O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou no último sábado (27) que o Ministério está analisando a quantidade de pedidos de recuperação judicial no Brasil. Em participação do podcast “3 Irmãos”, Haddad alertou para um abuso no número de solicitações, mas afirmou que o número crescente de devedores pode ser fruto da taxa de juros no país. Reportagem: Matheus Dias
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00:00O ministro Fernando Haddad afirmou neste sábado que o Ministério da Fazenda está analisando a quantidade de pedidos de recuperação judicial de determinados setores da economia.
00:11O Matheus Dias tem mais informações.
00:13O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse em entrevista ao podcast Três Irmãos que há um certo abuso na quantidade de pedidos de recuperação judicial no Brasil.
00:23O ministro não deu detalhes sobre quais setores têm abusado dos pedidos ou quais medidas o governo vai adotar para inibir essa prática.
00:32Mas concordou que o número crescente de devedores é fruto também da alta taxa de juros no país, já que está cada vez mais caro negociar dívidas com os bancos e vira tudo uma bola de neve.
00:43Primeiro, tem a questão da taxa de juros que atrapalha muito, né?
00:47Você rolar a sua dívida junto aos bancos e tal.
00:50E tem um abusozinho no uso da recuperação judicial em alguns setores que a gente está analisando com mais calma, que nunca teve esse tipo de coisa.
01:00Os caras usam o RJ de forma abusiva?
01:04Nós estamos estudando que em alguns casos isso está chamando a atenção, mas nós estamos estudando.
01:10Você tem razão. Eu conversei com o cara da Vibrais, né? E aí você for ver o patrimônio, que inclusive é uma empresa que o pessoal pede para o Brasil estatizar ela, né?
01:20É uma empresa que já passou por várias RJs, eu acho que duas RJs, e o dono da Vibrais tem um patrimônio milionário, né?
01:29Então, assim, é um pouco complexo você olhar, tipo, uma empresa que está em RJ, mas o dono da empresa tem muito dinheiro.
01:37Tem um ou dois setores da economia que está inspirando um cuidado maior, mas eu não vou fazer uma afirmação de que está, porque eu ainda estou analisando essa situação.
01:47Mas tem coisa que você tem certeza que está acontecendo e tem coisa que você suspeita que está acontecendo.
01:51A recuperação judicial é um instrumento que as empresas podem usar para regularizar as dívidas e evitar a falência,
01:58suspendendo cobranças e renegociando compromissos para manter as atividades da empresa, mesmo com dívidas ativas.
02:05O advogado Rodrigo Macedo, especialista em recuperação judicial, vê com certa preocupação a fala do ministro,
02:12visto que a alta taxa de juros e até as tarifas impostas pelos Estados Unidos estão prejudicando muito empresas brasileiras, como o caso do agronegócio.
02:21Me preocupou um pouco a fala do ministro Haddad pelo seguinte motivo, né?
02:25Acho temerário que o Estado, que o governo principalmente, carimbe o pedido de recuperação judicial como algo com objetivo exclusivo, enfim, usado de maneira indevida.
02:38Quando, na verdade, é um mecanismo que não pode ser desacreditado, né?
02:42É um mecanismo que permite a uma empresa que está enfrentando uma crise financeira, ela conseguir manter os empregos, conseguir manter a atividade dela, conseguir continuar gerando renda, recolhendo tributo, né?
02:53As empresas estão inseridas num cenário macroeconômico que não está favorável.
02:58Juros elevados, crédito muito caro, uma retração no consumo muito grande.
03:02A gente perdeu, né? A nossa moeda desvalorizou, a gente perdeu o poder de compra com a nossa moeda e um custo muito alto de produção.
03:09Os dados mais recentes do Serasa apontam que, em 2024, o número de empresas que não conseguiam pagar as próprias dívidas superou as 7 milhões de empresas.
03:19Isso equivale a cerca de 31% dos negócios ativos no país.
03:23E o ramo que mais tem empresas inadimplentes é no setor de serviços.
03:28Agora, se falar de recuperação judicial, pedidos de recuperação judicial, no ano passado foram mais de 2.200 pedidos feitos por empresas para evitar a falência.
03:42Esse número é o recorde desde o início da série histórica em 2006.
03:46E mesmo que os números de 2025 só sejam analisados no ano que vem,
03:50o Fê Comércio e o Serasa esperam que os números de inadimplentes e números de pedidos de recuperação judicial
03:57sejam ainda maiores que no ano passado, pelos dados que já foram analisados até aqui.
04:03O processo leva um tempo até se solucionar, até que esses produtores rurais consigam negociar com seus credores.
04:09Então, falar numa solução deste ano, que a gente já está aqui caminhando para o nosso último trimestre do ano,
04:17para o ano que vem, acho pouco provável que todas elas estejam solucionadas.
04:22Então, essa pressão e esse olhar atento para esse setor que está sofrendo,
04:26eu imagino que ele ainda vai se arrastar até o ano que vem.
04:30No setor do agronegócio, o Banco do Brasil, o principal financiador do segmento,
04:35reportou uma queda de 60% no lucro no segundo semestre desse ano,
04:40puxado pela alta no endividamento no agro.
04:43Segundo a instituição financeira, mais de 800 clientes do agronegócio passam por processo de recuperação judicial.
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