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O governo brasileiro está mobilizado contra a tarifa de 50% imposta pelos EUA sobre produtos do Brasil. Direto de Brasília, Fernanda Sette detalha as reações do Executivo e do Congresso, enquanto o coordenador do Observatório de Negócios Internacionais, João Alfredo Lopes Nyegray, aponta que a medida tem mais motivação política do que econômica.

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00:00E aqui no Brasil, viu, Mariana Almeida, o governo federal expressou aos Estados Unidos que está pronto para dialogar sobre o tarifácio.
00:07Após reunião com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara dos Deputados, Hugo Mota,
00:15colocaram o Congresso Nacional à disposição do governo, mas disseram que a reação deve ser liderada pelo Executivo.
00:22Por isso, nós vamos agora ao vivo à Brasília com a repórter Fernanda Sete.
00:26Oi, Fernanda, muito bom dia pra você.
00:28O governo brasileiro sinaliza que quer abrir as negociações o mais rápido possível e já está cobrando uma resposta do presidente Donald Trump.
00:36E também disse que, ou se colocou, manifestou indignação com essa carta tarifária de 50%.
00:45Né, Fernanda? Seja bem-vinda ao Agora.
00:48Muito obrigada, Eric Klein. Bom dia pra você e pra todo mundo que nos acompanha.
00:53Pois é, ontem eles se uniram, né, presidente da Câmara, Hugo Mota, presidente do Senado, Davi Alcolumbre,
00:59e também o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, se uniram e manifestaram, né,
01:05aí é um posicionamento contra essa tarifa, né, de 50% anunciada por Donald Trump,
01:12e afirmaram que a tarifa é uma agressão e uma medida injusta contra o Brasil.
01:19Nessa gravação que foi divulgada, né, com as três autoridades presentes,
01:24tanto Hugo Mota quanto Davi Alcolumbre, né, falaram que o parlamento está integralmente à disposição
01:30em defesa do povo brasileiro e também do setor produtivo.
01:35Além disso, né, presidente da Câmara ontem ressaltou também em suas palavras, né,
01:40que o Congresso Nacional aprovou em abril a Lei da Reciprocidade Econômica
01:45para garantir a proteção dos negócios brasileiros e frisou mais uma vez
01:51que a Câmara está pronta para agir com rapidez e agilidade
01:55em defesa do Poder Executivo e também do presidente Lula.
02:00Então, houve aí a união, de fato, dos poderes para enfrentar, né,
02:05essa negociação com os Estados Unidos para que, de fato, essa tarifa de 50%
02:10não entre em vigor no dia 1º de agosto.
02:14Além disso, o presidente Lula também enviou uma carta aos representantes comerciais dos Estados Unidos
02:20que estão à frente dessas negociações com relação à tarifa.
02:24Essa carta foi assinada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin e também pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.
02:33E foi endereçada, foi enviada aos secretários de comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick,
02:38e também ao representante comercial dos Estados Unidos, Jameson Gray.
02:43Nessa carta, né, que houve um impacto muito grande aqui em Brasília com relação a essa manifestação, né,
02:50a essa correspondência endereçada aos representantes comerciais.
02:54O governo falou, né, iniciou a carta falando da indignação, né,
02:58desse 50%, dessa tarifa de 50% anunciada por Donald Trump sobre todos os produtos brasileiros.
03:07A carta afirma também que a imposição desta tarifa terá um impacto muito negativo
03:13tanto na economia do Brasil quanto na economia dos Estados Unidos,
03:18colocando em risco uma parceria econômica historicamente forte e profunda entre os dois países.
03:26Outro ponto também relevante desta carta foi que o governo menciona, né,
03:31a relação comercial bilateral entre Brasil e Estados Unidos, que já dura mais de 200 anos.
03:39Eles também ressaltaram, né, o documento pede, de fato, a retomada das negociações
03:45para preservar essa relação econômica entre os dois países, né.
03:51Diversos pontos da carta pede, né, apesar, mostra os pontos fortes, né,
03:57entre a relação dos dois países, mas também frisa bastante esse pedido de negociação,
04:03de diálogo para que haja um entendimento em que essa tarifa de 50%
04:08realmente seja negociada e não entre em vigor no dia 1º de agosto.
