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  • 12/05/2025
T1 EP.6 – Esperança

Como resistir a nossos impulsos perversos?

A neuroscientista Emile Bruneau investiga o nosso pensamento crítico, a plasticidade cerebral e estratégias de combate ao ódio, como a educação e a cooperação.

44 min
Transcrição
00:00A CIDADE NO BRASIL
00:30A CIDADE NO BRASIL
01:00A CIDADE NO BRASIL
01:02Meu nome é Emily Bruneau, eu nasci e fui criado na Califórnia.
01:06O primeiro lugar em que eu morei foi numa comuna, perto de uma área montanhosa, na Bahia de São Francisco.
01:11E aí, é só me avisar quando for começar a rodar.
01:13Esse é o Emily, tomada 1, ABC e vamos.
01:16Uma das primeiras coisas que fez com que eu me interessasse em entender o cérebro humano foi que, quando eu nasci, a minha mãe ficou esquizofrênica.
01:28Foi por isso que eu acabei me interessando bastante em como o cérebro funciona.
01:32E então, eu acabei fazendo um doutorado em neurociência.
01:36Mas, a pesquisa que eu estou fazendo agora tem a ver com conflitos de grupos.
01:42Eu estive na África do Sul, bem no final do Apartheid.
01:46No Sri Lanka, durante a guerra civil deste país.
01:49E também na Irlanda, durante os conflitos entre católicos e protestantes, trabalhando com as crianças.
01:54E uma coisa que me chamou muito a atenção foi a similaridade impressionante no que parece levar as pessoas a conflitos.
02:03E eu descobri que o denominador comum presente em todos os conflitos é o cérebro humano.
02:10Nós compartilhamos a mesma linhagem evolucionária e um passado tremendamente violento.
02:19O ódio não é exclusivo de um único grupo cultural, étnico ou religioso.
02:24É uma coisa que influencia todos os seres humanos.
02:31Mas o ponto positivo é que a nossa mente evolui para ser bastante flexível.
02:36Todo pensamento, associação e preconceito que temos são passíveis de mudança.
02:43Então, para mim, o próximo passo como pesquisador seria testar diferentes formas de como as pessoas podem mudar de atitude.
02:49Eu adoraria de um dia ter um cardápio de opções, uma caixa de instrumentos com várias intervenções diferentes
02:56que possam mudar as visões das pessoas e fazer com que elas transcendam essa mentalidade de nós contra eles.
03:01Uma pergunta fundamental é
03:16como podemos usar as ferramentas da ciência para agilizar o processo de paz?
03:21No momento, eu estou na Colômbia,
03:24porque este país está num momento bastante delicado.
03:27Os combatentes das FARC aparecem há cerca de 50 anos.
03:37Eles são um grupo militar comunista que diz ter por objetivo lutar contra a opressão das massas.
03:44No momento, as FARC controla um terço do território da Colômbia
03:48e o movimento de guerrilha, classificado pela ONU como grupo terrorista,
03:52tem sido responsável por sequestros e tráfico de drogas.
03:55A guerra civil já matou 200 mil pessoas e deixou várias gerações traumatizadas.
04:03Mas o governo e as FARC finalmente conseguiram chegar a um acordo de paz.
04:08E a paz é para todos. A paz beneficia a todos.
04:12Viva o Uribe! Viva o Uribe!
04:15Para ratificar o tratado de paz, eles fizeram um plebiscito com o povo colombiano
04:21e ele foi rejeitado por apenas 50,2 contra 49,8.
04:27Então, a minha primeira pergunta foi, por quê?
04:30Por que o povo colombiano teria rejeitado o tratado de paz?
04:34E o que nós descobrimos foi que eles achavam que as FARC, na verdade, não queriam a paz.
04:39Eles achavam que as FARC não queriam nem conseguiram se integrar à sociedade colombiana.
04:45Eu não acho que esses caras são colombianos.
04:47O que eu não entendo é por que esses guerrilheiros não vão parar na cadeia.
04:53Houve uma mudança na Colômbia quando o governo e as FARC decidiram trabalhar num acordo para a paz.
05:00Mas depois de mais de 50 anos de conflitos sangrentos,
05:04a psicologia do povo não mudou significativamente.
05:06A ideia da minha pesquisa é entrevistar ex-membros das FARC
05:12para que a gente possa ter uma melhor compreensão do que se passa na cabeça deles sobre essas questões.
05:18E esse é o instrumento que pretendemos usar para mudar a percepção do povo colombiano sobre o acordo de paz.
05:23Eu tenho a sensação de que o que eles têm na cabeça não é igual ao que os colombianos acham que eles pensam.
05:39E essa é a grande premissa do experimento no momento.
05:44Eu não sei se eu estou certo ou não.
05:46Eu estou bem ansioso com isso, para falar a verdade.
05:50Fizemos uma testagem inicial entre os colombianos e o que mais me chamou a atenção foi o nível de desumanização.
06:09Na escala de evolução humana, os colombianos consideraram as FARC 43 pontos abaixo deles.
06:21Esse é o nível mais alto de desumanização que eu já vi em todo o mundo.
06:25Os níveis de desumanização mais próximos a esse foram como os americanos avaliaram o ISIS
06:32e como os israelenses e palestinos se avaliaram uns aos outros durante a guerra em Gaza.
06:40A equipe de filmagem colombiana que levamos é um grupo que tem sido exposto desde criança a toda a mídia
06:45a que todos os colombianos têm sido expostos.
06:47Então eu estava curioso para ver o que eles acham sobre os membros das FARC.
