- há 7 semanas
TERROR EM ATLANTA EP01 - ID
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00:00A CIDADE NO BRASIL
00:30É a nova Motown do Sul.
00:36É uma cidade incrível, é um lugar onde muita gente vem para melhorar de vida, muitos afro-americanos vêm para cá.
00:43Essa cidade é demais, cara. Você vem aqui e se dá bem.
00:47Mas como uma cidade ocupada demais e que almeja um futuro brilhante,
00:53Atlanta guarda um segredo sombrio que aconteceu há 40 anos.
00:57E ainda assombra as pessoas que o vivenciaram.
01:01Se você não morasse aqui em Atlanta, na época, nem saberia que esses crimes ocorreram.
01:10De 1979 a 1981, a cidade de Atlanta lidou com o impensável.
01:17Todas as crianças têm entre 8 e 15 anos.
01:22Corpos de crianças negras continuavam aparecendo nos bosques.
01:26Eu olhei e era um crânio humano.
01:28E nos rios.
01:29Aparentemente, essa última morte está ligada às outras.
01:32Mais de duas dúzias de vítimas.
01:34A pessoa que fez isso era um psicopata e um monstro.
01:43Eu abracei o corpo dela e disse, o que fizeram com você?
01:46Famílias ficaram arrasadas.
01:48A única pessoa que eu tinha morreu.
01:50E eu nem consegui me despedir.
01:52E tensões antigas atingem o ponto de ebulição.
01:55Atlanta parecia que estava prestes a explodir.
01:59Tem que ser a polícia.
02:00Quem mais ia conseguir fazer uma coisa dessas?
02:02A Ku Klux Klan podia estar matando essas crianças negras.
02:05Eles queriam começar uma guerra racista.
02:07Na raiz de tudo isso está o racismo.
02:09Todo mundo era suspeito.
02:12Até que uma grande descoberta mudou tudo.
02:16É o som de um corpo caindo na água.
02:20Eu disse, sabe por que paramos você?
02:22Sim, por causa do assassinato das crianças, não é?
02:25Foi o julgamento do século.
02:27Eu espero mesmo que eles tenham mais do que fibras.
02:32Quarenta anos depois, os pais e parentes ainda têm dúvidas.
02:38E dói muito ela ter sido esquecida, junto com as outras crianças, esquecidas.
02:43A justiça foi realmente feita?
02:46Quando você revê a história, de jeito nenhum.
02:49O caso deles nunca foi bem investigado e talvez ainda exista um assassino solto.
02:53Um dia, talvez a gente descubra o que houve.
02:58É a oitava vez que um corpo é encontrado em um rio.
03:03A polícia ainda investiga os homicídios de pelo menos mais quatro jovens.
03:08Todas as crianças são da mesma faixa etária.
03:10Tem entre oito e quinze anos.
03:12Hoje, houve mais um funeral.
03:16A vigésima criança encontrada morta.
03:17Outro menino foi encontrado morto.
03:19Os investigadores estão perplexos.
03:21Só quero que encontrem a minha filhinha sã e salva.
03:24E a tragam para casa.
03:26Sinto falta dela.
03:27Eu a amo.
03:28Terror em Atlanta
03:29O prédio mais alto, quando cheguei aqui em 11 de novembro de 1970, tinha 24 andares.
03:46Agora, se você olhar para o horizonte de Atlanta, isso não seria nada comparado ao entorno.
03:51Em 1972, até o final dos anos 1970 e início dos anos 80,
03:57A cidade estava à beira de uma explosão populacional que continua até hoje.
04:09É estranho pensar nisso agora, mas pensando bem, em 1973, 74 e 75,
04:17eram meio que apenas uma década desde a grande lei de direitos civis.
04:23Havia uma sensação real de metamorfose acontecendo no sul.
04:31Atlanta foi, de alguma forma, poupada de toda a turbulência dos anos 60.
04:38Me lembro que uma das primeiras matérias que fiz quando vim para cá
04:42foi sobre os afro-americanos que estavam retornando para o sul.
04:47Em 1973, a crescente população negra elegeu o primeiro prefeito negro, Maynard Jackson.
04:55As comunidades mais pobres depositaram sua fé e confiança em Maynard
05:01e contribuíram muito para a vitória dele naquela primeira eleição.
05:06Uma das primeiras coisas que Maynard Jackson fez foi reformular a força policial.
05:12Ele queria que o departamento de polícia fosse mais marrom, era o termo que ele usava.
05:16Até então, era principalmente uma equipe branca.
05:20O departamento ainda era racista, ainda era discriminatório.
05:25Sei disso por experiência própria, pelo que eu presenciei.
05:28E o Maynard Jackson se tornou prefeito e nos deu esperança de que tudo iria mudar.
05:37Em 1978, o prefeito Jackson nomeou Lee Brown como comissário de segurança pública
05:43e George Knapper como chefe de polícia.
05:46A mudança estava começando.
05:51Apesar do forte crescimento econômico, a população negra da cidade continuava muito pobre.
05:58Começou uma grave onda de crimes e Atlanta se tornou a capital do homicídio nos Estados Unidos.
06:06Todos os anos havia mais de 240 homicídios por ano.
06:10Era como trabalhar numa linha de montagem de homicídios.
06:17Foi em 28 de julho de 1979, em Esquilite Road.
06:22Uma pessoa procurava latas de alumínio naquele trecho deserto da estrada ao sul de Atlanta.
06:40E encontrou os restos de um corpo em decomposição.
06:44Nós vasculhamos a cena.
06:54Alguém disse para fazermos uma busca concêntrica.
06:57E acabamos nos espalhando.
07:00Em poucos minutos, encontraram outro corpo.
07:02Para mim, eles pareciam ser adolescentes ou meninos negros.
07:11Um dos garotos foi baleado na parte superior das costas.
07:14O outro, estrangulado.
