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O doutor em direito penal Matheus Falivene analisa o futuro de Jair Bolsonaro (PL) diante de vários cenários. Ele aborda a validade de vazamentos como prova, a articulação para pedir asilo na Argentina e a ajuda ao advogado de Trump. Para o especialista, o "risco de prisão preventiva existe", mas é menor do que para outros envolvidos no caso.

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Transcrição
00:00Sobre toda essa situação, eu quero tirar muitas das dúvidas agora a respeito desse processo
00:04com o Matheus Faliveni, mestre e doutor em Direito Penal, que está aqui no 3 em 1
00:08para nos ajudar a compreender tudo isso.
00:10Doutor, muito bem-vindo mais uma vez, obrigado por nos atender ao vivo.
00:14E eu te pergunto, todas essas provas que foram colocadas agora à mostra
00:19por meio da Polícia Federal, elas justificariam as medidas que foram adotadas
00:25até aqui pelo Supremo Tribunal Federal em relação a Jair Bolsonaro
00:29nesse indiciamento mais novo agora de Jair Bolsonaro e de seu filho, deputado Eduardo Bolsonaro
00:34e as sanções agora contra Silas Malafaia.
00:38Qual é a tua avaliação? Bem-vindo.
00:41Boa tarde, muito obrigado. Estou uma vez aqui falando com vocês, boa tarde a todos.
00:44Bom, o que tem ali nesses áudios que foram revelados os documentos é sim, em tese grave,
00:49ali há em tese uma discussão toda sobre essa questão de intervenção,
00:54sobre a questão da própria discussão da anistia,
00:56mas isso justificaria em tese até as medidas que foram colocadas,
01:01mas a gente tem que avaliar também que esse crime que estão acusando,
01:05essa questão da interferência, especialmente o crime de abolição do Estado Democrático e Direito,
01:09que seria a ideia de fazer o governo americano interferir no Brasil,
01:13ele é um crime de muito difícil prova,
01:15porque eu digo mais uma vez, vão ter que provar que houve o domínio do fato
01:19por parte da família Bolsonaro e também do pastor Silas Malafaia,
01:23que eles tiveram domínio sobre a atuação do Trump
01:26e com isso concorreram para esse ato, com isso participaram desse ato,
01:30o que eu vejo que é muito difícil.
01:32Na questão do Silas Malafaia, eu diria que é até um pouco mais delicada,
01:35até um pouco mais complexa,
01:36porque o que se tem ali são críticas, muitas vezes,
01:39são conversas, mas não necessariamente uma participação direta,
01:44pelo menos não, ao meu ver, pelos áudios que eu estudei.
01:46Então, eu vejo que a situação dele é muito mais de crítica,
01:49de falar, de ser agressiva, críticas até, eu diria,
01:52ou falas até ofensivas da parte dele, falas indecorosas até,
01:57mas que, a meu ver, são de difícil configuração no estilo criminal
02:01de se dizer que ele estava atuando para obstruir justiça,
02:05para eventualmente coagir atores do processo
02:07ou, no limite, para derrubar o Estado Democrático e Direito Brasileiro
02:11por meio da atuação do governo americano.
02:13Então, nesse ponto, eu acho que as situações dos Bolsonaro e do Malafaia
02:18são diferentes juridicamente, porém, nos dois casos,
02:21vai ser difícil comprovar, de fato, essa atuação deles,
02:25qual foi o nível de interferência deles no governo americano,
02:28não sei que eventualmente se peguem conversas com altos membros
02:32do canal americano, com o Trump em si,
02:34e daí tem uma prova nesse sentido,
02:36mas, a meu ver, é sim um caso bastante complexo,
02:38muito mais complexo do que a questão do 8 de janeiro.
02:40Ô, doutor, e diante dessa complexidade, o senhor entende que a divulgação dessas mensagens agora
02:45pode ser justamente uma estratégia de inflamação da opinião pública
02:48próximo do julgamento no Supremo Tribunal Federal?
