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Roberta Paffaro, consultora, professora e mestre em agronegócio, falou ao Money Times Brasil sobre os riscos das sanções dos EUA ao Brasil, que importa 30% dos fertilizantes da Rússia. Ela explica a dependência do setor, o impacto nas safras e os desafios para tornar o país autossuficiente.

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Transcrição
00:00A gente fala agora que cresce o temor no Brasil por mais sanções de Donald Trump
00:03depois que ele impôs aquela tarifa adicional à Índia por causa da compra de petróleo da Rússia.
00:09Isso porque o nosso país importa 30% dos fertilizantes do mercado russo.
00:15Sobre esse temor, a gente vai conversar agora ao vivo com a Roberta Pafarro,
00:18que é consultora, professora e mestre em agronegócio.
00:22Já está aqui conectada com o Money Times.
00:24Tudo bem, Roberta? Ótima tarde, bem-vinda.
00:26Tudo bem, prazer estar com vocês, Natália.
00:30Prazer o nosso.
00:30Justamente, é um momento incerto.
00:33Exato, mais uma dose de incerteza num contexto que já tinha muitas.
00:37Agora sim, comecei com a informação de que a gente importa muito,
00:41cerca de 90% dos fertilizantes usados na agricultura e 30% vem da Rússia.
00:48Como é que vocês estão avaliando os principais riscos para o agronegócio brasileiro,
00:52caso novas tarifas venham?
00:55E como que essa dependência pode expor, então, a gente a mais essa pressão externa, Roberta?
01:01Os riscos geopolíticos estão aí e a gente começa a avaliar para o agronegócio esse impacto.
01:08Fertilizante é extremamente importante quando a gente fala da Rússia.
01:12Nos últimos cinco anos, mesmo com a pandemia e com o início da guerra entre a Rússia e a Ucrânia,
01:19a gente continuou exportando, continuou comprando deles cerca de 25% de todos os nossos fertilizantes
01:26e chegando aos 30% nos últimos cinco anos.
01:29Avaliando todo esse risco.
01:33Agora, se a gente tiver uma nova sanção, tiver uma nova tarifa, isso complica muito,
01:40porque não temos hoje, para a próxima safra, os produtores ainda têm alguns que não compraram o fertilizante,
01:47devido a toda essa incerteza política, essa incerteza, o risco, as tarifas,
01:53então alguns ainda não compraram e a próxima safra precisa desses fertilizantes.
01:58Um primeiro momento, se não tivermos, para a gente pensar, se a gente tiver algum impacto com isso,
02:05o que a gente tem que pensar é que podemos não ter fertilizantes o suficiente
02:09e segundo, os custos agrícolas, o custo do produtor vai aumentar e a margem já está apertada,
02:17até porque os preços, as cotações que a gente vê da soja e do milho,
02:22elas estão muito abaixo e com uma perspectiva de baixa, principalmente por conta da safra americana,
02:29que vai entrar agora e previsão de vir cheia, então a gente aumenta a demanda, aumenta a oferta,
02:36mas a demanda segue realmente estável, então a gente pode ver um momento bastante difícil aí pela frente.
02:43São questões, inclusive, que o entrevistado anterior trouxe aqui, né, da Kepler-Webler,
02:49o CFO falando dessa preocupação. Felipe, sua pergunta para a Roberta.
02:53Oi, Roberta, tudo bem? Boa tarde para você.
02:57Roberta, o Brasil compra fertilizantes da Rússia, também compra do Irã,
03:00não tem um outro país um pouco mais tranquilo para a gente comprar fertilizantes?
03:06Olha, a gente acabou aumentando bastante a compra de fertilizantes da China e do Canadá,
03:12mas os fertilizantes que compramos da Rússia, os tipos de fertilizantes são os que a gente mais utiliza,
03:20então a ureia, o MAP, são alguns que são importantes para o nosso cultivo aqui.
03:27Então, podemos sim, só que em um primeiro momento, se essas tarifas vierem,
03:31a dificuldade é a gente abrir essa negociação e começar toda essa estratégia,
03:36justamente para conseguir comprar mais nesses outros países,
03:41até porque eles também estão dependentes de outros países.
03:45Você imagina, daí a gente começa a aumentar a demanda por fertilizantes desses países
03:51e, consequentemente, isso pode afetar o mercado.
03:54Mas, assim, se a gente precisar parar de comprar desses países,
04:00os outros que já são os nossos fornecedores, eles dão conta?
