Pular para o playerIr para o conteúdo principal
No segundo dia da COP30, Marcelo Torres detalhou as negociações sobre o fundo Florestas Tropicais Para Sempre e a expectativa de novas doações. Mariana Almeida analisou como o modelo pode atrair investimentos privados e marcar uma virada no financiamento climático.

🚨Inscreva-se no canal e ative o sininho para receber todo o nosso conteúdo!

Siga o Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC nas redes sociais: @otimesbrasil

📌 ONDE ASSISTIR AO MAIOR CANAL DE NEGÓCIOS DO MUNDO NO BRASIL:

🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais

🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562

🔷 ONLINE: https://timesbrasil.com.br | YouTube

🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, LG Channels, TCL Channels, Pluto TV, Roku, Soul TV, Zapping | Novos Streamings

#CNBCNoBrasil
#JornalismoDeNegócios
#TimesBrasilCNBC

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00E a gente fala agora com o nosso enviado especial, Marcelo Torres, que traz mais detalhes desse segundo dia da cúpula de líderes da COP30,
00:09com a chegada de chefes de Estado e diplomatas à Zona Azul para as novas tratativas e discursos.
00:16Oi, Marcelo, bom dia pra você. Explica pra gente, então, exatamente aonde que você tá e qual que é a previsão de agenda pra hoje.
00:23Oi, Paula, bom dia pra você também, bom dia pra todo mundo que tá assistindo agora.
00:30E eu tô aqui no estúdio do Times Brasil, licenciado exclusivo CNBC, que foi construído bem no coração da COP30.
00:37E você pode ter certeza que as conversas mais interessantes vão ocorrer por aqui, viu, Paula?
00:45Perfeito, mano.
00:46E agora a gente vai...
00:49Pois não, Paula?
00:50É, né, eu ia te perguntar exatamente isso. O que você pode nos adiantar, então, em relação a esse segundo dia tão aguardado e que promete bastante movimentação por aí, né?
01:01É, antes de falar da agenda do dia, eu queria fazer um complemento ao que o Léo acabou de dizer aí sobre esse fundo Florestas Tropicais pra Sempre.
01:08Porque acontece o seguinte, Paula, o objetivo do governo brasileiro quando lançou esse fundo era muito mais ambicioso,
01:14era arrecadar ao longo de 10 anos aí 125 bilhões de dólares.
01:18Pra essa arrancada inicial aqui, a expectativa era mais modesta, 25 bilhões, mas mesmo essa mais modesta foi reduzida pra 10 bilhões até o fim do ano que vem.
01:29Acontece que alguns países que vieram pra cá já citaram, né, já anunciaram que vão fazer aportes pra esse fundo.
01:36Mas a grande decepção, Paula, veja só, foi o Reino Unido que decidiu que, por enquanto, não vai colocar nada.
01:42O Reino Unido que trouxe o príncipe herdeiro pra cá, o príncipe William, trouxe o Keir Starmer, o primeiro-ministro, que fez uma reunião bilateral com o presidente Lula.
01:51Todos fazendo discursos a favor do meio ambiente, mas na hora de colocar a mão no bolso pra doar, saíram fora, pelo menos por enquanto.
01:59E o mecanismo desse fundo aí é bem interessante, Paula.
02:02Não é uma doação dos países, ele vai funcionar como um fundo soberano, um fundo de renda variável.
02:07Esse dinheiro vai ser aplicado pelo Banco Mundial, tanto em título de renda fixa, quanto também em ações.
02:13E ao longo do tempo ele vai ter rendimentos.
02:15Os países vão receber esses rendimentos, mas uma parte disso, um certo excedente disso, aí sim vai ajudar a cuidar das florestas tropicais em vários países do mundo.
02:26Quando a gente fala de uma meta tão ambiciosa quanto os 125 bilhões de dólares,
02:30a gente imagina que o rendimento disso vai ser algo bastante substancial.
02:35E se o objetivo do fundo for atendido, vai sim ajudar, vai dar uma mão muito grande aí, né, pra cuidar das florestas,
02:42porque a gente sabe que não é barato fiscalizar áreas imensas, evitar desmatamento, evitar atividades predatórias, viu, Paula?
02:50Vamos agora passar então a agenda do dia, como eu prometi pra você?
02:53Às 10 horas da manhã vai ter aquela famosa foto de família,
02:57quando você reúne todos os líderes que estão presentes aqui pra fazer aquela foto que vai ficar pra história.
