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A Primeira Turma do STF concluiu na quinta-feira 11, o julgamento dos integrantes do chamado núcleo 1 – ou núcleo crucial — da trama golpista.

As penas aplicadas pelo colegiado foram as seguintes:

- Jair Bolsonaro: 27 anos e 3 meses de prisão;
- Walter Braga Netto: 26 anos de prisão, em regime inicial fechado;
- Anderson Torres: 24 anos de prisão e perda do cargo na Polícia Federal;
- Almir Garnier: 24 anos de prisão;
- Augusto Heleno: 21 anos de prisão;
- Paulo Sérgio Nogueira: 19 anos de prisão;
- Alexandre Ramagem: 16 anos e 1 mês de prisão, com perda do mandato de deputado federal e do cargo na Polícia Federal;
- Mauro Cid: 2 anos de prisão em regime aberto;

Além das penas de prisão, o STF aplicou multa solidária de 30 milhões a todos os condenados do 8/1.

No final da sessão, o presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso, afirmou que o julgamento encerrou um “ciclo de atraso” no país

Felipe Moura Brasil, Duda Teixeira e Ricardo Kertzman comentam:

Papo Antagonista é o programa que explica e debate os principais acontecimentos do dia com análises críticas e aprofundadas sobre a política brasileira e seus bastidores.

Apresentado por Felipe Moura Brasil, o programa traz contexto e opinião sobre os temas mais quentes da atualidade. Com foco em jornalismo, eleições e debate, é um espaço essencial para quem busca informação de qualidade.

