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  • 12/05/2025
T1 EP.5 – Crimes Contra a Humanidade

Qual é a origem dos crimes contra a humanidade?

A advogada criminalista Patricia Viseur Sellers traça o perfil dos perpetradores, de líderes a seguidores, e das pessoas que resistem ao poder do ódio.

44 min
Transcrição
00:00A CIDADE NO BRASIL
00:30A CIDADE NO BRASIL
01:00A CIDADE NO BRASIL
01:02A CIDADE NO BRASIL
01:04A CIDADE NO BRASIL
01:06A CIDADE NO BRASIL
01:08A CIDADE NO BRASIL
01:10A CIDADE NO BRASIL
01:12A CIDADE NO BRASIL
01:14A CIDADE NO BRASIL
01:16A CIDADE NO BRASIL
01:18A CIDADE NO BRASIL
01:20A CIDADE NO BRASIL
01:22A CIDADE NO BRASIL
01:24A CIDADE NO BRASIL
01:26A CIDADE NO BRASIL
01:28A CIDADE NO BRASIL
01:30A CIDADE NO BRASIL
01:32A CIDADE NO BRASIL
01:34A CIDADE NO BRASIL
01:36A CIDADE NO BRASIL
01:38A CIDADE NO BRASIL
01:40A CIDADE NO BRASIL
01:42A CIDADE NO BRASIL
01:44A CIDADE NO BRASIL
01:46Nas décadas de 60 e 70
01:48Quando eu era criança
01:50A campanha por direitos civis
01:52Estava em seu ápice
01:54As conversas à mesa de jantar
01:56Eram sobre direitos civis
01:58Sobre o certo e o errado
02:00Sobre justiça
02:02Eu queria ser advogada desde os 11, 12 anos.
02:05Eu queria trabalhar contra a justiça social.
02:11Comecei a minha carreira como defensora pública na Filadélfia.
02:16Nos últimos 25 anos eu tenho trabalhado como advogada criminal de âmbito internacional.
02:21Em nome da promotoria, com crime de guerra, genocídios ou crimes contra a humanidade.
02:27Os muçulmanos roíngias são as principais vítimas do massacre em Mianmar.
02:32Que costumavam ser consequência de uma perseguição implacável.
02:36O êxodo de Ruanda é imenso.
02:38Que pode levar a centenas de milhares de mortes.
02:42Os resultados da guerra civil na Síria.
02:45Esse tipo de crime tem ocorrido em toda a história.
02:50Mesmo aqui, nos Estados Unidos.
02:54Então, este é o Memorial Nacional da Paz e da Justiça.
02:59Essas terras eram ocupadas pelas populações nativas.
03:04E elas foram aniquiladas e expulsas da sua terra.
03:11Ninguém neste país tem noção do genocídio indígena.
03:16Na verdade, quando usamos essa palavra, as pessoas não entendem do que estamos falando.
03:20A chave do genocídio estaria no desejo de destruir o outro.
03:25A forma como fizeram nos Estados Unidos foi criando uma narrativa de diferenças raciais.
03:30Eles são selvagens, não são humanos de verdade.
03:33E essa retórica foi usada para justificar a violência.
03:36Então, os maus tratos, as mortes, as doenças, os sofrimentos deles não eram algo importante.
03:42Ninguém se sentia envergonhado ou desumano pela forma como as pessoas estavam sendo expulsas das suas terras.
03:48E eu acho que esse tipo de narrativa também foi o que permitiu que essa nação se sentisse no direito de escravizar milhões de africanos.
03:58E essa comunidade, em particular, tem uma história de escravidão bastante complicada.
04:04O Alabama estava no coração do comércio escravagista.
04:10E em 1860, dois terços das pessoas vivendo nesta região eram de negros escravos.
04:18Por séculos, a narrativa de inferioridade racial foi usada para justificar a escravidão.
04:25Mas depois da abolição, os brancos decidiram manter sua dominância racial
04:30e criaram uma nova ordem social com o regime Jim Crow.
04:35No direito internacional, isso seria chamado de apartheid.
04:43Houve uma campanha de terror para fazer com que os ex-escravos negros participassem dessa nova ordem social,
04:51dessa nova ordem racial, em que eles eram desumanizados,
04:55eram forçados a trabalhar nas colheitas e nas fazendas.
04:58Eles ainda não tinham direito sobre os seus corpos, sobre as suas famílias,
05:03e foi aí que se iniciou a era dos linchamentos.
05:16Este monumento dá uma ideia de distribuição dessa violência.
05:20E às vezes, em eventos de larga escala,
05:27todas essas pessoas eram mortas no mesmo dia e na mesma hora.
05:32Ah, meu Deus.
05:34Os trabalhadores eram linchados quando mostravam quaisquer sinais de organização ou protesto.
05:40Sete negros foram linchados por beber em água do poço de um branco.
05:45Muitas vezes, centenas de pessoas ou até milhares vinham só para assistir aos linchamentos,
05:54como que para celebrar essa tortura.
05:57E também traziam as suas crianças.
05:59Sim, já vi cartões postais.