03:03Daqui a 100 anos, quando forem lembrar da COP30 em Belém, essa é a foto que vai marcar o evento.
03:09Depois, a gente tem 10h30 da manhã, uma sessão plenária da Cúpula do Clima,
03:14que é a continuação de uma sessão que já começou ontem à tarde,
03:17em que os líderes podem falar mais diretamente ali sobre as ambições de cada país
03:22e também tentar influenciar os outros países a seguir essa agenda.
03:27Lembrando que o Brasil colocou a transição energética aí
03:30e também aqueles compromissos individuais de cada país, compromissos voluntários,
03:35no centro dessa COP, pra tentar já, quem sabe, ter um cronograma, por exemplo,
03:39pra diminuir o uso de combustíveis fósseis.
03:43Esse é um tema que realmente é muito interessante e também muito polêmico,
03:47muito controverso do ponto de vista das finanças,
03:49porque muitos países ainda sobrevivem do petróleo,
03:52não têm um modelo alternativo pra substituir o petróleo,
03:55então é um tema que exige muita consertação política pra conseguir avançar um pouquinho.
04:02Depois, às 11h da manhã, tem justamente a sessão temática da mesa de líderes Transição Energética,
04:10que vai falar sobre isso.
04:11E nesse sentido, o Brasil tem autoridade, né, Paula?
04:13Porque o Brasil é um dos países que mais avançaram nessa agenda de transição energética.
04:18Não existe nenhum outro país do mundo que use o etanol na escala em que o Brasil usa.
04:24Praticamente, mais de 90% dos carros construídos aqui no Brasil,
04:28eles são abastecidos a álcool ou gasolina,
04:31então a gente tá bem adiantado, a gente tem aí moral,
04:35tem autoridade, né, pra falar sobre isso com o resto do mundo.
04:39Meio dia e meia, tem reunião bilateral do presidente Lula,
04:42com o primeiro-ministro da França, o Friedrich Merz,
04:44e aí sim, viu, Paula, a gente pode esperar um anúncio de doação da Alemanha,
04:49que não deve ser pequeno, não deve ser como alguns países aí que chegaram a doar,
04:53por exemplo, 100 milhões de dólares, né, tem...
04:56A França doou 500 milhões, a Noruega já se esperava que doaria bastante,
05:00porque ela já contribuía antes com a Amazônia,
05:02ela se comprometeu ao longo de 10 anos aí a doar 3 bilhões,
05:05Brasil e Indonésia, que serão beneficiados pelo fundo, já prometeram 1 bilhão cada,
05:09e a gente vai ver, então, o que vem da Alemanha.
05:12Eu ficaria surpreso se essa doação da Alemanha fosse menor do que 1 bilhão de dólares.
05:18Mas vamos ver, né, a gente já se surpreendeu ontem com o Reino Unido,
05:20que decidiu não doar nada, quem sabe com a Alemanha a gente tenha uma surpresa positiva aí.
05:25Depois, às 3 da tarde, tem uma reunião bilateral do presidente Lula
05:28com o presidente de Moçambique, o Daniel Chapo.
05:32Daniel Chapo até que teve uma cena bem curiosa ontem, Paula, ele é muito alto.
05:35Eu chuto aí que ele deve ter uns 2 metros de altura.
05:37E ele foi fazer uma foto ao lado do presidente Lula ontem, na chegada, na recepção,
05:42e o presidente Lula até brincou, chegou a dar uns pulos, assim,
05:44para ver se ficava com uma altura mais próxima aí do presidente de Moçambique, o Daniel Chapo.
05:50Aí, às 4 da tarde, Paula, tem a terceira sessão temática da mesa de líderes,
05:55e essa sessão temática tem o seguinte tema.
05:5810 anos do Acordo de Paris, contribuições nacionalmente determinadas,
06:03as chamadas NDCs e financiamento.
06:05Só reforçando, as NDCs são aquelas contribuições que os países dão
06:10sem que eles precisem seguir obrigações, né, que são pactuadas aí internacionalmente.
06:16Por exemplo, os países podem ter uma obrigação pactuada de reduzir em 20%,
06:22estou dando um exemplo só, tá, uma hipótese aqui, a emissão de gases do efeito estufa.
06:26Mas um outro país pode vir aqui e falar, não, eu vou cumprir com esses 20%,
06:29mas eu vou oferecer mais 30% porque eu tenho condição de fazer isso.
06:32Essas são as contribuições, então, espontâneas que serão discutidas aqui.
06:37E tem uma espécie já de competição, Paula, para ver quem vai oferecer mais contribuições desse tipo,