07:16Os corpos foram identificados como de Edward Smith, de 14 anos,
07:20e Alfred Evans, de 13 anos.
07:22A probabilidade era de que os corpos tivessem sido despejados lá.
07:28Mas, ninguém imaginou que tivessem sido deixados pela mesma pessoa.
07:36E, nesses casos, não eram notícia de primeira página.
07:41A polícia não tinha pistas.
07:43Nos três meses seguintes, dois outros garotos,
07:48Milton Harvey, de 14 anos, e Youssef Bell, de 9 anos,
07:52desapareceram enquanto faziam pequenos serviços.
07:54O corpo de Milton foi encontrado a 19 quilômetros de onde desapareceu.
07:58A causa da morte é desconhecida.
08:01Youssef foi encontrado em uma escola abandonada, estrangulado.
08:04Mas, o estranho na descoberta do corpo do Youssef foi que os pés dele pareciam ter sido lavados.
08:17Então, muita gente pensou que alguém podia ter sequestrado as crianças
08:23para algum tipo de cerimônia religiosa ritualística estranha.
08:34É incrível como já faz 40 anos e ainda parece que foi ontem.
08:45Porque a dor ainda é a mesma.
08:48Nada aliviou a dor.
08:52Eu pensei que, com o passar do tempo, ia diminuir, mas não diminuiu.
08:57Eu choro tanto hoje quanto no dia em que aconteceu.
09:04A minha filha Angel era muito diferente.
09:13Era diferente de qualquer criança que já conheci.
09:16Quando eu a tive, disseram,
09:18a sua filha é o único bebê no berçário que não chora.
09:22Ela é um anjo.
09:23Precisa batizá-la de Angel.
09:25Eu não me preocupava com a Angel.
09:26Ela estava crescidinha.
09:36Tinha 12 anos.
09:39Tudo ia bem até que ela começou a parecer triste.
09:45Perguntei qual era o problema.
09:47E ela disse,
09:48Ah, não é nada.
09:50O meu filho falou.
09:51Eu te conto, mãe.
09:52Ela sonhou que algo ruim vai acontecer.
09:56E você não vai poder fazer nada.
09:59Eu comecei a chorar.
10:01Angel, alguém está te ameaçando?
10:03Ela disse,
10:04Deixa quieto, mãe, por favor.
10:06Mas no dia 4 de março de 1980,
10:15Angel se atrasou para voltar para casa.
10:18Eram quase 6 da tarde
10:20e ela ainda não tinha chegado da escola.
10:22Eu pensei,
10:23O que está acontecendo?
10:25Tem alguma coisa errada.
10:27A Angel não é disso.
10:28Eu sempre sei onde ela está.
10:30Eu sabia que tinha alguma coisa muito errada.
10:32Então eu liguei para a polícia.
10:36Eu falava,
10:40Alguém a pegou.
10:42Eu não dormi nada.
10:43E nós andamos tanto
10:45que meus tornozelos ficaram doloridos e inchados.
10:51Passaram-se 6 dias.
10:52Eu só chorava, gritava e berrava.
10:56Não conseguia dormir.
10:58Então bateram na minha porta.
10:59É pior do que qualquer coisa
11:05que uma mãe possa imaginar.
11:07Uma vizinha disse a Venus
11:09que o corpo da filha
11:10foi encontrado amarrado a uma árvore
11:12e foi levado para o necrotério.
11:14Abracei o corpo dela e disse,
11:21O que fizeram com você?
11:23O que fizeram com você?
11:25Havia lacerações em volta do pescoço dela.
11:29As marcas.
11:30Como se tivessem colocado uma corda
11:32em torno do pescoço dela.
11:34Só consegui imaginar
11:35que tipo de tortura ela sofreu.
11:43E eu não aguentei mais.
11:45Eu não aguentei mais.
11:46Não aguentei.
11:47Sinto muita saudade.
12:05Muita saudade.
12:06Como se tivesse sido ontem.
12:11Deus.
12:13Sinto tanta falta.
12:14Eu não consegui entender por que.
12:18Por que a minha filha
12:19entre tantas crianças.
12:20Por que?
12:21Foi então que eu descobri.
12:23A minha filha não era a única.
12:36Ninguém se importava
12:37com aquelas crianças negras.
12:39E isso acontece até hoje.
12:41Houve incidentes recentes
12:43na cidade de Washington
12:44então em Chicago, Illinois
12:46de jovens negros
12:48que desapareceram
12:50foram assassinados
12:51e ainda nós não sabemos
12:52o que aconteceu
12:53em muitos desses casos.
12:55E não vira notícia nacional.
12:57Acho que não avançamos tanto
12:59mesmo tendo passado
13:0040 anos
13:02ao ponto do valor
13:03das vidas negras
13:05de certo status
13:06ser maior hoje
13:08do que era 40 anos atrás.
13:09A polícia ainda investiga
13:16os homicídios
13:16de pelo menos
13:17mais quatro jovens
13:18todos desaparecidos
13:19todos encontrados mortos.
13:21A morte de Angel Linner
13:23passou despercebida na mídia.
13:25Ela foi a quinta criança
13:26até 14 anos
13:27a desaparecer
13:28e ser encontrada morta
13:29nos últimos sete meses.
13:30Até aquele momento
13:32não acredito
13:33que tenha havido
13:34um caso
13:34de uma criança
13:35que fugiu de casa
13:36ou que tinha desaparecido
13:38que não foi solucionado.
13:41De repente
13:41elas estavam
13:42aparecendo mortas.
13:45A polícia negou
13:46que os casos
13:47de crianças desaparecidas
13:48e os homicídios
13:49estivessem ligados.
13:50Há semelhanças
13:51em algumas
13:52das mortes
13:53no fato
13:53de serem rapazes
13:55e moças
13:55jovens
13:56e negros.
13:56Mas alguns
13:58como os investigadores
13:59de homicídios
14:00Bob Buffington
14:01e Danny Agan
14:02começaram a questionar isso.
