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Em entrevista ao Jornal Jovem Pan, o professor de relações internacionais da UFF, Vitélio Brustolin, afirmou que o encontro entre Donald Trump e Vladimir Putin pode focar na busca de um acordo indireto para a guerra na Ucrânia.

Assista à íntegra: https://youtube.com/live/oG0cQZMArcY

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Transcrição
00:00E a gente volta a falar sobre essa possibilidade de paz na Ucrânia
00:03diante do encontro entre Donald Trump e Vladimir Putin.
00:07Nosso entrevistado é o professor de Relações Internacionais da Universidade Federal Fluminense,
00:11pesquisador de Harvard, Vitélio Brustolin, mais uma vez participando da programação da Jovem Pan.
00:15Bem-vindo, professor. Como vai? Boa noite.
00:18Obrigado pelo convite, Thiago. Boa noite a todos.
00:21Professor, algumas análises já desse dia sobre a possibilidade de um acordo entre os países
00:29Eu não sei se há um exagero, porque a Ucrânia, por enquanto, está excluída.
00:35O presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky, diz que está à disposição para conversar.
00:39É possível, se chegar a alguma definição de cessar-fogo, quando o país invadido não é convidado, professor?
00:48Thiago, cessar-fogo é possível, porque ele é o primeiro passo apenas.
00:52O cessar-fogo, por definição, ele é temporário.
00:55Então, que a Rússia pare de atacar a Ucrânia, isso pode ser acertado, sim, entre o Trump e o Putin.
01:04O que provavelmente não irá acontecer, porque o Putin não atingiu os objetivos que ele queria com essa guerra,
01:10que era basicamente a soberania da Ucrânia, transformar a Ucrânia ou no território anexado ou no Estado fantoche.
01:16Agora, essa pressão que o Trump vem fazendo a países que compram ativos energéticos russos,
01:24a Índia, por exemplo, que foi sancionada com mais 25% de tarifas por comprar produtos militares e derivados do petróleo,
01:32petróleo russo, inclusive, para revender, isso, sim, pode pressionar o Putin.
01:36Então, na China, na negociação das tarifas, isso está na mesa, que a China pare de comprar petróleo e derivados russos.
01:44E, na sequência, tem o Brasil, que hoje, de todo o diesel que o Brasil importa, 65% é da Rússia,
01:52sendo que em 2021, antes da guerra, o Brasil nem comprava diesel russo.
01:56Professor, mas a questão também é a seguinte, que o presidente dos Estados Unidos chegou a ameaçar o presidente russo
02:05de novas sanções ou de mais sanções em relação à guerra.
02:09A relação dele, o senhor diria, que já é uma relação que está um pouco mais azeda do que naquela expectativa
02:16de quando o Donald Trump assumiu o poder de que a guerra pudesse efetivamente chegar ao fim.
02:20Essa relação entre os dois está em qual pé de condição e a possibilidade de mais sanções, professor?
02:29Bom, as sanções diretas dos Estados Unidos sobre a Rússia são insignificantes,
02:33porque o comércio dos dois países, antes da reinvasão russa à Ucrânia em 2022,
02:39era de 30 bilhões de dólares.
02:40Hoje é de 3 bilhões e é 3,5 bilhões.
02:43É muito pequeno, muito baixo esse comércio.
02:45Então, as sanções diretas não vão fazer efeito contra a Rússia.
02:49Mas as sanções secundárias, que são essas sobre países que compram ativos energéticos russos,
02:55Índia, China e Brasil, por exemplo, isso sim pode surtir efeito.
02:59Sobre a relação entre os dois, a relação, ela piorou muito, né, Tiago?
03:04O Trump tinha uma visão dessa guerra de que o Putin queria apenas um pedacinho da Ucrânia,
03:10Donetsk, Luhansk, ali a região do Donbass,
03:12depois a Porigia e Kershom para fazer uma ponte terrestre com a Crimea.
03:16Mas o Trump se deu conta de que isso não é verdade.
03:18E aquela discussão que o Trump teve com o Zelensky na Casa Branca
03:22e com o J.D. Vance, o vice-presidente dos Estados Unidos,
03:27acabou se mostrando que o Zelensky estava correto.
03:30O que o Putin quer, e isso vem sendo dito e repetido por analistas
03:34há três anos e meio, desde o início dessa invasão,
03:37é a soberania completa da Ucrânia.
03:39O que o Putin quer é que a Ucrânia não tenha um governo próprio,
03:42que tenha um governo submisso, que não tenha um exército
03:44e que seja anexada ou uma parte fantoche do território russo.
03:50Tchau.
03:51Professor Vitelli, o Dora Kramer faz a próxima pergunta.
03:53Dora.
03:54Boa noite, professor.
03:56Vou sair de lá, vou sair do Oriente, vou vir do Leste Europeu, melhor dizendo,
04:04e vou vir aqui para os BRICS.