06:42porque é claro que elas fazem toda a diferença, elas ajudam aí a dar o exemplo, né.
06:47Como eu já disse ontem, a ausência mais notada aqui é uma ausência de primeiro escalão nos Estados Unidos.
06:53Não tem praticamente ninguém aqui para discutir esse tema.
06:55O presidente americano Donald Trump virou completamente as costas para a COP30.
07:00tudo que for discutido aqui depois vai ter que ser pactuado com os Estados Unidos,
07:04já que eles não quiseram entrar aí nessa agenda, não quiseram discutir esse tema,
07:08porque o presidente Trump, já, como eu disse muitas vezes,
07:11tem a convicção de que o aquecimento global é uma invenção, né, que não existe.
07:16Então, ele está na bolha dele lá.
07:17É aquilo um pouco que o presidente Lula falou ontem.
07:20Objetivos, às vezes, egoístas, de curto prazo,
07:22estão impedindo o avanço a longo prazo de medidas que podem ajudar a salvar o planeta.
07:28Porque, como disse também o Antônio Guterres ontem no discurso dele,
07:32a gente ainda tem tempo de virar o jogo.
07:34Porque ele acredita que no fim da década de 2030,
07:37a gente já vai ter ultrapassado essa média global de aumento de temperatura
07:41de um grau e meio centígrado.
07:43Mas que, se a gente agir, a gente vai conseguir reverter isso
07:46para chegar no fim do século ainda abaixo dessa meta.
07:49Mas a ação tem que ser urgente.
07:51A gente fala disso, hein, Paula?
07:52Há quanto tempo já, né?
07:53Começamos a falar disso na Rio 92.
07:56Tanta coisa aconteceu, tantas COPs aconteceram.
07:58Já estamos na 30ª.
08:00E, até agora, sim, aqueles avanços mais concretos mesmo ainda estão por vir.
08:04Quem sabe Belém pode ser um ponto de virada para isso, não?
08:08Com certeza, Marcelo Torres.
08:11A gente torce, então, para que Belém seja, de fato, esse ponto de virada.
08:15E agradecemos muito aí por todas as informações, os números que você nos passou.
08:19Eu vou seguir esse bate-papo aqui no estúdio com a Maria Almeida agora.
08:23Mas, qualquer novidade, você nos aciona e volta ao vivo aqui ao agora.
08:28Obrigada, amigo.
08:30Maria Almeida, aproveitando, então, essas informações que Marcelo Torres nos trouxe.
08:36A gente estava comentando aqui nos bastidores que COP30 é muito sobre doação, né?
08:41A ideia é atrair esses investimentos.
08:44E eles estão dizendo lá que esses fundos têm retorno.
08:47Mas, de que forma é a dinâmica para essa promessa?
08:51Como que esse dinheiro volta?
08:52Pois é, Paula, essa diferenciação entre um recurso que está sendo demandado sem retorno
08:57versus um recurso que tem retorno, que é parte da novidade do TFF lançado pelo Brasil,
09:03talvez seja um sinal de um certo amadurecimento do debate,
09:06tentando ir em linha com o que o Marcelo Torres levantou de bola possível para a COP30.
09:10Quer dizer, será que a gente fala tanto de agir rapidamente, reverter há tanto tempo?
09:15O que falta para ter uma mudança realmente de chave mais significativa?
09:19E tem um processo que vem acontecendo ao longo do tempo que, basicamente,
09:23a gente está respondendo a essa pergunta dizendo, falta investimento, falta recurso.
09:27Porque, no fundo, a matriz, seja a matriz produtiva como um todo, energética,
09:33mas em outros aspectos também da nossa lógica de produção,
09:36acabam tendo efeitos negativos sobre o clima.
09:38reverter isso, num primeiro momento, pode parecer, e em vários momentos, em situações de COP,
09:45acabou impondo uma certa separação, no sentido de que, putz, para poder reagir realmente a isso,
09:50como vai ter que mudar a forma de produzir?
09:52Vai custar muito caro, vai perder dinheiro, significa que não tem como fazer isso
09:57e crescer ao mesmo tempo, por exemplo.
09:59Ou seja, isolando quem estava em prol das questões ambientais
10:02de quem estava meio em prol da economia.
10:04O que a gente parece que está conseguindo construir, e não é só de agora,
10:08ao longo dos últimos tempos, mas a COP30 pode ser simbólica em relação a isso,
10:12é uma certa convergência desses mecanismos.
