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Hudson Mendonça, vice-presidente de energia e sustentabilidade na MIT Technology Review Brasil, explicou ao Fast Money os impactos da MP que incentiva baterias no setor elétrico. A pressão de petroleiras, lideradas pela Petrobras, pode atrasar a modernização e a segurança energética do país.

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Transcrição
00:00Uma batalha nos bastidores do setor elétrico, isso porque o presidente Lula está sob intensa pressão
00:05para vetar um incentivo de um bilhão de reais por ano para projetos de armazenamento de energia em baterias.
00:13O cerco vem de petroleiras lideradas pela Petrobras.
00:17O setor elétrico teme que o veto sabote a transição energética e a segurança do sistema,
00:22já que as baterias são cruciais para evitar apagões.
00:24O relator da MP, senador Eduardo Braga, defende o incentivo e argumenta que o custo seria compensado
00:32por uma mudança no cálculo dos royalties do petróleo, o que aumentaria a arrecadação federal.
00:38Jovem ex-presidente de Energia e Sustentabilidade na MIT Technology Review BR, Hudson Mendonça,
00:44agora vai trazer o ponto de vista dele, ele está ao vivo conectado aqui no Fast Money
00:48para ajudar a gente a entender melhor o impacto dessa medida, tudo que está em jogo.
00:53Então, Hudson, boa tarde, seja muito bem-vindo ao Fast Money.
00:57Obrigado, Natália, boa tarde, prazer estar aqui com vocês novamente.
01:02Eu acho que o primeiro ponto é entender direito o que é essa MP.
01:06Ela tem três grandes objetivos, que é a modicidade tarifária,
01:10que é reduzir o valor da ponta de luz em uma completa reestruturação do sistema.
01:16O segundo é a segurança energética, que é um fator super importante nesse momento que a gente está vivendo,
01:22é um corteio, mas que eu falo um pouquinho mais depois sobre isso.
01:26E o terceiro é a questão da modernização do setor de maneira geral.
01:30Então, são várias medidas que compõem a MP, uma reestruturação bem completa,
01:36que permite a gente ter um setor elétrico aqui no Brasil mais acessível.
01:42E aí, sobre esse ponto específico das baterias, que foi um ponto realmente de grande polêmica e grande discussão,
01:50ela é um mecanismo fundamental pra gente estabilizar a intermitência das fontes renováveis.
01:57Nos últimos anos aqui no Brasil, a gente teve um crescimento muito grande de energias como solar e eólica,
02:01que você não tem uma constância de geração, como, por exemplo, a hidrelétrica,
02:04ou mesmo a indústria de óleo e gás, que você controla as emissões da geração de energia.
02:09Então, as baterias vêm dentro desse contexto.
02:12Esse incentivo é uma das principais soluções possíveis do curto-têmico,
02:17mas a visão geral do sistema talvez seja mais importante do que esse ponto específico.
02:23É, né?
02:24Hudson, boa tarde pra você.
02:26Hudson, eu queria entender um pouquinho, porque me parece uma coisa muito natural que a gente tenha esse novo sistema, né?
02:32Porque, até como você falou bem, essas fontes intermitentes de energia, elas são mais difíceis de você justamente ter um fluxo constante.
02:41Quais são os argumentos pra defender isso?
02:43Quer dizer, a gente sabe que tem os interesses de cada empresa e tudo mais, mas existe alguma lógica por trás disso?
02:48O setor de energia, ele sempre faz uma conta, né?
02:54Do econômico versus a descarbonização.
02:58A gente aplica aqui na MIT Technology View o conceito dos 5Ds, que é descarbonização, digitalização, descentralização, democratização do acesso à energia,
03:08que é um ponto muito importante desse MPI, a diversificação energética.
03:12Então, hoje a gente tem, no Brasil, principalmente no Nordeste, um excedente de energia renovável que a gente não consegue aproveitar,
03:20porque, um, não tem linhas de transmissão suficientes pra áreas de grande demanda, que é o sul e o sudeste,
03:27mas uma solução super viável é essa questão de você colocar as baterias perto de onde tem essa geração.
03:34Então, por exemplo, polar, né? De dia bate o sol, você tem um excedente de geração de energia que poderia ser armazenado nessas baterias
03:41e plugado no sistema e despachado ao longo da noite.
03:48Uma das mega tendências que a gente mapeou no Energy Summit desse ano foram as VPPs,
03:53que também entram de maneira transversal no acordo, em todas as cláusulas aí dessa nova MP,
04:02que são sistemas inteligentes de distribuição de energia.
04:06Então, colocando essas baterias em uma escala maior, o leilão das baterias acontecendo,
04:12a implementação, uma nova regulamentação que incentiva,
04:15isso a gente vai abrir pro Brasil a possibilidade de um novo modelo,
04:18quase que paralelo ao que a gente tem hoje, que é o Sistema Interligado Nacional,
04:24que é operado pela ONS, que funciona muito bem pra grandes usinas geradoras.
04:29Eu acho que atendeu super bem, há décadas atrás tomou uma decisão estratégica
04:33com o país de interligar todo esse grande continente, que é o Brasil,
04:37um país de dimensões continentais, e agora, com a geração distribuída,
04:41você precisa de ter um novo sistema.