02:50Olha, não duvido disso, acho que pode até sim ser uma estratégia,
02:55pode ser sim que quem divulgou está usando essa divulgação como uma estratégia de manobra política,
03:02e aí entra uma questão que é muito importante,
03:04que você tenha uma confusão entre direito e política que é muito perigosa,
03:09essa confusão entre o direito e a política, o direito penal e a política,
03:11porque na hora que você põe a política dentro do direito,
03:14o direito sai pela janela, ele vai embora, não tem mais direito,
03:17porque você tem a política.
03:18A questão é que talvez, é lógico, há um interesse jornalístico em divulgar essas conversas,
03:22uma vez que elas foram, entre aspas, vazadas,
03:25mas não deveriam ter sido vazadas,
03:28deveria ser só eventualmente divulgado,
03:30ela tivesse, de fato, uma acusação formal,
03:32um término ali da investigação,
03:34e não agora, nesse momento, quando há apenas um indiciamento,
03:37que é um ato privativo do delegado de polícia,
03:39onde ele considera que a pessoa ali cometeu um crime,
03:43um ato administrativo do delegado,
03:44não é uma acusação formal.
03:46Então, essa divulgação, nesse momento,
03:48a meu ver, ela tem, sim, um elemento político bastante claro,
03:52e, a meu ver, não é o ideal que atores processuais,
03:56que operadores do direito, façam isso,
03:59porque daí estão fazendo política e não fazendo direito.
04:02A meu ver, isso é bastante complicado.
04:04Eu sei que existem processos contra o ex-presidente Bolsonaro,
04:06ele está em julgamento naquela questão dos supostos atos golpistas,
04:11mas a divulgação tem, sim, essa natureza política,
04:14essa natureza de inflamar a população,
04:16ou de, talvez, colocar a população contra ele,
04:19ou contra outras pessoas a ele relacionadas.
04:22Vai lá, Langani.
04:23Doutor, boa tarde.
04:25O Jair Bolsonaro teria consultado o advogado do Trump,
04:30pedindo uma orientação em relação à comunicação do tarifácio
04:34aqui no Brasil.
04:36Isso seria um crime?
04:38E, aproveitando também, pedir um asilo político ao Milley,
04:43isso que ocorreu lá em 2024,
04:45nem havia medidas cautelares, também seria um crime?
04:50Boa tarde, Galani.
04:51Não, esses fatos não são um crime.
04:52Primeiro, consultar o advogado do Trump não é crime.
04:56Ele, como advogado, e a função do advogado é prestar consultas
05:00e defender pessoas em processos.
05:03Então, não vejo problema ele consultar o advogado do Trump,
05:06até é uma, digamos, uma atuação correta da parte dele,
05:11consultar um advogado, um advogado americano,
05:13um advogado que atua nos Estados Unidos,
05:15que tem conhecimento daquela legislação,
05:17para ver o que divulgaria.
05:19Então, isso aí é um ato absolutamente normal,
05:22uma coisa até que deve ser feita pelas pessoas.
05:26Inclusive, ao que custa, o advogado até estaria inserido
05:28em uma enquete por conta disso,
05:29que, ao meu ver, é uma coisa absurda,
05:32colocar um advogado como investigado,
05:35iniciado, simplesmente por ter prestado uma consulta,
05:38que é essa atuação do advogado, o advogado faz isso.
05:40E a outra questão, a questão do asilo,
05:42também não há crime nisso,
05:44não há nem violação de cautelar e pedir asilo,
05:46porque é direito dele pedir asilo.
05:48Qualquer cidadão pode pedir asilo em qualquer país do mundo,
05:51no qual a constituição daquele país em que a pessoa pede asilo
05:55preveja essa hipótese de asilo.
05:56Então, qualquer pessoa pode ir lá e pedir asilo.
05:59Cabe ao outro país aceitar ou não.
06:02Isso faz parte do direito de qualquer pessoa
06:04e, a meu ver, não pode ser interpretado como crime,
06:07se não a gente vai acabar interpretando o direito de petição,
06:10que é amparado pela Constituição,
06:11o direito também de asilo,
06:13que também é amparado pela Constituição,
06:15como um crime, como uma obstrução da justiça,
06:17como uma tentativa de fuga.
06:18E não é.
06:19A gente tem que ver.
06:19A tentativa de fuga seria feita das escusas,
06:22seria feita de forma escondida,
06:24sair do Brasil escondido e tal.
