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No Só Vale a Verdade, a Ministra do Planejamento e Orçamento do Brasil, Simone Tebet, faz uma crítica à judicialização da política brasileira. Tebet aponta que a insistência do Executivo e do Legislativo em provocar o Poder Judiciário em todas as questões desvirtua o sistema, citando as recentes polêmicas sobre o IOF em Brasília como exemplo. Ela defende que a Justiça não deve agir sem ser provocada, e ressalta o cenário preocupante.

Confira o programa na íntegra em: https://youtube.com/live/IncxHBobm8o

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Transcrição
00:00Queria virar a página, mas tratar de um assunto que a ministra, inclusive, chegou a comentar há pouco.
00:05Estamos em um momento em que há grupos, figuras, lideranças que criticam muito a justiça brasileira,
00:12sobretudo a Suprema Corte.
00:14Uma das notícias mais importantes do dia e da semana, a imposição de sanções contra o ministro Alexandre de Moraes,
00:21a Lei Magnitsky, que muitos consideram como a morte financeira de alguém,
00:27porque ele não poderá, por exemplo, ter cartões de crédito.
00:31As principais bandeiras são operadas por empresas norte-americanas.
00:35Queria que a senhora discorresse um pouco sobre essa situação que envolve a justiça brasileira.
00:41Fala-se muito em abuso de autoridade.
00:43A gente poderia até pegar o exemplo de Jair Bolsonaro, a questão que envolve a impossibilidade de usar a rede social,
00:49mas há outros aspectos para nós trazermos.
00:51Queria te ouvir, ministra.
00:52Eu já discorri alguma coisa sobre esse tema e dei palestra sobre isso.
00:58A democracia brasileira é forte, mas a gente precisa, tempos em tempos,
01:02estar rediscutindo o papel da força, da equiparação de força dos poderes.
01:11Há sempre uma pergunta.
01:12Lembra da história, quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha?
01:15Eu faço essa mesma, quando às vezes eu dou uma palestra, eu falo com alguns alunos,
01:18eu falo sobre essa questão.
01:19O problema da relação da política com a justiça é excesso, a judicialização da política,
01:26o problema é a politização da justiça.
01:30De novo, o problema é a judicialização da política ou a politização da justiça.
01:37Tem um pouco dos dois, né?
01:38Tem um pouco dos dois, mas se a gente partir de uma premissa básica do direito,
01:42que é a justiça não pode agir, a não ser quando provocada,
01:47você não tem uma decisão judicial, o juiz pode ver um acidente de trânsito,
01:52saber que o João errou em relação a Maria, que ele não pode falar assim,
01:55olha, eu vou aqui abrir um processo, eu vou eu mesmo chamar teus advogados
01:59e eu vou condenar você porque você errou em relação a ela.
02:02Ele não pode, ele tem que ser provocado.
02:04Então, há um excesso de politização na justiça,
02:08mas porque quem está errando somos nós, a política está errando.
02:12Porque nós estamos judicializando demais a política, a justiça.
02:16A gente oficializou o terceiro turno, né?
02:18Nós estamos, em todos os sentidos,
02:21para não falar só desse tema que é polêmico, em relação a tudo,
02:24qualquer coisa a política leva para a justiça.
02:27Então, a política tem que, que foi eleita pelo povo,
02:30tanto o legislativo quanto o executivo,
02:33tem que dizer o seguinte,
02:33a justiça é uma instância que a gente procura, em último caso,
02:37numa democracia, a gente pensa diferente,
02:40a gente coloca todo mundo numa mesma sala,
02:42esfumaçada, antigamente era esfumaçada por conta do tabaco,
02:46e a gente sai, vara a madrugada,
02:49continuamos fazendo uma oposição à outra,
02:51mas nós saímos com a solução para o Brasil.
02:54Isso não está acontecendo mais por conta da radicalização
02:57de ambas as partes.
02:59Então, o que acontece?
03:00Hoje nós estamos tendo uma justiça mais politizada,
03:04o que não é bom,
03:05mas, ao mesmo tempo, a justiça não tem como não responder.
03:09Vimos isso com a questão do IOF, inclusive.
03:10Ela é obrigada...
03:12Ótimo, perfeito, Daniel.
03:13Sei como jornalistas tem sempre os melhores insights,
03:17a gente, às vezes, demora mais para lembrar dos casos.
03:20O IOF foi um caso, quer dizer,
03:22esse era um caso que nós tínhamos que ter resolvido na política.
03:25O executivo, com os presidentes da Câmara, do Congresso,
03:28com os líderes, sentar e resolver.
03:30Quando nós temos a justiça,
03:32e todas as partes entraram,
03:34o interessante é que todo mundo judicializou.
03:37Você teve o Congresso, você teve o Executivo,
03:39você teve a oposição, você teve...
03:40Todo mundo.
03:41Quer dizer, o ministro teve que dar,
03:44sobre um assunto,
03:46uma decisão,
03:48respondendo a três processos.
03:50Pois é, e houve críticas em relação ao posicionamento da justiça,
03:54que foi o árbitro daquela história.
03:56Mas aí o erro foi nosso.