14:04Tínhamos o que era chamado
14:06de livro de homicídios.
14:08Era só um parágrafo
14:09sobre cada vítima.
14:12E começamos a ver
14:14mais crianças
14:15sendo mortas
14:17e abandonadas.
14:19Aquilo não estava certo.
14:21Nós nunca tivemos
14:22nada parecido.
14:24Descobri que houve
14:25uma diferença significativa
14:26entre os dois anos
14:29anteriores
14:30e aquele ano.
14:32Então escrevi
14:33uma carta
14:34e mandei
14:35para o major.
14:37Mais tarde
14:37vi o major
14:38no corredor
14:39e ele disse
14:41você gosta
14:42de trabalhar
14:43com homicídios?
14:43Eu disse sim senhor.
14:44Ele disse
14:45quer ir para o turno
14:46da manhã
14:46trabalhar com roubo
14:47de veículos?
14:49Se eu vir
14:49outra dessas cartas
14:50é o que vai acontecer.
14:53Ele não queria
14:54ouvir falar
14:55em homicídios
14:56em série
14:57em Atlanta.
15:02Havia muita discussão
15:04sobre quem poderia
15:05estar assassinando
15:06aquelas crianças negras.
15:07Os pais das vítimas
15:08cobravam do comissário
15:10Lebron
15:10uma investigação
15:11ampla dos crimes.
15:13Mas as mortes
15:14ainda não eram
15:14vistas como relacionadas.
15:17E os boatos
15:17continuavam aumentando
15:19nas ruas.
15:20Havia histórias
15:21de que os policiais
15:22estavam matando
15:23as crianças.
15:25Tem que ser a polícia.
15:26Quem mais podia
15:27entrar e sair
15:28dessas comunidades
15:28sem ser parado
15:29e fazer esse tipo
15:31de coisa?
15:32Quem podia fazer isso?
15:33A Ku Klux Klan
15:34podia estar matando
15:35essas crianças negras
15:37porque era o único
15:37ela entre todas elas.
15:39Como eu era um menino negro
15:40eu vivia apavorado.
15:41Eu vi com os meus
15:44próprios olhos
15:45a Ku Klux Klan
15:47marchando na
15:48Old National Highway.
15:50Eu sempre ouvi dizer
15:51que a Stone Mountain
15:53era a sede da KKK
15:54tá ligado?
15:55Era lá que eles faziam
15:56todas as reuniões
15:57e queimavam cruzes.
15:59Você precisa entender
16:01que Atlanta
16:02é a sede da Klan
16:04então
16:05que melhor lugar
16:07para raptá-los
16:07do que aqui em Atlanta
16:09na Georgia.
16:10se vai raptá-los
16:11faça isso aqui.
16:15Mais antigo
16:16e mais infame
16:17grupo racista
16:18dos Estados Unidos
16:18a Ku Klux Klan
16:20ressurgiu nos anos
16:211960
16:21para se opor
16:23ao movimento
16:23pelos direitos civis.
16:25Quando se analisa
16:25os anos 70
16:26e início dos 80
16:28a maioria dos homicídios
16:29dos direitos civis
16:31da década anterior
16:31não tinha sido
16:32solucionada.
16:36Ainda existia
16:36aquele ar de terrorismo
16:38estava bem freio
16:40na memória
16:40das pessoas
16:41existia um viés
16:43racial
16:44que acreditava
16:45ter sido a Klan.
16:47Podia haver
16:48alguns membros
16:49da Ku Klux Klan.
16:52O grupo racista
16:53continuava
16:54nas manchetes
16:54aterrorizando
16:56a comunidade negra
16:57em Atlanta.
16:59Ouvíamos
17:00nas ruas
17:01que provavelmente
17:02era Ku Klux Klan
17:03ou algum
17:04grupo racista
17:06ou algo assim
17:07que estava
17:08por trás
17:08daquilo.
17:10E a polícia
17:11de Atlanta
17:12demorou
17:13muito tempo
17:14para começar
17:15a enfrentar
17:16aquela situação
17:17de mortes
17:19infantis.
17:19no início
17:22de maio
17:22de 1980
17:23cinco crianças
17:24negras
17:25de nove
17:25a quatorze
17:26anos
17:26haviam sido
17:27encontradas
17:27mortas
17:28e Jeffrey
17:29Mattis
17:29de dez
17:29anos
17:30estava
17:30desaparecido
17:31há dois
17:31meses.
17:32A polícia
17:32não prendeu
17:33ninguém
17:33nem tinha
17:34suspeitos.
17:35acho que
17:36esses casos
17:37deram destaque
17:38ao desespero
17:40ao tipo
17:41de sociedade
17:41de dois pesos
17:43em que vivíamos
17:44porque não
17:45consideravam
17:46essas vidas
17:47tão valiosas.
17:50Algumas pessoas
17:51diziam
17:52que essas crianças
17:53eram descartáveis
17:54literalmente
17:55sabe
17:56mate-as
17:57e jogue-as
17:58no mato
17:58e ninguém
17:59vai saber
18:00ou se importar.
18:05Carrie Middlebrooks
18:09e seu irmão
18:10mais novo
18:10Eric
18:11cresceram
18:11em um dos
18:12bairros
18:12mais pobres
18:13do sudeste
18:13de Atlanta
18:14nos anos
18:141960.
18:17Eric
18:17foi criado
18:18por pais
18:18adotivos.
18:20Eu achava
18:21ele
18:22um garoto
18:23inteligente
18:24a gente
18:24conversava
18:25muito
18:26passei
18:27muito tempo
18:27com ele
18:28brincando
18:29assistindo
18:30tv juntos
18:31mas
18:32quando você
18:33cresce
18:34desprovido
18:35de meios
18:35financeiros
18:36você
18:38vê o mundo
18:40de uma forma
18:41diferente
18:42você cresce
18:42bem rápido.
