A Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE) quer fazer da COP30, que será realizada em novembro em Belém-PA, um marco no financiamento climático voltado às cidades brasileiras. A entidade pretende impulsionar o apoio à adaptação urbana diante de tragédias climáticas cada vez mais frequentes.
“A agenda que a gente leva para a COP30 é o financiamento e adaptação de cidades, torná-las mais adequadas a um cenário climático totalmente diferente do que víamos nos últimos anos”, afirmou André Godoy, diretor-executivo da ABDE, em entrevista ao Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC nesta terça-feira (29).
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00:00O clima pede ação e dinheiro também. A Associação Brasileira de Desenvolvimento quer fazer da COP30 um marco para o financiamento climático municipal.
00:11A ideia é fortalecer o apoio às cidades brasileiras que precisam se adaptar às mudanças climáticas.
00:17E sobre essa agenda e os planos para a conferência em Belém, eu converso agora com o André Godói, ele é diretor executivo da Abdi.
00:25Bem-vindo André Godói aqui ao Real Time, boa tarde, tudo bem contigo André?
00:30Boa tarde, Eric, tudo bem? Como é que estão as coisas?
00:33Tudo jóia, estamos aqui esperando ver se sai alguma negociação, algum acordo, né?
00:37Brasil e Estados Unidos e, aliás, também o clima é um tema muito palpável e sensível também dessa questão Brasil-Estados Unidos,
00:46os Estados Unidos, né? Donald Trump que saiu do acordo de Paris, que deve aí esvaziar um pouquinho a COP30, não é verdade, André?
00:54Mas assim, qual é o objetivo da associação ao levar o tema das cidades sustentáveis à COP30?
01:00Bom, a gente veio trabalhando bastante essa temática, sobretudo em função do que a gente já está vendo acontecer aqui no país e fora dele,
01:09são os impactos, né? Dessas mudanças climáticas, dessas tragédias climáticas no ambiente urbano, né, propriamente, né?
01:17Então, a gente já viu isso acontecer no país com uma tragédia de grande magnitude, talvez a maior das últimas décadas no estado do Rio Grande do Sul,
01:26mas a gente efetivamente vê isso acontecendo a todo momento, seja secas, seja estiagens, inundações, furacões e coisas dessa natureza, né?
01:36Então, e esses movimentos vão ficando cada vez mais frequentes e, por outro lado, a gente tem um problema orçamentário,
01:42que não é um problema brasileiro, é um problema mundial, todos os governos têm orçamento apertado,
01:46e você tem que adaptar suas cidades, né? Você tem que fazer obras para você trazer um nível de adaptação das cidades
01:54frente a essas tragédias de uma maneira muito mais forte, né?
02:00Então, o que acontece hoje, né?
02:05As instituições financeiras que efetivamente trabalham o financiamento das cidades são as instituições financeiras de desenvolvimento,
02:13que a gente convenciona falar, que são os bancos de desenvolvimento, sejam eles multilaterais, sejam eles bancos de desenvolvimento nacionais.
02:21Então, a agenda que a gente leva efetivamente para a COP30 é o financiamento e adaptação das cidades,
02:28torná-las mais adequadas a um cenário climático totalmente diferente do que a gente vem vendo e sentindo nos últimos anos.
02:38André, a implementação dos créditos de carbono, isso também pode ajudar nesse financiamento sustentável do clima também para os municípios?
02:48Os créditos de carbono, eles vão trazer uma fonte, digamos assim, um mercado novo, né?
02:54Os créditos de carbono, por um lado, eles vão desincentivar aqueles setores nos quais você tem um maior nível de emissão, né?
03:05E, consequentemente, maior efeito climático negativo e incentivar setores que você possa ter ganhos, né?
03:14Do ponto de vista de menos emissões, né?
03:17E isso aí, efetivamente, vai trazer mais recursos privados para dentro do sistema, que sim podem trazer um nível de investimento nas cidades, nas prefeituras maiores do que vemos atualmente.
03:32Não é um trabalho, digamos assim, uma linha direta, né?
03:37É uma linha indireta, porque efetivamente você vai trazer recursos privados, participação do setor privado na gestão pública,
03:45e aí, sim, você consegue vislumbrar um impacto desse novo mercado de carbono, né?
03:51Que é um mercado regulado, atualmente nós temos um mercado desregulado, né?
03:55Um mercado voluntário, como se convenciona chamar, passaremos a ter um mercado regulado,
04:00e aí o mercado regulado, sim, vai trazer um impacto nos investimentos do setor público,
04:05vai trazer recursos também do setor privado para que possam ser investidos, inclusive, na adaptação das cidades.
04:12Com certeza.
04:13André, e como que está o trabalho para ampliar o acesso dos municípios a soluções financeiras para essa adaptação climática?
04:22Eu gosto de dizer que tem duas, digamos, duas frentes, né?
04:25Por um lado, você tem que dotar os municípios, sobretudo os municípios menores,
04:30de uma maior capacidade de elaboração de projetos sustentáveis.
04:34Elaborar projetos já não é trivial.
04:36Elaborar projetos sustentáveis tem um grau a mais de dificuldade, de complexidade.
04:43Então, você tem que capacitar os municípios, você tem que criar escritórios de projetos regionais ou nacionais,
04:50e aí os bancos de desenvolvimento vêm desenvolvendo isso no âmbito dos seus estados ou no âmbito federal.
04:56Isso é uma frente, né?
04:57É a frente de capacidade dos municípios de elaborar os seus projetos.
05:01Por outro lado, você precisa ter uma maior capacidade de financiar os municípios.
05:07E quem financia os municípios hoje, 96,6% do financiamento aos municípios brasileiros
05:14vem das instituições financeiras de desenvolvimento, os bancos de desenvolvimento de modo geral.
05:18Isso não é só no Brasil, tá? Isso é no mundo inteiro.
05:21Então, você tem que ter uma maior capacidade dos bancos de desenvolvimento de fazer captações junto ao mercado
05:27e que esse recurso possa ser redirecionado para os municípios.
05:31Os municípios hoje, eles têm um menor nível de inadimplência quando comparado às carteiras dos bancos de modo geral.
05:39Então, a gente está falando de municípios que têm capacidade de pagamento,
05:42que pagam em dia, que não dão calote e que os bancos têm essa capacidade de financiar,
05:49mas que precisam efetivamente captar mais recursos.
05:52E aí, uma regulação que seja mais pró-investimento,
05:57uma regulação que seja mais, deixe o ambiente mais fluido da captação dos recursos pelos bancos
06:04junto ao mercado e para que esses recursos possam ser redirecionados para os municípios,
06:08é o grande desafio pela ótica da oferta de recursos.
06:12E pela ótica da demanda, como eu disse, era, sobretudo, na capacitação das cidades,
06:17na elaboração de seus projetos de financiamento sustentável.
06:21André Galdói, obrigado, viu, pela sua participação aqui no Real Time.
06:25Bom tê-lo aqui nesta terça-feira.
06:27E lembrando que a COP30 será realizada em novembro em Belém, na capital paraense.
06:33Um grande abraço e uma ótima semana para você.
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