03:58Por isso que eu falo, assim,
03:59quando há excesso de judicialização da política,
04:05quem paga o preço é o judiciário,
04:07que é obrigado a responder,
04:09muitas vezes, em pauta,
04:10em que ele não domina,
04:12porque tem assuntos políticos por trás,
04:15e quem paga o preço é a democracia.
04:17Porque você vai sempre ter a radicalização de opiniões,
04:20da mais agora em rede social,
04:22dizendo o seguinte,
04:22não concordo com isso,
04:23outros, mas eu concordo com isso,
04:25porque aí é o lado da verdade de cada um.
04:28Então, de novo,
04:29está errando a política brasileira.
04:31A política brasileira está errando quando ela radicaliza,
04:33e o povo está cansado disso.
04:35Quer dizer, o que interessa para o povo,
04:37se eu sou de direita,
04:38se você é de centro,
04:39se o João é de esquerda,
04:40ele quer resolver a vida dele.
04:42Hoje a gente tem um dado,
04:43quer dizer, que passou desapercebido.
04:45Por conta da pandemia,
04:46nós voltamos para o mapa da fome.
04:48É uma fatalidade que atingiu o mundo.
04:51Nós acabamos de sair do mapa da fome, Daniel.
04:53O que significa, em dois anos e meio,
04:55nós colocamos a dignidade de ter café da manhã,
04:58almoço e jantar,
04:59para mais 29 milhões de pessoas.
05:02Isso não é pouca coisa.
05:03É disso que se trata a política.
05:05É para isso que nós estamos.
05:07Tendo que fazer os embates.
05:08Não há nenhum problema dos embates
05:09nas redes sociais, fora dela.
05:11Mas ela não pode dominar o campo político.
05:13Sabe por que vai acontecer?
05:15Porque isso vai acontecer
05:16com que a antipolítica vença sempre.
05:18Vai surgir alguém do nada.
05:20O Estado de São Paulo passou por isso recentemente,
05:23na eleição municipal.
05:25Surge alguém do nada,
05:27que nunca foi do campo político.
05:29Não há nenhum problema,
05:30que uma hora alguém tem que vir para fazer política.
05:32Mas começando a querer governar
05:34a maior e mais importante cidade da América Latina.
05:37Então, a gente tem que tomar muito cuidado.
05:39Eu sou muito zelosa
05:40e sou muito crítica à política.
05:43Já que temos que falar a verdade,
05:44não precisa ser aqui,
05:45porque eu sempre falei,
05:46e pago um preço muito alto por isso,
05:47por ser sincera demais,
05:51mas acho que a judicialização da política
05:54é que está levando o judiciário
05:56a ter que tomar decisões
05:58em cima de assuntos que não é da sua dominância,
06:01mas que ela é obrigada constitucionalmente,
06:04a justiça é obrigada constitucionalmente
06:05a decidir.
06:07E aí nós pagamos o preço muito alto,
06:10porque a gente desestabiliza
06:13e fragiliza as instituições.
06:15Quando você fez essa reflexão,
06:17você mencionou a democracia brasileira.
06:20A democracia esteve em risco em algum momento?
06:23Na época, no 8 de agosto de janeiro,
06:25eu não tenho dúvida, eu estava lá.
06:27Eu estava lá porque tem uma coisa
06:30que me chamou muita atenção.
06:32Os preparatórios anteriores,
06:34e só não aconteceu porque as tentativas anteriores
06:39de uma possível bomba...
06:40Eu não estou dizendo se o presidente sabia ou não sabia,
06:42isso que a gente tem que dizer é a justiça.
06:44Eu sou advogada, eu jamais apontaria o dedo
06:47no aspecto que eu não tenho dominância
06:49ou que não chegou uma informação na minha mesa.
06:51O que eu estou dizendo do movimento.
06:53O movimento houve uma tentativa de bomba
06:55no aeroporto de Brasília antes.
06:59Houve, se foi no entorno,
07:00se sabia ou não sabia,
07:02eu não estou aqui para discutir.
07:04Ah, é só pensamento digitalizado?
07:06Eu não vou entrar nessa discussão.
07:08Houve uma questão.
07:09Vamos ou não vamos abater o presidente,
07:12o vice-presidente e um ministro do Supremo Tribunal Federal?
07:15Isso levaria a uma comoção nacional
07:20que exigiria garantia da lei e da ordem,
07:23que exigiria forças armadas nas ruas,
07:26exigiria não reconhecer processo eleitoral,
07:29se isso fosse antes do dia 1º.
07:31Como isso não aconteceu,
07:33quando veio o 8 de janeiro,
07:35que foi um movimento,
07:36se foi espontâneo, estimulado,
07:37de novo, o movimento das pessoas
07:39que estavam envolvidas no processo,
07:41que não concordavam com o resultado das urnas
07:43e depredaram, não é qualquer patrimônio público,
07:47mas o símbolo da democracia brasileira,
07:49porque não há casa mais democrática
07:51do que o poder legislativo
07:52e também o Supremo Tribunal Federal,
07:54aí você escalou em posição.