06:00Isso, os cartões postais.
06:01As pessoas levavam os cartões.
06:03Havia anúncios nos jornais dizendo
06:05negro será linchado às cinco horas.
06:08Venham.
06:08Venham, venham.
06:11Isso me faz pensar num conceito da lei criminal internacional.
06:14Eles seriam crimes coletivos.
06:16Sim, com certeza.
06:17Um crime contra a humanidade, contra a população civil.
06:19Com certeza.
06:20Uma coisa é um indivíduo assassinar uma outra pessoa.
06:24Isso mesmo.
06:24Mas linchar indivíduos aterroriza toda uma população.
06:29Com certeza, é verdade.
06:31Este é o meu sobrenome.
06:36Minha nossa.
06:36Oh, meu Deus.
06:37Olha isso.
06:38Este é o meu sobrenome.
06:40É mesmo?
06:41E o que aconteceu foi que muitos deixaram o Mississipi para morar na Filadélfia,
06:45para morar na Nova Jersey.
06:47Isso.
06:47E não diziam de onde tinham vindo.
06:51Uau.
06:54Uau.
06:55É, eu sei.
06:57Não dá para pensar.
06:59Nessa parte do mundo isso nunca aconteceria.
07:01Pode acontecer em qualquer lugar.
07:03Pode ser no sul dos Estados Unidos, pode ser no leste europeu, na África subsaariana.
07:10Precisamos criar a consciência de que, ao ver isso, temos que lutar contra.
07:15Não podemos permitir sermos governados pelo medo e o ódio.
07:18Esses não são crimes de ímpeto.
07:24Um dia, alguém decide que não gosta mais do vizinho.
07:29Nós chegamos lá, passo a passo.
07:36Há incitação, propaganda.
07:39Somos tomados pela ideia de que eles não são como a gente e que temos que nos proteger.
07:45E nós normalizamos o ódio, a violência desproporcional.
07:53Nós seguimos dizendo, bom, as coisas são assim mesmo.
07:57Não tem jeito.
07:58E ao me lembrar de vários casos em que trabalhei, de crimes contra a humanidade ou genocídio,
08:12costuma sempre haver um líder.
08:14Alguém que personifique a ideologia governante para as massas
08:27e que convença a todos de que há um inimigo à solta.
08:32Que esse inimigo quer destruir nossos valores.
08:36E que esse inimigo tem que ser eliminado.
08:40O líder pode dizer, não, isso não é ódio, isso é amor, isso é amor próprio.
08:46Vamos reconquistar a nossa glória.
08:50Tudo começou em 18 de abril de 1975,
08:53quando o Pol Pot declarou ser o primeiro dia do ano zero.
08:59O Pol Pot foi o líder da Revolução do Quimete Vermelho, no Camboja,
09:04um pequeno país no sudeste asiático.
09:06Ele é um exemplo perfeito do tipo de liderança que leva a uma histeria ou loucura nacional.
09:16Décadas de humilhações sob o julgo dos colonizadores franceses
09:20e dos invasores militares norte-americanos
09:23levaram a um desejo de transformação social
09:26e a sua distorção em um regime fechado.
09:29Há dois inimigos contra quem lutar.
09:35O primeiro é o imperialismo, principalmente o dos Estados Unidos.
09:40O segundo é o privilégio de classes.
09:46O Pol Pot lembrou os cambojanos de seu passado glorioso.
09:49Âncor foi um antigo reino esplendoroso do Quimete.
09:56Era uma capital cosmopolita vibrante, como Paris ou Londres.
10:02Então o Pol Pot dizia ao seu povo,
10:05nós iremos recuperar a glória do século XII.
10:08Em uma geração, ele iria tornar o Camboja grande...
10:12outra vez.
10:13Para fazer isso, ele teria que erradicar os elementos corruptos da sociedade.
10:21Os capitalistas e intelectuais que, segundo ele,
10:24exploravam os cambojanos decentes.
10:27Esses inimigos da Revolução não podiam ser poupados.
10:32Quase dois milhões de pessoas, cerca de um quarto da população,
10:36morreram durante o governo do Quimete Vermelho de 1975 a 1979.
10:43Mas para matar tantas pessoas,
10:47é preciso haver uma espécie de máquina, uma organização.
10:50Não somente o Pol Pot, mas aqueles que o cercavam.
10:56O diretor prisional, Khan Keqi, conhecido como Camarada Deutsch,
11:00admite ter supervisionado a morte de mais de 15 mil pessoas.
11:04A corte considera Khan Keqi culpado.
11:08E agora o homem que ordenou essas mortes foi condenado por crimes contra a humanidade,
11:12extermínio, tortura, perseguição e escravização.
11:17Seus crimes foram considerados entre os mais hediondos jamais cometidos.
11:23A sua sentença foi a mais pesada possível.
11:26Prisão perpétua.
11:29Nós podemos ter uma compreensão legal das evidências, dos fatos,
11:33mas sempre fica a questão fundamental.
11:36Por que eles fizeram isso?
11:39Como foram capazes?
11:42O Camarada Deutsch dirigiu o famoso Centro de Torturas S21.
