A derrubada das tarifas norte-americanas gera alívio e comemoração nos setores do agronegócio, como carne, café e frutas. Diversas associações e empresários reconheceram o esforço diplomático do presidente Lula e do vice-presidente Alckmin na negociação. Os comentaristas do programa 3 em 1 debateram o assunto.
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00:00Olha, depois da derrubada de parte do tarifácio de Donald Trump, alguns setores parabenizaram o presidente Lula e também o vice-presidente Geraldo Alckmin pelas negociações.
00:08Vamos falar principalmente dos representantes de carne e do café, que estavam bastante angustiados já e cobrando também, fazendo uma pressão grande sobre o governo para que houvesse esse alívio.
00:19O Matheus Dias está conosco e vai trazer agora a repercussão. Conta aí, meu amigo, bem-vindo.
00:23Oi, Evandro, meu amigo. Boa tarde para você. Boa tarde a quem nos acompanha.
00:30Boa sexta-feira e parece que é motivo de comemoração mesmo, pelo menos na opinião, como você disse, dos setores da carne, do café e também das frutas.
00:37Até porque, você mesmo bem disse, esses últimos mais de três meses foram de bastante angústia, bastante cobrança por conta do tarifácio.
00:45As vendas caíram muito para o exterior. No caso do café, por exemplo, em agosto, 46% de queda nas vendas para o exterior.
00:52Em setembro, 52%. Em outubro, 54%. Por isso, agora, então, com a derrubada de 238 produtos das tarifas para exportação aos Estados Unidos, os setores comemoraram, então.
01:05Desde ontem, a gente vem conversando com representantes dos setores. Eles falaram em entrevistas, falaram em notas e todos têm mantido o mesmo tom de alívio.
01:15Alguns disseram até que é um presente de Natal antecipado, viu, Evandro?
01:18No caso do café, por exemplo, a Associação Brasileira da Indústria do Café, ABIC, por voz de Pavel Cardoso, presidente da associação,
01:27disse que este é um feito muito importante para o comércio entre Brasil e Estados Unidos, para reforçar esse comércio.
01:34Parabenizou bastante Lula e Geraldo Alckmin.
01:37Disse que as medidas dos diplomatas tiveram um grande efeito, mas não só deles, também o próprio setor teve bastante responsabilidade nessa derrubada,
01:45já que os exportadores daqui sempre estavam em contato com importadores dos Estados Unidos, com empresários de lá,
01:52e por isso também foi possível fazer essa pressão para que Donald Trump derrubasse essas tarifas, ou pelo menos parte delas, né, Evandro?
01:59O setor do café também representado no Ccafé, né, pelo Marcos Matos, presidente, então, do Conselho dos Exportadores de Café no Brasil,
02:07ele também emitiu uma nota, nota essa que a gente teve acesso,
02:09e ele disse que o Ccafé comemora a reversão das tarifas e reconhece os esforços realizados pelos governos dos Estados Unidos e Brasil
02:18e pelas nossas contrapartes americanas, representadas pela National Coffee Association
02:23e por grande parte da indústria torrefadora dos Estados Unidos.
02:28Na nota ele ainda diz que a celebração da reversão das medidas
02:31ocorre após meses de intenso trabalho de representação dos interesses dos cafés brasileiros.
02:37Trata-se de uma histórica vitória para toda a cadeia produtiva do agronegócio café,
02:42que somente foi possível graças ao suporte dos associados,
02:46o Conselho Deliberativo do Ccafé e do setor privativo norte-americano,
02:50que colaboraram e alinharam estratégias e frentes de atuação
02:54durante todo o período de enfrentamento do tarifaço.
02:57A Associação Brasileira das Carnes, por outro lado, também comemorou,
03:01disse que é um grande feito, na mesma linha de alívio, de comemoração,
03:06que as vendas podem ser retomadas.
03:08Carne, que a gente sabe como o Brasil é um grande exportador aos Estados Unidos,
03:13o Brasil maior exportador do mundo, os Estados Unidos o segundo maior comprador das carnes
03:17que a gente exporta, então também a ABIEC,
03:19a Associação Brasileira de Exportadores de Carnes, também comemorou bastante.
03:24E por fim, a gente não pode deixar de falar do setor das frutas também, né, Evandro?
03:27As frutas que são produzidas o ano todo aqui no Brasil, como é o caso da manga,
03:31a gente conversou com representantes do setor,
03:34a manga que não tem nem entre safra, é produzida o ano todo,
03:37é bastante vendida aos Estados Unidos,
03:40teve duras quedas nesses últimos meses e agora com a queda do tarifaço,
03:43pode ser revertido.
03:44O presidente, então, da Abra Frutas, Guilherme Coelho,
03:48falou com a nossa equipe e disse em tom de bastante alívio
03:51que agora pode ser que a maré vire novamente.
03:54Evandro, vamos ouvir.
03:55Era um dia que nós esperávamos desde o dia 10 de julho,
04:00onde o tarifaço chegou e pegou todos nós de surpresa, né?
04:06Desde aquela primeira reunião, eu tinha uma tese, defendia,
04:11que não era possível, não era justo, não era plausível
04:14se colocar alimento com tarifa.
04:17O mundo passa fome, tem segurança alimentar,
04:20mas isso demorou para ser ouvido.
04:23Pois é, o Guilherme Coelho comemorou bastante o caso da manga, por exemplo,
04:30mas disse que a luta ainda não acabou,
04:31isso porque algumas frutas continuam ainda fazendo parte da lista das tarifas,
04:35como são o caso das uvas.
04:37Por isso, disse que a briga continua.
