravam antes, pelo menos.
11:43Ainda que a Rússia seja reintegrada à economia global,
11:46como se fala também nesse documento.
11:48Isso porque algumas infraestruturas energéticas
11:51que conectavam a Rússia com a Europa também foram danificadas.
11:54A gente teve a questão do gasoduto do Norte 2.
11:57A gente teve a questão do redirecionamento da Rússia para a Ásia.
12:01Como você bem demonstrou nessa sua apresentação,
12:05a Rússia direcionou recursos de petróleo e gás justamente para a Índia e para a China.
12:12A Rússia mudou a sua configuração energética de mercado.
12:17Isso dificilmente vai ser restabelecido no curto prazo.
12:20Os americanos, por outro lado, ganharam bastante mercado na Europa
12:24com esta guerra pela venda do gás natural de quefeito,
12:28que vem por via oceânica,
12:30para suprir justamente a necessidade que a Europa teve de novos fornecedores.
12:34Então, toda essa dinâmica atual e possível,
12:38depois de um acordo,
12:40ela é bastante complexa.
12:42Algumas questões vão demorar muito para se estabelecer,
12:45mas eu não vejo o retorno de um bom relacionamento
12:48entre Rússia e a Europa do ponto de vista energético,
12:52mesmo depois desse conflito.
12:54Valdir, é claro que essa dinâmica que a gente está falando aqui
12:57é tão complexa que não cabe numa conversa curta entre nós.
13:02Então, já te estendo o convite,
13:04porque a gente ainda vai retomar,
13:07mesmo que haja um sucesso nessa negociação,
13:10palavras de Donald Trump,
13:12esse documento fica pronto e talvez aprovado na próxima quinta-feira,
13:17mas ele já fez promessas assim tantas outras vezes,
13:19mas eu continuarei necessitando dos seus esclarecimentos
13:23para a gente tentar desmembrar.
13:26E ainda, deixa aí na manga, na próxima conversa,
13:29já começa com essa pergunta, Valdir.
13:32O capital político que o Donald Trump vai ganhar,
13:36se ele conseguir botar esse selo de que ele,
13:39como ele fala que acabou com dezenas de guerras no mundo,
13:42esse que é o maior conflito na Europa desde a Segunda Guerra Mundial,
13:45se ele tiver a assinatura, o DNA dele,
13:48deixar a impressão digital dele nesse fim de conflito,
13:51isso vai gerar um capital político que ainda haverá consequências
13:56para o bem ou para o mal, positivas ou negativas,
13:59ao longo dos tempos.
14:01Mas tenho certeza que você vai poder explicar para a gente com riqueza de detalhes.
14:06Conversei aqui com o Valdir da Silva Bezerra,
14:08mestre em Relações Internacionais pela Universidade Estatal de São Petersburgo,
14:13alguém que realmente estudou na Rússia,
14:15obrigado mais uma vez,
14:16um pesquisador de Rússia,
14:18uma referência para mim nos estudos do leste europeu.
14:22Valdir, obrigado mais uma vez, até uma próxima.
14:25Eu que agradeço o convite, fico à disposição.
14:27Obrigado.
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