Evandro Santo abre o coração para Mari Cantarelli numa entrevista sem meias palavras. O humorista fala sobre seu passado com sucessivos casos de abusos sexuais, casos estes que começaram aos 4 anos e passaram por boa parte de sua infância e adolescência.
Santo fala também sobre os tempos de fama, sua derrocada rumo ao mundo das drogas, o reencontro com a mãe que não viu por anos e como conseguiu superar essa fase, onde as drogas tomou conta dele. Por fim, Evandro abre o coração sobre sua nova fase limpo, convertido ao Cristianismo e sua opção política.
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Santo fala também sobre os tempos de fama, sua derrocada rumo ao mundo das drogas, o reencontro com a mãe que não viu por anos e como conseguiu superar essa fase, onde as drogas tomou conta dele. Por fim, Evandro abre o coração sobre sua nova fase limpo, convertido ao Cristianismo e sua opção política.
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Categoria
😹
DiversãoTranscrição
00:00:00Música
00:00:04Não, eu sou.
00:00:06Eu lembro, sim, mas...
00:00:08O que te derruba?
00:00:10Eu não entendi a pergunta.
00:00:12Mas não é parada cardíaca? Será isso?
00:00:14Eu não sei, eu fiz tanta coisa
00:00:16que eu não parei minha cardíaca.
00:00:18Não parei minha cardíaca!
00:00:20Eu pensei que as pessoas
00:00:22não entendem minha música.
00:00:24Eu não vou fazer isso.
00:00:26Não, não, não!
00:00:28Madonna, Madonna!
00:00:30Stop, stop, stop, stop, stop!
00:00:32Ela é estrempa da entrevista, né?
00:00:38Ela fica assim, ó. Ela fica encolhida.
00:00:40Acho que ela toma dois e vou trio.
00:00:42E eu queria só mandar um recadinho
00:00:44pro maravilhoso Rafa,
00:00:46o amor da minha vida. Fé da puta não tá aqui.
00:00:48Eu vou botar um pi. Será que um pi?
00:00:50Ó, eu vou cagar pra vocês. Vocês vão ficar mandando
00:00:52eu desligar, vou tirar o ponto, tá? Só tô fazendo.
00:00:54Tira o fone e faz a louca. É, é isso, faz a louca.
00:00:58Um fazia rir, o outro fazia chorar pelas surras e humilhações.
00:01:07Um curtia baladas, como se não houvesse amanhã.
00:01:10E o outro fugia de casa em caronas pagas com sexo.
00:01:13Um colheu glamour, foi pra Ibiza, foi pra Mônaco.
00:01:17O outro viajava sobre o efeito devastador da ketamina.
00:01:20O pior do Christian Pior sempre foi ser Evandro.
00:01:23Mas hoje, Evandro é o melhor.
00:01:26E é ele que tá comigo aqui hoje no Inoff.
00:01:28Bem-vindo!
00:01:29Prazer!
00:01:30Gostei do nome Inoff, gostei do look, gostei de tudo.
00:01:33Eu gostei muito do seu look e dos seus óculos.
00:01:35Mas eu vou tirar porque senão a gente não consegue ter uma conexão de alma.
00:01:38É isso que eu ia te perguntar. Por que o óculos, hein?
00:01:40O óculos é só pra chegar.
00:01:42Mas eu não acredito em pessoas que dão entrevistas com óculos.
00:01:45Porque você não consegue se comunicar com a alma.
00:01:47Você tira até um distanciamento, né?
00:01:49É, e como eu tenho muito planeta escorpião, eu gosto de olhar no fundo.
00:01:52Eu gosto de ler o que tá por trás.
00:01:54Então eu não...
00:01:55Eu sou o tipo que não desvia o olhar.
00:01:58Pro fundo.
00:01:59Aham!
00:02:00Você se reconhece nessa abertura que eu faço aqui?
00:02:02Ou quando eu falo um isso, um aquilo.
00:02:05Porque você é super mega conhecido, muita visibilidade pelo personagem.
00:02:09Mas depois veio um Evandro, acho que tão maior.
00:02:14Você se reconhece assim nesse lugar?
00:02:17Aham!
00:02:18Eu acho que desde...
00:02:19É porque teve algumas rupturas.
00:02:20Eu fui...
00:02:21Eu tive uma primeira criação que era a minha tia.
00:02:24Então eu achava que a minha tia era a minha mãe.
00:02:26E meus primos eram meus irmãos.
00:02:27A minha tia não fazia uma distinção.
00:02:29Então ela me deu uma educação muito boa.
00:02:31E quando eu a perguntava muito, ela falava...
00:02:34Você vai pra tua tia.
00:02:35E a tia era a minha mãe verdadeira.
00:02:36Então eu fui criado com quatro primos.
00:02:38Primos que eu achava que eram meus irmãos biológicos.
00:02:41E eu era uma criança muito complicada.
00:02:43Porque eu era do porquê.
00:02:44Tudo porquê, porquê, porquê.
