Novo juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba revela como pretende destruir a Lava Jato

O Antagonista

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Transcript

00:00O greve, inclusive Deltan, foi citado hoje na entrevista que o novo juiz da Lava Jato, o Eduardo Apio, concedeu a Globo News e falou, inclusive, que Deltan vai precisar prestar esclarecimentos sobre as denúncias que foram feitas por Tacla Duran.

00:15E esse mesmo juiz, o novo juiz da Lava Jato, o Eduardo Apio, absolveu o réu Raul Schmidt Felipe Júnior, acusado de ser o operador em esquemas de corrupção da Petrobras, e essa decisão é de sábado agora, foi do fim de semana.

00:33Então, essa é a primeira sentença do magistrado em um caso da Lava Jato. Apio entendeu o que nessa decisão? Que o Ministério Público Federal teve acesso aos dados bancários de Schmidt de forma ilegal.

00:47O empresário foi acusado pelo Ministério Público de pagar propinas de mais de 200 milhões de dólares e ele estava foragido desde julho de 2015.

00:57Segundo a PGR, ele é provavelmente o fugitivo com maior patrimônio desviado dos cofres públicos brasileiros.

01:05Schmidt foi detido pela primeira vez em Lisboa, em março de 2016, e travou uma batalha jurídica para evitar a extradição.

01:14Em 2018, o empresário foi solto pelo Tribunal da Relação da Capital Portuguesa.

01:21E hoje, na entrevista, inclusive, o juiz, então, o novo juiz da Lava Jato, o Eduardo Apio, falou bastante sobre quais devem ser os desdobramentos da Operação Lava Jato.

01:35Não é, Graebi?

01:36Pois é, esse cidadão aí, português, não brasileiro, pagou propina a diretores da Petrobras para que eles contratassem uma empresa de um navio, sonda e tudo mais.

01:53A propina teria chegado a 200 milhões de reais.

01:59E daí, o que acontece no processo da Lava Jato e que serve de base para que ele seja absolvido?

02:11E para que os procuradores da Lava Jato sofram críticas bem ácidas do novo juiz?

02:19Segundo ele alega, o sigilo bancário, lá fora do Brasil, foi rompido de maneira informal por autoridades da Suíça, o sigilo bancário do Raul Schmidt.

02:41Foi rompido por autoridades da Suíça que teriam repassado informalmente essas informações aos procuradores.

02:49E as informações teriam sido utilizadas para a investigação e para tudo mais.

02:56E alega o juiz Apio, o novo titular da 13ª vara lá de Curitiba, que isso é ilegal.

03:06E se foi isso que aconteceu dessa maneira, é uma forma irregular mesmo de trazer provas ao Brasil.

03:13O Brasil assina acordos internacionais que criam regras para o compartilhamento de provas entre países.

03:22E tem um órgão do Ministério da Justiça que centraliza todos os pedidos e toda a recepção de informações que vêm do exterior.

03:31Se a informação não passa por esses canais oficiais, ela pode mesmo ser decretada ou declarada inválida, nula ou ilegal.

03:44E todos os atos processuais, todos os atos investigatórios que se ampararam naquela informação que chegou ao Brasil sem passar pelos trâmites,

03:54correm o risco de ser anulados.

03:57E foi isso que aconteceu nessa primeira decisão do juiz Apio.

04:03E o Deltan Dallagnol, e daí a gente começa a achar que as coisas não acontecem por acaso.

04:11Que a decisão não foi dada neste sábado por acaso.

04:15Na mesma semana em que o Deltan Dallagnol teve o seu mandato cassado.

04:18Tem muita cara, muito cheiro de ser um jogo que está aí combinado.

04:25Porque o Deltan Dallagnol seria o grande articulador desse compartilhamento informal de provas e de informações

04:38de países lá na Europa com a força-tarefa aqui no Brasil.

04:46Ele seria o procurador que teria feito as aproximações, enfim, estabelecido um canal de contato

04:56que acelerava a recepção de informações sem ter que passar pelos trâmites burocráticos.