04:44E baterias vai ser fundamental, a aplicação de inteligência artificial
04:47para controlar esses espaços de maneira inteligente, em tempo real,
04:51também vai ser uma grande tendência, mas a MP endereça bem esse ponto.
04:56A MP também trata do assunto, da abertura do mercado livre de energia
05:01para os consumidores de baixa tensão, que é algo muito esperado e aguardado,
05:05ou seja, os consumidores de baixa tensão residenciais, industriais e comerciais
05:09vão poder escolher sua operadora de energia elétrica,
05:13da mesma forma que escolhem hoje a sua operadora de telefonia celular.
05:16Então, é um grande avanço, já previsto nessa MP, mas para ser implementado
05:22daqui a dois ou três anos, dependendo do tipo do consumidor.
05:25E todo esse arcabouço vai precisar de uma infraestrutura.
05:28E o que é importante sempre lembrar, quando a gente discute energia,
05:31é que a infraestrutura física de energia é mais lenta de ser implementada
05:37do que as decisões, por exemplo, de software.
05:40Você precisa realmente ter esses dois, três anos para adaptar, ter sistemas de bateria interligado,
05:45ter sistemas de software que façam a gestão desse novo sistema elétrico modernizado
05:51para que daqui a dois, três anos você, de fato, consiga escolher sua operadora de energia em casa,
05:58mas sem ter o risco de faltar suprimento, faltar energia,
06:02por falta de infraestrutura que regule essa oferta e demanda.
06:05E é interessante a gente enfatizar, né, Guilson, que essa batalha, essa queda de braço
06:11está acontecendo em plena COP30, no momento em que a gente tem uma agenda climática em pauta.
06:19Essa questão, se as petroleiras pressionam, o que isso sinaliza para a política energética
06:26que o presidente Lula está levantando, onde, teoricamente, a gente prega,
06:32não o fim da dependência de combustíveis fósseis, né, mas pelo menos a redução desse uso?
06:38Então, Natália, acho que um comentário muito pertinente, né,
06:42a gente está vivendo aqui a COP30, o Bill Gates fez uma carta, né,
06:46que muitos são interpretadores como uma mudança de rumo, né,
06:49no discurso que ele tem feito nas últimas décadas.
06:52Mas, na verdade, a gente coloca na nossa linha editorial essa questão da diversificação.
06:58Dificilmente você vai ter uma matriz energética que não vai ser diversa,
07:03que não vai ter espaço para o crescimento de todas as fontes.
07:07Tipo, a China, que é um super benchmark, cresce muito em combustíveis fósseis,
07:11mas cresce ainda mais em renováveis, né.
07:13A demanda que a gente vai ter de energia para o setor elétrico, então, né,
07:16com os data centers e a inteligência artificial, isso vai gerar uma demanda enorme, né.
07:21Então, a ideia é que você, as previsões, é que você triplique o consumo de energia elétrica
07:27desse tipo de fonte, chega a 5% da energia mundial, então você vai precisar de todas as fontes de energia.
07:34É claro que cada subsegmento desse grande setor, que é o setor energético,
07:39vai fazer determinadas pressões, determinadas direções.
07:42Mas, quando a gente olha, por exemplo, esse contexto da COP30,
07:48e a carta agora do Bill Gates, né, que eu acho que foi muito assertiva em dizer
07:52que, na verdade, a mudança tecnológica, a mudança dessa transição energética,
07:58a gente está usando agora a transformação energética,
08:00vai se dar muito mais pelo desenvolvimento e eficiência das novas tecnologias
08:04do que da substituição de uma fonte por uma medida regulatória.
08:09Você tem uma curva de decrescente de custos de solar, eólica, né,
08:16agora as baterias, que vai fazer com que essa energia seja uma alternativa real, né,
08:22a decisão dos consumidores, por exemplo, pela mobilidade elétrica.
08:25Isso vai fazer uma pressão que é independente, né, do modelo que a gente vai adotar.
08:30No fundo, o setor energético vai se adaptar a esse ponto.
08:35Então, a gente tem aqui, eu acho que, como o país, onde a gente tem um momento estratégico,
08:40a nossa matriz energética é 89% limpa, é o triplo da média mundial, né, da matriz elétrica,
08:46a gente tem uma grande oportunidade de ser o líder, né, desenvolver essas tecnologias,
08:50é um ponto importante também previsto nas regulações recentes, inclusive do Redata e também da MP,
08:56um investimento obrigatório em pesquisa e desenvolvimento,
08:58para que a gente possa, no Brasil, capturar as oportunidades de maior densidade da cadeia produtiva, né.
09:06Então, acho que esse é o ponto específico daqui, mas esse embate é natural,
09:13faz parte do jogo econômico e político.
09:16Legal, quero agradecer o Hudson Mendonça, vice-presidente de Energia e Sustentabilidade
09:20na MIT Technology Review Brasil.
09:23Boa tarde, Hudson, até a próxima.
09:26Obrigado, boa tarde.
09:27Tchau, tchau.
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