06:52A gente aprendeu desde pequenininho a odiar as FARC, que eles são como animais.
06:58A gente cresceu com a percepção de que eles são terroristas e são pessoas do mal.
07:04Entendo.
07:04E vocês acham que os colombianos estão gostando de ver as FARC como um grupo político?
07:10A maioria de nós acha que eles não estão seguindo um ideal,
07:13mas que eles estão interessados em traficar drogas.
07:17Então eu não acho que isso tudo seja genuíno.
07:31Fazer com que os membros de um grupo gostem de outro a quem eles teriam um bom motivo para odiar não é uma coisa fácil.
07:39Isso, pronto. Pode sentar.
07:40Mas conseguir fazer com que eles reconheçam que esse outro grupo é igualmente humano
07:45e que, pelo menos, isso é uma verdade objetiva, parece ser uma coisa mais fácil de se realizar.
07:53Então, para a gente começar, onde você nasceu e como foi a sua infância?
07:59Fique à vontade para responder o que você se sentir seguro.
08:02Então, eu venho de uma família camponesa e me lembro
08:09perfeitamente de quando os grupos paramilitares passaram pelo vilarejo onde eu morava com meu pai
08:20e mataram ele.
08:22Fala para a gente por que você decidiu se juntar a esse grupo.
08:26A minha mãe foi capturada quando estava grávida de mim.
08:29E eu nasci na cadeia.
08:34E fiquei na cadeia até os quatro anos.
08:37Eu só queria viver uma vida normal.
08:42O que você diria para aqueles que possam estar em luto por causa desse conflito?
08:46Em nome de todos os colombianos, eu acho que isso afeta todo mundo.
08:50Somos todos cidadãos deste país que se chama Colômbia.
08:53O país sofreu muito e agora é o momento de dar as mãos, de pensar que vamos conseguir,
09:00que a paz é possível e que devemos seguir em frente.
09:02Muito bom.
09:04Muito obrigado.
09:06Parabéns.
09:06Agora já foi.
09:07Foi bem legal.
09:07Fica à vontade.
09:08Nós vamos entrevistar outros membros das FARC e fazer as mesmas perguntas.
09:13Às vezes, levar fatos acurados e que não sejam distorcidos,
09:19as pessoas, pode fazer com que elas comecem a criar suas próprias conexões
09:23e fazer seus próprios questionamentos.
09:25O que eu vi foi bastante diferente do que eu esperava encontrar.
09:29Sim.
09:29Dá para ver nos olhos deles que eles querem essa mudança e que eles querem essa nova oportunidade também.
09:36Se a gente estivesse no lugar deles, com certeza a gente teria feito a mesma coisa.
09:41Lutar pela nossa família e entes queridos.
09:44Sim.
09:44Foi muito bom ver que a gente tem muitas coisas em comum.
09:49Que bom.
09:49E isso é muito importante.
09:52Para mim, eu estou muito emocionada e...
09:56Sei lá.
09:59Não sei como dizer o que eu estou sentindo, mas...
10:03Eu fiquei muito feliz de estar aqui.
10:05Legal por enquanto, viu?
10:06A gente vai continuar filmando.
10:08Ver como esses jovens colombianos responderam à entrevista foi bastante encorajador.
10:14A gente não selecionou pessoas que estivessem fervorosamente a favor da paz.
10:21Eles foram selecionados para fazer seu trabalho.
10:24Então, eu acho que uma questão fundamental é...
10:27Será que podemos identificar o que foi que afetou eles?
10:31Será que podemos replicar isso para outras pessoas e provocarmos pelo menos uma fração do efeito obtido aqui em outros colombianos?
10:38Então, agora, nós temos que criar vídeos e testar o efeito que eles teriam em outros colombianos.
10:46Se conseguimos mudança com um grupo, podemos conseguir com outros também.
10:50Eu fui para a África do Sul em 1994.
11:03O Apartheid tinha terminado.
11:05A África do Sul tinha tido a sua primeira eleição democrática na história e eles elegeram Nelson Mandela,
11:10que tinha sido preso por vários anos.
11:16O povo estava literalmente dançando nas ruas.
11:18Foi um período de esperança extraordinário.
11:23E uma coisa que eu sempre acho interessante de pensar é...
11:26Qual foi o papel que os líderes tiveram nesse processo e qual foi o papel que o povo teve nisso?
11:33É como na Colômbia.
11:34Existem mudanças estruturais e também mudanças psicológicas.
11:38E elas podem se afetar mutuamente.
11:41E eu queria entender como os líderes do governo na época e o CNA, o recém-legalizado Congresso Nacional Africano,
11:47conseguiram se unir para acabar com o Apartheid.
11:49O que precisou acontecer nas mentes desses homens para mudar a visão que eles tinham uns dos outros e a sua visão do futuro?
11:57Desde o começo, nosso país sofreu muita injustiça.
12:01Os que vieram colonizar este país o consideraram como a sua casa.
12:08E eles tentaram pegar todas as coisas boas, tudo de melhor, e manter sob sua exclusividade.
12:16Então isso deu à luz o racismo e a segregação.
12:20Todos os africanos nativos eram considerados refugiados temporários.
12:31Essa era a lei.
12:32Todo homem africano tinha que ter um documento.
12:36E para que ele fosse validado, era preciso ter um carimbo de permissão para poder procurar emprego.
12:43Os que não tivessem um carimbo, eram presos por vadiagem.
12:54Isso fez com que nos sentíssemos injustiçados e com ódio do sistema.
