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Em entrevista a Os Pingos Nos Is, o procurador do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), Marcelo Rocha Monteiro,afirmou que "toda a população do RJ é vítima do terror" imposto pelo crime organizad

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Transcrição
00:00E pra gente falar mais a respeito dessa mega operação e agora dos desdobramentos que virão adiante,
00:05nós vamos conversar agora com o Procurador de Justiça do Ministério Público do Rio de Janeiro,
00:09Marcelo Rocha Monteiro, que chega agora em Os Pingos nos Is,
00:12pra nos ajudar a entender melhor esse cenário que aflige o cidadão do Rio de Janeiro.
00:18Doutor Marcelo, bem-vindo, boa noite, um prazer te receber.
00:22Boa noite, prazer é meu estar aqui na Jovem Pan, nos Pingos nos Is.
00:26Estamos aí nesse dia complicado.
00:28Doutor Marcelo, a gente já tem a notícia de que é a maior operação da história recente do Rio de Janeiro,
00:34inclusive com o maior número de mortos também, 64 até agora,
00:38com a expectativa de que esse número aumente, porque ainda há operação em curso no Rio de Janeiro.
00:45Qual a sua visão sobre isso?
00:48Olha, eu faço uma sugestão aos jornalistas que estão cobrindo esses tristes acontecimentos,
00:58Eu, por exemplo, nesse horário, eu deveria estar dando aula lá na faculdade,
01:03onde eu leciono, mas a universidade suspendeu as aulas por razões óbvias.
01:09Eu passei aqui do lado do meu prédio, tem uma pizzaria aqui no coração de Ipanema,
01:16uma das melhores do Rio, normalmente bem movimentada.
01:19Ela abre às 18 horas, eu passei um pouco antes disso, quando os garçons já estão normalmente preparando tudo,
01:26não tinha viva alma.
01:28Não só não tinha nenhum freguês, como não tinha nenhum garçom.
01:30Então você veja como a vida da cidade é afetada.
01:34Mas o que eu gostaria de convidar os jornalistas que estão cobrindo esse fato,
01:38é fazer o seguinte, no final da operação, verifiquem quantos criminosos foram presos.
01:46Eu acho que o número do momento está em quanto? 80 e alguma coisa? É isso?
01:49Não tenho certeza, acho que está na casa dos 80, né?
01:52Talvez já tenha subido.
01:54E procure saber, dentre esses 80, 90 ou 100 que foram presos,
01:59quantos estão sendo presos pela primeira vez.
02:02Vocês vão se surpreender, porque o número vai ser ínfimo.
02:08A imensa maioria desses criminosos presos está sendo presa pela segunda vez,
02:14terceira, quinta, décima vez.
02:18Então você veja todo esse trabalho que a polícia do Rio de Janeiro está tendo,
02:23sem ajuda nenhuma, como disse o governador,
02:26sem ajuda nenhuma do governo federal,
02:27até porque nós já sabemos qual é o pensamento do governo federal sobre isso.
02:31O que isso transmite para a população e o que isso transmite para os policiais?
02:40Quatro perderam a vida hoje para prender criminosos que,
02:45na sua imensa maioria, eu garanto, já haviam sido presos antes.
02:50Nós temos um ministro da Segurança Pública
02:53que comemora o fato de que 40% dos criminosos presos em flagrante
03:00são soltos 24 horas depois na audiência de custódia, né?
03:05Esse é o ministro da Justiça e Segurança Pública,
03:07que hoje parece que está sendo homenageado em Fortaleza, né?
03:11E que teve a coragem de dizer, eu tive agora acesso a essa notícia,
03:18de que o governador do Estado deveria assumir a responsabilidade
03:21ou jogar a toalha.
03:23Ele, ministro da Segurança Pública, não assume responsabilidade.
03:25Ele favorece os criminosos comemorando soltura de bandidos presos em flagrantes.
03:34Então, veja que é uma situação muito difícil.
03:39A ADPF 635, a operação de hoje foi contra o Comando Vermelho.
03:43A ADPF 635, aquela decisão do Supremo que dificultou as operações policiais
03:47tremendamente no Rio de Janeiro, ela resultou num aumento de 25% do território
03:54dominado exatamente por essa facção, que hoje é alvo dessa operação,
03:59o Comando Vermelho, que é a maior facção aqui do Rio.
04:01Pensem num aumento de 25% do território, não é pouca coisa, tá?
04:06Quer dizer, se o Comando Vermelho dominava uma comunidade, uma favela,
04:12hoje ele domina o entorno dessa favela numa área 25% maior, não é?