10:15O que podemos fazer para gerar incentivos econômicos mais robustos para uma transição?
10:20Uma transição desse modo produtivo, de uma maneira mais consistente,
10:23que permita alcançar essas metas que o Marcelo Torres estava trazendo.
10:27Quer dizer, em Baku, na última COP, na COP29,
10:30um dos grandes problemas exatamente que se chegou foi a questão do financiamento.
10:35Fizeram um cálculo, tinha uma expectativa de um financiamento
10:38de mais de um trilhão de dólares para colocar no atingimento das metas do clima
10:43e esse um trilhão muitas vezes aparecendo como necessidade também de doação,
10:48de recurso meio que, entre aspas aqui, a fundo perdido.
10:51E aí a arrecadação foi muito aquém e a Baku terminou com esse tonzinho um pouco amargo
10:56de que precisamos caminhar muito em financiamento.
10:59Na COP30, com essa inovação do governo brasileiro de trazer aí o TFFF,
11:04ele de alguma maneira está trazendo o seguinte,
11:06isso é uma fala que Marina Silva foi bastante enfática ontem,
11:10olha, coloque seu dinheiro que você vai receber ele de volta.
11:13Como receber de volta? Por que não é a fundo perdido?
11:16E aí a situação é a seguinte, tem uma aposta mais profunda aí
11:19na possibilidade de internalizar no modelo econômico
11:22questões relacionadas à mudança do clima.
11:24Um dos que mais se conhece, mas que precisa avançar muito,
11:27é o próprio mercado de carbono.
11:29O que é internalizar a questão climática?
11:31Quer dizer, olha, se a gente conseguir perceber que quem produz muito gás carbônico
11:36no ato produtivo está provocando um custo coletivo
11:39e fizer com que a produção tenha que pagar por isso,
11:42quem, por outro lado, produzir captação de carbono,
11:45que são as florestas, pode receber por isso.
11:48É basicamente criar mercado, fazer essa internalização
11:51que reconhece que o problema do meio ambiente estava sendo colocado como fora da conta,
11:57mas ele precisa entrar na conta.
11:58Se ele entra na conta, ele não é só custo, ele também pode ser receita,
12:03receita para quem consegue andar mais rápido no processo de transição,
12:07seja via sustentação das florestas, que é um dos pontos do TFFF,
12:11mas também com bioeconomia, com transição energética,
12:15com outras inovações no campo da produção limpa e do ganho de eficiência energética,
12:21que também é um aspecto que ajuda nessa conta toda da questão de carbono.
12:26Então, Paula, basicamente, talvez a COP30, se ela pudesse ser uma virada,
12:31é uma virada que colocaria de maneira definitiva o problema do financiamento,
12:35não só em termos de necessidade de doação, é necessário doação,
12:40tem um custo que vai sempre precisar vir, e isso é responsabilidade de governos.
12:44Mas como é que eu coloco isso também na conta da produção
12:47e na possibilidade de ganhar com isso?
12:49Porque daí eu atraio de maneira definitiva o setor privado,
12:52que tem se movimentado, tem diversas empresas que têm conseguido provocar mudanças internas,
12:57mas que ainda carece de um mercado internacional mais forte
13:00para que essas negociações, por exemplo, de mercado de carbono,
13:03de títulos verdes e outros aspectos vinculados ao TFFF,
13:07possam realmente estar presentes na tomada de decisão cotidiana.
13:10Se isso consegue entrar, se passa a ser uma realidade,
13:13a possibilidade de investir sempre em títulos verdes,
13:16talvez destrave, inclusive, depois recursos de doação,
13:19porque o ambiente de negócios, o ambiente da atividade econômica
13:22vai ser mais permeado por esse tipo de variável, de conhecimento.
13:26E quanto mais a gente vive um determinado padrão novo,
13:29mais ele se alastra rapidamente.
13:31Então, difícil é inovar.
13:32Se a gente tiver inovado financeiramente agora na COP,
13:35se esse recurso entrar, quem sabe depois destrincha, deslancha,
13:39e a gente consegue realmente poder lembrar dessa COP
13:41como a COP que fez a diferença do ponto de vista da mudança climática.
13:44Paula.
Seja a primeira pessoa a comentar
Adicionar seu comentário

Recomendado