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Transcrição
00:00A gente sabe que é 100% pacificado e nunca fica, e afinal havia pelo menos um político ali que tem muito capital político eleitoral,
00:08que já teve no poder, que tem máquina de propaganda, que tem militância, que tem ativistas engajados, que tem torcedores, etc.
00:16Então, ainda que tudo tivesse muito claro para a pessoa que não acompanha o processo do ponto de vista de vídeo, de áudio, com a participação direta,
00:29que geralmente não é o caso quando se trata de uma liderança, ainda assim haveria contestação.
00:37Mas é que há muito mais margem para a contestação do que deveria haver.
00:43E as condutas, elas são graves, independentemente aqui de caracterização desse ou daquele crime,
00:50até da caracterização de todos os crimes, como nós repetidamente falamos ao longo dos últimos meses,
00:55eu até enfatizei isso ontem, ainda que se considere, por exemplo, o voto de Luiz Fux,
01:02não dá para negar nenhum ministro do STF, negou a existência do 8 de janeiro, que está, nesse caso, filmado,
01:11mas nem das tramas contra a democracia.
01:15Então, Luiz Fux percorreu, inclusive, cada uma delas na hora de votar pela absolvição do Jair Bolsonaro,
01:20mas condenou o Mauro Cid, que era o ajudante de ordem do Bolsonaro, votou para condenar,
01:25votou para condenar o Braga Neto, que era o número 2.
01:29A chapa de 2022, ela está condenada à prisão.
01:35O titular, o cabeça de chapa, candidato à presidência, a reeleição, no caso, Jair Bolsonaro,
01:41e o seu vice, seria vice-presidente da República, Braga Neto.
01:44E, nesse caso, com o voto do Luiz Fux pela condenação.
01:47Então, o Fux votou, é bom enfatizar de novo, para condenar o Mauro Cid e o Braga Neto
01:54por crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
02:00Então, os fatos são bastante graves, e eles mereciam julgamento
02:05que tornasse a questão mais pacificada no país,
02:09sem toda essa margem para a contestação de viés político,
02:13de contorno a determinada jurisprudência,
02:17aquilo que é previsto, aquilo que já foi feito antes,
02:20mudança de regra no meio do processo.
02:23Então, é uma pena que termine assim, independentemente do juízo final,
02:29independentemente do que cada um acredita em relação às próprias penas.
02:33Eu estava vendo aqui a idade dessas pessoas que o Ricardo Kertzmann considerou mais jovens,
02:38e, Ricardo, o Anderson Torres tem 49 anos,
02:43o Alexandre Ramagem tem 53 anos,
02:47e o Mauro Cid, que foi o colaborador, acabou mais aliviado,
02:50mas, mesmo assim, tem uma pena contra ele, tem 46 anos.
02:54Então, o Mauro Cid, 46, Anderson Torres, 49,
02:58Alexandre Ramagem, o mais velho desses três, 53.
03:01São pessoas, realmente, que já não estão,
03:06que não estão ali depois dos 70 anos,
03:10como Jair Bolsonaro, como General Augusto Heleno, me parece.
03:15São pessoas que podem ter aí uma fase inteira da vida atrás das grades,
03:23e aí é preciso falar também sobre esse lado,
03:25abordando um ponto que eu já trouxe aqui para o programa outro dia, Ricardo.
03:29Essas pessoas foram incapazes de dizer não.
03:34Essas pessoas foram incapazes, por mais que se discuta a caracterização de crime,
03:40mas de não entrar naquela ânsia de você agradar o chefe,
03:45de você fazer tudo que aquele grupo político,
03:47que aquele chefe gostaria que você fizesse,
03:51mesmo sendo algo imoral, mesmo sendo algo contra a institucionalidade.
03:56A gente vê nas anotações, a gente vê nos discursos, na reunião ministerial,
04:02a gente vê nas atitudes que foram apontadas pela Polícia Federal,
04:05uma série de condutas reprováveis, repito, independentemente da caracterização criminal.
04:11Então, algumas lições, pelo menos do ponto de vista moral,
04:16precisam ser tiradas desse julgamento, até pela população em geral.
04:19É bom ver, muitas vezes, esses casos como um mosaico de comportamentos
04:24e pensar ali o que eu não devo fazer.
04:27Quer dizer, se tem uma autoridade, um líder que está mandando,
04:30que está, pelo menos, instigando você a fazer coisas que são erradas,
04:35é preciso dizer não, como disseram os comandantes do Exército e da Aeronáutica, Ricardo.
04:40É o tal do livre-arbítrio, Felipe.
04:42A despeito de algumas pessoas não terem uma personalidade tão forte,
04:47umas pessoas que, às vezes, se deixam manipular,
04:51ou até mesmo se tornam uma espécie de escravo,
04:54estou usando a palavra um pouco forte, mas de escravo emocional,
04:57de manipuladores, isso é muito comum.