00:02:46E já com cinco anos, tipo...
00:02:47Ah!
00:02:48Dia da natação.
00:02:49Na...
00:02:50Na...
00:02:51No jardim.
00:02:52Eu ia com pijama.
00:02:53E ficava transparente.
00:02:55Eu pulava o muro do jardim.
00:02:56Eu sempre fui muito hiperativo.
00:02:58E não tinha esse termo.
00:02:59Era uma criança que eles chamavam de encapetada.
00:03:02Só que, assim...
00:03:04Perguntava tudo sobre tudo o tempo todo.
00:03:06É, e tanto que eu aprendi ali cedo.
00:03:08Aí depois fui morar com minha mãe biológica.
00:03:10E é um contraste porque eu fui filho único.
00:03:13Saí de BH e fui pra Uberaba.
00:03:15Então...
00:03:16Teve uma vez que...
00:03:18Até eu chamar minha mãe de mãe demorou um ano.
00:03:21E ela me batia muito.
00:03:22Porque eu tinha muito trejeito gay.
00:03:23Eu era uma criança muito efeminada.
00:03:25E eu tô falando...
00:03:26Quanto tempo da sua vida...
00:03:27Quantos anos você descobre que você não é filho da sua tia?
00:03:30E vai pra casa da sua mãe biológica?
00:03:32Seis.
00:03:33E leva um choque.
00:03:34Eu fui pra pegar uma bicicleta pra Uberaba e nunca mais voltei.
00:03:37E aí...
00:03:38Eu...
00:03:39Como meus filhos me defendiam quando alguém me chamava de gay.
00:03:42Com cinco, seis anos.
00:03:43Eu tinha essa proteção.
00:03:44Em Uberaba não.
00:03:45Que é uma cidade menor.
00:03:47Misógina.
00:03:48Do interior.
00:03:49E ali...
00:03:50Eu lembro que uma vez...
00:03:51Um menino me bateu.
00:03:53Porque eu era gay.
00:03:54Bateu alguma coisa assim.
00:03:55Eu comecei a rir na cara dele.
00:03:57Ele não acreditou.
00:03:58Aí eu...
00:03:59Quando minha mãe me batia, eu ria.
00:04:01Aí eu descobri que o riso...
00:04:03Ele me protegia.
00:04:04Tipo...
00:04:05Como assim?
00:04:06Eu tô batendo e ele tá rindo.
00:04:07Aí eu...
00:04:08De certa forma, o riso veio em forma de choro.
00:04:10Então eu ria.
00:04:12E aí quando eu ia pra escola...
00:04:14Eu já fazia muita palhaçada.
00:04:16Embora sempre fui muito nerd.
00:04:18Sempre fui muito estudioso.
00:04:19Sempre tive competição de nota.
00:04:22Eu era...
00:04:23Eu não aceitava menos que oito.
00:04:25Nunca aceitei.
00:04:26Porque eu já sabia que eu era uma criança gay.
00:04:28Eu já sabia que eu gostava de homem.
00:04:29Eu já sentia isso.
00:04:30Mas o que tem a ver você competir nota com ser gay e saber que é gay?
00:04:34Porque eu sabia que eu não ia ser bom de esportes.
00:04:36Eu não tinha a mesma força que os outros meninos.
00:04:38Então eu tinha que ser muito inteligente.
00:04:40Então a melhor forma de eu me defender do mundo era ser inteligente.
00:04:43Você se sentia menor por ser gay e aí se obrigava a tirar boas notas?
00:04:50Se cobrava de tirar boas notas por isso?
00:04:52Sim.
00:04:53Eu me cobrava porque eu era filho de mãe solteira.
00:04:55Nunca vi meu pai no seu nome dele e as pessoas da rua sabiam disso, de Uberaba.
00:04:59Então a minha mãe era...
00:05:00Aproveitava a vida, se é que você me entende.
00:05:03Então ela se sentia com vários caras.
00:05:05Isso é comentado numa rua de uma cidade no interior.
00:05:07Então além de você ser o gayzinho, filho da macumbeira, que é mãe solteira...
00:05:13São várias coisas juntas.
00:05:15Então quanto mais o tal do bullying eu sofria, mais eu estudava, mais eu devorava livros,
00:05:21mais eu terminava primeiro que todo mundo, mais eu estudava.
00:05:24E na minha escola tinha um concurso de poesias todo ano.
00:05:28E todo ano eu tinha três ou quatro publicadas.
00:05:30Então eu transformava em estudo.
00:05:33Então eu estudava de manhã, olha só, eu estudava de manhã, chegava em casa,
00:05:37limpava a casa pra minha mãe, que minha mãe trabalhava,
00:05:40ia estudar, terminava todas as tarefas e aí depois continuava lendo outras coisas.
00:05:44O que você acha disso, desse relato?
00:05:47O que você acha de você ter se colocado nessa posição
00:05:53de se sentir menor e então ter que performar intelectualmente?
