O ministro decano do Supremo, Gilmar Mendes, acusou Eduardo Bolsonaro de cometer ato de lesa-pátria, ao comentar a atuação do deputado licenciado do PL nos Estados Unidos.
Ao defender Alexandre de Moraes, que foi alvo de sanções do governo Trump, Gilmar afirmou que o seu colega tem sido alvo de “críticas infundadas e opiniões levianas, fabricadas pelos diversos gabinetes do ódio espalhados pelo país”.
Felipe Moura Brasil, Duda Teixeira e Ricardo Kertzman comentam:
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00:00O ministro decano do Supremo, Gilmar Mendes, decano é sempre bom lembrar, para quem não sabe, é o mais antigo da corte,
00:07acusou Eduardo Bolsonaro de cometer ato de lesa pátria ao comentar a atuação do deputado licenciado do PL nos Estados Unidos.
00:14Vamos assistir a fala de Gilmar.
00:16Afinal, não é segredo para ninguém que os ataques à nossa soberania foram estimulados por radicais,
00:24inconformados com a derrota do seu grupo político nas últimas eleições presidenciais.
00:31Entre eles, um deputado que, na linha de frente do entreguismo, fugiu do país para covardemente difundir a lei Vosias contra o Supremo Tribunal Federal
00:43num verdadeiro ato de lesa pátria.
00:47Reparem que o Gilmar está fazendo uma descrição com crítica.
00:51Agora, ele não está entrando numa seara criminal.
00:55Ele consegue fazer algo sem avançar naquela linha por escrito.
01:02Claro que temos um monte de críticas ao Gilmar e é claro que cada um pode fazer o seu juízo se ele deveria falar dessa maneira ou não.
01:07Estou apontando simplesmente a diferença entre a fala dele e do Alexandre de Moraes.
01:12E ao defender Moraes, Gilmar afirmou que seu colega tem sido alvo de críticas infundadas e opiniões levianas
01:18fabricadas pelos diversos gabinetes do ódio espalhados pelo país.
01:22Vamos acompanhar.
01:23O alvo central quanto a quem as baterias dos radicais têm se voltado é o eminente ministro Alexandre de Moraes,
01:31que, como todos sabem, é o responsável pela apuração da tentativa de golpe de Estado para impedir a posse do governo eleito em 2022.
01:41Não é de hoje que o ministro Alexandre tem sido alvo de críticas infundadas em torno da condução dessas investigações.
01:50É imperativo que, em tempos de crises e desafios, possamos distinguer entre as ponderações sérias e construtivas
01:59e as opiniões levianas que docilmente aderem às narrativas falaciosas fabricadas pelos diversos gabinetes do ódio,
02:09espalhados pelo país e difundidas nas redes.
02:13E isso para não mencionar as investidas que dolosamente visam corroer a independência de nossas instituições e enfraquecê-las.
02:24Nesse sentido, as censuras que têm sido dirigidas ao ministro Alexandre, na sua grande maioria,
02:33partem de radicais que buscam interditar o funcionamento do judiciário
02:37e, com isso, manietar as instituições fundamentais de uma democracia liberal.
02:45Bom, pelo menos ele falou na sua grande maioria.
02:48Ele não atribuiu todas as críticas ao Moraes, aos gabinetes do ódio, como ele chamou,
02:53porque o Moraes é criticado por jornalistas, é criticado por juristas
02:57e nós estamos aqui, repito, há mais de seis anos criticando.
03:01Aliás, eu preciso trazer um leve histórico sobre essa relação de aliança entre Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes,
03:08que muita coisa aconteceu em 2019, enquanto uma turma mais crítica ao petismo
03:14estava celebrando o bolsonarismo e não querendo reconhecer aquelas práticas
03:20que já estavam acontecendo no primeiro ano de governo, quando o Flávio Bolsonaro era investigado por peculato.
03:27O Flávio Bolsonaro, depois de atuar para sabotar a CPI da Lava Toga,
03:31entrou com um pedido no Supremo Tribunal Federal durante o recesso.
03:35O presidente da corte era o Toffoli.
03:36O presidente da corte é quem assume os pedidos durante o recesso do Poder Judiciário.
03:41Ele sabia que ia cair nas mãos do Toffoli e foi lá especialmente por causa disso
03:46para travar a investigação a seu respeito.
03:50O que o Toffoli fez naquela ocasião?
03:52Ele aproveitou o pedido da defesa do Flávio Bolsonaro,
03:57e é difícil acreditar que ele não sabia antes que já faria isso.
04:04Ele estava buscando um meio de fazer isso e aproveitou o pedido para fazê-lo.