04:59A gente tem líderes, chefes, que são manipuladores,
05:03são pessoas que conseguem, de fato, repito, é um termo um pouco forte,
05:07mas conseguem escravizar emocionalmente, psicologicamente, algumas pessoas.
05:11Mas, a despeito disso, Felipe, todo mundo tem um livre-arbítrio.
05:14Se, de alguma forma, as pessoas se deixam ser manipuladas,
05:19é porque também, de alguma forma, Felipe, elas concordam com o que está sendo proposto,
05:24concordam com aquele ambiente em que ela está,
05:27porque, senão, elas sempre têm essa opção de conseguir se livrar.
05:31Obviamente que, em casos muito mais extremos,
05:34em quadrilhas organizadas de crime,
05:36mas eu estou falando de bandidagem, de tráfico de drogas, tráfico de armas,
05:40onde as pessoas, a gente sabe, grupos terroristas,
05:44onde a gente sabe que muitas pessoas são, de fato, presidiárias daqueles líderes.
05:50Porque se a pessoa se rebelar, ou quiser entregar, ou mesmo sair dessa quadrilha,
05:54ela verdadeiramente está ameaçada de morte.
05:57Infelizmente, a gente encontra isso nesses grupos milicianos.
06:00Eles acabam ameaçando de morte as pessoas
06:03para que elas não se afastem desses grupos.
06:05Mas, definitivamente, não é o caso dessa trama golpista.
06:08Todo mundo ali, além de os líderes, jamais, eu imagino, chegarem perto de algo assim,
06:14mas todas aquelas pessoas são pessoas instruídas,
06:16são pessoas que conseguem, inclusive, se defender quando precisam.
06:21Sabem, elas têm recursos, elas têm acesso à lei, inclusive.
06:24Poderiam, como o Mauro Cid fez depois que tudo eclodiu,
06:29ele poderia ter feito antes,
06:31mas as pessoas têm, inclusive, acesso ao judiciário de ir lá e se entregar e falar
06:35olha, está acontecendo isso aqui, eu não concordo, preciso de proteção.
06:39Quem não fez, Felipe?
06:40É porque este livre-arbítrio, dentro desse livre-arbítrio,
06:44optou por ficar na quadrilha,
06:46que agora, considerada pelo Supremo Tribunal Federal, é criminosa.
06:49Exatamente, e eu acho que vale até uma reflexão ainda nesse programa, possivelmente,
06:54sobre a questão do arrependimento.
06:57Como é raro a gente ver arrependimento na política,
07:02quando a política atravessa certas linhas?
07:05Como é raro a gente ver manifestações de arrependimento?
07:09Porque até qualquer tipo de recuo, vamos dizer assim,
07:15é visto, muitas vezes, como um problema de marketing,
07:17como um problema de defesa jurídica,
07:19Muito bem, Duas, deixa eu querer complementar o que o Ricardo Kertzmann estava comentando,
07:23fique à vontade.
07:23Vocês estavam colocando ali que é importante o livre-arbítrio,
07:27é importante dizer não,
07:28e eu também dou uma dica aqui, que é o seguinte,
07:30se você vê, o ser humano precisa participar de grupos,
07:35a gente tem essa carência de querer, né,
07:38ter uma vida em sociedade,
07:40mas você vê um grupinho ali que funciona como uma seita,
07:43que tem um líder messiânico,
07:46que é visto como um cara mágico,
07:49que tem grandes sacadas,
07:51que só ele está certo,
07:52e todo o resto só tem que baixar a cabeça
07:54e obedecer,
07:56e aí você divide o mundo todo em, tipo,
07:59pessoas que são aliadas e amigas e parentes,
08:02o resto é todo mundo traidor,
08:04sugestão, cai fora,
08:06não entra nessa,
08:07porque ali esse é um espaço onde ninguém diz não,
08:11e aí é um espaço tóxico,
08:12é melhor ficar fora.
08:14Que grande momento,
08:15eu fiz questão que não houvesse nenhum ruído,
08:18ô Robson,
08:19depois a gente vai separar esse vídeo do Duda Teixeira,
08:22aí você bota aquela trilha sonora no fundo,
08:24o coach Duda Teixeira,
08:26dando uma dica aqui de conduto,
08:28de comportamento para a gente,
08:29isso é fundamental a gente usar o mosaico da política
08:32para refletir sobre as condutas humanas.
08:35Eu estava falando, por exemplo,
08:36sem brincadeira,
08:37do arrependimento,
08:39porque houve impunidade no caso do Petrolão,
08:41por exemplo,
08:42Rodolfo Boas outro dia escreveu a respeito disso,
08:45nunca houve manifestação de arrependimento.
08:47O Lula, inclusive,
08:48ele já falou em entrevistas de TV,
08:50ele já falou quando o Nicolás Maduro veio ao Brasil,
08:53do método dele.
08:56Quando ele estava se referindo ao José de Eceu,
08:57ele falou,
08:58tem que ir para o debate público e brigar,
09:00para colocar a sua narrativa.
09:02Quando o Maduro veio aqui,
09:04ele falou,
09:04tem que criar uma narrativa.
09:06Como é que era aquela frase,
09:08que a gente já usou até em vinheta,
09:11para destruir o seu inimigo,