13:00Depois de tentar criar medidas de negociação sem sucesso,
13:11nós chegamos a um ponto em que achamos que não haveria outra saída a não ser a luta armada.
13:19Eu sonho com a democracia e uma sociedade justa.
13:26E estou preparado para morrer por esse ideal.
13:33Nelson Mandela era um revolucionário.
13:36Ele queria vencer o governo por meios violentos.
13:39E é por isso que ele foi preso, por conspiração.
13:43Então eu acho que ele teve um julgamento justo
13:46e sofreu as consequências de seus atos.
13:56No fim dos anos 80, havia uma sensação geral de que estávamos à beira de uma guerra civil.
14:02O CNA estava muito bem organizado na comunidade internacional.
14:06Localmente, ele estava banido.
14:08Mas lá fora, ele atuava como um representante do povo da África do Sul.
14:13O país estava ingovernável.
14:16Em nível internacional, as sanções que sofremos criavam enormes dificuldades.
14:22África livre! África livre!
14:25Comecei a ficar cada vez mais convencido
14:29de que a África do Sul iria se consumir em chamas.
14:33Que centenas de milhares de jovens sul-africanos
14:37poderiam morrer em conflitos armados.
14:40E que no final disso tudo, teríamos que fazer alguma negociação.
14:44Aqui está o senhor Nelson Mandela, dando seus primeiros passos como um homem livre
14:53numa nova África do Sul.
14:57Era um domingo à tarde.
14:59E é claro que o mundo todo estava assistindo a isso.
15:02Mas ninguém sabia exatamente o que ele iria dizer.
15:05E estávamos todos esperando com apreensão.
15:09Se ele conclamasse as massas para segui-lo, para que tomassem o poder, eles teriam feito isso.
15:20Nós temos esperança de que uma comissão para negociar um acordo
15:31será criada em breve.
15:35Imediatamente, ele seguiu o caminho de buscar um acordo
15:39através de negociações.
15:42Eu e o Ruth Mayer nos vimos no meio desse drama.
15:49Eu tinha que defender o CNA e os princípios que ele defendia.
15:53E ele tinha que defender os valores do partido governista.
15:58Só que eles estavam fadados à falência.
16:03As negociações que tivemos por um período de mais de quatro anos
16:08foram por vezes extremamente tensas.
16:11A violência política continuava.
16:15E muitos foram mortos durante esse período.
16:19Não querem que tenhamos uma nova África do Sul.
16:24O povo estava com medo.
16:27Porque, de alguma forma, sentia a mudança.
16:32Era o fim do Apartheid, mas ninguém sabia o que viria no lugar.
16:37Houve vários momentos em que achamos que estava tudo acabado.
16:40Essa violência nos tira toda a humanidade.
16:44Se fizermos paz, vamos ter que trabalhar por ela.
16:48Para mim, a confiança veio quando Ruth Mayer e alguns dos seus companheiros
16:53começaram a pedir conselhos para nós.
16:57Conselhos para sairmos do caos em que estávamos.
17:00Foi aí que a confiança começou a crescer.
17:04Isso é forte.
17:06Poder dizer ao seu oponente,
17:08eu confio em você para resolvermos isso juntos.
17:14Em outras palavras, eu confio em você e você tem que confiar em mim.
17:17É mais poderoso do que simplesmente aceitar intelectualmente o que precisa ser feito.
17:26Mas também tem que vir do coração.
17:28Apesar de haver uma grande tensão entre mim e o Mandela,
17:35sempre que o Ruth e o Cyril vinham para a gente dizendo,
17:39agora chegou num beco sem saída, vocês têm que ajudar,
17:43nós achávamos um jeito de superar as tensões
17:46para procurar uma porta no que parecia ser um muro intransponível.
17:53Chegou a hora de fechar as velhas feridas
17:56e construir uma nova África do Sul.
18:12O racismo e o divisionismo ainda são os grandes problemas do nosso país.
18:20Foram feridas abertas que precisamos continuar a fechar.
18:29Agora, a nossa tarefa é passar adiante a mensagem de que somos uma só nação,
18:36somos um só povo,
18:37para que os sul-africanos possam sentir que são sul-africanos
18:41antes de serem brancos ou negros.
18:44Obrigado.
18:45Obrigado.
18:46São os líderes que criam a paz, mas é o povo que mantém a paz.
18:51E eu acho que isso mostra a importância de haver uma mudança psicológica na população
18:56e uma mudança estrutural no governo.
19:00Há várias coisas que um líder pode fazer.
19:03Um líder pode facilitar o movimento de uma mudança psicológica
19:06ou pode iniciá-la.
19:08Então, o fim do Apartheid foi maravilhoso,
19:13mas não acho que foi inesperado.
19:15Isso é o que podemos obter da ciência.
19:18Podemos ser capazes de prever o que funcionaria em outros conflitos
19:21baseados nas lições que aprendemos num determinado conflito.
19:24O início das pesquisas sobre desumanização foi decorrente de um pensamento após o holocausto.
19:36A gente queria saber como isso pode ter acontecido.
19:39E a realidade desconcertante era que o inimigo era igualzinho a nós.
19:46Thierry Covellier é um jornalista que cobriu tribunais de guerra e processos de paz em todo o mundo.
19:51Agora, ele está pesquisando como a Alemanha tem lidado com sua história de genocídio.
20:01Para todos que trabalham com violência de massa, crime de massa,
20:05a referência é o que aconteceu nos anos 1940,
20:11quando o regime nazista decidiu exterminar completamente os judeus da Europa.