04:18Eu mesmo já fui rendido por traficante de fuzil e eu não estava dentro de favela nenhuma, não é?
04:25É isso que a gente vive aqui no Rio de Janeiro, não é?
04:29E aí a pergunta que eu faço é a seguinte, qual é o sentido de uma legislação
04:37que cria uma estrovênia, se me desculpe, me perdoa a palavra,
04:44que é o chamado tráfico privilegiado, que permite uma redução de pena para o traficante,
04:50um benefício para o traficante, se não for provado, se a promotoria não conseguir provar,
04:58que ele pertence a uma facção criminosa.
05:00E aí vem os tribunais, porque no Brasil a lei é ruim,
05:06mas os tribunais conseguem torná-la ainda pior com a jurisprudência,
05:10a jurisprudência é a interpretação da lei pelos tribunais, não é?
05:12E dizem o seguinte, olha, o traficante foi preso numa área,
05:16Cidade de Deus, por exemplo, dominada por esse mesmo Comando Vermelho.
05:21Ninguém vende droga na Cidade de Deus se não for do Comando Vermelho.
05:24Se não for do Comando Vermelho e for vender droga na Cidade de Deus, é morto.
05:27Então, se ele foi preso vendendo droga na Cidade de Deus, é porque ele é do Comando Vermelho.
05:33Aí os tribunais dizem, mas isso não é suficiente, isso não é prova suficiente
05:37de que ele é filiado a uma facção.
05:41Se isso não é prova suficiente, qual é a prova?
05:43Carteirinha de membro do Comando Vermelho com fotografia 3x4 e número da matrícula?
05:48E aí o que acontece?
05:49Uma pena de cinco anos do traficante é reduzida em dois terços.
05:53Esse é o tal do tráfico privilegiado.
05:55Por que, coitadinho? Ele é autônomo, ele não faz parte de facção nenhuma.
06:00Então ele vai pegar um ano e oito meses.
06:02É uma pena pequena, né?
06:04Mas fica pior, porque o Supremo entende que esse tal de tráfico privilegiado
06:09não pode ser considerado crime hediondo, apesar da Constituição dizer que tráfico de drogas
06:14é crime hediondo, é equiparado a crime hediondo.
06:16Mas esse não, coitadinho. Esse tem que ser beneficiado.
06:19Então ele não vai cumprir pena nenhuma.
06:21Ele vai para o regime aberto, ele vai para casa, ele vai ter a pena substituída.
06:26O Supremo também entendeu que isso é possível para traficante.
06:29A pena de prisão substituída por cesta básica, multa, prestação de serviços à comunidade.
06:36Então o Brasil precisa pensar, né?
06:40Por que lá em Brasília há tanta preocupação com benefícios para criminosos, benefícios para traficantes,
06:51redução de pena, regime aberto, cesta básica, né?
06:56E tão pouca preocupação com as vítimas.
07:00E as vítimas somos todos nós.
07:01É só olhar o Rio de Janeiro hoje.
07:03Toda a população do Rio de Janeiro é vítima do terror, porque isso é terror.
07:08Porque, como disse o delegado muito bem, acabou de dizer,
07:12se isso não é terrorismo, eu não sei o que é.
07:15Eles estão, literalmente, tocando terror na população,
07:20como forma de inibir a atuação policial.
07:25Então, hoje, o Carioca está tendo um dia infernal e eu receio que hoje seja o marco inicial
07:34de uma nova etapa do crime organizado no Rio,
07:38que é uma atuação francamente voltada para implantar o pânico na população civil
07:48como forma de atrapalhar as operações policiais.
07:54E isso é muito preocupante.
07:56Doutor Marcelo Rocha Monteiro, procurador de justiça do Ministério Público do Rio de Janeiro.
08:01Vou trazer os nossos comentaristas para essa conversa.
08:04E o Roberto Mota, também do Rio de Janeiro, é quem vai te fazer a próxima pergunta.
08:10Marcelo, essa situação é consequência da DPF 635?
08:15Essa situação foi agravada pela DPF 635.
08:23As restrições que as operações policiais sofreram no Rio,
08:27o delegado Fabrício da Cori, ele estima que tenha havido uma redução de 60% nas operações policiais.
08:3460% é muita coisa.
08:36E a facção mais beneficiada, no Rio nós temos três grandes facções,
08:43diferentemente de São Paulo, nós temos três grandes facções do tráfico e temos também a milícia.