04:13Além disso, a carta é finalizada falando o seguinte, né,
04:17que o Brasil, ele acumula um déficit comercial junto aos Estados Unidos
04:22ao longo de 15 anos de mais de 400 bilhões de dólares.
04:27Por isso que essa tarifa é denominada como injusta, né,
04:32já que, como a gente falou aqui, os Estados Unidos têm um superávit comercial com o Brasil.
04:37Então, não se aplica essa tarifa de 50%, não há motivos para isso.
04:43Então, essa carta teve impacto bastante grande aqui.
04:47Agora, para essa quinta-feira, a grande expectativa do dia, Klein,
04:51é o pronunciamento do presidente Lula com relação a essa tarifa de 50% anunciada aí por Donald Trump.
04:59Esse pronunciamento do presidente será transmitido aí nesta quinta-feira,
05:05não sabemos o horário ao certo, mas será transmitida tanto na televisão e também na rádio em todo o país.
05:13Então, será a primeira manifestação oficial do presidente Lula, né,
05:17com relação a todos esses acontecimentos no decorrer da semana, né,
05:22a tarifa, a questão da tarifa de 50%, a questão também dos Estados Unidos ter aberto uma investigação contra o Brasil
05:30em diversos pontos, alegando, né, a questão do PIX, alegando a questão do etanol,
05:36alegando também a questão das empresas americanas e de redes sociais, enfim, foram vários pontos polêmicos.
05:43Então, a expectativa é, de fato, que o presidente Lula se manifeste com relação a esses últimos acontecimentos, né,
05:51tanto com relação a tarifa e quanto também com relação a essa investigação que foi aberta pelos Estados Unidos.
05:59E o presidente Lula vem falando, né, vem manifestando em seus discursos, em suas últimas falas,
06:05que o Brasil é soberano e que nada e nem ninguém vai interferir no Brasil.
06:11Hoje a expectativa é grande para esse pronunciamento, né, a gente espera aí, de fato,
06:16há uma expectativa grande não só aqui em Brasília, mas acredito que em todo o país
06:21com esse pronunciamento do presidente com relação às tarifas.
06:25E com relação, né, ao vice-presidente Geraldo Alckmin, que é o coordenador aí desse grupo de trabalho, né,
06:32que está tendo várias reuniões, estando ao longo da semana, vários representantes do setor produtivo, né,
06:39setores ligados à indústria, setores ligados ao agronegócio brasileiro.
06:43Essa quinta-feira também promete ser de muito trabalho aqui em Brasília e de muitas reuniões.
06:50A primeira reunião do vice-presidente Geraldo Alckmin, também coordenador do grupo de trabalho, né,
06:55só relembrando aqui, foi criado aí para tratar das estratégias de negociação com os Estados Unidos
07:02e tentar ali, junto com o setor produtivo, buscar novos mercados.
07:06A reunião de Alckmin hoje, a primeira, começa cedo.
07:09Será às nove horas da manhã e também vai ocorrer no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviço.
07:17Às nove horas, o vice-presidente, ele vai se reunir com Marco Stefanini, presidente e CEO global da Stefanini.
07:24Dez horas, vai ter uma reunião com o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Semicondutores.
07:31Às dezesseis horas, mais uma reunião com a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos.
07:37E a última reunião oficial prevista na agenda é com Jorge Viana, presidente da Agência Brasileira de Promoção e Exportação de Investimentos, a Apex.
07:48Então, mais um dia de muito trabalho, muitas articulações, né, e Alckmin já falou que vai continuar ouvindo o setor produtivo.
07:56Eu volto com você, Klein.
07:57Obrigado, Fernanda Sete, pelas suas informações.
08:00Qualquer novidade sobre esse assunto, você volta aqui no Agora, mas já já a gente conversa mais sobre outros assuntos também, porque Brasília está pipocando.
08:08Até já.
08:09Mariana Almeida, a gente viu aí o governo se reunindo com representantes do setor produtivo, agora com os líderes do Congresso Nacional.
08:20Já sinalizou aos Estados Unidos que quer abrir uma negociação, quer sentar a mesa para negociar, mas não tem nada concreto até agora.
08:27E talvez essa seja a grande expectativa e causa até uma certa apreensão nos empresários, né, Mari?