20:19Então, no espaço de poucos anos, cerca de 6 milhões de judeus foram assassinados.
20:26Mas o mais interessante para mim,
20:28depois de ter trabalhado em muitos países
20:31que também passaram por eventos de violência de massa,
20:34é que a Alemanha é um exemplo único
20:37de um país que decidiu confrontar o seu passado diretamente.
20:42de forma que eu acho que nenhum outro país tenha feito.
20:51Basicamente, a Alemanha decidiu construir uma nova identidade nacional
20:56contra o seu próprio passado.
21:00Isso começou nos anos 60,
21:03quando Israel prendeu Adolf Eichmann,
21:06um ex-oficial do regime nazista,
21:09e o levou a julgamento.
21:10O responsável pela execução do plano nazista,
21:13conhecido como a solução final do problema judaico.
21:17O julgamento do Eichmann foi transmitido ao vivo.
21:22E isso acabou trazendo à tona, pela mídia,
21:26o genocídio dos judeus europeus.
21:29E dessa forma, isso forçou a Alemanha a fazer alguma coisa.
21:33Hoje, existem centenas de memoriais na Alemanha.
21:39Eles conseguiram organizar essas memórias
21:42de uma forma a fazerem parte do dia a dia.
21:47Um exemplo único são as Stolpersteins,
21:50como elas são chamadas.
21:53São pedras colocadas na frente das casas
21:56em que moravam os judeus alemães,
21:59com os seus nomes
22:02e o campo em que morreram.
22:09Mas o aspecto mais simbólico
22:12é a reconstrução de uma comunidade judaica na Alemanha.
22:17Hoje, a Alemanha tem uma das maiores
22:20imigrações de judeus no mundo.
22:26E o que é fascinante
22:27é que muitos imigrantes foram de Israel.
22:31Eles estão cansados da insegurança de Israel.
22:34Eles estão cansados da política.
22:37E agora a Alemanha tem conseguido
22:40se tornar um lugar seguro para os judeus.
22:45Isso é incrível ao se pensar
22:47no que aconteceu no Holocausto.
22:48Eu fiquei sabendo disso
22:53pela história de um amigo meu,
22:57o David,
22:58que decidiu obter a sua cidadania
23:01porque, como filho de judeus alemães,
23:03ele tem direito.
23:04E ele decidiu sair da África Ocidental
23:06com a sua filha
23:07e ir para Berlim,
23:08onde se estabeleceu.
23:10Os meus pais fugiram antes da guerra.
23:13Minha mãe tinha dois anos,
23:14meu pai nove
23:15e ambos eram de Berlim.
23:17Se conheceram na Austrália
23:18e foi para onde eles fugiram.
23:24Eu cresci
23:25num ambiente em que
23:27tudo o que era alemão era ruim.
23:29Me disseram que eu jamais deveria viver na Alemanha.
23:32Vá para qualquer lugar no mundo,
23:33mas não vá para a Alemanha.
23:34Eu cresci com ódio,
23:38mas agora eu moro
23:39perto de onde o meu pai nasceu
23:42e vejo esses sinais nas ruas
23:46me lembrando constantemente
23:48do passado.
23:54Passo todos os dias
23:55em frente ao prédio do meu pai.
23:57A Gestapo entrou aí,
23:59pegou o seu bisavô
24:02e o mandou para um campo de concentração.
24:06E o seu avô se lembra disso.
24:09Ele se lembra da Gestapo
24:10vindo e o levando embora.
24:13Eu não tive medo
24:14de vir para a Alemanha.
24:16Já havia vindo aqui antes
24:17e não saí de nenhuma
24:18outra nação
24:21cuja identidade
24:23tenha sido construída
24:25sobre a culpa do que ela fez.
24:28É fundamental para a educação
24:30de todos os alemães
24:32estudar o holocausto.
24:36É uma coisa que eles
24:38têm que saber.
24:41Muitos assassinatos em massa
24:42foram cometidos aqui.
24:44Neste campo,
24:45as pessoas eram obrigadas
24:47a trabalhar até morrer.
24:50E o governo usa esses lugares
24:52como parte de seus esforços
24:54para criar consciência
24:57e conhecimento
24:58do que aconteceu no passado.
25:01Olha só.
25:02Estou tentando ver
25:03se reconheço o meu avô.
25:05Como David tem
25:06uma história pessoal forte
25:09com a Alemanha,
25:11ir a um campo
25:13onde o seu avô foi preso
25:15é bem significativo.
25:16Hoje vamos ter a oportunidade
25:21de conhecer uma pessoa
25:23que tem uma relação pessoal
25:25com este campo
25:26porque ele é neto
25:28de um dos prisioneiros daqui.
25:32Ter o David
25:33falando com esses estudantes
25:36torna o lugar vivo
25:37outra vez.
25:40Torna o lugar mais real.
25:41Eu queria fazer uma pergunta.
25:43Quando você era criança,
25:44você sabia que o seu avô
25:47esteve num campo
25:48de concentração?
25:49A gente não falava muito
25:51sobre o assunto,
25:52sobre o campo
25:54de concentração,
25:55mas acho que sim,
25:57era bem difícil,
25:58foi uma experiência
25:59bem difícil
26:00para ele.
26:01Mas eu também queria perguntar
26:03como é isso
26:04para vocês?
26:05É difícil para vocês
26:07saberem que os seus ancestrais
26:08fizeram essas coisas terríveis?
26:11Então, eu acho que
26:13essa sensação de culpa
26:14é diferente
26:14para a nossa geração.