05:02Então, o Deltan, que está sob fogo no TSE, vai começar a estar sob fogo também do novo juiz da Lava Jato.

05:14Porque o que ele está dizendo é isso.

05:16Que o Deltan e os outros procuradores agiram de forma ilegal.

05:20Ilegal.

05:21E a entrevista que o juiz Alapio deu hoje para a Globo News,

05:27ela é importantíssima.

05:30porque ela levanta os indícios, indícios muito fortes, muito fortes, de que as delações, as coletas de prova,

05:44todas as coisas que embasaram o trabalho da Lava Jato lá desde o comecinho, vão ser questionados.

05:52E isso pode resultar em nulidades que vão fazer a operação se desmilingüe, desabar completamente.

06:01Então, o juiz, nessa entrevista que ele deu à Globo News, deixou muito claro

06:05que ele vai questionar a delação do Alberto Youssef,

06:10que ele vai questionar a delação do Paulo Roberto da Costa,

06:13que foram os dois primeiros que fizeram a delação.

06:15aparentemente dizendo que elas foram feitas sob coação ou sob tortura,

06:21palavra que ele chegou a usar.

06:23Então, parece que vai ter uma investida para derrubar a legalidade dessas delações,

06:31dessas, enfim, que abriram caminho para o resto da operação.

06:38Então, olha, parece estar começando uma nova fase de ataque à Lava Jato,

06:44desta vez, não política, mas jurídica,

06:47e que pode acabar, pode levar à anulação de, sei lá, talvez toda a operação.

07:00Toda a operação.

07:03Então, vamos ver o que acontece.

07:06Esse negócio do Raul Schmidt é o aperitivo.

07:10É o aperitivo do tipo de argumento e do tipo de sentença e do tipo de procedimento

07:16que o novo juiz da Lava Jato vai adotar e que não é, não tem nada de amigável no ápio

07:28em relação aos antigos protagonistas da Lava Jato.

07:32Pelo contrário, ele tem feito críticas muito duras,

07:35vinha fazendo críticas duras fora dos autos e agora começou a fazer as críticas também nos autos.

07:44Wilson, será que a gente consegue te ouvir bem agora?

07:49E eu queria muito que você falasse sobre essa situação,

07:53porque a gente sabe que foi exposto ali diante da Vasa Jato,

07:58inclusive também dessa operação,

08:01e as narrativas, inclusive, que foram adotadas ali dentro da esquerda

08:06por conta de tanto Moro quanto Deltan entrarem na política,

08:11rasgando ali na visão da esquerda muito essa questão da fantasia ali

08:15que eles usavam tanto de juiz como de promotor do Ministério Público.

08:22E agora a gente está vendo isso sobre o aspecto técnico,

08:26como o Graeb bem falou, o novo juiz da Lava Jato tentando mostrar ali

08:32que toda a articulação, que todo o modus operandi da operação

08:36foi feito de forma errada.

08:43É, Kenzo, o que a gente vê nesse momento, basicamente,

08:50é o desenrolar de outras operações quando elas chegaram nos poderosos.

08:56Se você for pegar um retrospecto do jornalismo político brasileiro,

09:01você vai ver que toda a grande operação, quando chegou em alguém grande,

09:05ela foi anulada por algum motivo.

09:07Ou foi um grampo ilegal, ou foi uma ação judicial, ou foi um erro processual.

09:13Todas, praticamente todas.

09:14Eu não vou dizer todas, porque eu ainda me reservo no direito de errar,

09:19mas a jurisprudência não é boa.

09:22Se você for pegar a Sátira Garra, por exemplo,

09:26ela foi anulada por uma questão processual.

09:30O próprio Mensalão, foi jogado pelo Supremo?

09:32Foi.

09:33Mas várias penas ou foram reduzidas por questões processuais.

09:39Castelo de Areia, Banestado, que foi do próprio Moro e tudo.