18:45Em 1979
18:46Eric
18:47de 14 anos
18:48morava com
18:49o pai
18:49adotivo
18:49Robert Miller.
18:52Eu falava
18:52sempre com
18:53Eric
18:54pelo telefone
18:54eu amava
18:55o meu irmão
18:56ele me amava
18:56ele queria me ver
18:58e de vez em quando
19:00eu ouvia
19:01que
19:02alguém tinha sido
19:03morto
19:04mas
19:05não tinha percebido
19:06que as pessoas
19:07que diziam
19:08que tinham
19:08morrido
19:09eram
19:09crianças.
19:18Em 19 de maio
19:19de 1980
19:20pouco antes
19:22das 7 da manhã
19:23recebemos uma chamada
19:24de uma viatura
19:25de homicídios
19:26o Bob
19:26era um investigador
19:27chefe.
19:27era um beco
19:31atrás de um lugar
19:32onde ficavam
19:33as lixeiras
19:34foi lá que ele
19:35tinha sido
19:36desovado.
19:42A cena
19:43estava
19:43meio estranha
19:44porque havia
19:45uma bicicleta
19:45com os dois pneus
19:46furados
19:47e quando
19:49nos aproximamos
19:50notamos
19:50moedas
19:51perto da bicicleta
19:52moedas
19:53de 1
19:545 e 10 centavos
19:56e havia o corpo
20:01de um menino
20:02pequeno
20:02ele parecia
20:03um pouco
20:04bagunçado
20:05estava
20:06deitado
20:07de costas
20:08podia ter
20:09caído
20:10da bicicleta
20:11ou
20:12ter sido
20:13baleado
20:14ou algo assim
20:15tinha alguns
20:17ferimentos
20:17no pescoço
20:18o garoto
20:19levou
20:20três facadas
20:21superficiais
20:22no peito
20:23e uma lesão
20:25bem significativa
20:26na cabeça
20:27tinha sido
20:29um assalto
20:30não fazemos
20:30ideia
20:31do que houve
20:32quando os
20:33investigadores
20:34examinaram
20:35a vítima
20:35as provas
20:36encontradas
20:37mudaram
20:37o curso
20:38da investigação
20:38o que eu
20:41fiquei pensando
20:42foi
20:42que tínhamos
20:44de aceitar
20:45que havia
20:45todas aquelas
20:46mortes
20:46e aquilo
20:47poderia ser
20:48um padrão
20:49poderia ser
20:50um criminoso
20:50em série
20:51outros homicídios
21:00de crianças
21:01negras
21:01ficaram
21:02sem solução
21:02mas a polícia
21:03não acredita
21:04que esteja
21:05relacionado
21:06em 18 de maio
21:07de 1980
21:08os investigadores
21:09Bob Buffington
21:10e Danny Agan
21:11analisavam
21:12o local
21:12do homicídio
21:13de um menino
21:13de 14 anos
21:14não identificado
21:15nós
21:16observamos
21:17o corpo
21:18ele estava
21:21usando
21:22tênis
21:22o tênis
21:24tinha
21:25um solado
21:26de borracha
21:27que estava
21:28descascando
21:29se soltando
21:30e havia
21:31um tufo
21:32de fibras
21:33preso
21:34na borda
21:35do tênis
21:36o que me
21:38pareceu
21:38foi que
21:39o corpo
21:40tinha sido
21:41arrastado
21:42em cima
21:42de um tapete
21:44ou algo
21:45parecido
21:46com certeza
21:48o corpo
21:48tinha sido
21:49movido
21:49e desovado
21:50ali
21:51analisamos
21:54todas as
21:55possibilidades
21:55e eu
21:57achava
21:58que se
21:58podíamos
21:59rastrear
21:59um fio
22:00de cabelo
22:01devíamos
22:02conseguir
22:03rastrear
22:05uma fibra
22:06eles identificaram
22:08o garoto
22:08através da escola
22:09como Eric
22:10Middlebrooks
22:10e notificaram
22:11seu pai
22:12adotivo
22:12Robert Miller
22:13O Robert Miller
22:17me ligou
22:18e disse
22:18vem aqui
22:20agora
22:20eu preciso
22:21falar com você
22:22bom
22:23ele não
22:24costumava
22:24me ligar
22:25pra
22:26pra falar
22:27sobre coisa
22:28alguma
22:29então
22:30eu sabia
22:31que tinha
22:31acontecido
22:32alguma coisa
22:32com o Eric
22:33eu bati na
22:34porta
22:35entrei
22:36e ele disse
22:36olha
22:37eu não sei
22:37como te dizer
22:38mas o Eric
22:38foi morto
22:39ontem à noite
22:40eu congelei
22:42olhei
22:44pra porta
22:45porque eu não
22:45sabia
22:46como aceitar
22:47o que tinha
22:48ouvido
22:48e
22:48trabalhamos
22:5531 horas
22:56direto
22:56naquele primeiro
22:57dia
22:58não paramos
22:58pra nada
22:59só pra comer
23:00de vez em quando
23:01a única coisa
23:02que descobrimos
23:03na vizinhança
23:04foi que o Eric
23:05e vários outros
23:07garotinhos
23:07com bicicletas
23:08recebiam dinheiro
23:10pra fazer serviços
23:11para outras pessoas
23:13como ir ao mercado
23:14eles recebiam
23:16gorjetas
23:17e faziam isso
23:19até tarde
23:20até 11
23:21meia noite
23:22por que alguém
23:26faria isso
23:27com uma criança
23:28era novidade
23:29pra gente
23:30poucas crianças
23:32tinham sido mortas
23:33em Atlanta
23:34e a maioria
23:35em casos domésticos
23:37nós começamos
23:38com o cabelo
23:38era tudo
23:39que tínhamos
23:40em 1980
23:43amostras de sangue
23:44não eram conclusivas
23:46amostras de cabelo
23:47e fibra
23:48não eram conclusivas
23:49mas era uma prova
23:50e precisava ser processada
23:52e manuseada
23:52como importante
23:53porque não havia
23:54mais nada
23:55pra ser usado
23:56o Bob foi
23:58ele foi muito esperto
23:59em reconhecer isso
24:01e recolher a fibra
24:02Buffington e Egan
24:04levaram a amostra
24:05de fibra
24:05até o laboratório criminal
24:06do departamento
24:07de investigação
24:08da Georgia
24:08e entregaram
24:09ao microanalista
24:10Larry Peterson
24:11de 24 anos
24:12ele disse
24:13que achava
24:13que podia
24:14trabalhar com aquilo
24:15era o que eu chamo
24:19de tufo
24:20um conjunto de fibras
24:21que compartilham