08:49Nós temos mais de mil comunidades dominadas pelo crime organizado,
08:5780% pelas facções do tráfico e mais ou menos 20% pela milícia.
09:04Desses 80% dominadas pelo tráfico, a maior parte é dominada pelo Comando Vermelho.
09:10Só para o nosso público ter uma ideia, nós estamos falando de 3 milhões, um pouco mais,
09:17de cariocas e fluminenses, nós estamos falando do Grande Rio, da região metropolitana do Rio de Janeiro.
09:243.3 milhões e meio, mais ou menos, de cariocas e fluminenses que vivem sob o julgo desses marginais.
09:34Dessas vítimas dos usuários, para usar a expressão infeliz, do chefe de Estado brasileiro.
09:40E dessas facções, a que mais cresceu nesse período de redução das atividades policiais,
09:48das operações policiais, em função da DPF 635, foi justamente o Comando Vermelho.
09:54Foi a que mais se fortaleceu.
09:56E nós estamos vendo hoje como eles se fortaleceram.
09:592.500 agentes das forças de segurança foram necessários para uma operação
10:05cujo objetivo, ou um dos objetivos, era o cumprimento de 100 mandados de prisão.
10:14Você imagina, para cumprir 100 mandados de prisão, você precisa de 2.500 policiais,
10:21e com esse resultado aí, né?
10:23Quer dizer, com morte de policiais, com a cidade vivendo um caos, né?
10:30Então, é um triste resultado, aliás, policiais que eu conheço, né?
10:39Dizem isso.
10:40Nós passamos 5 anos sob a DPF 635.
10:47Agora, o Supremo recuou, a DPF, as restrições foram levantadas, a atuação policial,
10:55mas nós ainda vamos viver pelo menos mais 5 anos pagando o preço do fortalecimento
11:02do crime organizado, para o qual a DPF 635 contribuiu de forma decisiva.
11:09Foi um erro trágico do Supremo Tribunal Federal.
11:14Doutor Marcelo, agora quem vai fazer a pergunta é o Cristiano Beraldo.
11:21Doutor Marcelo, uma boa noite.
11:25O senhor que conhece tão bem essa realidade do Rio de Janeiro,
11:30e acompanha diante desse caos que foi tomando conta da cidade, do Estado,
11:36há tanto tempo, hoje tivemos o prefeito da cidade dizendo que ele já de terno, né?
11:45Deixou aquela roupa sempre tão descontraída, agora já está de terno,
11:48já incorporou o personagem de candidato a governador,
11:51dizendo que estava utilizando todos os recursos da prefeitura
11:55para manter a ordem e uma vida normal na cidade.
11:59orientou que as repartições públicas municipais continuassem atuando normalmente e por aí vai.
12:06E aí isso se contrasta com a realidade do dia a dia,
12:09que o senhor nos trouxe inclusive, falando da universidade onde o senhor dá aula,
12:13falando da pizzaria ao lado da sua casa.
12:15Quer dizer, a cidade ela é dominada de fato por esses acontecimentos
12:20e as pessoas são obrigadas a temerem quando essas coisas acontecem.
12:25O senhor acredita que há uma falta de clareza das autoridades
12:33para tratar de forma objetiva desse absurdo que tomou conta do Rio de Janeiro?
12:39As autoridades vão varrendo para debaixo do tapete,
12:45autoridades, eu digo políticas, não da segurança pública,
12:47mas sobretudo as políticas vão varrendo para debaixo do tapete
12:51com vistas a questões político-eleitorais
12:55e vão empurrando a solução efetiva do problema para frente?
13:00Olha, eu acho que sim, em grande parte isso é verdade.
13:06Você verifica, por exemplo, que no início do atual governo federal,
13:12logo nos primeiros meses, o então ministro da Justiça
13:16visitou uma dessas comunidades, não as que são alvo hoje da operação,
13:22ele visitou o complexo da Maré, hoje os alvos são o complexo da Penha
13:27e o complexo do Alemão, mas o complexo da Maré vive a mesma realidade
13:30e também é dominado pelo Comando Vermelho.
13:33E ele entrou lá, aliás, entrou com muita facilidade,
13:35o que causou espanto, porque autoridades que entram lá
13:39correm um risco de vida muito grande.
13:41Mas ele entrou com muita tranquilidade para participar de um evento
13:45de uma ONG, que lançava, essa ONG se chama Redes da Maré
13:50e ela lançava um suposto relatório sobre a segurança,
13:54os problemas de segurança no complexo da Maré.
13:57Era um relatório de 80 páginas ou coisa parecida,
14:00em que a palavra traficante não era mencionada.
