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No Dia da Consciência Negra, Fabiano Rosa analisou os desafios da inclusão racial nas empresas. Dados do IBGE mostram que a renda de pessoas negras equivale a 58% da renda das brancas, e a presença em cargos de liderança ainda é limitada. O comentarista detalhou políticas educacionais e iniciativas corporativas que avançam na diversidade e na representatividade.

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Transcrição
00:00E hoje é dia da consciência negra. A data é um convite à reflexão sobre inclusão racial nas empresas.
00:08Segundo o IBGE, a renda de pessoas negras ainda equivale a 58% do que recebem as brancas.
00:15E essa é apenas uma face da desigualdade, que também passa por piores taxas de desemprego
00:20e menos acesso a posições de chefia, por exemplo.
00:24Para a gente entender melhor esse cenário e os caminhos à frente, eu vou conversar agora com o Fabiano Rosa,
00:30comentarista, especialista em compliance e advogado também.
00:34Boa noite para você, Fabiano. Tudo bem?
00:37Boa noite, Turci. Boa noite a todos que nos acompanham hoje no radar.
00:42Fabiano, a gente está num ano particularmente ruim para o tema da diversidade,
00:48em termos de empresas dando passos atrás, cedendo algumas pressões políticas que vêm principalmente de fora do Brasil.
00:58Como é que você vê hoje, pensando aqui num balanço, pela sua vivência, pelo seu contato com as empresas,
01:03pelo relacionamento que você tem com essas empresas,
01:06como é que você vê hoje essa pauta presente ou ausente das conversas e dos objetivos nos negócios?
01:14Turci, essa é uma pergunta que me traz uma sensação que eu preciso aqui compartilhar nesse dia tão especial
01:24com todas as pessoas que nos acompanham aqui na Times Brasil.
01:29Por um lado, a minha resposta seria, Turci, infelizmente, por dizer que as desigualdades não diminuíram no Brasil
01:36e, de certa maneira, inclusive aumentaram.
01:39Quando nós vemos uma pesquisa que mostra que a última PNAD contínua do IBGE nos aponta
01:47que a renda média do trabalhador negro corresponde a 58% do trabalhador branco,
01:53esse dado mudou apenas 1,2% percentual de 2012 para 2023.
01:59E se nós fôssemos olhar outras camadas, empregabilidade de mulheres negras,
02:04posição de pessoas negras em cargos gerenciais, por exemplo,
02:07nós tivemos uma redução de 2012 para 2023.
02:13Então, talvez a minha primeira resposta, Turci, fosse uma resposta de uma certa...
02:17Por que não dizer? De certo desânimo, vendo que nós não avançamos na agenda de superação da desigualdade.
02:24Mas, por outro lado, é importante que a gente reflita sobre essa pauta hoje,
02:29que a gente pode dominar, de certa maneira, reflexões muito importantes,
02:34tanto no mundo corporativo quanto no setor público.
02:38Falar sobre diversidade, equidade e inclusão, a partir de uma perspectiva de sustentabilidade,
02:45de modernidade, empresas importantes que colocam metas públicas de aumento quantitativo
02:51nos seus quadros, composto por pessoas negras.
02:56Aumento qualitativo nos seus quadros, ou seja, apontando a possibilidade de mobilidade
03:02e de ascensão a cargos de liderança, cargos de direção.
03:06A existência de ações afirmativas de grandes empresas, com vagas de trainee,
03:11com posições de executivos e executivas para pessoas negras.
03:15Ele é alvissareiro, ele também nos mostra que, por outro lado, nós tivemos sim um incremento,
03:21um aprofundamento, um avanço da agenda.
03:24Turci, eu sei que você é um homem que mergulha nos assuntos da sustentabilidade
03:28e agendas complexas que mostram disparidades históricas, elas não são resolvidas do dia para a noite.
03:36Então, eu te diria, se por um lado, nós não avançamos tanto na pauta da desigualdade,
03:40a partir de números estatísticos, sobretudo nesse período de 2012 a 2023,
03:44para pegar a última PNAD contínua, por outro lado, no mundo corporativo,
03:49nós percebemos mudanças e essas mudanças, sem dúvida nenhuma,
03:53no curso do tempo gerarão efeitos positivos e impactos, aumentando diversidade,
03:58que é algo fundamental para que haja um outro ponto, Turci, que é representatividade.
04:03Temos espaços institucionais que representem, que projetem aquilo que é o escopo da sociedade brasileira,
04:10que tem mais de 50% formado por pessoas pretas e barcas.
04:14E também, olhando um lado de evolução, um lado positivo dessa história, Fabiano,
04:20a gente, felizmente, já tem algum tempo decorrido, desde que certas políticas estão em vigor no Brasil,
04:27sejam políticas públicas, sejam políticas dentro das empresas.
04:31buscando endereçar esse problema, né?
04:34Na sua leitura também, pela sua experiência, quais são as políticas que têm mostrado um impacto real
04:40no aumento da representatividade, da diversidade nas empresas, da inclusão dessas pessoas?
04:47Turcio, eu vou começar te respondendo contando a minha história aqui em um segundo.
04:52Quando eu me formei em Direito, na década de 90 do milênio passado,
04:56na PUC do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, onde eu me formei,
04:58nós éramos mais ou menos 5 mil estudantes na PUC.