09:44Monte Carlo, Monte Carlo, Monte Carlo pegou o Carlinhos Cachoeira em 2012

09:51e não aconteceu praticamente nada.

09:53TTCP não aconteceu praticamente nada.

09:54Então, assim, o roteiro é o mesmo, Kenzo.

09:57Sempre há uma questão processual,

10:00que aí não é necessariamente erro,

10:02mas aí é questão de interpretação.

10:05E quando você tem um movimento favorável ou contra,

10:11essa peligrama processual, ela se esvai, sabe?

10:16Essa é a questão.

10:18E a Lava Jato, ela foi ousada de botar muita gente graúda na cadeia.

10:26Foi por causa da Operação Lava Jato

10:30que nós tivemos o primeiro ex-presidente em Cana.

10:33Então, imagina aquela turma de Curitiba

10:38fazendo algo desse tamanho.

10:41Era uma coisa impensável há 10 anos, há 10, 15 anos.

10:48Eu vou contar uma história que eu me lembrei agora.

10:51Eu comecei a cobrir política em Brasília em 2011.

10:552012, perdão.

10:56Em 2012, eu cobri o Mensalão.

10:58E eu lembro que eu fiz uma série de matérias

10:59mostrando como é que os réus do Mensalão

11:03pretendiam se livrar da cadeia.

11:05Existiam várias filigramas jurídicas,

11:09inclusive com a jurisprudência do caso Collor.

11:12Quando Collor se livrou da Cana em relação ao esquema da Elba,

11:17do Fiat Elba, lá na casa da Dinda,

11:20ele escapou por uma filigrama jurídica,

11:23que foi a inexistência do ato de ofício,

11:25entre o ato de corrupção e o produto da corrupção.

11:30O bom advogado sabe bem melhor do que eu.

11:34Eu não sou advogado, sou bacharel.

11:37Senão os advogados vão brigar comigo.

11:40O bacharel em direito sabe melhor do que eu.

11:42Então, o que ocorre?

11:45Desde esse período, você tem essas várias operações

11:50sendo anuladas por filigrama jurídicas.

11:53O que acontece com a Lava Jaca?

11:54Mais uma etapa disso.

11:56Isso é lamentável,

12:01porque isso perpetua o sentimento de impunidade do país.

12:05Inclusive, eu escrevi isso na Curvoé.

12:08Integrantes do Ministério Público,

12:09hoje, pensam o seguinte,

12:10gente, por que eu vou ficar perdendo tempo

12:11de combater corrupção com o Poderoso?

12:15Porque daqui pra frente,

12:17vai ter um juiz bonitão, lindão, maravilhoso,

12:19todo poderoso,

12:20que ele vai levar numa canetada

12:21a anular todo o trabalho que eu fiz durante meses ou anos.

12:26Então, assim, o que o roteiro que se desenha hoje...

12:32É, sabe o que eu...

12:33É o roteiro conhecido,

12:35um roteiro que já aconteceu na Itália.

12:37Assim, é a sensação da gente

12:39de a gente ver um filme

12:40que, no final, não é legal

12:42e que é um filme que a gente...

12:43Gente, eu vi esse filme em algum lugar.

12:45É lamentável isso, é lamentável.

12:48Foi greve.

12:48A entrevista do Apio hoje foi um pouco assustadora,

12:53porque, assim, eu tinha visto entrevistas anteriores dele,

12:55ele dizendo que sou um cara independente,

12:59vieram acusações de que ele tinha doado 13 reais

13:02para uma campanha do petista,

13:03ele conseguiu mostrar que isso não tinha acontecido jamais e tal.

13:07Mas daí, na entrevista de hoje,

13:09ele reconhece, ele assume que ele usou

13:11um e-mail LUL, LUL, Lula22, né, LUL22,

13:18e que era, de fato, uma espécie de homenagem...

13:21Fala isso, não com essas palavras,

13:23mas que era uma espécie de homenagem

13:24a um político que ele achava

13:26que tinha que ser condenado de maneira injusta.