00:05:57Você acha triste ou hoje você já consegue olhar com orgulho?
00:06:00Porque eu vejo isso com muita admiração hoje, tipo você contando isso.
00:06:04Eu acho que alguma parte de mim falou assim, você vai ter que ser adulto agora e não criança.
00:06:09Você não tem o direito de ser adulto.
00:06:11Tanto que eu comecei a trabalhar muito cedo pra ajudar minha mãe em casa.
00:06:14Aí eu comecei pequenas coisas.
00:06:16Pegar lata, papel, alumínio, cobre na rua.
00:06:19Depois fui trabalhar numa oficina mecânica, depois como entregador de supermercado,
00:06:23porque também juntava, trazia a coisa do trabalhador.
00:06:28Ele estuda, é gay e trabalha.
00:06:31Então eu ficava trazendo adjetivos,
00:06:34pra que cada vez mais eu me tornasse mais diferente das pessoas da escola.
00:06:38E tinha uma coisa de querer ter outros adjetivos, com muitas aspas,
00:06:43junto com esse gay, é isso?
00:06:45É, porque você tinha poder, tipo, eu tinha dinheiro pra comprar coxinha, Coca-Cola,
00:06:49eu tinha o melhor material porque eu trabalhava,
00:06:51eu conseguia comprar as revistas biz, eu era muito fã da Madonna,
00:06:53eu vivia vestido de Madonna na escola, era um horror.
00:06:56Aí aconteceu um fato que eu sempre apanhava na saída.
00:07:01Eu tava até contando pro pastor isso no bastidor.
00:07:03Um dia um menino que sempre me batia o Clebson,
00:07:06eu acho que eu tava, não sei, foi um dia iluminado.
00:07:08Ele veio me bater, eu peguei ele pela orelha, joguei a cabeça dele num muro, assim,
00:07:13esse muro chapiscado e comecei a ralar até sair sangue.
00:07:16Deu um murro na cara dele e falei, sou viado, me come agora.
00:07:20Vamos ver quem é viado agora.
00:07:22Todo mundo, aquela criançada de 12, 11, 10 anos ficaram horrorizados,
00:07:25falou assim, o Evandro enlouqueceu.
00:07:27Daquele dia em diante eu não tive mais problema.
00:07:29Aí, o que aconteceu? Eu tinha 12 anos, eu me juntei com o pessoal da...
00:07:33Eu tava na sexta, eu me juntei com o pessoal da oitava série.
00:07:36Era um pessoal muito legal que discutia...
00:07:39Olha só o que a gente discutia.
00:07:40O futuro do RPM, o que ia acontecer com o Chess for Fears,
00:07:44a gente era viciado em revista bis e ninguém queria ficar em Uberaba.
00:07:48Todo mundo era muito ambicioso, todo mundo queria fazer uma faculdade,
00:07:50ou ser médico, ou ser bibliotecário.
00:07:52E a turma era muito misturada.
00:07:54Tipo, eu não sabia que a Hélida era negra,
00:07:56eu não sabia que a Márcia era gorda,
00:07:58eu não sabia que o Naive era viado, eu não sabia.
00:08:00Era uma turma legal.
00:08:02Então, eu me juntei com esse pessoal
00:08:04e aí eu consegui meu primeiro emprego de carteira assinada com 12 anos.
00:08:07Então, eu já não me importava mais com as outras pessoas.
00:08:09Eu já era de uma turma evoluída,
00:08:11que a gente era super contra drogas,
00:08:13porque a gente sabia que drogas iriam atrapalhar nossos planos
00:08:16de sair de Uberaba.
00:08:17Entendeu?
00:08:18Então, a gente gostava.
00:08:19E aí, também, eu comecei a escrever peças na escola de teatro.
00:08:24Aí, eu fazia...
00:08:25Ah, vai ter Dia do Índio, faz alguma coisa.
00:08:27Eu falei, você escreve bem em redação.
00:08:28Aí, puta, mas ficou muito legal.
00:08:30Aí, eu fazia peças, escolhia quem ia contrassenar,
00:08:33ensaiava exaustivamente.
00:08:35Você já era artista desde muito cedo, né?
00:08:39Sim, muito cedo.
00:08:40Você usava o humor como uma forma de defesa.
00:08:43E aí, você passa por um momento muito duro também,
00:08:47que é o fugir de casa
00:08:49para lidar com a sua homossexualidade,
00:08:52sem tanto julgamento.
00:08:54Isso vem depois, porque...
00:08:55Aí, quando eu fiz essa do Índio, perguntaram,
00:08:57você não pode se apresentar no turno da tarde, no vespertino.
00:08:59Falei, cara, eu trabalho, eu tenho que falar com o meu chefe.
00:09:01Eu não posso fazer.
00:09:03Aí, eu falei, Claudio, é da Natural Artesanato.
00:09:06Posso fazer a peça?
00:09:07Eu chego, tal horário, sim.
00:09:08Aí, pediram depois fazer a noite também.