11:46Foi o primeiro veredito da corte internacional,
11:49mais de três décadas depois das atrocidades no Camboja.
11:52Eu não tive uma infância muito fácil.
12:10Quando o Quimé Vermelho chegou,
12:13de uma hora para a outra,
12:14nos vimos obrigados a trabalhar nos campos de arroz dia e noite.
12:19E assim foi minha adolescência.
12:24Eu tentei me manter humano.
12:29Na minha família, éramos em dez.
12:34E só dois de nós sobrevivemos ao Quimé Vermelho.
12:41Eu estou tentando viver com os horrores que vivenciei.
12:45O meu filme tenta entender o sistema de segurança e de opressão do Quimé Vermelho.
12:58E para entender o sistema,
13:00é preciso entender o Deutsch e a S21.
13:04Quando filmei o Deutsch,
13:14eu fiquei tão perto que eu podia tocá-lo.
13:17Era como estar próximo do mal.
13:20Esse senhor, que foi professor de matemática,
13:28que era bem educado,
13:30que falava outras línguas,
13:34que entendia de pintura e de poesia,
13:38o que eu queria saber era
13:39onde estava sua consciência
13:41quando cometi esses crimes.
13:43Eu entrei na revolução para servir ao meu país.
13:52Jurei de mão levantada a lealdade ao partido.
13:59Eu era dedicado à causa.
14:02Ah, muito obrigado.
14:26Estes são os prisioneiros que morreram sob tortura.
14:29A revolução não só matou gente.
14:38Era preciso legitimar a violência.
14:44O ódio precisava ser combinado com uma ideologia.
14:50Quem era preso era considerado inimigo.
14:55Nós os fazíamos confessar
14:57que tinham traído o partido.
14:59O prisioneiro escrevia uma confissão
15:10de que era um inimigo da revolução.
15:14E aí eles eram mortos.
15:19Aqui, esta é a letra do Doit.
15:23Toda vez que o prisioneiro escrevia uma confissão,
15:26o Doit ali mandava que ele reescrevesse.
15:30Isso podia acontecer 20, 30 vezes ou mais.
15:35Esta é a letra do Doit.
15:35Esta é a letra do Doit.
15:39Sua confissão não serve.
15:44Queimi.
15:48E havia tortura.
15:49A tortura podia ser cortes, arrancar unhas, chicotadas, sufocamento.
15:57Choque elétrico e excremento.
16:02Nós o fizemos engolir umas três colheres de fezes.
16:07Ele podia ficar com alguém por mais de um ano.
16:11Até conseguir o que ele queria.
16:16Os relatos sobre a S-21 chegaram ao comitê permanente.
16:22Mais do que os das outras, a S-21 pôde se sobressair.
16:26Paul Pott disse, especial.
16:30Para fazer funcionar um regime totalitário,
16:33é preciso haver pessoas pensantes,
16:38inteligentes, com cultura,
16:42mas que estejam cegas por um ideal.
16:45A minha foto falando ao microfone é verdadeira.
16:53Vejam o meu rosto.
16:55Ele não está triste,
16:58mas é o rosto de alguém ansioso
17:00para explicar a essência da sua retórica de mortes.
17:06Como eu poderia ficar contra o meu povo
17:08e considerá-lo inimigo?
17:10Eu me considero inocente.
17:18Eu pertenci à força policial
17:21do Partido Comunista de Campuchia.
17:26Por isso o governo é responsável por esse crime.
17:37O Deutsch diz que eu poderia ter sido
17:40um bom diretor da S-21.
17:44Eu disse, não.
17:46Você ocupou seu lugar e eu estou no meu.
17:50Essa é a perversidade do Deutsch,
17:53dizer que qualquer um poderia fazer o que ele fez.
17:58Todos os assassinos dizem isso.
18:03Será que qualquer um poderia ser como o Deutsch?
18:06Não.
18:09Há uma escolha.
18:12Todos os grandes criminosos fizeram uma escolha.
18:17A maioria acredita que nunca cometeria um crime contra a humanidade.
18:23Mas no meu trabalho de acusar crimes de guerra,
18:25fico surpresa de quantas pessoas já fizeram essa escolha.
18:30Mas o que acordaria esse monstro dentro de nós?
18:33Para aqueles que trabalham com crimes de guerra internacionais,
18:43um ponto de referência importante é o Holocausto,
18:46quando a Alemanha nazista eliminou 6 milhões de judeus.
18:50Depois da Segunda Guerra Mundial,
18:57quando a dimensão do Holocausto foi revelada,
18:59levantaram-se várias questões.
19:04Como isso pôde acontecer?
19:06Seria da nossa natureza nos tratar com tanta crueldade?
19:11Em Jerusalém foi realizado o julgamento de Adolf Eichmann,
19:15revivendo as lembranças dos horrores nazistas da Segunda Guerra Mundial.
19:19Adolf Eichmann foi o principal arquiteto
19:22do que ficou conhecida como a solução final,
19:25a solução nazista, o projeto de eliminar os judeus.
19:29O que todos esperavam era ver um monstro.