07:57De novo, se tivesse acontecido antes,
07:59eu não sei se o presidente Lula
08:01teria tomado posse.
08:02Agora, ministra, quando você discorre
08:05e traz apontamentos sobre esse excesso
08:08de judicialização da política
08:10e também a politização da justiça,
08:13é preciso nós considerarmos a necessidade
08:16do início de um processo de autocontenção,
08:19autocontenção dos poderes.
08:21Isso aconteceria de que forma?
08:22Porque há muitas críticas, por exemplo,
08:24para alguns freios e contrapesos previstos
08:27na nossa República,
08:29inclusive quando a gente olha para o Senado Federal,
08:31por exemplo.
08:32Há uma defesa reiterada de que
08:34senadores deveriam, por exemplo,
08:37pautar pedidos de impedimento
08:39de ministros do Supremo.
08:40Como a gente precisa considerar
08:42esses movimentos que entendem
08:44que há dispositivos disponíveis,
08:47mas eles não são usados?
08:49Bom, primeiro que o papel cabe tudo.
08:52E nós temos ali comissões e plenários
08:56justamente para saber
08:57se é vontade da maioria que representa
09:00o povo brasileiro ou não
09:01que os processos andem.
09:03Vamos lá.
09:04Eu sou contra o aborto.
09:06Por uma questão,
09:07nesse caso até religiosa,
09:08eu não vou negar.
09:09Eu sou católica,
09:10sou favorável ao aborto
09:12nos casos previstos em lei.
09:13Uma criança abusada de 8, 9 anos,
09:16uma mulher que vai perder a vida,
09:18é o direito que ela tem de escolher
09:19entre ela ou o filho,
09:21que é talvez uma das escolhas
09:23mais difíceis que uma mulher poderia ter.
09:25Mas, enfim, eu sou contra o aborto.
09:28Mas eu não posso,
09:29e acho que nos termos como estão,
09:31ele é em constitucional o avanço.
09:34Teria que ter uma nova
09:34Assembleia Nacional Constituinte
09:36para dizer o seguinte,
09:37você vai votar na urna,
09:39escolher os novos deputados e senadores
09:41para que eles possam fazer
09:42uma nova Constituição.
09:44Essa é a diferença do poder constituinte
09:45para o poder constituído.
09:47Eu fui poder constituído.
09:49Quando eu fui eleita,
09:49eu não fui eleita para fazer
09:50uma nova Constituição.
09:51Então, tem certas cláusulas
09:54que são pétreas na Constituição.
09:55Eu só posso mexer,
09:56são imexíveis.
09:57Eu só posso mexer
09:58se for uma Assembleia Constituinte
10:00eleita pelo povo para fazer isso.
10:02Então, para mim,
10:02o direito à vida está dentro disso.
10:04Mas é meu,
10:05é um posicionamento que eu tenho.
10:06Mas isso não significa
10:07que não possa ter alguém
10:09entrando com um pedido ali.
10:11Quero liberar o aborto para todo mundo.
10:14Agora, cabem os filtros
10:16das comissões,
10:17do plenário e etc.
10:19E, nesse caso,
10:20até numa judicialização,
10:21se alguém achar que é inconstitucional
10:23se for aprovada.
10:24Então, essa autocontenção,
10:26você tem razão.
10:27Eu sempre digo assim...
10:28Você mencionou
10:29uma nova Constituição.
10:30Caberia nesse momento?
10:31Não, não.
10:32Acho que isso só
10:33complicaria o fator.
10:35É só para...
10:36Eu dei o exemplo do aborto
10:37como vindo na minha cabeça,
10:39mas só para dizer
10:41que você tem razão.
10:42E eu sempre digo assim,
10:43que certas coisas na vida,
10:45eu já tenho anos de política,
10:47eu não sou nova,
10:50nem na política,
10:51nem na idade.
10:52Mas, assim,
10:52para saber que na política
10:54às vezes as coisas
10:55têm que piorar para melhorar.
10:57E acho que nós estamos chegando
10:58no ápice da piora.
11:00O caso do IOF
11:01fez...
11:02Foi um...
11:03Sabe aquela coisa assim
11:04da autocontenção?
11:06Opa, tem alguma coisa
11:07muito errada.
11:09Como é que...
11:09E até a atipicidade
11:11no fato de ter um ministro
11:12do Supremo
11:13tendo que decidir
11:14e ter que dar uma decisão
11:16que contrariaria...
11:17Não é duas partes,
11:19mas três partes
11:19pedindo coisas diferentes.
11:21Olha que...
11:22Que loucura.
11:23Então, acho que vai começar
11:25a haver algumas acomodações
11:27na democracia,
11:29freios...
11:31A beleza da democracia
11:32é isso, né?
11:33Que você tem instrumentos
11:34e ferramentas
11:35na própria Constituição
11:36que te permite,
11:38no momento em que
11:40o pêndulo está indo
11:41muito para um lado,
11:42você voltar ao centro
11:44e ao equilíbrio.
11:45Essa autocontenção
11:46é fundamental
11:47para preservar a democracia
11:48e para preservar a política
11:50contra a antipolítica,
11:52que não faz bem para o Brasil.
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