00:09:10E aí, todas as comemorações pediam.
00:09:12Páscoa, Dia do Índio, Dia da Pátria, Dia da Árvore.
00:09:15Eu fui escrevendo peças e poesias.
00:09:17E ali, por causa de ser fã da Madonna,
00:09:20a minha mãe achou que eu estava muito efeminado,
00:09:22e me matriculou no Judô.
00:09:24Em frente ao Judô tinha o Balé.
00:09:27Tinha o Estúdio Baila.
00:09:30E aí, eu falei, bom,
00:09:32a mãe me dá o dinheiro.
00:09:33Eu estou pagando isso aqui.
00:09:34Eu também posso pagar.
00:09:35Eu vou trocar o Judô pelo Balé.
00:09:37Você atravessava a ruinha para o Balé?
00:09:39Maravilhoso!
00:09:41Aí, comecei a fazer jazz, balé clássico e contemporâneo.
00:09:44Maravilhoso!
00:09:45Seriamente.
00:09:46Só que, como todo compulsivo,
00:09:48não bastava só Estúdio Baila.
00:09:50Eu também fazia no Beth Dorsa,
00:09:52no Jovem Ópera Balé.
00:09:56Então, eu chegava na minha casa,
00:09:58era 11 horas exausto,
00:09:59porque eu tinha que estudar,
00:10:00trabalhar e fazer muitas coisas.
00:10:02Então, eu...
00:10:04E fora uma sexualidade muito aflorada com 12, 13 anos.
00:10:07Eu andava na rua, os carros paravam.
00:10:09A pedofilia é uma coisa horrorosa.
00:10:11Eu nunca tinha ficado com ninguém ainda.
00:10:12Você sofreu abuso quando eu era criança?
00:10:14Com quatro.
00:10:16Oi?
00:10:17Quatro, mas com um primo de 12.
00:10:19Mas as pessoas sempre me cantavam,
00:10:21ofereciam o carona, o chocolate...
00:10:23Mas você sofreu abuso sexual de algum adulto
00:10:26enquanto você era criança, adolescente?
00:10:29Não.
00:10:30Quando eu decidi transar,
00:10:32foi uma decisão minha.
00:10:34Quantos anos você tinha?
00:10:35Eu vou fazer isso.
00:10:36Quantos anos você tinha?
00:10:37Hã?
00:10:38Quantos anos você tinha?
00:10:39Quando eu escolhi fazer a primeira vez?
00:10:4112.
00:10:42Um adulto?
00:10:43É, porque eu bati no menino.
00:10:45Falei, sou gay.
00:10:46Aí cheguei na minha casa, olhei no espelho e falei,
00:10:47bom, sou gay.
00:10:48O que eu tenho que fazer?
00:10:49Transar com o cara.
00:10:50Aí tinha um cara da oficina que eu trabalhei,
00:10:52que sempre me cantava.
00:10:53Me cantava, brincando tal, tal, tal.
00:10:55Aí eu falei pra ele, ô...
00:10:56Falei, Adê, vai lá no fundo da oficina.
00:10:59Era um ferro velho.
00:11:00Tipo assim...
00:11:01Tinha todas as coisas entulhadas.
00:11:03Aí...
00:11:04Ele falou, o que que você quer?
00:11:05Bandinho?
00:11:06Meu nome era Bandinho.
00:11:07Eu falei, eu quero te falar uma coisa.
00:11:08Aí eu levei lá pra trás do ferro velho.
00:11:10Simplesmente arranquei a roupa dele.
00:11:12Quantos anos ele tinha?
00:11:13Acho que nos 21, eu tinha 12.
00:11:16E eu decidi isso.
00:11:18Ele falou, o que que você tá fazendo?
00:11:19Eu falei, o que você sempre ficou pedindo pra fazer.
00:11:21Mas você entende que...
00:11:23Olha aí.
00:11:24Se ele sempre ficou pedindo, você já tava sendo abusado.
00:11:28E dois, né?
00:11:29Cara, ele...
00:11:31Você não acha que ele tinha que ter se posicionado e dito,
00:11:33não, você é uma criança e não é assim?
00:11:36Não, ele agiu primitivamente.
00:11:38Você não enxerga que você tenha sido abusado nesse episódio?
00:11:41Não, eu acho que ali eu decidi...
00:11:44Acho que ali eu que abusei, porque foi uma decisão minha com 12 anos.
00:11:48Imagina, eu era fã de Madonna, então eu estudava sobre sexualidade.
00:11:51Eu lia Sidney Sheldon, eu lia Harold Hobbins,
00:11:54eu lia Henry Miller, plexos, sexos.
00:11:58Então, assim, eu tinha muito a questão da sexualidade.
00:12:01Você diria pra um menino de 12 anos que te contasse,
00:12:04olha, eu decidi isso.
00:12:07E eu quero transar com aquele adulto.
00:12:10Eu gostaria que você fizesse uma terapia.
00:12:14Porque funcionou pra mim.
