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Os Estados Unidos e a Ucrânia se reuniram para discutir um possível acordo de paz com a Rússia. Em entrevista ao Fast News, o professor de relações internacionais Kessio Lemos avalia o encontro e afirma que os "termos para acordo do lado ucraniano são bastante duros".

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Transcrição
00:00Delegações da Ucrânia, Estados Unidos e de outros países da Europa se reúnem neste domingo na Suíça para discutir a proposta americana de um acordo de paz com a Rússia.
00:10Na Casa Branca, Donald Trump disse que a proposta dele não é final, mas que a guerra precisa acabar, de um jeito ou de outro.
00:17E para falarmos mais sobre essa tentativa de resolução do conflito, nós vamos conversar agora com o professor de Relações Internacionais, Kécio Lemos.
00:25Professor Kécio, boa tarde e bem-vindo.
00:27Boa tarde, Kobayashi, um prazer é todo meu.
00:31Prazer é nosso. Professor, explica para a gente aí de maneira geral do que se trata essa proposta americana e quais são as chances, a viabilidade disso ser levado adiante para chegarmos por fim em um acordo final entre Rússia e Ucrânia.
00:45Olha, Kobayashi, eu diria que esse acordo de fato, que envolve 28 pontos que nesse momento estão sendo discutidos, seria, caso ele venha a se concretizar, seria a institucionalização da vitória militar da Rússia ante o conflito com a Ucrânia.
01:03Por que isso? Porque esse acordo, ele pretende institucionalizar as anexações territoriais realizadas pela Rússia, não apenas em 2022, a partir de 2022, mas também a anexação da Crimea em 2014,
01:18e também comprometeria a Ucrânia a uma espécie de obrigatoriedade em termos de neutralidade geopolítica.
01:27Ou seja, a Ucrânia deveria aprovar na sua constituição uma espécie de proibição de entrar na OTAN e também limitar as forças armadas a um número de 600 mil combatentes.
01:41Então, esses termos aparentam ser termos bastante duros para a Ucrânia, e o que há nesse momento é a tentativa de Kiev, junto com os países europeus,
01:51de tentar extrair ou minimizar os danos desse acordo a partir de compromissos de segurança que possam obrigar a Rússia a oferecer contrapartidas de que não haverá invasão em outros estados da OTAN no futuro.
02:08Então, nesse momento, os europeus, por exemplo, estão tentando colocar aí alguns termos como aumentar o limite das forças armadas ucranianas de 600 para 800 mil soldados em tempos de paz,
02:22também de obrigar a Rússia a se comprometer a não avançar militarmente sobre nenhum outro estado da OTAN,
02:30comprometer a OTAN a não expandir mais o seu território para próximo da fronteira com a Rússia.
02:39Então, essas questões, essas garantias de segurança nesse momento é que estão sendo discutidas a partir desse plano dos 28 pontos apresentados pelo presidente Donald Trump.
02:49E eu acredito que, através da sinalização russa, da sinalização positiva da Rússia ante a isso,
02:58que, em última instância, quem vai definir o andamento desse acordo será a Rússia e os Estados Unidos.
03:05Professor Kess, eu vou trazer para a nossa conversa o Rodolfo Maris, já aqui na nossa tela, ele vai te fazer a próxima pergunta.
03:10Boa tarde, professor. Olha só, passado tanto tempo dessa guerra, nós podemos, de fato, ter agora a clareza de que foi a expansão da OTAN para o leste europeu
03:20que mexeu com a integridade da Rússia e como é que está, de fato, a OTAN nesse momento?
03:27A expansão da OTAN é um dos pontos sensíveis, de fato, em termos de posição geopolítica da Rússia.
03:37A Rússia se mostrou-se bastante incomodada com essa expansão para próximo das suas fronteiras e é, sim, um dos elementos que pode ter causado
03:46ou gerado incentivos para essa anexação territorial e essa iniciativa militar por parte da Rússia.
03:54Então, nós temos, nesse momento, esse desejo por parte da OTAN de tentar mostrar-se ou assumir compromissos
04:04de que essa expansão não se estenderá e, mais do que isso, os europeus tentam colocar nesse acordo de paz
04:11o compromisso de não estacionar tropas permanentes no território da Ucrânia em períodos de paz
04:20e também estacionar seus aviões no máximo até o território da Polônia,
04:26não mais envolver qualquer tipo de presença nos territórios próximos à fronteira com a Rússia.
04:33Então, há esse compromisso, mas também há preocupação da Europa nesse momento
04:38de que, além da anexação territorial que seria institucionalizada através desse acordo,
04:46nós vamos ter também a reinserção da Rússia na economia global a partir do retorno do país ao G8, por exemplo,
04:53que estava suspenso.
04:54Um outro ponto seria o arrefecimento das sanções no curto e no médio prazo.