09:13que era para legitimar,
09:16que existe,
09:17supostamente,
09:19a democracia na Venezuela,
09:21que obviamente não existe.
09:23E o Lula estava falando que o Maduro precisava
09:25emplacar a narrativa dele
09:27contra essas críticas,
09:29de que a Venezuela tem um regime autoritário.
09:33Então,
09:33eles tentam impor a narrativa,
09:35independentemente dos fatos.
09:37E uma das nossas principais funções no jornalismo
09:40é justamente filtrar as narrativas,
09:42refutar as narrativas,
09:43com base nos fatos.
09:45Porque os políticos estão visando o interesse deles.
09:48Inclusive,
09:48os criminosos,
09:50quer dizer,
09:50eventualmente são políticos que cometem crimes,
09:52mas quem comete crime é criminoso.
09:54Então,
09:55o criminoso,
09:55falando aqui de uma maneira genérica,
09:56sem citar ninguém especificamente,
09:58muitas vezes ele não quer reconhecer jamais
10:00que cometeu o crime.
10:02Principalmente,
10:02se ele tem algum tipo de atuação pública,
10:04e depende da imagem,
10:06e depende da popularidade.
10:09E ele sabe que vive ainda numa sociedade
10:10que com todos os seus problemas morais,
10:13e aqui a gente não passa pano,
10:15ainda tem que,
10:17olha,
10:18não é legal você dizer que cometeu um crime, etc.
10:21Então,
10:22essas pessoas negam até a morte.
10:24E muitas vezes é mentira mesmo
10:26o que elas dizem
10:27a respeito das próprias condutas.
10:30E é preciso ter um certo discernimento
10:32para não cair no engodo dessas pessoas.
10:34Mas, repito,
10:35a gente raramente vê um político arrependido,
10:37um político que confessa.
10:39Então,
10:40o caso do Mauro Cid,
10:42claro,
10:42tem benefício para colaborador premiado.
10:44Eventualmente,
10:45quando tem benefício,
10:46algum tipo de criminoso,
10:47quando é pego,
10:48ele recorre a isso.
10:50Mas, pelo menos,
10:51ele ajuda a sociedade
10:52a sanear
10:53um pouco o ambiente
10:56com a eventual punição
10:58dos demais cúmplices
11:00que ele entrega.
11:02Mas, repito,
11:03é muito difícil
11:05você ver qualquer tipo
11:07de reconhecimento.
11:08E aplicando agora
11:09o caso desse grupo condenado,
11:11será que,
11:12ao passar um tempo na cadeia,
11:14eles vão fazer
11:15o exame de consciência
11:16que possivelmente
11:18não fizeram até agora?
11:19Pode ser que tenham feito,
11:20mas que,
11:21se eles reconhecerem alguma coisa,
11:22atrapalha a defesa jurídica.
11:23Então,
11:24eles têm que questionar
11:26o processo judicial,
11:28etc.
11:28E não podem,
11:29no raciocínio deles,
11:31admitir qualquer coisa.
11:32Mas,
11:33será que presos,
11:34será que dia após dia,
11:35semana após semana,
11:36meses,
11:37anos,
11:37eles vão pensar
11:38em algum momento,
11:39por que eu fui me meter nisso?
11:42Por que eu não disse não?
11:44Olha só
11:45a que ponto chegou.
11:4627 anos,
11:4726 anos,
11:4824,
11:4921.
11:50É muito tempo
11:51para você ser punido.
11:53E olha,
11:53nesse caso específico,
11:55não foi por falta de aviso.
11:57Pode citar todas as críticas
11:58em relação ao Supremo Tribunal Federal,
12:00mas quem deu margem
12:01para que um processo exista,
12:02seja no Supremo,
12:03seja na primeira instância,
12:04seja na turma,
12:05seja no plenário,
12:06foram os réus.
12:08E isso
12:08foi num período,
12:09só o período compreendido
12:11pela denúncia,
12:11é de julho de 2021
12:13até janeiro de 2023.
12:15E nós estávamos,
12:16nesse tempo todo
12:17e muito antes,
12:18e Jair Bolsonaro
12:19subiu ao poder em 2019,
12:21apontando,
12:22olha,
12:22isso é errado,
12:23olha,
12:23não fazia,
12:23olha,
12:24não é esse o caminho.
12:25Olha,
12:26o caminho constitucional
12:27é pelo Senado Federal,
12:28faz articulação,
12:29tenta construir maioria,
12:30não vai aloprar.
12:32Mas não,
12:32queria,
12:33dobrava a aposta,
12:34triplicava a aposta,
12:36contestava todo mundo,
12:37atacava os isentões.
12:39Não é isso?
12:40Qualquer pessoa
12:41que alertava
12:41era chamado de vendido,
12:43de comunista,
12:44de socialista,
12:45etc.,
12:45como é até hoje.
12:47Não quiseram ouvir,
12:48quiseram ouvir só a patota,
12:50quiseram ouvir só a liderança.
12:52E agora estão passando
12:53por uma série de problemas
12:54em razão dessa arrogância,
12:57em razão dessa empáfia,
12:58em razão da dificuldade
13:00de aceitar
13:02e assimilar verdades
13:04que não venham
13:05do seu próprio grupinho.
13:07e isso é muito degradante
13:10do ponto de vista
13:12até de inteligência
13:13e de cognição.
13:15e isso é muito importante.
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