19:33Mas, na verdade, o que viram foi um homem
19:35que parecia assustadoramente normal.
19:38Eu não tinha pensado numa solução sangrenta,
19:42muito menos numa tão violenta.
19:45De alguma forma, isso foi o que mais chocou
19:47a ideia de que os perpetradores de tanta maldade,
19:50aqueles que estiveram na liderança,
19:51os responsáveis pelo Holocausto,
19:53eram gente como eu e você.
20:00A primeira coisa que me lembro das aulas de psicologia
20:03foi sobre a experiência de Milgram.
20:07Stanley Milgram,
20:08que foi um professor de psicologia em Yale,
20:11era de origem judaica.
20:13Sua família tinha conseguido escapar
20:15por pouco da tirania nazista
20:17na Segunda Guerra Mundial.
20:20Muita gente achava impossível
20:21que o povo alemão pudesse se entregar
20:23à tirania, pudesse se entregar
20:25ao nazismo e ao fascismo
20:27da forma como o fez.
20:29Mas o que muitos contemporâneos do Milgram
20:31puderam observar foi que uma nação inteira
20:34foi de alguma forma
20:35levada por uma maré de ódio.
20:37Então, o objetivo do Milgram
20:40foi entender
20:41até que ponto pessoas comuns
20:43poderiam ter comportamentos
20:45tirânicos e cruéis.
20:48O experimento será conduzido
20:50no laboratório da Universidade de Yale.
20:53Na mesma época do julgamento
20:55de Adolf Eichmann em 1961,
20:58Stanley Milgram colocou anúncios
21:00nos jornais de New Haven
21:02pedindo a membros do público
21:04que fossem ao seu laboratório
21:06para fazer parte de um experimento
21:07sobre os efeitos da punição
21:09no aprendizado.
21:10Um de vocês será o professor
21:12e o outro o aluno.
21:14O aluno teria que conseguir
21:16lembrar certos pares de palavras.
21:19Menina azul, bom dia,
21:21pescoço gordo e a seguir.
21:22Gordo homem, mulher duro, pescoço.
21:25O professor lia palavras em voz alta
21:27e toda vez que o aluno
21:29pareava uma palavra
21:31de uma forma errada,
21:33o trabalho do professor
21:34era dar uma punição a ele.
21:37Um choque elétrico rápido.
21:40Começando com 15 volts,
21:41subindo em intervalos de 15 volts
21:43até chegar a 450 volts.
21:46Errado, 45 volts.
21:4975 volts.
21:51Chegando em 90 volts,
21:52o aluno ficava...
21:53105.
21:55E chegando aos 150,
21:58ele dizia,
21:58eu quero sair daqui.
21:59Não pode me manter aqui,
22:00eu quero sair.
22:01Então, a coisa ia piorando.
22:05Na verdade,
22:07a estrutura do experimento
22:08e o que foi muito astuto
22:10é que era uma encenação.
22:11O que realmente interessava a eles
22:14era o envolvimento do participante
22:16no papel do professor.
22:18Pode seguir.
22:19E o quanto estava disposto
22:20a seguir ordens tóxicas
22:22e infligir dor a outra pessoa.
22:24Está doendo muito.
22:25O participante real
22:27sempre era o professor.
22:29Pode sair, por favor.
22:32O aluno, na verdade,
22:33era um colaborador de Milgram
22:35e os gritos de dor
22:36eram apenas gravações.
22:39Eu quero sair.
22:40O cara não está legal lá.
22:42Continue.
22:43Pode seguir.
22:46O interessante ao examinar os arquivos
22:49é que uma parte importante
22:50do experimento
22:51era o que o Milgram fazia
22:53para que eles quisessem
22:54continuar fazendo aquilo.
22:56O experimento requer
22:57que você continue.
22:58Próximo, devagar.
22:59Ele dizia que era
23:00um experimento científico
23:01muito importante
23:02e que eles estavam fazendo
23:03uma grande contribuição
23:04à ciência ao participar.
23:06É essencial que você continue com isso.
23:09A apresentação do experimento
23:11como algo bom e importante
23:13Eu quero sair.
23:13Me tira daqui.
23:14era fundamental
23:15para que os professores
23:16não parassem.
23:17Posso parar?
23:18O experimento requer
23:19que você continue.
23:20Eles viam seus objetivos
23:22como valiosos e válidos
23:24e consideravam
23:25a ciência do estudo importante.
23:27Eles entendiam
23:28que estavam fazendo
23:28uma coisa boa,
23:29não uma coisa ruim.
23:31450 volts.
23:33450 volts.
23:35450 volts.
23:3865% dos participantes
23:40foram até o fim
23:41do aparelho de choque
23:42para além do ponto marcado
23:44como perigo extremo.
23:45A experiência de Milgram
23:50sugere que uma pessoa comum
23:52estaria disposta
23:53a matar alguém
23:54só porque isso
23:55lhe foi pedido
23:56como parte
23:56de uma pesquisa científica.
24:00E é claro que isso
24:02foi um achado chocante,
24:03surpreendente,
24:05alarmante
24:05e extremamente provocativo.