05:01Para tudo isso, nesse momento, os europeus se preocupam muito, e o presidente Zelensky também na Ucrânia,
05:07para que haja garantias de segurança que possam proibir a Rússia de qualquer outra iniciativa
05:13no seu espaço estratégico, no espaço pós-soviético especificamente.
05:20Professor, nesse período todo, como a gente pode avaliar o saldo desse conflito?
05:26Quem saiu ganhando, quem saiu perdendo?
05:28A situação da Ucrânia, a situação de Vladimir Zelensky, a influência ou não da União Europeia, dos Estados Unidos?
05:34Como o senhor avalia o saldo envolvendo todos esses atores?
05:37Nesse momento, eu diria que a Rússia sai como a grande vencedora do ponto de vista geopolítico,
05:44porque ela consegue expandir seu controle territorial sobre o seu principal vizinho, que é a Ucrânia.
05:54Os Estados Unidos saem também como um grande vitorioso a partir do momento em que ele assume protagonismo
06:00ante essa negociação com a Rússia.
06:03e um grande perdedor para além da Ucrânia, que vai perder aí cerca de quase 30% do seu território,
06:09sua economia está devastada, ela precisa e depende de investimentos externos para poder reconstruir a sua sociedade.
06:17Eu diria que também a União Europeia, nesse momento, sai muito enfraquecida,
06:22porque nós temos a recompensa de uma anexação territorial,
06:29que passa a ser concedida para o país agressor, digamos assim, que seria a Rússia.
06:34E mais do que isso, nós temos a possibilidade da União Europeia ser reduzida a um ator de segunda importância,
06:42a partir do momento em que os Estados Unidos, nesse momento,
06:45passam a deter o maior poder de impor os termos no acordo.
06:51Então, a União Europeia perde importância, perde importância especificamente sobre a Ucrânia também,
06:57e a Rússia sai, nesse momento, a partir desses termos que até agora nós conhecemos,
07:01como um dos países mais vitoriosos do ponto de vista geopolítico.
07:07Mais uma pergunta do Rodolfo Maris.
07:09Pessoal, já que o senhor citou os Estados Unidos,
07:11as reuniões foram duas com Vladimir Zelensky e Donald Trump,
07:15colocou em questão algumas regiões ali da Ucrânia, sobretudo as terras raras, né?
07:22A Ucrânia sai-se beneficiando desse acordo de paz junto com os Estados Unidos, caso isso aconteça?
07:29É muito pouco provável, Rodolfo.
07:31De fato, o que as terras raras hoje, na lógica dos Estados Unidos,
07:36as terras raras ucranianas, seriam uma recompensa dos Estados Unidos
07:40por ter fornecido ajuda militar e financeira para a Ucrânia durante esses mais de três anos de conflito.
07:48Então, dificilmente os ganhos financeiros e estratégicos que essas terras raras darão aos Estados Unidos
07:57se traduzirá em benefícios para a Ucrânia.
08:00É uma espécie de indenização.
08:03E o presidente Trump, ele deixa isso absolutamente claro.
08:06Professor Cássio, uma última pergunta a respeito de outro assunto,
08:10mas eu quero aproveitar a sua participação aqui,
08:12a respeito de como o senhor avalia o saldo final da COP30, que terminou ontem em Belém.
08:17Foi positivo? Foi negativo? Foi esvaziado?
08:21Foi importante ter sido realizado na região amazônica, em Belém do Pará?
08:26Qual a sua análise geral sobre a realização da COP30, terminada ontem?
08:30Olha, Kobayashi, eu vejo poucos sinais positivos na COP.
08:36Eu vejo pouca evolução em termos de acordos positivos que gerem, de fato, compromissos sérios e de longo prazo.
08:46De fato, o mundo hoje experimenta cada vez mais uma instabilidade generalizada,
08:52onde os estados tendem a se comportar de forma bastante individual e sempre voltada para ganhos particulares
09:01em detrimento de acordos de cooperação.
09:04Então, o cenário internacional hoje, um cenário de acirramento,
09:08um cenário de disputas geopolíticas, de antagonismos geopolíticos,
09:12dificulta, de fato, as instituições multilaterais, os acordos multilaterais,
09:17de evoluírem sem levar em conta os cálculos geopolíticos e a política do poder.
09:23Então, vejo, fiquei feliz em ter uma COP realizada no Brasil,
09:29mas, em termos gerais, os resultados delas foram aquém daquilo que eram esperados,
09:37não só pelo governo brasileiro, mas por governos de várias partes ao redor do mundo,
09:41que vêm com preocupação a questão das mudanças climáticas.
09:44Professor Céssio Lemos, que é professor de Relações Internacionais,
09:49quero agradecer a sua participação conosco.
09:51É sempre um prazer te receber aqui na Jovem Pan.
09:54Prazer a todo meu, Kobayashi.
09:56Até a próxima.
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