24:22características
24:23semelhantes
24:24e o fato
24:24de estar na sola
24:25do tênis
24:26pra mim
24:26era muito importante
24:28porque indicava
24:29que era uma transferência
24:30recente
24:31de algum lugar
24:32onde ele estivera
24:33há pouco tempo
24:34Buffington
24:36reconheceu
24:37o valor
24:38das fibras
24:39o que não era
24:40comum
24:41de acontecer
24:41a partir de fios finos
24:44Peterson
24:45trabalhou
24:45para encontrar
24:46ligações
24:46e pegar o assassino
24:47mas em algumas semanas
24:51outra criança
24:52desapareceria
24:53era seguro
24:57não se sabia
24:59de casos
24:59de violência
25:00naquele bairro
25:02Serlina Cobb
25:04morava com os três filhos
25:05na casa dos pais
25:06em Dakota
25:06perto de Atlanta
25:07Christopher Richardson
25:11de 12 anos
25:12era seu filho do meio
25:13ele era um garoto tímido
25:16meus três filhos
25:18costumavam nadar
25:20na piscina pública
25:22em 9 de junho
25:26de 1980
25:27os três garotos
25:28decidiram
25:28que era um dia bom
25:29para ir à piscina
25:30naquela manhã
25:31o Chris vestiu
25:32uma camisa boa
25:33a camisa de domingo
25:35e eu disse para ele
25:37ah você não vai com ela
25:38ele ficou emburrado
25:41mas eu disse
25:41que ele não ia usar
25:42de jeito nenhum
25:43e não tinha conversa
25:46enquanto Chris discutia
25:51por causa da camisa
25:52os irmãos foram
25:53para a piscina
25:54sem ele
25:54até que Serlina
25:57acabou cedendo
25:58e por fim
26:00eu acabei deixando
26:01que ele usasse
26:02essa camisa
26:02eu não sei por que
26:04ele insistiu
26:05tanto em usar
26:06aquela roupa
26:08ela o mandou
26:10para a piscina
26:10a poucas quadras
26:11dali
26:12e foi para o trabalho
26:13quando eu voltei
26:17do trabalho
26:18perguntei
26:19cadê o Chris
26:20eles disseram
26:21que não sabiam
26:22eu falhei
26:24e melhor acharem ele
26:25e fiquei subindo
26:28e descendo a rua
26:29perguntando
26:30se alguém tinha visto
26:31Chris
26:32a senhora que morava
26:34ao lado da minha casa
26:35disse que viu ele
26:37e o cumprimentou
26:38e ele continuou andando
26:40simplesmente desapareceu
26:44quem quer que fosse
26:48já tinha pegado
26:49Chris
26:50estou tentando
26:52não me preocupar
26:53mas sempre que vejo
26:54uma notícia
26:55fico chateada
26:56e começo a chorar
27:00eu acho estranho
27:03que alguém pegue
27:04o filho
27:05de outra pessoa
27:06na rua
27:07e leve ele
27:08para algum lugar
27:09para
27:09matá-lo
27:11ou fazer alguma
27:12outra coisa
27:12com ele
27:13sem pistas
27:17a polícia interrogou
27:18todos os parentes
27:19foi horrível
27:22porque
27:22eles não o procuravam
27:24como eu achava
27:25que deviam procurar
27:26os dias
27:29se transformaram
27:30em semanas
27:30sem sinal de Chris
27:32a dor e a ansiedade
27:33eram grandes demais
27:34eu assisti
27:36ao noticiário
27:36todas as noites
27:38vendo se descobri
27:39alguma coisa
27:40foi uma época
27:41horrível
27:42mas no fim de junho
27:47um dos piores
27:49sequestros
27:49até então
27:50levaria os homicídios
27:51infantis
27:51para as primeiras páginas
27:53só quero que encontrem
27:55a minha filhinha
27:56sã e salva
27:56e a tragam
27:57para casa
27:58sinto falta dela
28:00eu a amo
28:00eu a amo
28:02em junho de 1980
28:10Latonya Wilson
28:11de 6 anos
28:12foi sequestrada
28:13de seu quarto
28:14alguém invadiu
28:15o apartamento deles
28:16escolheu a Latonya
28:17pegou-a
28:18e deixou
28:18as outras crianças
28:20eu pensava
28:21como é possível
28:22como é que alguém
28:23entra e
28:24pega uma menina
28:25e ninguém vê
28:27eu ficava
28:28o tempo todo
28:29preocupado
28:29todo dia
28:31eu pensava
28:31o que está acontecendo
28:33no final de junho
28:38de 1980
28:3910 crianças negras
28:41haviam desaparecido
28:42desde julho
28:42do ano anterior
28:437 corpos
28:45foram encontrados
28:463 continuavam
28:473 continuavam
28:48desaparecidas
28:49sabemos que todas
28:51as crianças
28:51são negras
28:52e sabemos que todas
28:54vêm de bairros
28:55de baixa renda
28:57o comissário de polícia
28:59Lee Brown
29:00declarou que aquelas coisas
29:02estavam acontecendo
29:04mas não eram necessariamente incomuns
29:07e com certeza
29:08não estavam relacionadas
29:10a questão era
29:11se havia mais alguma coisa
29:14diferente
29:15acontecendo em Atlanta
29:17para as comunidades negras
29:19da cidade
29:20e os pais das vítimas
29:21havia claramente um padrão
29:22e eles estavam
29:23ficando com raiva
29:24sempre fazem
29:26apreensão de drogas
29:27ou solucionam
29:29assalto
29:30mas não descobrem
29:31quem está matando
29:32as crianças
29:33a história
29:35atraiu mais atenção
29:37depois da formação
29:38do comitê
29:40para acabar
29:40com os homicídios
29:41infantis
29:42por 3 mães
29:43cujos filhos
29:44foram assassinados
29:45Venus Taylor
29:47William A. Matt
29:48e Camille Bell
29:50e a sensação
29:52de alarme
29:54e os esforços
29:57de organização
29:58delas
29:58chamaram a atenção
30:00da imprensa
30:00por que ninguém sabe
30:01nada sobre
30:02essas crianças
30:03por que são crianças
30:04de baixa renda
30:05e as pessoas
30:06empurram
30:07para baixo do tapete
30:08por que fazem isso
30:10por que?
