No novo episódio do Em Off, Duda Nagle relembra sua infância e adolescência. O ator fala sobre a experiência de crescer com uma mãe famosa, a jornalista Leda Nagle. Ele comenta como era a sua rotina nos bastidores da televisão e como isso influenciou sua vida e carreira.
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00:00Agora, Duda, como é que foi crescer com uma mãe que é ainda uma figura pujante, entrevistadora, famosa e que estava sempre ali na frente das câmeras?
00:13Você acha que ela foi uma primeira referência para você ir para esse universo artístico?
00:18Ou tem mais a ver com uma coisa sua de querer viver histórias, viver personagens para você chegar na sua carreira de ator ali,
00:27que fez várias novelas e agora você mudou um pouquinho e a gente vai chegar lá?
00:32Eu acho que faz todo sentido, porque eu lembro muito bem de ficar sentado no cantinho do estúdio,
00:38igual a minha mãe estava aqui entrevistando as pessoas ou apresentando o telejornal,
00:42e eu estava ali sentado no chão brincando de bonequinha em silêncio, fazendo uma luta com um barulho baixinho ali.
00:50Então eu cresci ouvindo esse som do estúdio, esse silêncio que é denso, profundo,
00:56é tenso, um silêncio tenso.
01:00Se alguém derrubar aquela escada ali que está nos bastidores, vai fazer um barulhão, vai atrapalhar a gravação,
01:04e quando é ao vivo, porque era mais ao vivo até a TV que ela fazia, e eu estava nos bastidores.
01:10Ao mesmo tempo também conhecia o pessoal do show business nos bastidores, por causa das amizades e dos eventos sociais e tal.
01:19Então eu acho que isso sempre foi muito natural para mim.
01:23E aí fazendo aquela engenharia reversa, pegando ali várias referências do passado,
01:28e vendo onde é que isso foi me levando, eu acredito que sim, porque eu gostava muito de brincar,
01:36de entrar nessas histórias, principalmente bonequinha, acho que era uma das brincadeiras que eu mais gostava.
01:41E eram umas histórias super complexas, que a gente ia inventando, misturava a regra do filme com a do desenho,
01:49personagens da Tartaruga Ninja interagia com a do He-Man, sabe, de várias histórias diferentes.
01:56Aí a gente criava os roteiros com os amigos ou sozinho.
02:00E eu acho que isso foi fundamental para a minha escolha inicial,
02:04que quando eu estava na faculdade de publicidade e propaganda,
02:06o que eu queria era trabalhar como diretor criativo nos bastidores,
02:09inventando historinhas para vender coisas, para criar estratégias para marcas.
02:14Eu gostava muito dessa visão estratégica.
02:15Mas com publicidade?
02:16Com publicidade.
02:18E aí eu comecei a ver que eu tinha um problema em falar em público,
02:22defender meus pontos de vista, apresentar meus projetos, convencer pessoas estranhas.
02:27Por quê?
02:28Em ambientes como sala de aula, e aí ia começar a fazer as entrevistas de emprego.
02:34Então eu ficava com vergonha disso, como timidez mesmo, sabe?
02:40Aí eu entrei nas aulas de teatro para começar a ficar mais casca grossa,
02:43mais cara de pau e falar melhor, dominar melhor as habilidades da linguagem e tal.
02:49E aí eu virei a chave, porque aí eu acho que eu me conectei de volta
02:52com esse molequinho que andava fantasiado e que gostava de brincar, de bonequinhos.
02:57E daí eu comecei vencendo esses pequenos desafios nas aulinhas de teatro.
03:03Eu comecei fazendo aula particular de teatro.
03:06Uma coisa meio paradoxal.
03:07Ah, que maravilhoso.
03:09Fazer umas aulas com a Camila Amado, que era uma super atriz,
03:14mais velha e contemporânea da Fernanda Montenegro.
03:16E começava tendo que decorar monólogos para falar para ela,
03:23fazendo uns exercícios doidos de leitura de personagens e outras leituras em voz alta.
03:29E aí comecei a ficar um pouco fascinado pelas pequenas vitórias nesses cursos e esse desenvolvimento.
03:37E aí comecei a bolar um plano de, tá, então eu vou fazer,
03:39eu quero conhecer o show business para trabalhar como publicitário,
03:42mas eu vou conhecer de dentro, vou conhecer trabalhando como ator de novela.
03:47Aí fui criando esse plano.
03:49Ah, então ser ator era uma estratégia para que você chegasse à publicidade de uma forma diferente.
03:55Exatamente.
03:56Só que também eu estava naquela fase de descoberta, 18 anos de idade,
04:00querendo conhecer a mulherada, querendo...
04:03Não queria, não me imaginava tendo uma rotina de...
04:06Até hoje eu nunca tive essa coisa de dia comercial, horário comercial, dia útil.
04:11Algo do nada me surpreende.
04:13A vida do Rico é diferente, hein, gente?
04:15Não, porque a gente gravava novela no feriado, no sábado.
04:18Claro, é, não tem dia, né?
04:19No domingo eu ia fazer um trabalho, um jabá,
04:22eu ia fazer um foto, desfile, presença VIP, baile de debutante.
04:28Então eu nunca tive essa coisa de horário comercial, dia útil.
04:31Isso antes do WhatsApp e Instagram da vida, né?
04:33Olha só.
04:342003 foi minha primeira novela.
04:36Então...
04:37Quantas novelas você já fez?
04:38Ah, não sei, eu tenho que contar.
04:40Eu não fiz muitas, não, assim, comparado a 22 anos de carreira.
04:45Eu fazia basicamente uma novela por ano e uma série por ano.
04:50E dava o tempo certinho, sabe?
04:51Eu ia, sei lá, ficava uns 9, 10 meses ali na novela.
04:55E aí fazia uma série, um especial de fim de ano,
04:59umas coisas assim entre uma e outra.
05:01Já encaixava a outra.
05:02A minha média era mais ou menos essa.
05:04Esse era o volume de trabalho que eu gostava.
05:06E aí teve, no início, eu fazia muito desses jabais, viajava fazendo um monte de coisa doida.
05:12Desde de entrar vestido de chaminé do Titanic no circo do Marcos Frota,
05:18no número do palhaço.
05:19Maravilhoso!
05:20Pra ser revelado no meio.
05:22Eu ia segurando a chaminé escondidinha assim,
05:24aí um palhaço segurando a parte da frente do navio, a parte de trás do Titanic,
05:27e o outro era o iceberg.
05:29Aí a gente batia, eu ia pro meio do palco,
05:32soltava assim o negócio e me revelava as pessoas.
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