06:25Isso é uma tentativa de fuga.
06:26Agora, pedir um asilo político,
06:28que é um ato, em tese,
06:29que seria caso fosse recreativado público,
06:31teria divulgação, teria debate no país que vai acolher.
06:35A meu ver, isso não é crime,
06:36nem é violação da cautelar.
06:38E se for usado, eventualmente,
06:39para decretar uma preventiva do ex-presidente,
06:41acredito que será uma questão bastante grave
06:43e que gerará muito debate aí.
06:45Vai lá, Piperno.
06:48Doutor, agora, há poucos minutos,
06:51o portal UOL informa que
06:55teria sido encontrada uma movimentação
07:01em torno de 30 milhões de reais
07:03nas contas do presidente Bolsonaro
07:05no período de um ano.
07:06E aí, até emendando com isso que o senhor falou,
07:10sobre esse suposto pedido de asilo,
07:13eu vou inverter um pouco a questão para o senhor,
07:16porque a gente, acho que não ficou ainda muito claro
07:20os limites temporais desse pedido,
07:24quando isso teria sido feito
07:26e em que momento a Polícia Federal encontrou esse texto.
07:30Então, vamos imaginar o seguinte,
07:33a Polícia Federal descobriu isso a coisa de um mês
07:36quando o presidente já tinha sido obrigado
07:40a cumprir medidas cautelares.
07:41Isso, mais a questão do volume de dinheiro movimentado,
07:46do volume de dinheiro que ele enviou
07:48para o seu filho fora do país.
07:51Isso não poderia ampliar a suspeita
07:54de uma tentativa de fuga.
07:58Boa pergunta, boa tarde, Piperno.
07:59Bom, o que acontece?
08:00Bom, a primeira questão é a movimentação financeira.
08:02Lógico, sempre quando você tem uma movimentação financeira
08:05de grandes somas, isso traz suspeita.
08:08Não foi pouco dinheiro que foi movimentado,
08:10isso gera suspeita.
08:11A questão que vai ter que se ver nesse caso é,
08:13primeiro, qual é a origem desse dinheiro?
08:15De onde que ele vem?
08:17A gente sabe, ele é funcionário público,
08:18foi mandatário durante décadas,
08:2230 milhões é muito dinheiro.
08:23Tem que ver se veio dessas doações de PIX
08:25que ele recebe, recebeu.
08:27Tem que ver se veio de outros meios,
08:29se são meios legais, no primeiro ponto.
08:31E depois, se essa transferência eventualmente foi feita
08:34pelas formas legais aqui no Brasil.
08:36Aqui no Brasil a gente tem um crime de evasão de divisas.
08:38A nossa legislação é muito restritiva
08:41com relação ao envio de valores para o exterior.
08:43Então, quem envia valores tem que fazer uma série de procedimentos,
08:47pagar impostos, inclusive muito altos,
08:49inclusive o IOF.
08:51Então, vai ter que verificar isso,
08:52porque tudo corretamente,
08:53se foi feito corretamente,
08:55não é, em tese,
08:57a meu ver, não haveria crime aí,
08:58uma lavagem de dinheiro, nada.
08:59E também, a meu ver,
09:00não poderia ser interpretado como uma fuga ainda.
09:03Tirar o dinheiro,
09:04se não tem nenhum bloqueio patrimonial em cima do patrimônio dele,
09:07não seria, a meu ver, uma violação da cautelar.
09:10Agora, com relação aí ao asilo,
09:14há um indicativo de que era um esboço
09:15elaborado mais ou menos em 2024,
09:18é o que consta.
09:19Então, seria ali um esboço que estava no celular.
09:22Lógico que era quando você pega o celular da pessoa.
09:24Existe até uma teoria no direito alemão
09:25que explica isso,
09:26que a questão do celular hoje é como se fosse um diário.
09:29Ele tem a vida inteira da pessoa ali,
09:31tem documentos, fotos, conversas,
09:33tem muita coisa ali dentro,
09:34como se fosse um diário pessoal.
09:35Então, o que acontece é que pegaram ali um documento,
09:38que é o pedido de asilo.