00:12:16Que já vem de uma linhagem mais grossa.
00:12:18É, e você tá sendo cruel com você,
00:12:20porque você não tá querendo reconhecer que, na verdade,
00:12:22você foi abusado e você tá trazendo a responsabilidade do abuso
00:12:25que você sofreu pra você.
00:12:26E quando acabou, eu acabei.
00:12:28Você era uma criança.
00:12:29Eu era um adolescente.
00:12:30Não importa, você era uma criança.
00:12:32Eu sei, eu sei.
00:12:33A minha terapeuta já me falou sobre isso.
00:12:35Aí eu saí triunfante.
00:12:36Falei, agora eu sou gay.
00:12:37Ninguém me segura.
00:12:38Aí eu comecei a fazer amizade com alguns gays da escola.
00:12:41O Naeb já era gay, 14, 15, 16 anos.
00:12:44A gente tava muito preocupado porque era epidemia de AIDS.
00:12:47Então, a gente sempre ouvia algumas pessoas morrerem e tal.
00:12:51E...
00:12:52Então, a gente decidiu que a gente ia ser goi.
00:12:55E nem existia essa palavra ainda, o goi.
00:12:57A gente ia fazer de tudo menos penetração.
00:13:00E isso se perpetuou até os 15 anos.
00:13:02Então, a gente pegava, brincava, abria uma boate gay na cidade.
00:13:05E eu era amigo do dono e eu entrava com 13 anos.
00:13:07Lá você dançava música lenta, beijava na boca,
00:13:10conhecia alguém, conhecia os amigos.
00:13:12Era muito mais de farra de dançar.
00:13:14Tinha um espaço no palco pra gente se apresentar.
00:13:16Então, foi uma adolescência, assim, ao mesmo tempo.
00:13:19Era muito difícil você me encaixar.
00:13:22Porque, olha só, eu era gay, mas não era tímido.
00:13:25Eu era do fundão, mas era nerd.
00:13:27Eu trabalhava.
00:13:29Eu já ajudava a minha mãe.
00:13:30Pagava água, luz em casa.
00:13:31Eu era sexualizado.
00:13:33Como é que você fecha essa conta entre 1986, 87, 88?
00:13:37Até que eu tirei a roupa no desfile do 7 de setembro.
00:13:41Porque...
00:13:42Foi assim.
00:13:43Eu falei pro meu professor de educação física.
00:13:45Eu não vou desfilar esse ano.
00:13:46Porque é a mesma merda.
00:13:47A gente desfila com esse uniforme de tergal horrível.
00:13:50Eu queria ter um destaque.
00:13:51Ele falou, que destaque você quer ter?
00:13:52Eu falei, eu já faço peça da escola.
00:13:54Eu quero me destacar.
00:13:55Eu falei assim, deixa eu desfilar de sunga.
00:13:57Ele falou, por quê?
00:13:58Eu vou representar a natação da escola.
00:14:00Evandro, a escola não tem piscina.
00:14:02Mas ninguém precisa saber que a Escola Municipal Boa Vista não tem piscina.
00:14:06A minha professora, que me segue no Instagram, a Rosa Roça, até hoje ela fala desse episódio.
00:14:10Falou, eu duvido que você tenha coragem de estilar de sunga no 7 de setembro, domingo.
00:14:15Eu falei, você quer apostar quanto, professor?
00:14:17Aí, eu consegui uma sunga de tigre.
00:14:20Fui com roupa normal e tal.
00:14:21Quando chegou na concentração, estavam as meninas com a bola, raquete, aquelas coisas todas e tal.
00:14:25Eu tirei minha roupa simplesmente, fiz a minha mochila e fiquei de sunga.
00:14:28Falei, bom, eu sou o único de sunga e eu devo ser o destaque.
00:14:31Falei uma bola, peguei a frente.
00:14:33Ele achou que ia andar uns 10, 15 metros.
00:14:35Eu desfilei a cidade inteira de sunga.
00:14:37Acho que foi a primeira parada gay.
00:14:39E aí, eu lembro que eu passei em frente com o palanque do prefeito, do Wagner Nascimento.
00:14:42Ele fez assim, meu Deus, o que tá acontecendo?
00:14:44A minha mãe tava na galeria Rio Negro, que é na avenida.
00:14:47Só vi minha mãe fazendo assim, que eu ia apanhar muito.
00:14:49Só que eu não calculei, eu fui muito burro.
00:14:51Que tudo aquilo que eu desfilei, eu teria que voltar de sunga pra pegar minha roupa.
00:14:55E aí, que foi o coió.
00:14:58Duas vezes!
00:15:00Na ilha da volta não dá!
00:15:02Aí eu vou lá em casa gritando.
00:15:04Ai, gente!
00:15:05Por mais que davam aqui na minha cabeça, era uma sensação de...
00:15:08Foi a primeira vez que eu tive uma sensação de...
00:15:10Eu sou diferente, eu não pertenço a esse lugar, eu vou embora desse lugar um dia.