04:07Crie a sua opinião, a sua avaliação sobre essa intenção do presidente Lula
04:12de conversar com os integrantes dos BRICS
04:16para tentar fazer um posicionamento conjunto em relação ao tarifato do Trump.
04:23O senhor acha isso possível ou é um devaneio?
04:28Olha, Dora, de fato, o que o Lula está tentando fazer até o momento
04:36incomoda, sobretudo, a Índia.
04:39Por quê?
04:40A Índia não esperava esses 25% adicionais de tarifas.
04:45Agora são 50%.
04:46A Índia ficou muito próxima do Brasil.
04:49Ficou com a mesma tarifa, a maior tarifa do mundo em alguns produtos.
04:53E a Índia é um aliado dos Estados Unidos.
04:56A Índia é usada pelos Estados Unidos para fazer pressão sobre a China.
05:00Inclusive, a China e a Índia têm problemas territoriais.
05:04Em dois lados, reivindicam partes do território da fronteira.
05:08Agora, não me parece que os países do BRICS vão apoiar o Brasil.
05:14A China tem feito declarações sobre o café brasileiro.
05:18O governo brasileiro tem tornado públicas essas declarações,
05:21que é exatamente o que o Brasil não deveria estar fazendo.
05:24A nossa política externa não deveria ser uma política
05:27que nos obrigue a escolher entre China ou entre Estados Unidos.
05:32Porque são os nossos dois maiores parceiros comerciais.
05:35A China é o maior desde 2009.
05:36Os Estados Unidos são o segundo maior, o país estrangeiro que mais investe no Brasil.
05:41Então, a nossa política externa deveria ser pragmática e de equilíbrio,
05:45de não ter que fazer essa escolha.
05:47Mas, ao que parece, a cada nova declaração da China,
05:50que poderia ser uma declaração privada,
05:51uma declaração apenas para o governo brasileiro,
05:54o governo brasileiro tem usado isso para jogar na cara dos Estados Unidos.
05:58Não deveria ser desse jeito.
06:00Mas, dificilmente esses países vão apoiar uma demanda do Brasil,
06:03inclusive porque não o fizeram até agora, Dória.
06:07Professor Vitelli, a pergunta de Cristiano Villela, para a gente fechar.
06:10Villela.
06:10Professor, boa noite.
06:11Professor, aproveitando o gancho da sua última manifestação agora,
06:16dá para a gente fazer uma avaliação que,
06:18desses dois anos e meio de governo Lula,
06:21nós temos erros seguidos e frequentes no que se relaciona à política externa brasileira?
06:27Talvez se imaginasse na troca entre Bolsonaro e Lula
06:30que o Brasil voltaria a ter um certo protagonismo positivo do ponto de vista externo,
06:35mas que nesses dois anos e meio esse protagonismo positivo não tem sido visto?
06:42Bom, vamos começar pelos fertilizantes.
06:44Hoje o Brasil importa 80% dos fertilizantes que usa,
06:48a maior parte vem da Rússia,
06:50o que é complexo para um país agrícola como o Brasil importar tanto fertilizante.
06:54Mas o Bolsonaro, quando foi visitar o Putin oito dias antes da invasão,
06:58o Bolsonaro teve oferta do Azerbaijão para comprar,
07:02para o Azerbaijão vender fertilizantes para o Brasil no lugar da Rússia.
07:05O Bolsonaro não respondeu.
07:06O Lula também não.
07:08O Bolsonaro e o Lula tiveram posturas diferentes em relação à Venezuela.
07:11É verdade.
07:12E nesse momento a Venezuela também não tem uma boa relação com o Brasil.
07:15Ou seja, o Maduro acabou tendo uma relação tão ruim com o Lula,
07:21muito próxima à relação ruim que tinha na época do Bolsonaro.
07:25Agora, só para finalizar essa resposta,
07:28Vilela,
07:29o Brasil aumentou em muito a importação de diesel russo.
07:32Então, o que os Estados Unidos acusam o Brasil é verificável por números.
07:35Em 2021, o Brasil não comprava diesel russo.
07:38Em 2022, começou a comprar 74 mil toneladas.
07:41Em 2023, na comparação com 2022, aumentou em 6 mil por cento a importação de diesel russo.
07:48E no ano passado, em comparação a 2022, aumentou em 9 mil e 900 por cento.
07:53Esse diesel vem sendo chamado de diesel de sangue.
07:56O Brasil não precisaria desse diesel,
07:58que é 10 a 20 cento mais barato e que ajuda a financiar o esforço de guerra russo contra a Ucrânia.
08:03Vilela.
08:05Professor Vitélio Bustolim, mais uma vez,
08:07participou aqui da programação da Jovem Pan.
08:09Professor de Relações Internacionais.
08:11Sempre uma honra te receber, professor.
08:12Bom descanso e a gente volta a se falar.
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