04:08E foi o que? Ele não só suspendeu todas as apurações do país baseadas em dados do COAF,
04:14como aquela que era sobre o Flávio,
04:15como ele suspendeu todas as apurações do país baseadas em dados da Receita,
04:19como aquelas sobre a esposa dele próprio, de Estofoli,
04:23e sobre a esposa do Gilmar Mendes, apurações feitas pela Receita Federal.
04:27Então, naquele momento, se travou a investigação que poderia atingir dois ministros do Supremo.
04:35E o Alexandre de Moraes, pouco depois,
04:38suspendeu os auditores fiscais da Receita responsáveis por aquela apuração.
04:43E, obviamente, o Gilmar se agradou de que tenha sido suspensa uma apuração
04:48e que tenha tido consequências em razão de a esposa dele ser alvo,
04:57como tinha saído em uma reportagem e o vazamento anterior de um documento,
05:02acabou fazendo com que houvesse toda uma reação contra aquela apuração.
05:08Por que eu digo isso?
05:09Porque o Alexandre de Moraes, na prática, ajudou a blindar a família do Gilmar Mendes
05:13com aquela decisão, isso é o óbvio, não estou entrando aqui no mérito da questão,
05:19e eles foram ficando cada vez mais próximos.
05:21Então, agora, que o Moraes é alvo, o Gilmar sai em sua defesa.
05:26Só para estabelecer aqui esse histórico de como essas relações são fortes,
05:31também em razão dessas blindagens mútuas do Duterte.
05:35Um ponto que quem destacou muito bem foi o Wilson Lima,
05:40nosso colega lá de Brasília,
05:42que ele fala que o Luiz Barroso falou,
05:48depois o Gilmar Mendes, depois o Alexandre de Moraes, e foi só.
05:52Então, dos 11 ministros, só três pegaram ali o microfone
05:56para fazer alguma reação às medidas do governo Trump.
06:02E o Lula convocou um jantar também no Palácio da Alvorada,
06:06chamou os 11 ministros e dos 11 só foram seis.
06:10E qual que foi a leitura do Wilson?
06:14Que ele vê aí que aquele corporativismo que sempre existiu no STF,
06:19que quando um ali é criticado ou atacado,
06:23todo mundo meio que sai em defesa,
06:25que isso já está começando a falhar,
06:28que o STF está meio rachado.
06:31E que a conta, o cálculo dos ministros que não falaram no microfone
06:38ou não foram nesse jantar do Lula,
06:41é que, puxa, primeiro o Lula está usando isso politicamente.
06:46Então, se eu falo ali alguma coisa no microfone,
06:49ou se eu vou nesse jantar,
06:51eu vou estar sendo usado pelo presidente,
06:55que está basicamente já numa campanha eleitoral,
06:59pensando aí na reeleição do ano que vem.
07:02E a outra coisa é que eles entendem que
07:05se colocar nesse momento é você trazer o problema para você mesmo.
07:12Então, é você entrar na mira do governo Trump.
07:16E aí é criar problema à toa, desnecessariamente.
07:23Então, já tem alguns aí que estão preferindo ficar quietinhos
07:27para não terem mais problemas aí.
07:30Ricardo Kertzmann ainda não comentou a fala do Gilmar Mendes
07:33e fique à vontade para comentar o que quiser, Ricardo.
07:37Bem brevemente, Felipe.
07:38Porque quando eu ouvia o ministro falar,
07:42dessa forma pausada, equilibrada, incisiva, veemente,
07:46concordo com 90%, inclusive, do que ele falou,
07:51mas eu me lembrei daquele Gilmar Mendes
07:53de mais ou menos 10 anos atrás,
07:55falando desta mesma forma, contundente, incisiva,
08:00contra o Partido dos Trabalhadores,
08:03contra os empresários corruptos,
08:05eu estou falando da época da Lava Jato,
08:08contra empresas que participaram de superfaturamento e tudo mais,
08:13ele, naquela época, também se manifestava dessa forma,
08:16inclusive, ele adjetivou aquele período todo como cleptocracia.
08:22Tomara que daqui a 5 anos, 10 anos, eu não sei,
08:25tomara que o ministro Gilmar Mendes continue pensando
08:27dessa mesma forma a respeito de tudo que está acontecendo agora.
08:30Pois é, o Gilmar falava isso,
08:35cleptocracia, modelo de governança corrupta,
08:38tem essa entrevista do Gilmar filmada,
08:41não foi só uma entrevista, ele fez diversas falas nesse sentido,
08:46era o Lava Jatista, para usar a expressão que foi criada,
08:51para tentar macular qualquer pessoa que defendesse o combate à corrupção
08:56e cadeia para os corruptos.
08:58E, quando a Lava Jato atingiu o PSDB,
09:02quando a Lava Jato atingiu outras pessoas ali,
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