00:15:14Foi ali que eu vi que...
00:15:16Eu não conseguia decifrar o que passava na minha cabeça.
00:15:20Eu só sabia que eu...
00:15:22Que meus amigos eram estranhos, eu tinha uma amiga que era cega de um olho e outra tinha uma mancha no rosto.
00:15:26Eu andava com uns estranhos.
00:15:28Eu sabia que o Beraba não ia dar pra mim.
00:15:31Que eu também não aguentava a minha mãe, que a gente brigava muito, ela tava com o padrasto.
00:15:35Eu sabia que eu ia pra São Paulo.
00:15:36De qualquer maneira, ia dar certo.
00:15:38Então, era uma coisa muito, muito, muito, muito forte dentro de mim isso.
00:15:42Com 14 anos, você vai embora.
00:15:44É, aí foi assim.
00:15:45Minha mãe arrumou um namorado muito legal.
00:15:47Meu padrasto era legal, o pai dos meus dois meios irmãos.
00:15:50E eu tava naquela ebulição já da adolescência.
00:15:53Cara, já comecei a viajar pra dançar jazz, não sei aonde, não sei o quê.
00:15:59E você tá meio que namorandinho, você aparece às vezes com umas manchas vermelhas aqui no rosto.
00:16:06Sinal que você namorou.
00:16:08E sua mãe não quer que você vá na boate gay, né?
00:16:13E aí, a pessoa, Helena, seu filho é viado, Helena, seu filho.
00:16:16Eu falei, mas eu sou.
00:16:17Aí meu padrasto falou assim, ó, eu não quero o Evandro aqui gay,
00:16:21porque eu acho um desrespeito.
00:16:22Se ele quiser, ele se comporte como homem, ou senão ele vai viver a vida dele.
00:16:27E aí, eu falei assim, tá, sou filho de mãe solteira, atrapalhei a juventude da minha mãe.
00:16:32Mãe tinha 17 anos, ralou pra caralho.
00:16:35É a chance dela ser feliz, dela ter um cara legal, dela ter um casamento.
00:16:39Vou sair fora.
00:16:41Porque ela precisa viver a vida dela.
00:16:43E eu não vou deixar de ser gay, e eu não posso ficar nesse conflito.
00:16:48Eu não posso prejudicar o futuro dela, ela ter uma chance de ser feliz.
00:16:53Eu vou ser feliz também.
00:16:55Você, então, tava sendo responsável pela infelicidade da sua mãe?
00:16:59Também, eu pensava em tudo.
00:17:01Aí eu falei pra ela.
00:17:02Essas coisas todas, você já entendeu que não tem nada a ver?
00:17:05Ou você ainda acha que isso tá dentro de você de alguma forma?
00:17:10Você entende que você era uma criança?
00:17:12Você entende que quem decidiu ter filho foi ela?
00:17:15Você entende que a responsabilidade é dela?
00:17:17Que a felicidade dela, dependendo de você ou não, é um problema dela e não seu?
00:17:21Não tem que ter nada disso.
00:17:23Mas hoje, hoje, hoje, hoje você entende isso?
00:17:28Ou você ainda carrega certa culpa?
00:17:31Não.
00:17:32Essa responsabilidade?
00:17:33Não.
00:17:34A gente já tá terapeutizado.
00:17:35E eu tava louco pra cair na rua também.
00:17:36Aí eu fiquei um ano na minha cidade, dormia na casa de um amigo, dormia na casa de um amigo.
00:17:39Fazia balé, trabalhava, trabalhava, trabalhava.
00:17:41Então, na hora que eu falei, cansei, vou pra São Paulo.
00:17:44Aí minha amiga falou, a Luciana, levando pelo amor de Deus, não vá.
00:17:48O Aldo, não vá.
00:17:50O Washington, não vá.
00:17:51Você vai morrer.
00:17:52Em São Paulo as pessoas morrem.
00:17:53E aí ninguém para pra ela.
00:17:55Elas são atropeladas.
00:17:56Eu falei, eu vou.
00:17:57Eu tenho que ir.
00:17:58Eu consegui um contato de um lugar chamado Juara Balé.
00:18:02É lá que eu vou fazer balé.
00:18:03Eu já tenho uns contatinhos lá.
00:18:05E pra lá que eu vou.
00:18:06E aí, como eu não conseguia viajar, porque era menor de idade,
00:18:09eu era barrado no ônibus e fiquei, puto, perdi o dia da passagem.
00:18:12Ai, fui barrado.
00:18:14No trem.
00:18:15Avião, nem tentei.
00:18:16Falei, qual a melhor maneira de eu ir?
00:18:18Carona.
00:18:19Tá bom, vamos lá.
00:18:20Sou gay, bonitinho, jovem.
00:18:21Bora.
00:18:22Põe um shortinho da Zump, um tênis Lecheval, uma baby look, seja o que Deus quiser.
00:18:27Eu vou chegar em São Paulo.