30:10porque eram pobres
30:11porque na real
30:12eles não tinham pais
30:13que tivessem dinheiro
30:14quando você tem dinheiro
30:16você pode falar mais alto
30:17você pode fazer as pessoas
30:19prestarem atenção
30:20pode fazer as pessoas
30:21se importarem mais
30:22mas as crianças
30:25de Atlanta
30:26continuavam desaparecendo
30:27tinham 72 edifícios
30:29em Harris Homes
30:30tudo que a gente vê aqui
30:31é novinho em folha
30:32tudo aconteceu
30:34bem naquela rua
30:35foi ali
30:36que ele desapareceu
30:37em julho
30:38e
30:39a gente nunca mais viu
30:41Jimmy Edwards
30:43tinha 14 anos
30:44quando seu primo
30:44de 9 anos
30:45Anthony Carter
30:46se mudou para a mesma rua
30:47que ele
30:48no conjunto habitacional
30:49Harris Homes
30:50a minha avó
30:52criou o Anthony
30:53mas deixou que ele
30:55viesse para Atlanta
30:57para ficar com a mãe dele
30:58a minha tia Vera
31:00o Anthony era filho único
31:02ele era uma pessoa
31:05com quem você podia contar
31:07porque ele aprendeu
31:09com a minha avó
31:10a sempre fazer pelos outros
31:12o que gostaria
31:13que fizessem por ele
31:14o que a gente fazia
31:18todos os dias
31:19era brincar
31:19de esconde-esconde
31:20o Anthony
31:23era
31:23a gente amava ele
31:25quando as crianças
31:30começaram a desaparecer
31:31a gente continuou
31:32brincando de esconde-esconde
31:34mas sempre em bando
31:35como lobos
31:36sempre juntos
31:37a minha tia
31:45tinha uma regra
31:46se você não voltar
31:47para casa
31:47até as 6
31:48é melhor ter
31:49uma boa desculpa
31:50então
31:51se o Anthony
31:51ficasse brincando
31:53depois das 6 da tarde
31:54ele não voltava
31:56para casa
31:56porque se ele voltasse
31:57ele sabia
31:58o que ia acontecer
31:59a minha mãe
32:00era mais tranquila
32:01ela não gostava
32:02de bater em nenhuma criança
32:04não gostava
32:04de dar bronca
32:05e não deixava
32:06ele ir embora
32:07ele ficava lá em casa
32:08jantava
32:09e só no dia seguinte
32:11ela deixava ele ir para casa
32:13a minha tia Vera
32:14não era de brincadeira
32:15não era mesmo
32:15quando ela falava alguma coisa
32:17era sério
32:17ela era assim
32:18esse era o jeito dela
32:19ela amava a gente
32:21mas também dava bronca
32:22quando precisava
32:23e quando ela falava alguma coisa
32:25era para valer
32:256 de julho de 1980
32:27nós éramos
32:30umas 40 crianças
32:31eu nunca vou esquecer
32:34ele começou a contar
32:35e todo mundo saiu correndo
32:37o Anthony
32:41deu a volta no prédio
32:42só 39 voltaram
32:56faltava um
32:58a gente contou
32:59tava todo mundo ali
33:00menos o Anthony
33:01Jimmy notou uma coisa
33:03pouco antes da brincadeira
33:04que o assombra até hoje
33:06eu vi uma coisa
33:09que
33:10me intrigou
33:11eles me perguntaram
33:12e eu contei
33:13que eu tinha visto um homem
33:15subindo a rua
33:16e depois eu não vi mais
33:19e aí quando
33:20ele desapareceu
33:22o Anthony desapareceu
33:24eu disse
33:25era o homem do algodão doce
33:27aonde ele foi?