24:07Caso de número
24:12IT-0368T
24:14Promotoria contra
24:16Nasser Orch.
24:18Depois do holocausto
24:19surgiram novas leis
24:20como a convenção
24:22contra o genocídio.
24:23Promotoria contra
24:24Dragon Nicolich.
24:26Mas todas essas leis
24:28internacionais
24:29e instituições
24:30levaram à questão
24:31quem deve ser
24:33responsabilizado
24:34pelos crimes.
24:37Somente líderes
24:38como Hitler
24:39ou os administradores
24:40do alto escalão
24:41como Adolf Eichmann
24:42ou o camarada Deutsch.
24:44E os subalternos
24:46que executaram
24:47as suas ordens
24:47eles também
24:48seriam culpados?
24:56Quando eu estudei direito
24:57no final dos anos 60
24:58começo dos 70
24:59a gente aprendia
25:01que basicamente
25:01havia somente um culpado
25:03e que o culpado
25:04era o Adolf Hitler
25:05e alguns outros
25:06oficiais nazistas
25:08importantes.
25:11Juízes da Inglaterra,
25:12Estados Unidos,
25:13Rússia e França
25:13se reuniram
25:14no tribunal
25:15de Nuremberg
25:15para o julgamento
25:16de 20 líderes
25:17do partido nazista.
25:20A Alemanha
25:21conseguiu bastante
25:22através desses
25:23julgamentos de nazistas
25:24mas isso não foi suficiente.
25:27Menos de 5%
25:29dos criminosos
25:30acabaram chegando
25:31aos tribunais.
25:32O Christoph Ruckel
25:34foi um advogado
25:35corporativo internacional
25:36por várias décadas
25:37mas alguns anos atrás
25:38ele começou a processar
25:39criminosos
25:40de guerra nazistas
25:41e hoje
25:43ele está representando
25:44os sobreviventes judeus
25:46do campo de concentração
25:47de Stutthof
25:47no norte da Polônia.
25:49Stutthof
25:50foi um dos primeiros
25:51campos de concentração
25:52construídos
25:53fora da Alemanha.
25:55Mais de 60 mil pessoas
25:56foram mortas ali
25:57e entre as vítimas
25:58estavam poloneses,
25:59judeus,
25:59prisioneiros de guerra
26:00soviéticos.
26:02O julgamento
26:02de Stutthof
26:03na Alemanha
26:04é algo novo
26:05e diferente
26:06porque a promotoria
26:08alemã
26:09acusou dois guardas
26:12da SS
26:12de patente baixa
26:14e o que eles dizem
26:15é que quem manda
26:16alguém para um campo
26:17de concentração
26:18conhecendo as
26:19condições de vida
26:21num campo de concentração
26:22sabe com quase
26:24total certeza
26:24que essa pessoa
26:25vai morrer.
26:26então mandar alguém
26:28para lá
26:28e ser um guarda lá
26:29seria uma tentativa
26:31de assassinato
26:32ou uma participação
26:33numa tentativa
26:34de assassinato.
26:37Havia cerca
26:38de dois mil homens
26:39da SS
26:40em Stutthof
26:41guardando o campo
26:42e agora temos
26:44dois homens
26:45sendo julgados
26:45por esses crimes
26:46e sua defesa
26:47é basicamente
26:48eu só segui ordens
26:50e não tinha noção
26:51do que estava acontecendo ali.
26:52todo mundo parecia
26:54saudável
26:55e bem alimentado
26:57então
26:59se o acusado
27:01disser
27:02eu não estava ciente
27:04das condições horríveis
27:05isso pode não ser
27:07um argumento
27:08plausível
27:09para a defesa.
27:14Eu vim aos Estados Unidos
27:16para ver uns clientes meus
27:18eles são sobreviventes
27:20do holocausto
27:21todos relacionados
27:22a Stutthof.
27:24Bom dia, tudo bem?
27:25Que bom ver vocês.
27:26Pode entrar.
27:27Esses julgamentos
27:28são muito mais importantes
27:29do que só dois acusados.
27:32É importante
27:33para os membros
27:34das Forças Armadas
27:35nas gerações futuras
27:37para que não aconteça
27:38outra vez.
27:40Isso é muito importante.
27:42Só quero te deixar
27:43a parte
27:43do que está acontecendo.
27:45Esses são os dois guardas
27:46o Dr. Hebogen
27:47e o Sr. Schultz.
27:49Mas eles devem
27:50estar velhos, não é?
27:5191 e 92, é isso.
27:54Então...
27:55A Anne é uma
27:56das testemunhas-chave
27:58porque a gente
27:59não tem muitos vivos
28:00na casa dos 90.
28:02Você quer mesmo
28:03ver fotos
28:03de Stutthof?
28:05Hoje é um museu.
28:05Ah, quero.
28:06Tá bom, eu mostro.
28:08Aqui é o portão
28:09por onde todo mundo passava.
28:12Sim, sim.
28:14Lembra disso, vovó?
28:16Ah, claro.
28:18Eles disseram
28:19você só são um número.
28:22A gente tinha um número.