08:32É, acho que tem uma... o governo está optando por não chegar com uma alternativa tarifária, que seria o meio do caminho, porque colocar um número também agora na mesa significaria consolidar uma super tarifa, uma tarifa mais alta do que a gente já vem recebendo, num cenário que o governo entende que economicamente não se sustenta.
08:52Como assim? A justificativa para essa tarifa é uma justificativa que veio na primeira menção do presidente Donald Trump a partir da questão do ex-presidente Jair Bolsonaro e da investigação que estava acontecendo aqui.
09:06Em segundo plano tinha a questão econômica da relação que o Brasil estava tendo com as big techs, com as empresas americanas.
09:13Isso, o fato de ter um caráter político, do ponto de vista das primeiras falas do governo brasileiro, vamos ver o que o presidente Lula vai trazer hoje no seu pronunciamento,
09:20mas era uma demonstração de impossibilidade de aceitação dessa tarifa, porque ela vinha por uma razão que feria a própria soberania nacional, ou seja, o presidente Donald Trump atacando o processo aqui interno jurídico brasileiro.
09:37Muito bem, por isso que colocar na mesa agora um valor, uma taxa, é estranho, porque no fundo você está trabalhando com alguma coisa que é não econômica e fazendo uma proposta econômica.
09:45Qual que é a taxa que equilibra? Equilibra o que? Qual que é o espaço justo numa balança comercial que para os Estados Unidos é superavitária, ou seja, nós somos deficitários nessa balança.
09:56Então, é difícil de fato pensar em qual que seria a solução. O que o governo brasileiro junto com os empresários tem trabalhado é justamente esse diálogo de abrir para a incongruência da própria tarifa,
10:09por isso aparentemente não tem ainda algo público, ao menos de qual que é o limite do governo brasileiro.
10:14A julgar pelos outros acordos, o que Donald Trump quer em algum momento também é baixar algumas tarifas do próprio Brasil em relação a produtos específicos americanos,
10:25que existem de fato, com um protecionismo interno nosso, mas isso não está muito na mesa, ou aplicar uma tarifa maior, mas vamos ver se vai ser realmente generalizada ou não.
10:36Enfim, é uma situação complicada. Donald Trump sabe que não é legítimo, por isso abriu a investigação,
10:41porque a investigação aí sim tenta buscar alguns efeitos econômicos também frágeis, mas tentando achar pontos que justificassem a possibilidade da negociação tarifária
10:51mediante a lei que ele tem usado lá, que é a lei de emergência econômica.
10:54Toda essa questão do Trump, de tarifas, não é da cabeça dele que ele pode fazer, precisa acionar essa lei de emergência econômica nos Estados Unidos,
11:02que ele tem usado de maneira bastante controversa, mas que tem que ter algum fundamento econômico.
11:06Daí a necessidade de investigação. Não pode ser em função de Jair Bolsonaro, da investigação sobre Jair Bolsonaro, que você aplica uma tarifa.
11:14Bom, nesse embrólio todo, o que o Brasil tem tentado fazer, e aí o governo Lula tentando também um pouco surfar nisso,
11:20é mostrar que existe um Brasil um pouquinho mais conjunto, digamos assim, unido, frente a dizer que desta forma não pode ser.
11:29Isso saiu em pesquisa essa semana, o presidente Lula viu a pesquisa.
11:31E nós vamos mostrar, hoje aqui no Agora, já já.
11:34Mais tarde, mas é isso. O presidente Lula viu isso e está querendo colocar, acho que, para fora dessa maneira.
11:38Olha só, o Brasil se coloca enquanto país com a possibilidade de estar mais congruente aqui,
11:43nas forças internas, em dizer que esta tarifa desta forma não faz sentido para o país.
11:48Aliás, já mostramos também essa semana o que aconteceu com a aprovação do presidente Lula, que subiu,
11:53essa unificação também do empresariado em relação a esse tema.
11:57E a esses pontos aí, viu, Mariana Almeida, que o Donald Trump justificou para colocar o tarifácio,
12:05a gente vai falar um pouquinho mais, porque ele usa também para abrir uma prática comercial,
12:10investigação sobre práticas comerciais do Brasil.