33:29eu não sabia
33:29aquele hidrante ali
33:32ficava bem na entrada
33:34do parque
33:35e o homem
33:36ele vendia algodão doce
33:37preso num pedaço
33:38de madeira comprido
33:39ele subia a rua
33:41virava
33:42e depois
33:43ele passava por aqui
33:45e
33:45aquele
33:46era
33:47um homem
33:48peculiar
33:49por isso
33:50eu prestei atenção nele
33:51porque quando alguém
33:52entrava na comunidade
33:53a gente sabia
33:53e aí
33:55a tia Vera
33:56apareceu
33:56e perguntou
33:57do Anthony
33:58eu falei que ele tinha
33:59dado a volta no prédio
34:00e sumido
34:00e aí a minha tia
34:01e o namorado
34:02e todo mundo
34:03começou a procurar por ele
34:04e quando ele não voltou
34:05no dia seguinte
34:06a gente sabia
34:07que tinha alguma coisa errada
34:08no dia seguinte
34:10o corpo de um menino negro
34:12foi encontrado
34:13a um quilômetro e meio
34:14dali
34:14outro menino
34:16foi encontrado morto
34:17nesse gramado
34:18atrás de um prédio
34:19na Well Street
34:20no sudoeste
34:21os investigadores
34:24disseram
34:25que talvez
34:25eu não conseguisse
34:26identificá-lo
34:27porque o corpo
34:28estava horrível
34:29estava
34:31feio
34:32estava muito feio
34:33mas
34:34eu olhei e disse
34:36é ele
34:36é o Anthony Barnardo Carter
34:38Anthony
34:40havia sido esfaqueado
34:41nas costas
34:42e no peito
34:42aquilo
34:46acabou com a minha tia
34:47ela não queria mais comer
34:48na verdade
34:49a minha tia
34:50não queria nem mais
34:51saber de viver
34:52porque ela tinha perdido
34:54o único filho
34:55o filho que ela amava
34:56muito e que se preocupava
34:58eu me perguntei
35:00várias vezes
35:01por quê
35:02eu me perguntei
35:04o que aconteceu
35:05quem faria isso
35:07com o nosso menino
35:08oito meses depois
35:10Timothy Hill
35:10e Jojo Bell
35:11amigos de Anthony
35:12do bairro
35:13desapareceriam
35:14e seriam encontrados
35:15mortos
35:16a gente estava
35:17com muito medo
35:18porque
35:19a gente não sabia
35:20quem seria o próximo
35:21quem está fazendo isso
35:24quem está fazendo isso
35:25em 17 de julho
35:33sob pressão da comunidade
35:34o comissário Lee Brown
35:36anunciou a formação
35:37de uma força tarefa
35:38para concentrar
35:39os esforços
35:40de investigação
35:40estamos fazendo
35:43tudo o que é
35:44humanamente possível
35:45para investigar
35:46esses
35:47casos
35:48com nossas crianças
35:49não sei se eles
35:50pensaram no início
35:52que havia uma ligação
35:53entre os homicídios
35:54mas a preocupação
35:55crescia
35:56e agora
35:56chegava a um ponto
35:58em que não podiam
35:59ignorar
36:00quando as pessoas
36:01diziam que tinham
36:02que fazer algo
36:02queremos culpar
36:06a polícia
36:06pela forma
36:07como procederam
36:08mas
36:08eu não acho
36:09que podemos dizer
36:10que havia um padrão
36:11até ter certeza
36:12de que havia
36:12você não grita
36:14lobo
36:14até ter certeza
36:16de que o lobo
36:16está ali
36:17a polícia
36:18precisava decidir
36:19quais casos
36:20ia incluir
36:20em sua investigação
36:21criaram uma lista
36:23de todos os homicídios
36:24aparentemente relacionados
36:25e a lista
36:26era longa
36:28a lista
36:28sempre foi
36:29problemática
36:30porque não havia
36:31uma regra rígida
36:32e clara
36:34para saber
36:35que crianças
36:36incluir
36:36e podia
36:38depender
36:38dos protestos
36:40dos pais
36:41podia ser
36:42por preocupação
36:44do prefeito
36:45podia ser
36:46por determinados
36:47fatos reais
36:48o total
36:50já chegava
36:50oito mortos
36:51e três
36:52ainda desaparecidos
36:53nos dois meses
36:55seguintes
36:56mais três
36:56garotos negros
36:57desapareceriam
36:58entre os desaparecidos
37:00estava
37:01Clifford Jones
37:02de 13 anos
37:03que visitava
37:03a avó
37:04ele foi achado
37:06morto
37:06depois de sumir
37:07enquanto recolhia
37:08latas com os primos
37:09Clifford Jones
37:11de 13 anos
37:11foi encontrado
37:12morto
37:13ao lado
37:13de uma lixeira
37:13aparentemente
37:14foi estrangulado
37:15a posição do corpo
37:17parecia indicar
37:18que ele tinha sido
37:19tirado
37:20de um carro
37:21ou de uma van
37:22e deixado ali
37:23o corpo ofereceu
37:24pistas interessantes
37:26Jones
37:27foi encontrado
37:28totalmente vestido
37:29mas o short
37:30e o tênis
37:30não eram dele
37:31e ele estava
37:32sem a cueca
37:33e como aconteceu
37:36com Eric Middlebrooks
37:37antes dele
37:37havia fibras
37:38bem evidentes
37:39eu estava de plantão
37:42e examinei
37:43o corpo
37:43do Clifford Jones
37:45notei fibras
37:46de carpete bege
37:47na pele dele
37:48no cabelo
37:49nas roupas
37:50estavam bem soltas
37:51e havia muitas
37:52mais de 20 fibras
37:54se eles eram
37:55transportados
37:56para o local
37:57onde eram encontrados
37:58eram levados
37:59em algum tipo
37:59de veículo
38:00potencialmente vindos
38:01de um local
38:02que poderia ser
38:03o mesmo
38:04já que havia fibras
38:05semelhantes
38:06pelos
38:06ou qualquer tipo
38:07de vestígio
38:08desse ambiente
38:09e isso poderia
38:10fazer a ligação
38:11entre diversos casos
38:13se as fibras
38:15de várias
38:15vítimas
38:16coincidissem
38:17poderiam ligar
38:17os homicídios
38:18seria a primeira
38:19prova tangível