28:24E era só um número.
28:26Na preparação
28:27para o julgamento
28:28nós temos que ter
28:29uma ideia clara
28:31de como era a rotina
28:32no campo de concentração.
28:34E eu espero
28:35que fique óbvio
28:36que cada um
28:37dos guardas
28:38da SS
28:39estava ciente
28:40de todas as crueldades.
28:42O objetivo
28:52de visitar
28:53Stutthof
28:54é porque
28:54é muito importante
28:56num julgamento
28:58a gente conhecer
28:59vamos dizer assim
29:00a cena do crime.
29:02E a cena do crime
29:03foi Stutthof.
29:07Eles entravam
29:08por aqui
29:09e depois recebiam
29:10os seus números.
29:12Estavam todos
29:16morrendo de fome.
29:18Eles só ficavam
29:18pensando em comida.
29:21Os alemães
29:22sabiam que uma pessoa
29:24só conseguia
29:25sobreviver ali
29:26por três,
29:27quatro meses.
29:28Nada mais.
29:29Nada mais.
29:30Três, quatro meses.
29:33Aqui é a câmara de gás.
29:37Eles iam para o telhado
29:38e jogavam o gás
29:40Ciclombia.
29:40Isso.
29:42Nossa.
29:43É.
29:44Eles gritavam,
29:45choravam ali.
29:46Eles não podiam respirar.
29:48E em poucos minutos
29:49estavam mortos.
29:55No começo
29:56havia um forno.
29:57Ele queimava
29:58uns cinco,
29:59seis corpos
29:59a cada hora.
30:01Mas não era o bastante
30:02para o campo.
30:03Então eles fizeram
30:04mais dois fornos.
30:05Eu tenho que sair.
30:12Eu tenho que sair.
30:13Isso é demais.
30:15Fá.
30:19Os guardas
30:20vigiavam os prisioneiros
30:21o tempo todo.
30:24Eles andavam
30:24por todo o campo.
30:26E também tinha
30:27as torres de vigia.
30:28É incrível
30:33o que se vê daqui.
30:35Tudo.
30:35Cada detalhe.
30:38Então,
30:39eu fico me perguntando
30:40como um guarda
30:41pode dizer
30:42eu não vi
30:43nada
30:44que parecesse ruim
30:45para mim.
30:47Eu não acredito.
30:48Não dá para acreditar.
30:49Mas vamos ver.
30:49No julgamento,
30:50vamos ver.
31:02Eu não tenho condições
31:04de dizer
31:05o que eu teria feito.
31:07É muito difícil imaginar.
31:15Mas nós temos
31:16que tomar uma decisão.
31:17E essa decisão
31:18se baseia
31:19na lei,
31:21na ética
31:22e provavelmente
31:24em noções morais.
31:26E existem situações
31:27em que
31:27é preciso entender
31:28que não dá
31:30para seguir
31:31todas as ordens.
31:32Temos que tomar
31:33nossas próprias decisões.
31:37Se existe alguma coisa
31:39que fica muito clara
31:40num estudo
31:41sobre genocídio
31:42e assassinato em massa
31:44é o princípio
31:46de que as pessoas
31:47são responsáveis
31:48pelas suas ações.
31:50Mas eu também diria
31:52que o que eu chamo
31:53de socialização
31:54na maldade
31:55é uma questão
31:56muito importante
31:57porque o indivíduo
32:00não precisa ser
32:01um assassino
32:02de nascença.
32:05Todos temos elementos
32:06de ódio em nós
32:08que são potencialmente
32:09muito fortes
32:10e uma determinada
32:12ideologia
32:13que seja
32:14totalitária
32:15e destrutiva
32:16pode evocar
32:18e intensificar
32:20esse tipo de ódio
32:22e torná-lo
32:23coletivo.
32:26Os crimes de genocídio
32:28contra a humanidade
32:29não são somente
32:30cometidos
32:31pelos líderes
32:32e oficiais
32:33de alta patente.
32:34Os genocídios
32:36são cometidos
32:37por gente
32:38de todos os níveis
32:39através da
32:40cumplicidade,
32:41ajuda
32:42e incentivo
32:43mútuos.
32:45Independentemente
32:45do desfecho
32:46do julgamento
32:47de Stutthof,
32:48acusar os guardas
32:48de patente inferior
32:49nos lembra
32:50sobre uma verdade
32:51essencial.
32:52Eles poderiam ser
32:53nossos vizinhos
32:54ou até nós.
32:58Nós temos
32:58a capacidade
32:59de fazer as coisas
33:00mais monstruosas
33:02que nenhum de nós
33:03se julgaria capaz
33:05de fazer.
33:06Mas também
33:07temos a capacidade
33:08de fazer uma escolha
33:10que é a de nunca
33:11fazer isso.
33:12Acho que essa capacidade
33:14tem a mesma força.
33:16O que faz a diferença
33:17para que uma pessoa
33:18ou outra
33:19se expresse?
33:20Acho que essa
33:21é uma questão
33:22intrigante.