12:13E para falar sobre esse assunto, analisar as motivações e os efeitos dessa decisão,
12:18nós vamos receber agora o João Alfredo Lopes Nigrai,
12:23coordenador do Observatório de Negócios Internacionais da PUC do Paraná.
12:28Oi, João, muito bom dia para você. Seja bem-vindo aqui ao Agora.
12:31Eu falei corretamente o seu sobrenome, João?
12:34Bom dia, Klein. Quase lá. É Nigrai.
12:37Nigrai. Não vou errar mais, viu? Me desculpa.
12:41Tudo bem com você?
12:43Tudo certo. Obrigado pelo convite.
12:45É uma alegria estarmos juntos nessa manhã para entender mais esse elemento de volatilidade
12:49que certamente vai afetar os mercados por mais um dia.
12:53João Nigrai, quero abrir a nossa conversa te perguntando.
12:58Um dos pontos que Donald Trump justifica para a abertura dessa investigação a práticas comerciais
13:04é justamente sobre o PIX, que é um sucesso aqui no Brasil.
13:08Só que ele diz o seguinte, que com o uso do PIX, outras plataformas, inclusive de WhatsApp, de Facebook, de pagamento,
13:17eles ficariam aí à margem do PIX, porque o PIX seria mais rápido, o brasileiro preferiria usar o PIX.
13:23E também foi uma alternativa a cartão de crédito, porque a gente sabe que maquininhas cobram,
13:30ou as operadoras do cartão de crédito cobram um percentual para cada operação.
13:34E você tem muitas empresas que são norte-americanas também, como a American Express.
13:40Então esse foi um ponto.
13:41Isso é justificável e pode ter alguma consequência para o país por causa do PIX, por exemplo, que ajuda aqui a população?
13:50Eu venho dizendo que nos últimos anos a gente vive uma disputa que não é apenas econômica, comercial, política,
13:57a partir da própria carta do Donald Trump, mas é também uma disputa por hegemonia tecnológica
14:03que vem redesvenhando as normas de governança econômica global.
14:07Essa disputa vem se manifestando em muitas frentes, como, por exemplo, a tecnologia 5G.
14:12E agora a ascensão do PIX como um instrumento gratuito, amplamente acessível,
14:17que não apenas revolucionou o mercado interno brasileiro,
14:21isso vem desafiando diretamente um modelo estadunidense de inovação digital
14:25centrado em grandes corporações privadas, como o Visa, como o Mastercard, como a própria Meta.
14:32Esse caso me parece incidir diretamente sobre um poder estrutural financeiro
14:37que os Estados Unidos têm pelo mundo todo.
14:40E a resposta de Washington, ela revela, ao meu ver, não apenas interesses econômicos específicos,
14:46mas o temor mais profundo de perda de influência sistêmica no setor tecnológico global.
14:53O próprio Donald Trump, ao abrir esse processo, a obceção 301 do Trade Act de 1974,
15:00recorre ao mecanismo unilateral amplamente criticado pelo mundo,
15:06numa demonstração de interdependência simétrica, ou seja,
15:10os Estados Unidos são cientes da sua dependência dos fluxos digitais globais,
15:14e estão aí tentando reequilibrar esse fluxo de forma coercitiva.
15:19A gente também não pode esquecer que, em relação à China, foram proibidos,
15:23há tentativas de proibir redes sociais, foram proibidos aparatos chineses
15:27em relação à tecnologia 5G.
15:31A gente tem até, rapidinho, Mário, a gente tem até a briga nessa polêmica do TikTok,
15:35porque o governo dos Estados Unidos que pressiona, João, Mário, a ByteDance
15:40a vender a operação nos Estados Unidos para uma empresa norte-americana.
15:44Eu achei muito interessante a abordagem que você estava trazendo,
15:48que no fundo tem uma questão tecnológica, porque ele usou também os meios de pagamento
15:52como uma justificativa para o caso da Indonésia.
15:56Então, isso vem acontecendo.
