Nos anos 80, em plena Guerra Fria, a Pepsi trocou toneladas de refrigerantes por submarinos, navios de guerra e petroleiros da União Soviética. O acordo bilionário fez da marca a dona da 6ª maior frota naval do planeta por um breve período. Descubra como a empresa americana virou protagonista de um dos episódios mais curiosos da história econômica e política mundial. Confira em mais um conteúdo do Curioso Mercado.
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00:00Você sabia que a marca de refrigerantes Pepsi já foi dona da sexta maior força naval do planeta?
00:08Parece roteiro de filme, mas isso aconteceu de verdade.
00:11No fim dos anos 80, em plena Guerra Fria, a empresa fechou um acordo comercial inusitado com a antiga União Soviética.
00:19Trocou toneladas de refrigerante por submarinos e navios de guerra.
00:24Nesse conteúdo especial Curioso Mercado, a gente vai conhecer os detalhes dessa história que fez da Pepsi, a primeira companhia capitalista a vender produtos para os soviéticos.
00:37Já imaginou uma frota de navios cruzando os mares com a bandeira da Pepsi?
00:42A cena que poderia fazer parte de um filme quase virou realidade.
00:46É difícil de acreditar, mas o fato é que a gigante americana de refrigerantes já foi dona de 17 submarinos, 3 navios de guerra e 10 petroleiros.
00:58Seria a sexta maior frota naval do planeta, avaliada em 3 bilhões de dólares.
01:04Mas como explicar um negócio tão improvável?
01:07Afinal, não estamos falando de um país, e sim de uma indústria de refrigerantes.
01:11A história aconteceu no fim da década de 1980, durante a chamada Guerra Fria.
01:18Mas para entender melhor os acontecimentos, é preciso voltar ainda mais no tempo, mais precisamente até 1959.
01:27Foi nesse ano que os governos dos Estados Unidos e da antiga União Soviética assinaram um acordo para aumentar o intercâmbio cultural entre as duas nações.
01:36O acordo previa dois eventos para mostrar ao mundo os avanços econômicos e científicos das duas potências.
01:43O primeiro aconteceu em Nova Iorque.
01:46Os soviéticos tinham acabado de enviar o satélite Sputnik ao espaço e queriam exibir as conquistas da sua indústria militar e aeroespacial.
01:55A exibição, no entanto, não foi muito bem vista pelos anfitriões e foi bastante criticada.
02:01No mês seguinte, foi a vez dos americanos se apresentarem em Moscou.
02:05Ao contrário dos soviéticos, eles focaram menos em militarismo e mais em consumo e estilo de vida.
02:13Marcas de automóveis, eletrodomésticos, moda e, é claro, refrigerantes, foram divulgadas para 3 milhões de visitantes.
02:21Além do sucesso de público, o evento ficou marcado por um fato inusitado.
02:26Durante um debate entre Richard Nixon, então vice-presidente dos Estados Unidos, e Nikita Khrushkov, primeiro-ministro soviético, o clima ficou tenso.
02:37Exaltado com a discussão capitalismo versus socialismo, Khrushkov transpirava em excesso.
02:44Foi então que Donald Kendall, vice-presidente de marketing da Pepsi, teve a ideia de oferecer um copo de refrigerante ao primeiro-ministro.
02:52A cena foi fotografada e a imagem que rodou o mundo foi vista como uma das maiores sacadas de marketing da história.
03:01Era tudo que a Pepsi queria, mas o mercado soviético era muito fechado.
03:06Kendall, que anos depois se tornou CEO da companhia, não desistiu.
03:11Até que, em 1972, mais de uma década depois, um acordo histórico foi fechado.
03:18A Pepsi se tornou a primeira empresa de um país capitalista a comercializar produtos na União Soviética.
03:25A companhia, que já atuava em diversas áreas de negócios, enxergou uma grande oportunidade de aumentar sua presença internacional.
03:33Mais que isso, era também a chance de obter uma enorme vantagem sobre a sua grande rival, a Coca-Cola.
03:41Com o contrato de exclusividade no mercado soviético, a empresa passou a mirar um público estimado em 240 milhões de consumidores.
03:50Mas ainda havia um obstáculo comercial.
03:53A moeda local, o rublo, não era aceita no mercado internacional.
03:57A saída foi o bom e velho escambo.
04:00Em troca do refrigerante, a Pepsi receberia um produto extremamente popular na União Soviética, a vodka.
04:07Com o acordo, a Pepsi seria a única distribuidora da marca Stolitnaia nos Estados Unidos.
04:14A primeira planta industrial da Pepsi no território soviético ficou pronta dois anos depois do acordo.
04:20Em pouco tempo, o refrigerante caiu no gosto dos soviéticos.
04:24E a companhia teve que expandir a capacidade produtiva.
04:28Com um novo acordo, o número de fábricas chegou a 10.
04:31A essa altura, você deve estar se perguntando, quando os navios e submarinos vão entrar nessa história?
04:38Muitas águas ainda passariam debaixo da ponte entre o Kremlin e a sede da Pepsi.
04:44Na União Soviética, a demanda por refrigerantes só aumentava.
04:48Em 1985, já eram 16 unidades industriais.
04:51Não demorou para a empresa protagonizar outro marco histórico.
04:56Veiculou o primeiro comercial capitalista na televisão estatal.
05:00O consumo de Pepsi explodiu.
05:03No final da década, os soviéticos estavam consumindo cerca de um bilhão de garrafas em um ano.
05:09E o número de fábricas chegava a 20.
05:12Mas nem todo casamento dura para sempre.
05:14A essa altura, o contrato estava perto do fim.
05:17E o volume de vodka fornecido pelos socialistas já não era suficiente para a contrapartida de refrigerantes.
05:24Pior que isso foi a invasão soviética do Afeganistão.
05:28O conflito se estendeu ao longo de toda a década de 80.
05:32E o governo americano decidiu decretar um embargo aos produtos da União Soviética.
05:37Diante do impasse, o governo de Moscou propôs uma nova moeda de troca para garantir o suprimento de Pepsi.
05:43A proposta, nada ortodoxa, eram ativos pouco utilizados pelos soviéticos no período.
05:50Uma frota de embarcações.
05:5217 submarinos, 3 navios de guerra e 10 petroleiros, todos meios sucateados, foram oferecidos em troca de refrigerantes.
06:02O pacote, avaliado em 3 bilhões de dólares, resultou no maior acordo até então entre uma empresa americana e a União Soviética.
06:10É claro que a Pepsi não tinha interesse em manter uma esquadra, que acabou revendida para uma firma europeia especializada em reciclagem.
06:19Mas, ainda que por pouco tempo, a companhia foi considerada dona da sexta maior frota marítima do planeta.
06:26Donald Kendall, que apareceu no começo da reportagem apresentando a Pepsi aos socialistas,
06:32disse que a multinacional estava conseguindo desarmar a União Soviética mais rápido do que o próprio governo americano.
06:39Detalhe da negociação.
06:41A Pepsi se comprometeu a investir parte do dinheiro na abertura de duas unidades da Pizza Hut em Moscou.
06:48O problema é que o carro-chefe da história atravessou os planos.
06:52O regime da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas estava desmoronando
06:56e terminou oficialmente em dezembro de 1991.
07:00O que surgiu depois é o sistema que conhecemos hoje, com empresas negociando na maior parte do mundo
07:07de acordo com regras e padrões internacionais.
07:11A Pepsi segue em terra firme, disputando o gigantesco mercado de bebidas não alcoólicas com a Coca-Cola.
07:18E se alguém perguntar se ela já embarcou em negócios inusitados, ninguém poderá negar.
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