38:20da existência
38:21de um só assassino
38:22quando a força
38:23tarefa foi formada
38:24a grande pergunta
38:25era
38:25se os casos
38:26estavam relacionados
38:27havia uma pessoa
38:28em comum
38:28ou várias
38:29responsáveis
38:30pelas mortes
38:31enquanto Larry Peterson
38:42tentava identificar
38:43semelhanças
38:44nas amostras
38:45de fibras
38:45das vítimas
38:46o comissário
38:47de segurança
38:48pública de Atlanta
38:49Lee Brown
38:49pediu ajuda
38:50ao FBI
38:51mas nós não
38:53podíamos ajudar
38:54porque era uma
38:55investigação
38:55de homicídio local
38:56e o FBI
38:57não tem jurisdição
38:58em casos
38:59de homicídios locais
39:01em vez disso
39:02o FBI
39:03ofereceu o apoio
39:04da recém formada
39:05unidade de ciência
39:06comportamental
39:07a unidade de ciência
39:09comportamental
39:10era formada
39:11por psicólogos
39:12que analisavam
39:13o perfil criminal
39:14de tal modo
39:14que eles transformaram
39:16essa ciência
39:17em arte
39:17John Douglas
39:19e Roy Hazelwood
39:21faziam isso
39:22eles criaram
39:23um perfil
39:23a pessoa
39:24que estava envolvida
39:25era um cara
39:27que gostava
39:28de perseguir ambulâncias
39:30e conhecia muito bem
39:32a mídia de notícias
39:35era alguém
39:36que tinha um interesse
39:38incomum
39:38na atividade policial
39:40talvez até monitorasse
39:42os rádios da polícia
39:44essa pessoa
39:45provavelmente
39:46era muito inteligente
39:47e era filho único
39:49uma das afirmações
39:51mais surpreendentes
39:52do perfil
39:53era sobre a raça
39:54do assassino
39:55Roy Hazelwood
39:58achava que estávamos
39:59procurando alguém
40:00que fosse negro
40:01invisível
40:01na comunidade negra
40:03quem é invisível
40:04na comunidade negra
40:05senão outro negro
40:06mas o departamento
40:08de polícia
40:08de Atlanta
40:09disse que não
40:09disseram que
40:11quem comete
40:12esse tipo de crime
40:13se estudarmos
40:15a história
40:15dos assassinos
40:16em série
40:17normalmente
40:17são homens brancos
40:19mas não necessariamente
40:21porque mesmo
40:22antes disso
40:22se analisarmos
40:23de uma forma
40:24ampla
40:24nos Estados Unidos
40:26houve os homicídios
40:27zebra
40:28em São Francisco
40:30e os criminosos
40:33eram negros
40:34a ideia
40:35de que assassinatos
40:36em série
40:37são conduzidos
40:38só por homens
40:39brancos
40:40não se baseia
40:42em fatos
40:43enquanto os investigadores
40:46lutavam
40:47para encontrar
40:47um suspeito
40:48a contagem
40:49de corpos
40:49continuava aumentando
40:51Charles Stevens
40:53de 12 anos
40:53é a última vítima
40:55descoberta
40:55sexta-feira
40:56perto de um
40:56estacionamento
40:57de trailers
40:58a cada homicídio
41:00crescia a frustração
41:02do público
41:02e das autoridades
41:03por um lado
41:06tínhamos
41:07provavelmente
41:08uma das
41:09mais importantes
41:10investigações
41:11criminais
41:12daquela época
41:13nos Estados Unidos
41:15por outro lado
41:16a principal
41:17agência policial
41:18do país
41:19não trabalhava
41:21naquilo
41:22que parecia
41:24ser um problema
41:24criminal
41:25muito grave
41:26eu não aceitava
41:27aquilo
41:27mas não podia
41:28fazer nada
41:29a respeito
41:29pelo menos
41:33quatro das vítimas
41:34foram mortas
41:35por estrangulamento
41:36três por outros
41:37meios
41:37tiro
41:38facada
41:38e trauma
41:39por força bruta
41:40o restante
41:41não foi determinado
41:42para a polícia
41:43de Atlanta
41:44não havia
41:44uma assinatura
41:45clara
41:45podemos dizer
41:48com certeza
41:50que não existe
41:51só uma pessoa
41:52responsável
41:53pelos
41:54casos envolvendo
41:55as crianças
41:56desaparecidas
41:56em nossa cidade
41:57em algum momento
41:59toda a noção
42:00de ordem
42:01ficou de cabeça
42:02para baixo
42:02a polícia
42:03devia poder
42:04proteger
42:05e resolver
42:06qualquer crime
42:07o prefeito
42:08Maynard Jackson
42:09ofereceu uma recompensa
42:10de 100 mil dólares
42:11em dinheiro
42:12por informações
42:12que levassem
42:13a prisão
42:13e condenação
42:14dos assassinos
42:15alguém
42:16em algum lugar
42:18sabe
42:18o que estamos procurando
42:21sabe quem está fazendo
42:22essa série
42:24insana
42:25de crimes
42:26isso
42:28atraiu
42:29todo tipo
42:29de caçadores
42:30de recompensas
42:31e de investigadores
42:33com cães
42:34até uma médium
42:37foi chamada
42:38aquilo tudo
42:40era ridículo
42:41parecia um bando
42:42de palhaços
42:43e eu
42:44perdi a confiança
42:46na capacidade
42:49da polícia
42:50de
42:50sabe
42:52resolver isso
42:54a cidade
42:57virou um circo
42:58um circo
42:59muito volátil
43:00o povo queria
43:01que aquilo acabasse
43:02queriam alguém
43:03preso
43:04e condenado
43:04e
43:05não conseguimos
43:07fazer isso
43:07mas
43:10nada
43:11fazia
43:11parar
43:12o surgimento
43:13de corpos
43:13à medida
43:14que aumentava
43:15a pressão
43:15sobre as autoridades
43:16o povo
43:17ficava inquieto
43:18aparentemente
43:18indefeso
43:19esperando
43:20a próxima
43:21tragédia
43:22versão brasileira
43:23dfn santos
43:25e
43:28a
43:28dfn santos
43:32vó
43:32um
43:33vó
43:34vó
43:35vó
43:36vó
43:39vó
43:40vó
43:41vó
43:42vó
43:42vó
43:42vó
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