26:16Eu sei o que aconteceu,
26:17eu tenho consciência
26:18e respeito isso,
26:20mas não tenho
26:20sensação de culpa
26:21por isso.
26:22Eu tenho uma forte crença
26:24no potencial da educação
26:25para transformar
26:26nosso jeito de pensar
26:27sobre um conflito.
26:29E acho que,
26:29de várias formas,
26:30a abordagem da Alemanha
26:32tem sido exemplar
26:32porque eles não se eximem
26:34de falar sobre o seu passado
26:35tão difícil,
26:36mas também existe
26:39uma realidade interessante
26:40em que temos
26:40de um lado
26:41a Alemanha
26:42falando abertamente
26:43sobre o seu passado
26:45vergonhoso
26:45e alemães
26:47que agora
26:48escolhem acolher
26:49os refugiados muçulmanos
26:50na crise dos refugiados.
26:53Mas também ocorrem
26:55ataques
26:55aos centros
26:56de refugiados.
26:57Uma questão interessante
26:59é o que estaria
26:59motivando
27:00uma parcela
27:01da população
27:02a essa reação violenta.
27:04E existe uma distinção
27:07interessante
27:08entre culpa
27:08e vergonha.
27:10A culpa
27:10é uma coisa
27:11que a gente sente
27:12por dentro
27:12enquanto a vergonha
27:14é uma coisa
27:14que nos é imposta.
27:17Então é preciso
27:17um cuidado
27:18para que,
27:19ao se falar
27:19sobre o passado,
27:20fazer isso
27:21de uma forma
27:22a dizer,
27:22olha,
27:23não estamos te dizendo
27:24isso por achar
27:25que a culpa é sua.
27:26Estamos te mostrando
27:27isso para que você
27:28possa evitar repetir
27:29o erro no futuro.
27:32Cada vez mais,
27:34eu me convenço
27:35da ideia
27:35de que a melhor maneira
27:37de se vencer
27:38o ódio
27:39é educando
27:40as pessoas
27:41sobre as suas próprias mentes
27:42a fim de que elas
27:43se conscientizem
27:43de seus preconceitos
27:44talvez ao se
27:45conscientizarem
27:47das bases biológicas
27:48do ódio
27:48as pessoas possam
27:49superar ele.
27:50E essa abordagem
27:51está bem alinhada
27:52com a meditação
27:52Mindfulness.
27:53Pode entrar.
27:55A Mindfulness
27:56é uma técnica
27:57para o autoconhecimento
27:58para ganharmos controle
28:00desses processos
28:01que normalmente
28:02seriam inconscientes.
28:04aí pode-se abrir mão
28:05da raiva
28:06por exemplo
28:07e trocá-la
28:08por compaixão.
28:10Fechem os olhos
28:10respirem fundo
28:12respirem.
28:17O meu trabalho
28:18é ir para as escolas
28:19e ajudar jovens
28:20em situação de risco
28:21e dar a eles instrumentos
28:23para combater a raiva.
28:25Eu ajudo eles
28:26a entenderem
28:26o que é o ódio
28:27tá?
28:28Eu sei que é uma coisa
28:29natural
28:29que pode acontecer
28:30comigo, com você
28:31ou com qualquer pessoa
28:32mas como lidamos
28:34com o ódio
28:35é que define
28:36quem nós somos
28:37a nossa moral
28:38os nossos códigos
28:39aquilo que é importante.
28:41Solta os músculos
28:42vai para a esquerda
28:43estica as costas.
28:46Quando eu era pequeno
28:47Baltimore era bem perigosa.
28:49O meu pai foi morto
28:50quando eu estava
28:51no segundo ano.
28:52Isso, respira fundo.
28:52Ele levou um tiro
28:55foi posto num carro
28:56e o carro foi incendiado.
28:59E isso foi uma coisa
29:00que me transformou.
29:01Eu não gostava de ninguém.
29:03Eu me sentia vazio
29:04como se fosse cada um por si
29:05tipo todo mundo
29:06ao Deus dará.
29:09Eu fazia parte
29:09de uma gangue
29:10desde muito novo.
29:12Então eu andava
29:12sempre em bando
29:13de uns 10, 12 caras
29:15sempre em grupo.
29:16A partir da quinta série
29:18a gente batia
29:18em todo mundo
29:19com um pedaço de pau
29:21tudo que a gente encontrava.
29:22Você tinha muita raiva
29:23de tudo, mano.
29:24E tipo, qualquer coisa
29:26que pudesse te deixar bravo
29:29você explodia.
29:29Você estava sempre pronto
29:30para estourar
29:32por qualquer coisa
29:32para brigar
29:33e você não tentava
29:34resolver nenhum conflito.
29:36O Ali, o Atman
29:37e o André
29:37são os três fundadores
29:39da Holistic Life Foundation.
29:40Eles são da mesma galera
29:41que eu.
29:42Então eu me encontrava
29:43com os caras
29:44porque eles diziam
29:44que tinham problemas
29:45aqui no bairro
29:46e eles pareciam se importar.
29:48Eles pareciam dispostos
29:48a ajudar.
29:50Eles ensinavam a gente
29:52mas eu não queria
29:52aprender nada
29:53até que eu fiquei
29:53mais velho
29:54e percebi
29:55que o que eu estava
29:56fazendo era errado.
29:57A perna dele está quebrada.
29:58Olha a perna dele,
29:59p***.
30:00Este é Fred Gray.
30:02Olha a perna dele,
30:03p***.
30:03A perna dele está quebrada.
30:05E ele foi detido
30:06uma semana atrás
30:06pela polícia de Baltimore.