04:03Eles são, de fato, alternativas viáveis ou não seria suficiente?
04:10Num primeiro momento, eu creio que vai ser difícil,
04:13porque a gente tem toda essa negociação, outros países para poder fornecer,
04:19pode ser que tenhamos uma dificuldade interna de conseguir o fertilizante
04:24para a próxima safra, para quem não ainda se preparou.
04:28Então, é por isso que a gente fala, a importância da gestão de riscos,
04:30a importância do produtor olhar para isso com atenção e também fazer um planejamento financeiro.
04:36É a maneira de conseguir sobreviver em momentos incertos,
04:39como a gente está realmente enfrentando agora.
04:42E gostaria de trazer mais um ponto para vocês.
04:44A gente não só importa fertilizantes, mas também nós temos 27%
04:50de toda a nossa produção de amendoim vai para a Rússia.
04:53Temos também 22% da nossa produção de ervilha também vai para a Rússia.
04:58Então, trigo, importamos trigo deles.
05:02Cerca de 11%, claro que o nosso maior fornecedor é a Argentina,
05:06mas quando a gente começa a entender essa relação comercial
05:09e essa importância dos outros produtos também,
05:12e principalmente num momento agora em que a gente vive com esse tarifácio
05:16de 50% dos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros,
05:20impactando outras cadeias, como por exemplo, café, principalmente mel,
05:25são cadeias um pouco menores de frutas.
05:28Agora, se a gente olha para esse momento delicado e se vier uma nova tarifa,
05:33se vier essa sanção que pode vir dos Estados Unidos para os países
05:38que negociam com a Rússia, a gente também pode ter uma escalada
05:44em outros produtos e afetar outras cadeias produtivas aqui do Brasil.
05:48Sem dúvida.
05:49Roberta, o Brasil é o maior país do agronegócio do mundo,
05:54capital mundial do agronegócio, temos tanto orgulho desse lado
05:58e nós dependemos dessa questão do fertilizante de outros países.
06:02A presidente da Petrobras tem falado sobre a possibilidade do Brasil
06:07voltar a produzir fertilizantes, a Petrobras e tudo mais.
06:10Não seria o caso, do ponto de vista estratégico,
06:12que o Brasil controlasse todo esse ecossistema do agronegócio?
06:15Quer dizer, nós produzimos, nós somos os maiores produtores,
06:18mas nós dependemos de alguns países.
06:20Não seria interessante que o agronegócio mesmo,
06:22ou o governo brasileiro, ou enfim, todos os envolvidos aí
06:25se esforçassem no desenvolvimento para que nós pudéssemos ser
06:29autossuficientes também fertilizantes?
06:33Inclusive, muito bem pontuado.
06:34Inclusive, nós já viemos com esse pensamento
06:38desde que começou a guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
06:41Como que o Brasil poderia se tornar menos dependente de fertilizantes
06:46comprando do exterior?
06:47Porque são 80% que a gente praticamente importa tudo
06:51que a gente precisa aqui para produzir.
06:53Porém, precisamos de investimentos.
06:56E os investimentos são altos para que a gente possa reverter,
07:00utilizar gás natural, utilizar combustível,
07:03para poder transformar nos próprios fertilizantes que precisamos.
07:06e justamente a gente tem uma competitividade,
07:10para a gente fazer isso internamente, o custo de investimento é alto.
07:13É algo que não vai ocorrer em curto prazo.
07:16Então, existe sim, já existem algumas indústrias que estão trabalhando nisso,
07:21mas ainda não é algo viável em curto, médio prazo.
07:26Concordo contigo que realmente era o ideal a gente conseguir investir
07:31nesse mercado, mas a gente já vê que essa preocupação com os fertilizantes
07:36ela não vende agora já, que lá de trás, quando começou essa guerra
07:40entre a Rússia e a Ucrânia e ficou aquela incerteza
07:44sobre o fornecimento dos fertilizantes.
07:48E fora isso, a gente tem que pensar também que tem os bioinsumos,
07:53mas ainda temos uma indústria em desenvolvimento.
07:57E os impactos estão aí, a gente já começa a ver algumas indústrias
08:01de fertilizantes que estão demitindo, que estão enxugando as equipes
08:07por conta de todos esses riscos geopolíticos
08:10e a incerteza de como eles vão lidar internamente
08:14e economicamente dentro das empresas.
08:16Roberto, eu queria aproveitar a sua experiência e o seu conhecimento
08:19nesse ramo para entender o tempo dessa cadeia
08:24que envolve essa compra de fertilizante e o momento do plantio,
08:28da safra, etc.