33:23O que faz
33:24com que uma pessoa
33:25expresse o lado
33:26monstruoso
33:27do seu ser
33:28e outros
33:29que vivem
33:31entre monstros
33:32se mantém uma
33:33manhãs?
33:36450 volts.
33:38Uma proporção
33:38substancial
33:39faz o que é
33:40mandado,
33:40contanto que achem
33:41que o comando
33:42veio de uma
33:42autoridade legítima.
33:44Muita gente
33:45costuma se referir
33:46à experiência
33:46de Milgram
33:47como se houvesse
33:48apenas uma versão
33:49dela.
33:50Mas muitos
33:51pesquisadores
33:52examinaram
33:53as suas anotações,
33:54verificaram
33:55os seus dados
33:56e na verdade
33:56começaram a questionar
33:58esse desejo
33:58das pessoas
33:59de infrigir a dor.
34:00preste atenção
34:02nas instruções.
34:03Tudo se resume
34:04à tensão
34:05entre,
34:06de um lado,
34:07ouvir a voz
34:08do pesquisador
34:09e, do outro lado,
34:13ouvir os gritos
34:14do aluno.
34:17E o que o Milgram
34:19fez com cerca
34:20de 25 a 30
34:22versões
34:22do seu estudo
34:23foi manipular
34:24essas forças.
34:26E o que se viu
34:27é que os níveis
34:28de obediência
34:29também podem mudar.
34:32Há uma variante
34:33que é a condição 24
34:36quando os participantes
34:37trouxeram um amigo.
34:40E o amigo
34:41seria o aluno
34:43e o participante
34:44seria o professor.
34:46Não dá para continuar.
34:47E o que ele descobriu
34:49foi que nesse caso
34:50uma pequena porcentagem,
34:51creio que uns 15%
34:52das pessoas
34:53foi até o final
34:54do nível de choque.
34:55Quer ele goste ou não,
34:57temos que continuar
34:57até ele aprender
34:58todas as palavras.
35:00O que o pesquisador
35:01tentou fazer
35:01foi estabelecer
35:02uma estrutura categorial
35:04na situação.
35:05Somos nós,
35:06os experimentadores
35:07e os alunos
35:09são eles.
35:10Eu não quero continuar
35:11se ele for ferido.
35:13Os participantes percebem
35:14não tem uma estrutura
35:15categorial diferente aqui.
35:17O aluno não é eles.
35:18Ele é nós.
35:19Sinto muito.
35:21Prefiro parar
35:22e ir embora.
35:23No laboratório,
35:27os sujeitos desobedientes
35:28de Milgrom
35:29resistiram às ordens
35:30de ferir os outros.
35:32Mas como seria
35:33no mundo real?
35:36Sentem-se.
35:37Quando trabalhei
35:38no tribunal
35:38para o genocídio
35:39de 1994
35:40em Ruanda,
35:42eu queria saber
35:43como alguns indivíduos
35:44conseguiram resistir
35:45mesmo depois do ódio
35:47e violência
35:48se tornarem a regra.
35:50Desde o início do dia,
35:54o grupo étnico
35:55dos Hutus
35:56está perseguindo
35:57e assassinando
35:58os Tutsis
35:58e os Hutus
35:59mais moderados.
36:03Cerca de 800 mil pessoas
36:06foram assassinadas
36:07em apenas 100 dias.
36:10Os Hutus
36:11e os Tutsis
36:12comiam lado a lado
36:13por Deus sabe
36:15quantos anos.
36:16Mas como houve
36:17uma campanha
36:18muito agressiva
36:21para promover
36:23o ódio
36:24contra os Tutsis,
36:27as pessoas
36:27se voltaram
36:29contra seus semelhantes
36:30a ponto de matá-los.
36:32Quando eu tinha uns
36:4912 anos,
36:50gostava de ver
36:52o Rayon Sport
36:53treinar.
36:54E foi então
36:55que eu comecei
36:56a me interessar
36:58em me tornar
36:59um jogador de futebol,
37:00um goleiro.
37:14Ele era
37:15e ainda é
37:16o maior clube
37:16de futebol
37:17do país.
37:21E os jogadores
37:22eram das duas etnias
37:24de Ruanda,
37:26Hutus e Tutsis.
37:27Meu colega de time,
37:31Longé Munirangabô,
37:33chegou ao Rayon Sport
37:34aos 18,
37:3519 anos,
37:36eu acho.
37:38Eu tinha 16
37:39e a gente
37:41ficou logo amigo.
37:44A gente passava
37:45muito tempo junto,
37:47jogando futebol
37:48e numa época
37:49a gente chegou
37:50a morar junto.
37:52Era bom conversar,
37:53paquerar as garotas.
37:55A gente se divertia
37:57muito.
37:59Ele era
37:59o Tu
38:00e eu sou
38:02um Tutsi.
38:04Durante os campeonatos
38:05a gente detestava
38:06esse tipo de diferença.
38:10E isso não afetava
38:11a amizade
38:12que eu tinha.
38:19Naquela montanha ali
38:21foi onde
38:22os soldados
38:23do regime
38:23ficaram acampados.
38:25pouco antes
38:26de começar
38:27o genocídio.