09:40Mas a questão é que,
09:41como ele está muito para trás no tempo,
09:43não tem um elemento chamado contemporaneidade,
09:46que seria um elemento necessário
09:48para eventualmente se decretar
09:49a prisão preventiva dele em cárcere agora.
09:52Tirar o nome de cidadão,
09:53colocar em cárcere agora.
09:55Se fosse um documento, sei lá,
09:56da semana que teve a busca e apreensão,
09:57uma coisa muito recente,
09:58até poderia se discutir isso.
10:00Mas, como aparentemente é um documento
10:02já mais antigo e que não foi utilizado,
10:04eu não vejo como utilizar isso
10:06para um eventual aumento das cautelares,
10:08que seria uma prisão preventiva no cárcere
10:11para o ex-presidente.
10:12Valamusa.
10:13Boa tarde, doutor.
10:14Bom, nessa mesma linha,
10:16sobre o pedido de asilo,
10:17que é um documento que sequer está assinado,
10:20tampouco está datado,
10:21e a prisão preventiva ou a prisão domiciliar
10:26foi decretada antes da divulgação desse documento
10:29e foi, segundo consta,
10:31pelo que ele falou ali naquele dia das manifestações.
10:35Quando é que você acha,
10:37ou por que o senhor acha que a gente não acaba discutindo
10:40o que de fato é real?
10:42Por exemplo,
10:43que as investigações deveriam ser mantidas em sigilo,
10:47o processo público,
10:49e não ao contrário como exatamente acontece.
10:51A gente discute a ponta do iceberg,
10:54mas a gente não discute que a base toda está errada.
10:57Quando é que o senhor acha que a gente inverteu essa lógica
11:00e passa a discutir apenas as consequências das arbitrariedades
11:04e não de fato que há arbitrariedades que devem ser corrigidas?
11:08Boa tarde, doutor.
11:09Bom, esse é um ponto muito interessante.
11:11O que acontece no Brasil?
11:11A gente está tão acostumado a ter as arbitrariedades
11:13que elas são simplesmente relevadas.
11:17Isso não é de agora,
11:18isso já é de muitas décadas.
11:19Eu falo,
11:20atualmente estão violando direitos e garantias
11:22do ex-presidente Bolsonaro,
11:24como já violaram, por exemplo, do Lula lá atrás,
11:26foram violados sim,
11:27como violaram de outros também.
11:29Em outras operações,
11:30isso já é uma questão sistemática aqui no Brasil.
11:32Você tem já há muitas décadas,
11:34já pelo menos há uns 20 anos,
11:36violações sistemáticas, direitos e garantias
11:38por meio desses vazamentos,
11:40por meio de operações que buscam
11:41buscas e apreensões muito amplas,
11:45por meio de prisões preventivas sem impugnamento.
11:47Então, isso bem que foi normalizado.
11:49Acaba que...
11:50E a Hannah Arendt, por exemplo,
11:51coloca isso,
11:52eu falo do nazismo,
11:54que você normaliza essa violação
11:57de direitos e garantias das pessoas.
11:59Então, o que aconteceu no Brasil é que normalizou.
12:00E, realmente, o que deve se discutir,
12:02para além do que foi obtido ali,
12:04lógico, é importante em termos públicos,
12:06discutir o que foi obtido naquela busca e apreensão,
12:08mas discutir a legitimidade daquilo, primeiro.
12:10Sentir a legitimidade daquela busca e apreensão.
12:12E, em segundo,
12:13e eu acho que é até mais importante nesse momento,
12:15essa questão do vazamento.
12:17A questão é,
12:18por mais que tem interesse público,
12:19tem interesse jornalístico,
12:20interesse de divulgar isso,
12:23divulgar é uma violação de direitos e garantias
12:26dos investigados,
12:27que são presumidamente inocentes,
12:29que ainda não foram meio acusados,
12:31formalmente,
12:32e que têm ali sua vida devassada,
12:33sua vida toda aberta,
12:34conversas ali íntimas.
12:36Por mais que as conversas tenham, sim,
12:39um conteúdo em tese grave,
12:41são conversas íntimas,
12:42você vê que tem uma conversa
12:44entre pessoas que se conhecem,
12:45tem palavrões,
12:46tem palavras de baixo calão,
12:48tem vários elementos ali
12:50que talvez é uma conversa
12:51que nunca existiu para ser divulgada
12:53e foi divulgada por estar
12:54no meio de um enquete.