13:29Ele também compra as teses do Emílio Odebrecht,

13:34que acabou de lançar um livro

13:36dizendo que Odebrecht nunca fez corrupção,

13:39que era só a Caixa 2.

13:40Ele compra a tese do Ricardo Lewandowski,

13:45quando estava no Supremo Tribunal Federal,

13:47dizendo que a Lava Jato fez mais mal ao Brasil do que bem,

13:51porque, diante do dinheiro que ela recuperou,

13:54ah, mas e o dinheiro que ela fez as empreiteiras,

13:58as grandes empreiteiras perderem,

14:00e os empregos que foram estirpados

14:04pela crise das empreiteiras e tudo mais,

14:07que, portanto, o combate à corrupção

14:09teria sido mais nocivo do que a própria corrupção.

14:13É essa lógica por trás desse argumento.

14:16Então, assim,

14:17foi uma entrevista importante,

14:22um pouco, enfim, surpreendente,

14:26porque é isso.

14:27Ele disse coisas que não seriam ditas

14:30por alguém que, de fato,

14:32está numa posição de imparcialidade.

14:35ele está com sangue no zóio,

14:38como dizem lá no Rio Claro,

14:41para, enfim,

14:46reescrever os atos jurídicos da Lava Jato.

14:51Ele se mostrou extremamente crítico do Dallagnol,

14:55extremamente crítico do Moro,

14:57e quando eu falo em reescrever os atos jurídicos da Lava Jato,

15:00o que eu estou querendo dizer é isso.

15:01Ele parece pronto, preparado,

15:04com a caneta na mão,

15:05para anular muita coisa,

15:09usando aí recursos,

15:13como ouvir novamente o Youssef.

15:16Já foi chamado para uma nova oitiva,

15:19e parece que essa oitiva

15:20vai querer tirar do Youssef

15:23declarações de que ele teria sido

15:26coagido a fazer a delação premiada e tudo mais.

15:30Então, vamos ver.

15:32Parece que está determinado

15:34a passar a Lava Jato

15:38no espremedor.

15:41Sim, a gente vai acompanhar

15:43esses desdobramentos previos.

15:46E só para fechar essa parte

15:47do Roberto Youssef,

15:50tem um detalhe que,

15:51caso você...

15:53Só para a gente lembrar,

15:54só para a gente lembrar aqui,

15:55como ele foi o pilar da Lava Jato,

15:57se você anula a delação do Youssef,

16:00você anula tudo.

16:01É reação em cadeia.

16:03O Youssef é a segunda

16:04delação premiada da Lava Jato.

16:06O primeiro a concordar

16:07em fazer uma delação premiada

16:08foi o Paulo Roberto da Costa,

16:10porque achou que a família dele

16:12ia ser atingida e tudo mais.

16:15Falou.

16:15Depois disso,

16:16veio o Youssef.

16:17e é isso.

16:24Wilson, valeu.

16:26Wilson, precisa sair, não é isso, Youssef?

16:29Sair que minha condição está bem ruim

16:31e eu também tenho umas...

16:33Hoje sou eu que estou

16:33na questão doméstica aqui.

16:37Tranquilo, Youssef.

16:39Obrigado pela participação.

16:40Já vou me despedindo de você.

16:41Você também pode se despedir

16:42do pessoal do chat aqui

16:43que está acompanhando a gente ao vivo.

16:45Muito obrigado.

16:47Amanhã o Wilson está de volta.

16:48Já está intimado, inclusive, viu, Wilson?

16:49Não, estou de volta.

16:50Vai ser uma semana atípica,

16:52mas, gente, prometo.

16:52Só essa semana, tá?

16:53Semana que vem já estamos

16:54no localzinho direitinho,

16:57bonitinho e tal,

16:58sem maiores empecilhos, tá?

17:01E sem confundir

17:02o nome de publicação.

17:03A propósito, leiam a Cruzoé,

17:05assinem a Cruzoé,

17:07porque é jornalismo independente na veia

17:08e é isso, gente.

17:15Música

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17:22Música

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