38:31Os soldados
38:32foram de casa
38:33em casa
38:34matando Tutsis.
38:38Então eu decidi
38:39ir me esconder
38:40na casa
38:41do meu amigo,
38:42o Longé.
38:42e na casa dele
38:51chegou a ter
38:53umas
38:53dez pessoas
38:54escondidas
38:55sendo ajudadas
38:56por ele
38:56de um jeito
38:57ou de outro.
39:04A gente
39:05realmente
39:05acreditava
39:07que não ia
39:08que não ia sair
39:08dali
39:09vivo.
39:09O Longé sabia
39:14que estava
39:14correndo perigo.
39:16Mas mesmo assim
39:17decidiu me ajudar
39:18quando todo o resto
39:20estava virando
39:21as costas
39:22para os seus amigos,
39:24para os seus vizinhos.
39:25a gente ficou
39:29nesse lugar
39:30por mais
39:31de um mês.
39:34E até o último
39:35minuto
39:35ele
39:36foi leal
39:37a mim
39:37e aos outros.
39:43No fim
39:43ele foi morto
39:45porque
39:45foi considerado
39:47um traidor
39:48dos Utus.
39:49ele era
39:52um homem
39:52comum
39:53extraordinário.
39:56Ele tinha
39:57um coração
39:57maravilhoso.
40:05O único jeito
40:06que eu tenho
40:07para agradecer
40:09é
40:09honrando
40:11a sua memória.
40:16É isso aí, gente.
40:18Vamos tocar
40:18muito a bola
40:19desenvolver
40:20o espírito
40:20de equipe.
40:21Quando trabalho
40:22com os jovens
40:23de hoje
40:23o meu principal
40:24objetivo
40:25não é
40:26transformá-los
40:27em grandes
40:27jogadores
40:28mas sim
40:30torná-los
40:31como
40:33Longé.
40:35Muito bem.
40:36É isso aí, valeu.
40:37É isso aí.
40:39Eu tento
40:39ajudá-los
40:40a desenvolver
40:41um pensamento
40:41crítico
40:42um senso
40:43de solidariedade
40:45de não tentar
40:46tirar vantagem
40:47do outro.
40:48mas sim
40:49cooperar
40:50para que eles
40:50não se tornem
40:51instrumentos
40:52de atos horríveis
40:52como aconteceu
40:53com os jovens
40:54em 1994.
41:02Praticamente
41:03todos os sobreviventes
41:04do genocídio
41:04neste país
41:05estão vivos
41:06por causa
41:07da ajuda
41:07que receberam
41:08dos seus amigos
41:09dos seus vizinhos.
41:12se a maioria
41:13das pessoas
41:14do país
41:14se comportasse
41:15dessa maneira
41:17não haveria
41:19jeito
41:19de acontecer
41:20genocídio.
41:21As coisas
41:21não teriam
41:22chegado
41:22a esse ponto.
41:23Se vocês
41:24ganharem o jogo
41:24hoje
41:25não contem vantagem.
41:26Não zoem
41:27os seus colegas.
41:28Em vez disso
41:29ajudem eles.
41:30Eles podem melhorar
41:30e jogar
41:31como vocês.
41:32Entenderam?
41:32Os jovens
41:36que a gente
41:36encontra hoje
41:37neste país
41:38ou em qualquer
41:39outra parte
41:39do mundo
41:40as suas vidas
41:41podem ser
41:42transformadas
41:43graças
41:43à coragem
41:44que o Longé
41:45demonstrou.
41:52Como seres humanos
41:54nós temos
41:54bastante potencial
41:56para a harmonia.
41:58Nós também
41:59temos um grande
42:00potencial
42:00para o ódio
42:01e a violência.
42:02nós fomos criados
42:04com a capacidade
42:05de poder
42:06expressar
42:07um lado
42:08ou outro.
42:10Somos capazes
42:11de confrontar
42:12um genocídio
42:13mas com certeza
42:14não somos capazes
42:15de garantir
42:16que um genocídio
42:17nunca mais ocorra.
42:21Como as pessoas
42:21resistem ao poder
42:23do ódio
42:23e mantém
42:24a sua habilidade
42:25de pensar criticamente
42:26e de agir
42:27com compaixão.
42:29450 votos.
42:31Quando tomamos
42:31parte num genocídio
42:33não estamos
42:33somente
42:34desumanizando
42:35as vítimas
42:35os outros.
42:37Também estamos
42:38destruindo
42:39a nossa humanidade.
42:41Nem todo mundo
42:42se torna mal.
42:43Alguns não só
42:44permanecem humanos
42:45mas fazem gestos
42:46extraordinários.
42:49Tornam-se
42:49verdadeiros heróis.
42:52É quando uma pessoa
42:53não vê o outro
42:54como um inimigo
42:55que precisa ser destruído.
42:56eu realmente
43:00acredito
43:00que nós todos
43:01temos a capacidade
43:02de ver a humanidade
43:04no outro.
43:06E acho
43:06que é assim
43:07que mantemos
43:08o ódio distante.
43:09o ódio distante.