15:58O que eu queria te perguntar em relação a isso é como sustentar,
16:02porque também tem um aspecto assim, quando a gente olha internamente aqui no Brasil
16:06e pensa, poxa, mas é um avanço público que facilita, que barateia a atividade econômica,
16:12que torna mais horizontal o acesso a meios de pagamento, qual a justificativa para você
16:16caminhar para um outro meio de pagamento, ou tentar garantir o acesso de um meio de pagamento
16:21privado, que vai gerar desigualdade e concentração em empresas de outro país?
16:27Quer dizer, tem uma quebra de narrativa também que dificulta a justificativa,
16:32pelo menos do ponto de vista da legislação internacional?
16:34Como que na legislação internacional, no que se conhece até agora sobre livre comércio,
16:38essa desigualdade ou essa barreira vindo de uma facilitação pode ser entendida?
16:44É uma excelente pergunta, porque a resposta a ela, mais uma vez, quebra a narrativa do Donald Trump,
16:50que vem falando em comércio justo em relação ao Brasil, sendo que nós somos deficitários em relação a eles.
16:56E nesse caso, as leis internacionais falam de liberdade de concorrência.
17:00E cada liberdade de concorrência numa situação como essa, não é mesmo?
17:03Então, isso tudo me faz entender que o elemento central desse embate é que as redes digitais passaram a ser
17:11um dos principais campos de disputa no comércio internacional.
17:16Plataformas de pagamentos, e não apenas elas, mas os fluxos de dados que isso gera,
17:21moderação de conteúdo, algoritmos, acabaram se tornando bens estratégicos.
17:26E a crítica estadunidense ao controle de conteúdo nas redes sociais,
17:29a esse controle de algoritmos, enfim, com acusações de censura política,
17:35revela uma preocupação com a autonomia dos Estados Unidos sobre essas plataformas,
17:40que até pouco tempo atrás eram criadas quase que exclusivamente pelos estadunidenses no Vale do Silício.
17:47Hoje, a gente não tem ainda uma jurisprudência internacional que regule isso com clareza.
17:52Enquanto o Brasil inova, não apenas com o PIX, mas também com a própria Lei Geral de Proteção de Dados, a LGTB,
17:58que é considerada uma referência internacional.
18:01O ataque dos Estados Unidos a essa legislação, sobre a acusação de dificultar o uso de servidores estrangeiros,
18:07escancara, ao meu ver, um choque entre a lógica de soberania informacional, eu diria,
18:14e a lógica do fluxo livre de dados, que vem sendo aí uma das disputas centrais da economia digital nesse século XXI.
18:23Posso atrapalhar, Cláudio?
18:24Imagina, você não atrapalha nunca, Mariana, realmente.
18:26Porque eu queria, eu só queria estender um pouquinho mais esse ponto especificamente,
18:30porque a legislação brasileira, o que ela avança do ponto de vista da regulação aí no campo dos dados,
18:35ela segue um pouco a Europa, né?
18:37Então, você tem a LGTB aqui, que é um modelo, mas seguindo nessa regulação com o que os europeus também já fizeram.
18:43Se aplica no Brasil, isso necessariamente levaria o Donald Trump a também aplicar a mesma racionalidade para a Europa?
18:49Você acha que ele usaria esse mesmo tom e aí, portanto, a mesma tarifa?
18:52Algum nível de equalização para os dois casos?
18:57Eu acho que não, porque o que a gente está vendo no caso brasileiro é muito menos econômico e muito mais político.
19:03Tanto é que na carta enviada pelo Trump, como a gente vem repercutindo,
19:07o primeiro parágrafo já fala no processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
19:10Então, se esse fosse o caso, aí a gente teria uma aplicação ampla e restrita dessa lógica, mas não é.
19:18E não é porque o que o Donald Trump vem buscando é tentar a vantagem política, a interferência em outros países
19:25e tudo aquilo que vem caracterizando o próprio jeito Donald Trump de ser, né?
19:29João Niegrae, queria muito agradecer a sua participação aqui no Agora, nesta manhã de quinta-feira
19:35e nos ajudou a entender um pouquinho mais sobre essa investigação contra o Brasil,
19:43mais um arrocho aí, mais uma incursão do presidente dos Estados Unidos contra o comércio, contra o nosso país.
19:51Obrigado, uma ótima quinta-feira para você.
19:53Eu que agradeço o convite, Eric, Mariana, um forte abraço a vocês e também aos espectadores.
19:59Obrigado, João.
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