14:03A conclusão era que o grande problema de segurança da Maré
14:05era a polícia.
14:08E o ministro tirou uma foto, fez questão de tirar uma foto,
14:11segurando esse relatório e dizendo que as conclusões do relatório
14:15iam ser incorporadas à política de segurança pública
14:18do atual governo federal.
14:21Então, assim, eu acho que é pior do que falta de clareza, Beraldo.
14:26Eu acho que é uma visão absolutamente distorcida.
14:30Quando você chega à conclusão de que o problema não é o bandido,
14:35o problema é a polícia, então, a sua visão de crime é...
14:40Você não sabe diferenciar o bem do mal.
14:43Eu acho até curioso, porque recentemente o presidente da República,
14:47lá na... acho que em Indonésia, né?
14:50Na mesma ocasião em que ele falou sobre os traficantes vítimas dos usuários,
14:54ele falou que era preciso acabar com essa polarização entre bem e mal.
14:59Mas como assim? Ele está relativizando o mal?
15:03Ele está relativizando a atuação dos criminosos?
15:07Não tem que acabar com polarização nenhuma.
15:10É preciso enxergar qual é o lado do bem, qual é o lado do mal,
15:14e é preciso se posicionar de forma muito clara do lado do bem,
15:18que é o que falta ao atual governo.
15:21Um posicionamento claro ao lado das forças policiais,
15:25em apoio às forças policiais,
15:28em um posicionamento de veemente condenação de traficante,
15:32de bandidos em geral.
15:33Não pode chamar de vítima.
15:35Um presidente da República não pode chamar traficante de vítima.
15:38Eu já tive processo em que o traficante matou o rapaz que foi visitar o pai.
15:44Por quê?
15:45Porque o menino morava numa comunidade dominada por uma facção rival,
15:48e o pai morava numa comunidade dominada pela outra facção.
15:53E o traficante, como ousa você que mora na comunidade dominada pelo terceiro comando,
15:57visitar o seu pai, que mora aqui no Comando Vermelho,
16:00na comunidade dominada pelo Comando Vermelho.
16:04O menino não era traficante, não era nada.
16:06Ele só era morador de uma comunidade dominada pelos rivais dos traficantes
16:10que dominavam a comunidade onde o pai dele residia.
16:12Ele foi amarrado na boca, no cano de descarga, amarrado num carro,
16:17deram volta, chamaram todo mundo para assistir, inclusive o pai.
16:21Porque isso é demonstração de poder.
16:23E o rapaz morreu.
16:25O menino de 18 anos, estudante, trabalhador, morreu dessa forma horrorosa.
16:28Eu tive processo em que o traficante matou a menina de 16 anos
16:31na frente da irmãzinha de 8 anos,
16:33porque supostamente a menina de 16 anos namorava um sujeito
16:38que seria integrante de uma facção rival.
16:41Essas são as vítimas.
16:44Esses monstros é que são chamados de vítimas.
16:47Esses monstros merecem benefício da lei,
16:50pena alternativa, regime aberto.
16:55Isso não faz sentido nenhum.
16:58A gente está conversando aqui com o procurador de justiça
17:01do Ministério Público do Rio de Janeiro,
17:04doutor Marcelo Rocha Monteiro,
17:06nos ajudando a entender todo esse cenário
17:07que afeja o cidadão do Rio de Janeiro,
17:11o cidadão do Estado de Janeiro, principalmente da capital,
17:14nessa ação da polícia que a gente recapitula para você.
17:17Uma ação que já gerou 64 mortos,
17:20dentre esses cerca de quatro policiais,
17:22dois policiais civis e dois policiais militares do BOPE.
17:26saíram dos 2.500 agentes para o cumprimento de 100 mandados de prisão,
17:31mas a retaliação das facções criminosas do Rio de Janeiro
17:35tem gerado toda essa consequência,
17:40infelizmente, com muitas mortes
17:41e uma operação que ainda acontece neste momento,
17:45lá no Rio de Janeiro.
17:46Portanto, a qualquer momento,
17:47a gente terá novas informações
17:49a respeito de mais mortos
17:52ou mais presos
17:53ou mais pessoas envolvidas
17:55nos resultados dessa operação.
17:57Agora são 18 horas e 57 minutos.
18:01Eu quero agradecer a você
18:01que nos acompanhou pela nossa rede.
18:03Amanhã, às 18 horas,
18:05o Espinhos nos Is estará de volta.
18:06O Espinhos nos Is,
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