05:01Turcio. E naquela época, nós éramos apenas 68 alunos negros na PUC do Rio Grande do Sul,
05:07lá em 1997. E eu sei esse dado de cabeça, porque eu era o presidente do centro acadêmico,
05:13e eu fiz um censo para entender qual era a representatividade no corpo dissente
05:18da faculdade de alunos negros.
05:20O que eu quero dar com esse dado absolutamente empírico aqui para quem nos acompanha?
05:25Naquele momento da história do Brasil, nós não tínhamos financiamento educacional,
05:30o FIES estava extinto, nós não tínhamos ProUni, nós não tínhamos vagas afirmativas,
05:35nós não tínhamos políticas de aceleração da diversidade.
05:40Tal qual nós vimos nos Estados Unidos, historicamente, as políticas afirmativas,
05:44elas têm um caráter de, por que não dizer, artificialidade,
05:49para que elas acelerem processos de inclusão que, no curso do tempo, demorariam muito tempo.
05:55Vamos aqui falar de uma maneira mais simplória.
05:58Isso eu falo na década de 90, do milênio passado.
06:00Portanto, a minha resposta para você é direta.
06:03A política pública que mais impactou e que impacta nos dias de hoje
06:08são aquelas políticas que dão acesso à educação.
06:11Tanto a educação de qualidade, do ensino fundamental e do ensino médio,
06:15quanto a educação de ensino superior.
06:18As pesquisas são unânimes em mostrar que pessoas que possuem um diploma superior
06:22acabam tendo uma maior remuneração ao longo da sua vida.
06:25Então, a minha primeira resposta para você é, nós tivemos políticas, de fato, educacionais,
06:32tanto públicas quanto políticas no setor privado, que garantiram maior acesso,
06:37quer seja pelo instrumento de financiamento, quer seja pelo instrumento de reserva de vaga.
06:41Tão polêmica política de cortes.
06:44Um outro ponto que me parece que é importante ser destacado
06:46é um conjunto de novas leis que foram sendo aprovadas
06:50e que foram combatendo o racismo no Brasil, compreendido a partir da sua lógica direta,
06:56da sua lógica estrutural.
06:58Por exemplo, a Lei 7716, barra 89, que é a lei dos crimes de racismo,
07:03que hoje em dia pune, por exemplo, cria, perdão, Turce, tipos criminais diferentes,
07:08por exemplo, o racismo recreativo, o racismo religioso contra religiões de matriz africana.
07:14Então, normas, novas legislações que foram criando um espaço,
07:19por que não dizer, de conformidade, de integridade, de compliance na sociedade
07:23e que acabaram chegando nos tribunais e com jurisprudências.
07:27Então, a gente vai tendo um avanço dessa política de proteção das pessoas negras
07:33e de combate ao racismo, gerando consequências.
07:36Porque aqui uma coisa tem que ficar clara.
07:37Uma sociedade em que há impunidade para qualquer tipo de mal feito,
07:41esse mal feito só ganha força com o tempo e estabilidade e naturalização,
07:48como se isso fosse aceito.
07:50E o terceiro ponto que eu te diria, Turce, eu acho que tem menos a ver com política pública
07:53e tem mais a ver com uma consciência da sociedade.
07:57Tem mais a ver com um senso de protagonismo das pessoas pretas e pardas no Brasil
08:02de não aceitarem mais, de não compactuarem com a injustiça,
08:08de denunciarem práticas violentas de racismo,
08:12de terem orgulho da ancestralidade, orgulho da raça, orgulho da cultura.
08:17O processo do racismo, Turce, ele é um processo que tem como um dos subprodutos mais cruéis
08:21a destruição da autoestima.
08:23Você se sente inferior, você se sente menor.
08:26E cá entre nós, você que nos assuste pela Times Brasil,
08:29quem se sente inferior não progride, não sonha, não avança.
08:33Eu acho que esses pontos marcam um dia para ser celebrado,
08:35um dia de memória, memória que nós fazemos, Turce,
08:39de todas as injustiças e desigualdades sociais envolvendo raça no Brasil,
08:44envolvendo a juventude negra que é massacrada nas periferias,
08:48envolvendo preconceitos de toda a natureza,
08:50mas também um dia de celebração.
08:51Celebração do orgulho, celebração de passos que vão sendo dados,
08:56celebração de uma tomada de consciência,
08:59de associações, de organizações não governamentais,
09:02de novas lideranças políticas negras, de novos pesquisadores,
09:06de novos juízes, de cotas na magistratura,
09:09de cotas no Ministério Público.
09:10Eu preciso celebrar, Turce, porque é olhando para frente
09:13que nós avançamos nesse caminho de superação das desigualdades
09:17envolvendo raça, num país que por 358 anos
09:22trouxe mais de 4 milhões de homens e mulheres aprisionados de África
09:27para servir como pessoas escravizadas no Brasil.
09:32Fabiano Rosa, advogado, especialista em compliance,
09:35nosso comentarista aqui no Radar.
09:37Muito obrigado pela aula, Fabiano.
09:39Uma boa noite para você.
09:41Muito obrigado, Turce.
09:42Parabéns à Times Brasil por abrir espaço para essa reflexão
09:46e num canal de jornalismo de negócio,
09:49celebrar a consciência negra,
09:51que é celebrar a sustentabilidade nos negócios.
09:54Isso tem tudo a ver com a modernidade.
09:56Grande abraço, Turce.
09:56Um abraço, Fabiano. Muito obrigado.
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