12:56Então, realmente, nesse ponto,
12:57o debate deveria focar mais,
12:59a meu ver,
13:00nesses direitos e garantias
13:01que são violados,
13:01porque o Brasil tem que,
13:03digamos,
13:04e o judiciário em geral,
13:05tem que melhorar nisso,
13:06tem que tentar melhorar
13:08nessa questão
13:08de violação de direitos e garantias,
13:10mas é lógico,
13:10quando o STF faz isso,
13:12o que acaba na prática
13:12é que os juízes
13:13das instâncias inferiores
13:14acabam seguindo
13:15e você cria um sistema
13:16que fica enviado para a defesa.
13:20Zé Maria Trindade,
13:21você tem pergunta
13:21ao doutor Falivene?
13:24Sim.
13:25Doutor,
13:25eu sempre achei
13:27que o Supremo Tribunal Federal
13:28não deveria entrar
13:29em julgamento desse tipo.
13:31Ele foi criado
13:32para fazer o controle constitucional
13:35o STJ seria ali
13:37a última instância
13:38e ele acabou entrando
13:39em julgamentos desse tipo
13:41até de coisas banais,
13:43como roubo em supermercado,
13:45esse tipo de coisa.
13:46Não que o roubo em supermercado
13:48não seja grave,
13:50é um crime,
13:51mas não é um crime
13:52para se levar
13:53ao Supremo Tribunal Federal.
13:55A minha pergunta é
13:56o que o senhor vê
13:57de diferente
13:58numa vara penal
14:00que o senhor está acostumado
14:01a frequentar
14:02e esse julgamento
14:03no Supremo Tribunal Federal
14:05o que que distorce?
14:06Veja bem,
14:07nós estamos falando aí
14:09esse julgamento aí
14:10do golpe
14:11é penal,
14:12isso é penal,
14:13isso não é político,
14:14isso não é constitucional,
14:15nem nada.
14:16Qual é a diferença,
14:17como o senhor vê,
14:19compara os dois julgamentos,
14:21no Supremo
14:21e numa vara penal?
14:24Bom,
14:24boa tarde,
14:24Zé Maria.
14:25Esse é um termo
14:25bem interessante,
14:26porque o Brasil,
14:27na Constituição de 88,
14:28quando adotou o seu modelo
14:29de corte constitucional,
14:30adotou o modelo híbrido,
14:32que adota o tanto
14:32chamado controle concentrado
14:34quanto controle difuso.
14:36Isso fez com que o STF
14:37tivesse uma competência enorme
14:39e daí,
14:40com o foro de prerrogativa
14:41de função,
14:41com o foro privilegiado
14:42muito amplo
14:43que temos no Brasil,
14:44o STF julga,
14:45na verdade,
14:45milhares de ações
14:46penais originárias
14:47e também ações penais
14:49que sobem via recurso
14:50ou via das corpos.
14:51Então,
14:52o STF acaba julgando.
14:53E a grande diferença
14:54que a gente tem
14:55entre uma vara criminal comum
14:57e o STF,
14:59eu diria que é
15:00a exposição pública,
15:01eu diria que até
15:02a TV Justiça,
15:03isso aconteceu lá
15:04para trás,
15:05se você for ver
15:05na época do meu salão
15:06um pouco antes.
15:07A partir do momento
15:08que você introduziu
15:09a TV Justiça,
15:10você deu mais acesso
15:11à informação
15:12para as pessoas
15:12sobre o Supremo,
15:14mas você tornou também
15:15o debate jurídico
15:17e jurídico penal,
15:18especialmente,
15:19os casos criminais
15:20e as ações penais
15:21originárias em específico,
15:23você tornou elas
15:24muito mais politizadas,
15:26porque os ministros
15:27começaram a se preocupar
15:28muito mais
15:29com a opinião pública,
15:30muito mais em seguir
15:31uma linha talvez
15:32mais politizada
15:33do que uma linha
15:34propriamente jurídica,
15:35uma interpretação
15:35só jurídica.