30:08Na época o Fred Gray
30:09tinha morrido
30:09e eu fiquei mal por ele
30:11pela família dele.
30:12E eu não sabia
30:13o que podia acontecer.
30:15Estamos falando
30:16de Baltimore
30:16onde o governador
30:17de Maryland
30:18declarou estado de emergência
30:19depois do funeral
30:20de um jovem
30:20que morreu
30:21depois de ferimentos severos
30:23enquanto estava
30:23sob custódia da polícia.
30:25A gente foi protestar
30:26porque estava cheio
30:27da violência da polícia
30:28e também porque
30:28a gente estava irritado
30:30por não ter voz
30:31no que acontecia
30:31em Baltimore.
30:34Era como se finalmente
30:35a gente tivesse
30:36a chance de se expressar.
30:38Mas eu preferia
30:38que não tivesse sido
30:39desse jeito.
30:42A revolta pela morte
30:43do Fred Gray
30:44foi uma combinação
30:45de várias coisas.
30:46do povo lidando
30:47com trauma
30:48e estresse acumulados.
30:50Sinceramente
30:50os jovens
30:51são traumatizados
30:52o tempo todo
30:53porque eles não têm
30:54as necessidades básicas.
30:57Então
30:57o motivo
30:58da gente ter começado
30:59essa história
31:00de mindfulness
31:00foi porque o nosso pai
31:02meio que plantou
31:03a sementinha
31:03quando a gente
31:04era pequeno
31:05porque a gente
31:06meditava antes
31:06de ir para a escola.
31:07A galera chegava na gente
31:08e aí
31:09por que vocês estão felizes
31:10de boa e tudo mais?
31:11E a gente perguntava
31:12por que vocês
31:13não estão felizes?
31:14E aí a gente percebeu
31:15que precisava começar
31:16a ensinar
31:16para eles
31:17como cuidar
31:19do seu interior
31:20sei lá
31:22para ser mais pacífico
31:23com os outros caras.
31:25A gente começou
31:25fazendo uma sessão
31:26de yoga
31:26depois da aula
31:27e tipo
31:27na época
31:28todo mundo ficou
31:28iogurte,
31:29juda,
31:30tipo
31:30eles não tinham
31:31a mínima ideia
31:31do que era yoga
31:32mas a gente
31:32virou modelo
31:33para eles.
31:34A frequência
31:35dos garotos
31:35foi aumentando
31:36e os pais
31:37e os professores
31:37viam a mudança
31:38e falavam
31:38cara não sei
31:39o que você está fazendo
31:40mas não para
31:40e agora
31:41que o programa
31:42cresceu muito
31:43e tipo
31:43é agora
31:45você também
31:45faz parte do grupo
31:46você já está dando aula
31:47não só eu né
31:48muita gente
31:49acho que todo mundo
31:50que entra pela nossa porta
31:51que se une a gente
31:52respira e levanta
31:55eu comecei a me sentir melhor
31:58literalmente
31:59duas semanas
31:59depois que eu comecei
32:00inspira
32:01quando eu ficava com raiva
32:04tipo
32:04era como um apagão
32:05aí eu tentava lembrar
32:07o porquê eu tinha ficado
32:08com raiva
32:09mas não dava
32:10dá para entender a loucura?
32:11aí quando eu comecei a meditar
32:12eu comecei a me perguntar
32:14você está com raiva agora?
32:15você está a ponto de estourar?
32:17então é bom você se acalmar
32:18ou fazer outra coisa
32:19então a meditação
32:20me ajudou a lidar com a raiva
32:21inspira e para trás
32:24expira
32:27desde que o projeto começou
32:28em 2001
32:29o Atman
32:30o Ali
32:31e o Andres
32:32já desenvolveram programas
32:33que atingiram
32:3440 mil estudantes
32:35não esqueçam de respirar fundo
32:38os efeitos desse tipo
32:40de aprendizagem emocional
32:41e social
32:42tem sido demonstrados
32:43em estudos laboratoriais
32:44os pesquisadores
32:45descobriram evidências
32:46de que isso realmente
32:47produz mudanças no cérebro
32:49existem dois grandes
32:51circuitos no cérebro
32:53que são afetados
32:55pela meditação
32:56que podemos demonstrar
32:57com certa segurança
32:58um é o circuito importante
33:00para regular a atenção
33:01e o outro
33:02é um circuito importante
33:04para regular a emoção
33:05estamos vendo aqui
33:08duas regiões do cérebro
33:10uma é a área do córtex pré-frontal
33:13responsável pela regulação
33:15das emoções
33:15aqui é a área pré-frontal
33:17ventromedial
33:18e essa área verde
33:20é a amígdala
33:22a amígdala
33:23é uma área
33:23que sabemos estar envolvida
33:25nas emoções
33:26é uma área fortemente
33:27afetada pelo medo
33:28e a conectividade
33:30entre essas regiões
33:31está significativamente
33:33fortalecida
33:34nos praticantes
33:35de meditação
33:36em longo prazo
33:37comparadas com
33:39um grupo de controle
33:40que está aprendendo
33:41a meditar
33:41e essa é uma das mudanças
33:43principais
33:44que acreditamos
33:45ser produzida
33:46por um treinamento
33:47simples de mindfulness
33:48legal
33:49de costas
33:50para a minha hora
33:51preferida do dia
33:54com a meditação
33:57mindfulness
33:57ocorrem mudanças
33:59no cérebro
34:00que podem ser vistas
34:01com apenas 7 horas
34:02de prática acumulada
34:04para cada inspiração
34:05eu quero que vocês ponham
34:06um toque de paz
34:07e otimismo junto
34:08para cada expirada
34:10eu quero que vocês
34:11soltem toda a raiva
34:12todo o estresse
34:13tudo que esteja
34:14atrapalhando vocês
34:15de serem legais
34:16legal
34:17agora eu quero que pensem
34:19na imagem de alguém
34:19que amam
34:20alguém que mora
34:21no seu coração
34:21para cada inspiração
34:26eu quero que usem
34:27a sua imaginação
34:27e mandem amor
34:28para essa pessoa
34:29mandem amor
34:29para essa pessoa
34:30eu diria que a mindfulness
34:33é
34:33ter a habilidade
34:35de entender
34:36que existem
34:37diferenças na vida
34:38mas que ao mesmo tempo
34:40somos todos um
34:41eu digo aos meus alunos
34:42todos os dias
34:43seja crítico
34:45descubra como funciona
34:46para você
34:46eu não quero que fique
34:47só ouvindo
34:47o que eu estou
34:47mandando fazer
34:48descubra como funciona
34:49em você
34:50para que você possa
34:50se beneficiar
34:51ao máximo que puder
34:52agora eu quero que
34:53pensem na imagem
34:55de alguém
34:56com quem vocês
34:56não se dão
34:57alguém que não
34:58são chegados
34:59para cada inspiração
35:03eu quero que vocês
35:03mandem amor
35:04para essa pessoa
35:04também
35:04voltando agora
35:06digam o que estão sentindo
35:07vocês estão bem?