00:18:29Era disposto a tudo.
00:18:32Não importa.
00:18:33Você era uma criança.
00:18:36Mas você pode ir lá sem amor.
00:18:39Você vai procurar a validação em outro lugar.
00:18:41É porque você...
00:18:43Porque a minha mãe não teve a educação emocional.
00:18:48Isso vem de família.
00:18:49Ela não teve esse amor igual a minha tia.
00:18:52Eu me pergunto, se eu tivesse continuado com a minha tia, eu seria uma outra pessoa.
00:18:55Claro, seria inteligente, teria feito grandes coisas, mas uma outra criação.
00:18:59Mas você foge de um lar que você não tem amor, você foge de um lar.
00:19:04E como eu sou egocêntrico, eu queria ser validado de alguma maneira.
00:19:09Eu já era validado na minha estágia.
00:19:11Mas consigo compreender isso?
00:19:12Sim, eu já era o cara descolado, o cara que dançava, que não tinha medo.
00:19:16Tive um primeiro namorado maravilhoso, que foi incrível.
00:19:19E eu falei, é lá que eu vou.
00:19:22Aí eu vim pra São Paulo.
00:19:23Cheguei em abril de 1990.
00:19:25É verdade que você teve que se prostituir pra conseguir chegar até aqui?
00:19:30Porque você não conseguia...
00:19:31Não é prostituição.
00:19:33É agradar caminhoneiros pra conseguir sua carona.
00:19:35Você tem que parar em Nimeira, parar em Nimeirão.
00:19:37Até chegar em São Paulo demora um tempo.
00:19:39E eu já sabia disso.
00:19:41Não tinha...
00:19:42É assim, você preserva a sua inocência.
00:19:44Mas tá, quais são as regras do jogo?
00:19:46Tá, você é gay, tem um caminhoneiro, ele vai te dar carona.
00:19:50Nem todos pediam alguma coisa, foram alguns.
00:19:53Mas era um preço que eu estava disposto a pagar pra não ficar na minha cidade.
00:19:57E se esse era o preço, eu iria pagar.
00:19:59Eu sempre paguei o preço pelas coisas.
00:20:01Então...
00:20:02Porque eu já transava na minha cidade, já brincava, já...
00:20:05Então pra mim, nesse momento, o sexo virou uma ferramenta de...
00:20:10Que eu deveria usar.
00:20:12Que era a juventude e o sexo eu deveria usar a meu favor pra chegar num objetivo maior.
00:20:17Que eu não ia continuar com isso.
00:20:18Eu tinha planos da carreira de balé e teatro e não ia mais.
00:20:21Mas, naquele momento, foi necessário.
00:20:23E era divertido.
00:20:25Porque, tipo...
00:20:26Eles pagavam coxinha, café com leite, escutei muitas histórias.
00:20:29Na verdade, foram uns quatro, assim, caminhoneiros só.
00:20:31Que fizeram alguma coisa.
00:20:32E um era muito bonito, inclusive.
00:20:34Não houve...
00:20:36Quando você faz uma coisa dessa consciente e você não se vê como vítima...
00:20:42Isso não dói, porque faz parte do teu plano de chegar lá.
00:20:46É a mesma coisa quando você resolve assumir uma gravidez adolescente...
00:20:52Consciente.
00:20:53Vai doer, mas você tá consciente da dor.
00:20:55Quando você tem consciência que a dor vai acontecer e ela vai ser necessária...
00:21:00É mais fácil você passar por ela.
00:21:02Entendeu?
00:21:03Isso não ia abalar meus sonhos ou as minhas coisas artísticas.
00:21:07Entendeu?
00:21:08Era algo que eu teria que passar.
00:21:09Então, é como se fosse a Divina Comédia.
00:21:14Eu teria que passar pelo inferno.
00:21:16Entende?
00:21:17E é desse lugar que você fala até hoje, da sua história?
00:21:19É com esse olhar ainda?
00:21:21Você ainda pensa dessa forma?
00:21:24Eu penso que eu era um adulto.
00:21:26Eu não pensava mais como criança.
00:21:28Tanto que o pessoal...
00:21:29Às vezes fala pra mim de Cavaleiro Zodíaco.
00:21:31Qual a nome daquele outro que as pessoas gostam tanto?
00:21:34É...
00:21:35Cavaleiro Zodíaco...
00:21:36É...
00:21:37Sei lá o quê.
00:21:38Eu não tava vendo isso.
00:21:39Eu tava ocupado.
00:21:40Eu tava fazendo balé.
00:21:41Eu tava fazendo...
00:21:42Trabalhando, fazendo grana.
00:21:44Logo eu conheci um amigo no Arocho.
00:21:46Fui morar com ele.
00:21:47Aí ele arrumou um empreguinho pra mim.
00:21:49Falou...
00:21:50Tem um amigo que tá vendendo uma marca de cueca.
00:21:51Vende.
00:21:52Já fui pra Joara fazer balé.
00:21:53Já comecei a me descolar.