15:36Então,
15:36na hora que você trouxe
15:37esse elemento
15:38da exposição pública,
15:40o STF acabou
15:40se politizando muito mais
15:42e isso acabou gerando
15:43primeiro um ativismo judicial
15:45e depois um ativismo
15:47também em matéria penal.
15:48A gente tem que lembrar
15:48que, por exemplo,
15:49em 2019,
15:50o STF expandiu
15:51os termos da lei de racismo
15:52para abranger
15:53a homofobia,
15:55uma coisa que não estava
15:55na lei,
15:56uma coisa que, em tese,
15:57é proibida pelo direito penal.
15:58Então,
15:59você começou a ter
15:59essa exposição pública,
16:00os ministros começaram,
16:01talvez assim,
16:02vai descer
16:03por essa exposição pública
16:04e daí acabaram
16:05atuando mais politicamente.
16:07O juiz de uma vara comum,
16:09ele já vai,
16:10a meu ver,
16:11ser um pouco mais jurídico.
16:13Os ministros do Supremo,
16:14eles são muitos,
16:14grandes juristas,
16:15na verdade,
16:16tem grandes livros,
16:17o próprio Alexandre de Moraes
16:18tem livros excelentes,
16:19mas, na prática,
16:20acabam se politizando,
16:23levando para o lado político
16:24por conta dessa exposição pública
16:26e de toda essa questão.
16:28Doutor Falivene,
16:29só para a gente encerrar
16:29a nossa conversa,
16:30a partir dos fatos
16:31que tratamos até aqui.
16:32Teve também,
16:33segundo a Polícia Federal,
16:34uma mensagem de Braga Neto
16:35que foi enviada
16:36por um celular pré-pago
16:37para Jair Bolsonaro,
16:38mesmo depois
16:39da determinação
16:40do ministro Alexandre de Moraes
16:41de que eles não poderiam
16:42se comunicar.
16:43O senhor enxerga
16:44a possibilidade
16:45de uma prisão preventiva
16:47para Jair Bolsonaro,
16:48de se mudar
16:49de uma prisão domiciliar
16:50para preventiva,
16:52de se tirar ele de casa
16:53e encaminhar
16:54para algum tipo
16:55de detenção diferenciada
16:56diante dessa situação,
16:57porque a gente sabe
16:58que a defesa
16:58tem até pouco mais
16:59de oito da noite
17:00desta sexta-feira
17:01para responder
17:02as questões
17:03que foram feitas
17:04pelo ministro
17:05Alexandre de Moraes.
17:06O que o senhor enxerga
17:07no curso desse processo
17:08daqui para frente?
17:10Olha,
17:11risco há sim,
17:12há um risco
17:12de prisão preventiva
17:13e não é muito grande,
17:15porque a mensagem
17:15foi recebida,
17:16não foi ele que fez.
17:18Há um risco
17:19para o Braga Neto,
17:20grande,
17:20de eventualmente
17:21ter problemas com isso,
17:23para o Bolsonaro
17:23também existe o risco,
17:24mas a meu ver é menor,
17:26porque ele recebeu
17:27a mensagem.
17:28Não foi ele
17:28que procurou ativamente,
17:29se ele tivesse procurado
17:30ativamente,
17:31ele teria de fato
17:31violado a preventiva.
17:33A defesa vai responder
17:33essas questões,
17:34acredito que não seja
17:35decretada uma preventiva
17:36em cárcere para ele,
17:38mas esse risco
17:39existe sim,
17:40por causa
17:41de todas essas questões,
17:42toda essa investigação
17:43e também pelo momento
17:44que a gente está,
17:45nesse momento
17:45ainda um final,
17:47divulgamento ali
17:47do 8 de janeiro
17:48e essas outras questões,
17:49então pode sim haver
17:49uma decredação preventiva,
17:51eu não acho que vai acontecer,
17:52mas o risco existe
17:53está aí em posto.
17:54Doutor Matheus Faliveni,
17:55obrigado mais uma vez,
17:57as portas estão sempre
17:58abertas aqui no nosso
17:593 em 1,
17:59um grande abraço.
18:01Muito obrigado,
18:01boa tarde.
18:02Valeu.
18:03Obrigado.
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