35:12aliviada
35:12aliviada
35:13relaxada
35:14relaxada
35:14relaxada
35:15relaxada
35:15em paz
35:16em paz
35:17do que você mais gosta
35:24em dar aula
35:26nesse projeto?
35:27quando eu era pequeno
35:28eu só queria saber
35:28se alguém se importava
35:29comigo
35:30então
35:30quando eu mostro
35:31isso para eles
35:32que eu me importo
35:33com eles
35:33que eu quero mesmo
35:34ver eles se darem
35:35bem na vida
35:36bom
35:36só de fazer isso
35:37eu já fico super feliz
35:38o motivo
35:42porque eu gosto
35:43da meditação
35:44mindfulness
35:45como uma estratégia
35:46é que ela
35:47torna a gente
35:48consciente
35:49de emoções
35:50que estavam
35:50no fundo
35:51da nossa mente
35:52a vida inteira
35:53e isso é uma loucura
35:54e é lindo
35:55na humanidade
35:56a gente poder
35:57exercitar uma coisa
35:58no fundo da mente
35:59e de repente
36:00aprender uma coisa nova
36:01e mudar de verdade
36:02a história da minha vida
36:04é muito simples
36:05posso falar sem problema
36:06naquela época
36:07era outra coisa
36:08mas se realmente
36:08estivermos preocupados
36:09em mudar a sociedade
36:10precisamos do máximo
36:12de técnicas
36:12que pudermos
36:13e eu vejo a ciência
36:17como uma ferramenta
36:18valiosa
36:18desse processo
36:19de intervenção
36:22na Colômbia
36:22eu criei vários vídeos
36:24diferentes
36:25e vou estudar
36:25quais deles
36:26podem ter algum efeito
36:27nas atitudes
36:28das pessoas
36:29em direção a paz
36:30eu fiz os primeiros
36:31só com os membros
36:32das Farc
36:33mas ao me colocar
36:34na pele
36:34de um colombiano cético
36:36eu posso pensar
36:37que isso é só
36:38propaganda
36:38por isso
36:40mandei a equipe
36:40de filmagem
36:41de volta
36:42para falar
36:42com os moradores
36:43a polícia
36:43e os militares
36:44e as respostas
36:46foram completamente
36:47corroboradas
36:48para ser sincera
36:49no começo
36:50ficamos com medo
36:51a gente está ficando
36:52com mais confiança
36:53e também
36:54mais familiarizado
36:55com eles
36:56os maiores beneficiados
36:57tem sido
36:58a nossa comunidade
36:59o que nós descobrimos
37:01foi que todos
37:01os vídeos
37:02tiveram um papel
37:03razoável
37:03na diminuição
37:04da desumanização
37:05que se tinha
37:06do povo das Farc
37:07o vídeo mais efetivo
37:08mudou as percepções
37:09em cerca de 20 pontos
37:10na escala
37:11foi uma enorme mudança
37:17nunca tínhamos criado
37:18uma intervenção
37:19que chegasse
37:20a esse nível de efeito
37:21comparando com os outros
37:22olha
37:23isso é ciência
37:24no mundo real
37:25e complicado
37:26isso é uma tentativa
37:27de encontrar algo
37:28que nos dê
37:29uma ideia
37:30de que estratégia
37:31pode funcionar melhor
37:32e aí será que
37:33poderíamos usá-las
37:34em outras situações
37:35e ter efeitos similares
37:36potencializar o efeito
37:37essa é uma forma
37:40de fazermos progressos
37:41para que as gerações
37:42futuras saibam
37:43muito mais
37:44sobre como resolver
37:45conflitos
37:45do que nós agora
37:47não há nenhum
37:50acordo de paz
37:51em vista
37:51no momento
37:52como uma sociedade
37:54global
37:55temos realizado
37:56programas
37:56para a manutenção
37:57da paz
37:57há mais de 60 anos
37:59mas temos pouca ideia
38:01do que realmente
38:01funciona ou não
38:02então
38:04o meu objetivo
38:05é que daqui a 60 anos
38:07possamos saber
38:08muito mais
38:08do que agora
38:09eu tenho uma firme
38:13crença
38:13de que a ciência
38:14é um instrumento
38:15poderoso
38:15para nos ajudar
38:16a compreender
38:16o que aumenta
38:18o conflito
38:18e como podemos
38:21superar
38:22esse conflito
38:23a minha história
38:26não é só
38:27da transformação
38:28de uma ex-fundamentalista
38:29tem a ver
38:30com o poder
38:31da compaixão
38:32que cria pontes
38:33que parecem
38:34impossíveis
38:35a gente tem que
38:37começar a conversar
38:38de verdade
38:38com os outros
38:39tratar a todos
38:41como seres humanos