08:29Então, assim, quem está comprando agora ou estaria comprando agora?
08:32Está comprando para usar quando?
08:34Com quanta antecedência esse planejamento acontece?
08:37E quanto tempo leva para a gente sentir os impactos?
08:40Por exemplo, se tiver que parar de comprar?
08:44Exatamente.
08:44Nós temos agora, pensando no agro, a gente tem uma próxima safra,
08:49então a gente começa, tem uma janela de plantio em diferentes estados,
08:52mas geralmente começamos a plantar em setembro, outubro e ali final de novembro
08:58já praticamente a soja já deve, o próximo ciclo de soja já deve ser concluído
09:04para que a gente colhe em meados de final de janeiro e fevereiro.
09:08E aí começamos também com a segunda safra do milho.
09:11Agora temos também a primeira safra do milho sendo plantada em diversas regiões.
09:16Então, de acordo com até alguns dados que a gente acompanha do mercado,
09:22a compra de fertilizantes esse ano foi um pouco mais lenta do que nos outros anos.
09:30Eu conversei agora com algumas produtoras, inclusive produtoras rurais do Paraná,
09:35e elas me disseram que elas estão preocupadas porque não compraram fertilizantes o suficiente,
09:40justamente por conta de toda essa incerteza, essa tarifa, o que aconteceu ou não.
09:46Então, não tiveram essa compra antecipada, ainda vão precisar comprar e já estão inseguras com relação a essa próxima safra.
09:56Então, a próxima safra, esse plantio, a gente tem cerca de 80%, 85% de uma forma geral que já compraram,
10:04mas ainda temos uma pequena parte que ainda não comprou o suficiente para esse próximo plantio.
10:10E isso é realmente preocupante se tivermos alguma outra sanção, alguma outra tarifa,
10:17algum impacto aí para não poder negociar com a Rússia, que é um dos nossos maiores fornecedores.
10:23Provavelmente, estamos estabelecendo uma conexão melhor com China e também com Canadá.
10:30Seriam os possíveis fornecedores, mas esse custo provavelmente vai aumentar
10:35e o custo impacta na margem do produtor rural.
10:38E, no final das contas, vem para a gente, através da inflação, no final, para o consumidor.
10:44Estou no bolso de todo mundo.
10:45Felipe, mais uma sua para fechar.
10:47Roberta, desculpa eu insistir nessa questão dos fertilizantes, que eu acho que é muito importante.
10:51Vamos supor que a gente...
10:54Primeiro que eu acho que os próprios produtores deveriam, talvez, pressionar o governo
10:58para uma parte do plano safra ser destinada a isso.
11:00Fica como sugestão.
11:02Agora, uma coisa que eu acho importante é o seguinte.
11:03Se a gente tivesse que parar agora de importar fertilizantes da Rússia, porque se essas
11:09sanções vierem, elas vão ter um impacto muito maior do que o lucro que o agronegócio
11:15teria se não tivesse as sanções.
11:18Mas eu digo assim, se a gente parasse agora de importar fertilizantes, quanto tempo a gente
11:21deveria, a gente poderia ter, até ter uma indústria autossuficiente aqui no Brasil?
11:27Dá para fazer essa conta?
11:28Eu não vejo uma indústria autossuficiente em curto prazo nesse sentido, porque precisamos
11:36de um investimento muito alto para poder fazer toda essa transformação, principalmente
11:43dos fertilizantes que nós temos.
11:47Eu diria que a curto prazo não.
11:50Precisamos de investimento, precisamos de política pública, precisamos, muito bem colocado
11:55a questão do plano safra, o fertilizante.
11:58Não é à toa que hoje a gente tem barter, que é uma ferramenta de troca e super eficiente
12:03no sentido de que o produtor consegue trocar os grãos pelo fertilizante, para que ele
12:10precifique através dos grãos, que é realmente a moeda de troca dele.
12:14Então, hoje, ainda não vejo uma indústria autossuficiente voltada para fertilizantes.
12:23Creio que isso exige política pública, exige investimento e principalmente estratégia,
12:30algo que hoje a indústria ainda deixa a desejar.
12:35Certo, obrigada, viu, Roberta Pafarro, consultora, professora e mestre em agronegócio, pela entrevista
12:42aqui ao vivo.
12:43Ótima tarde, bom fim de semana para você.
12:46Muito obrigada, boa tarde para vocês também.
12:48Tchau, tchau.
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