04:39A redução das tarifas, então, Evandro, de 40%,
04:42passam a valer para exportações que saíram daqui do Brasil
04:46desde o dia 13 de novembro.
04:49Obrigado pelas informações, seu Matheus Dias.
04:51Um abraço para você.
04:53Piperno, você entende que isso muda também a maneira como esses setores,
04:58digamos, não se relacionam porque o relacionamento é importante,
05:02o agronegócio vai demandar um bom relacionamento independentemente do governo.
05:05Mas a gente sabe também que há um setor
05:07que tem uma conexão muito grande com a direita no país
05:10e, consequentemente, apoiou bastante também o ex-presidente Jair Bolsonaro.
05:15Tem uma série de críticas para fazer ao presidente Lula.
05:18Você acha que isso, de alguma forma,
05:20esse pragmatismo conecta o setor com as políticas do governo
05:24voltadas para o agronegócio nesse momento?
05:26Acho sim, você tocou num ponto importante, o pragmatismo.
05:29Até porque, logo depois da decretação das tarifas,
05:34além da questão de se iniciar, de se procurar canais de interlocução
05:37lá com os Estados Unidos, e, enfim, o vice-presidente Alckmin viajou para lá,
05:43recebeu delegações, o pessoal da Anchan foi, inclusive, também envolvido nisso,
05:51eles são fundamentais nessa questão.
05:53Então, acho que todos os canais empresariais e governamentais,
05:58eles foram acionados e isso é fundamental.
06:01Mas tem um outro aspecto importante.
06:03O governo também disparou missões comerciais pelo mundo,
06:09equipes, enfim, da diplomacia comercial do Brasil foram acionadas
06:14para se buscar mercados alternativos.
06:17E, em relação a alguns produtos, não a todos,
06:20esses mercados foram abertos.
06:23Então, é importante porque, para alguns setores,
06:26o final dessa história vai ser um mundo mais aberto,
06:30com mais mercados.
06:32Então, não é que esses setores vão se apaixonar pelo governo de uma hora para outra.
06:38Longe disso.
06:39Mas, até por uma questão de pragmatismo,
06:42eles sabem que isso proporcionou para eles,
06:46talvez, a possibilidade de ganhos futuros.
06:49Você concorda, Bruno Mousa?
06:51Olha, vamos lá.
06:53Minha definição é que...
06:54A minha primeira explicação foi justamente o ponto
06:57que o governo não tem nada a ver com isso que aconteceu.
06:59Eu não acho que, apesar de puxarem...
07:02Cada um vai puxar a responsabilidade para si, obviamente.
07:04Já estamos praticamente em período pré-eleitoral.
07:07Mas a verdade é que eu concordo nessa parte final
07:09com o que foi dito, com o que o Piperno falou.
07:12As tarifas são deletérias.
07:13Isso a gente sempre pontuou aqui,
07:15principalmente, sob o meu ponto de vista,
07:16completamente liberal dentro de uma economia.
07:18Elas são deletérias para todo e qualquer grupo,
07:21para quem está praticando e para quem está recebendo.
07:23E isso vai causando distorções em efeito cascata.
07:26Como eu sempre menciono,
07:27a China desvalorizou sua moeda em 1994
07:29em 50% do dia para a noite
07:32e afetou o comércio mundial até hoje.
07:34Afinal de contas, os seus produtos
07:35passam a ser competitivos no exterior,
07:37mesmo não tendo uma qualidade suficiente para isso.
07:41Mas a demanda passa a crescer justamente
07:43por conta do preço.
07:45Então, essas disfunções em cascata ao longo dos anos
07:48acabam trazendo maiores intervenções,
07:52maiores subsídios para se defender
07:54daquela primeira intervenção.
07:56Tudo isso vai causando um efeito pobreza ao longo do tempo.
07:59E mais, subsídios, tarifas,
08:02tudo isso inibe, Evandro,
08:05que novas ideias surjam.
08:07Porque quando você não tem nenhum incentivo,
08:10afinal de contas, você já tem um subsídio,
08:12você tem uma tarifa,
08:13você não precisa ser melhor cada dia.
08:16Você já tem aquilo que te protege,
08:17aquele subsídio,
08:18ou aquela tarifa que te protege
08:20frente ao concorrente.
08:21E o ser humano, ele evolui,
08:23ele cresce quando nós estamos
08:24num ambiente de concorrência,
08:26para sermos melhores.
08:27Então, eu acho que sim,
08:28no final das contas,
08:30se as tarifas forem caindo,
08:32ela é bom para todo mundo.
08:33Mas eu acho muito difícil,
08:34afinal de contas,
08:35a gente vai chegar em algum governo
08:37que eles são mais centralizadores,
08:39que eles são mais fechados,
08:40como é o caso da China.
08:41Como é que você vai convencer
08:42um partido comunista
08:43a retirar todos os seus protecionistas
08:47que são completamente deletérios?
08:49Fala, Gani.
08:49Olha só, eu concordo com o Musa,
08:52as tarifas protecionistas,
08:54elas são algo muito ruins,
08:56e de fato,
08:58isso trouxe um rearranjo entre os países.
09:02E talvez um desses rearranjos,
09:04aqui pegando uma carona
09:05no que o Piperno falou,
09:07Evandro,
09:08é justamente abrir novos mercados,
09:11buscar outras parcerias.
09:13Tem uma análise muito interessante,
09:15eu não lembro onde que eu li,
09:16se foi no Financial Times,
09:18que a China agora,
09:20quem quer se divorciar dos Estados Unidos,
09:22não é mais os Estados Unidos da China,
09:24é a China que quer se divorciar dos Estados Unidos.
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