38:42é o momento
38:44de ficarmos juntos
38:45e imaginarmos juntos
38:46que a paz
38:47é possível
38:47eu compartilhei
38:52essa visão
38:52com dezenas
38:53de pessoas
38:54colegas cientistas
38:55gente que está
38:56trabalhando no momento
38:57na resolução
38:58de algum conflito
38:59e eles me ajudaram
39:00a dar forma
39:00a essa minha visão
39:02eu descobri
39:03que podemos juntar
39:04todas essas pessoas
39:05para que possamos
39:05criar um objetivo
39:06comum em torno
39:07de uma visão
39:08compartilhada
39:09e isso é o que
39:10eu sinto todos os dias
39:11ao fazer essa pesquisa
39:12e é por isso
39:13que eu estou
39:14tão animado com ela
39:15é porque realmente
39:16eu acredito
39:17que isso tem
39:17muito potencial
39:18eu estou muito feliz
39:36de estar aqui
39:36trabalhando com todos
39:37vocês
39:38porque
39:38todos nós aqui
39:40temos
39:41a mesma chama
39:42tá bom
39:44primeiro
39:45olha só
39:46eu sei que isso
39:47é chocante
39:48injusto
39:49mas
39:49isso acabou
39:50me trazendo
39:52uma urgência
39:53do agora
39:54esse aqui
39:55é o meu cérebro
39:56ou pelo menos
39:57o que era
39:58antes de sexta-feira
39:59e esse aqui
40:00é o tumor
40:01que está no meu cérebro
40:02isso não é
40:06autopiedade
40:07não é tristeza
40:08
40:09isso é um aprendizado
40:12que eu recebi
40:13da minha mãe
40:13que
40:14mesmo quando estava
40:18à beira do desespero
40:19ela só me deu amor
40:21e isso me deu
40:23bastante clareza
40:24todos nós aqui
40:26estamos interessados
40:26interessados
40:27em conflitos
40:28intergrupais
40:29e isso é um grande
40:30problema social
40:31como o câncer
40:32e isso também
40:34tem uma base
40:35biológica
40:36então
40:37se fôssemos
40:37tratar o problema
40:38exatamente
40:39como uma pesquisa
40:40de câncer
40:41faríamos exatamente
40:42a mesma coisa
40:43bom
40:44o meu mundo
40:45é psicologia social
40:47neurociência cognitiva
40:48e é maravilhoso
40:49tem muita coisa
40:50legal acontecendo
40:51e tem esse outro mundo
40:53que é um grupo
40:54de organizações
40:55super legais
40:56e o que eu pensei
40:57foi
40:57tá bom
40:58é assim que as coisas
40:59estão funcionando
41:00há anos
41:00tipo
41:01tem a engrenagem
41:02girando de um lado
41:03e a engrenagem
41:04girando do outro
41:05se quisermos usar
41:07a ciência
41:08para conseguirmos
41:09um efeito real
41:10num conflito
41:10temos que começar
41:12a pensar
41:12em como
41:13empurrar os achados
41:14nessa direção
41:15e daí começamos
41:17a criar intervenções
41:18e daí podemos levar
41:20para o mundo caótico
41:22e ver se funcionam
41:23então essa
41:24é uma luta
41:25difícil
41:26contra conflitos
41:27intergrupais
41:28mas não vale a pena
41:30fazer um esforço
41:31não vale a pena
41:32lutar por isso
41:33legal cara
41:36eu também te amo
41:37você sabe disso
41:38valeu
41:38a gente ainda vai fazer
41:40muita coisa
41:41juntos no futuro
41:41isso vem cá
41:43eu nunca me convenci
41:45com essa história
41:46de que os indivíduos
41:47não tem poder
41:47para mudar os outros
41:48eu gostei muito
41:51do que você falou
41:52é inspirador
41:53achei demais
41:54já aconteceu
41:56de eu ter sido
41:57bem tratado
41:58por alguém
41:58cuja gentileza
41:59eu não merecia
42:00as vezes é por um comentário
42:04fazendo com que eu perceba
42:05que possuo preconceitos
42:07e aí eu posso levar isso adiante
42:09e ensinar outras pessoas
42:11nosso cérebro foi feito
42:16para mudar
42:17mas acho que psicologicamente
42:19as vezes temos medo
42:21de mudanças
42:21mas depois de aceitar
42:24a ideia de que
42:25ah
42:26esse é um outro legado
42:28evolucionário
42:29que me foi dado
42:29além do legado
42:30de ser atraído
42:31para conflitos grupais
42:33quando ficamos interessados
42:37nas possibilidades
42:38de mudança
42:38em vez de ter medo
42:40novas possibilidades
42:43se abrem
42:44versão brasileira
42:55voxmund
43:03e aí
43:12e aí
43:16e aí
43:18e aí