00:21:54Aí com...
00:21:55Olha só.
00:21:56Com 17 anos eu entrei no humor.
00:21:58Aí...
00:21:59Claro.
00:22:00Eu tinha uns caras que eu saía de vez em quando.
00:22:01Que me dava uma grana.
00:22:02Porque afinal de contas, como eu te falei...
00:22:03A juventude vale.
00:22:04E eu não era bobo.
00:22:05Então...
00:22:06Eu tinha alguns...
00:22:07Você se prostituiu?
00:22:09Não era prostituição.
00:22:10Era...
00:22:11Porque...
00:22:12Era...
00:22:13Era assim.
00:22:14Mas eram caras legais.
00:22:15Eu não fazia desse jeito.
00:22:17Tipo...
00:22:18Acabou.
00:22:19Você escolhia com quem você ia se prostituir?
00:22:22Ah...
00:22:23Eles escolhiam.
00:22:24Porque o cara que me procurava...
00:22:25Geralmente ele queria bater um papo.
00:22:27Ele não queria o estereótipo do bichê.
00:22:29Ele queria...
00:22:30Muitas vezes conversavam.
00:22:31Ia jantar e não sei o que.
00:22:32Às vezes nem transava.
00:22:34E aí você tinha entre 15 e 16 anos e fazia isso.
00:22:38Mas nunca abandonei a arte.
00:22:40Sempre estava fazendo meu balé e meu teatro.
00:22:42Isso era sagrado.
00:22:43O que me fazia muito bem.
00:22:45Porque eu tinha contato com adolescentes normais.
00:22:47Se eu ficasse só na questão de uma prostituição, eu estaria perdido.
00:22:51Mas eu tinha contato com meus amigos do balé e com meus amigos também do teatro.
00:22:56Então isso inocentava uma coisa toda.
00:22:59Mas eu vejo a prostituição de uma forma muito ampla.
00:23:04Por exemplo, todo mundo se prostitui.
00:23:06Às vezes você tem que almoçar com uma pessoa que você não gosta.
00:23:08Ou aturar um chefe que você não gosta.
00:23:10Ou casamentos que você segura por causa de filhos.
00:23:13Eu acho essas prostituições muito mais sérias.
00:23:17Quando você faz pactos por dinheiro.
00:23:20Quando você vende a tua alma.
00:23:22Você que trabalha com mídia, você sabe que a gente brinca.
00:23:24Que tem o terceiro andar.
00:23:26Que onde estão um monte de pessoas que não podem voltar mais atrás.
00:23:29Que elas não conseguem ser mais livres.
00:23:31Que elas estão no sistema.
00:23:32Essa é a maior prostituição.
00:23:34Uma pessoa que não consegue falar o que pode.
00:23:36O que quer.
00:23:37O que pensa.
00:23:38Porque tem um patrocinador.
00:23:39Ou tem um diretor.
00:23:40E ela deixa de ser uma pessoa e vira um produto.
00:23:43Essa é a verdadeira prostituição.
00:23:45Quando você vende a tua alma.
00:23:48Isso eu nunca fiz.
00:23:50O corpo é ali.
00:23:51Você transa.
00:23:52Troca ali e tal.
00:23:53Tchau.
00:23:54Mas eu vejo prostituições.
00:23:56Eu trabalhei com muitas pessoas prostitutas.
00:23:58Então assim.
00:24:00Eu acho que a prostituição moral.
00:24:03Quando você casa com alguém.
00:24:05Quando você faz uma aliança com quem você gosta.
00:24:07Não gosta.
00:24:08Quando você faz com um chefe que você não suporta.
00:24:10Quando você não vê a hora do teu trabalho acabar.
00:24:13Essa é a verdadeira prostituição.
00:24:14Porque eu fazia meu programa.
00:24:15Pegava a minha grana.
00:24:16E tapa a boate de dançar com meus amigos.
00:24:19Você se prostituia.
00:24:20Mas você era livre.
00:24:22Sempre.
00:24:24Então.
00:24:25Partindo do pressuposto que prostituição seria.
00:24:27Né.
00:24:28Na ponta do lápis ali.
00:24:29Não isso tudo que você tá interpretando.
00:24:31Mas.
00:24:32Se a gente falar assim.
00:24:33Trocar sexo por dinheiro.
00:24:34Mas.
00:24:35Era livre.
00:24:36Cara.
00:24:37Teve um cara que se apaixonou por mim.
00:24:38Ele queria me levar pra Itália.
00:24:39Pra Padova.
00:24:40Eu falei.
00:24:41Não.
00:24:42Eu não quero ir pra Itália com você.
00:24:43Ontem.
00:24:44Aí você vem parar no humor.
00:24:45E quando é que você explode.
00:24:46Né.
00:24:47Você veio falando de como é que você vai parar em São Paulo.
00:24:49Como é que você é.
00:24:50Né.
00:24:51Se formou artista.
00:24:52A prostituição me colocou no humor.
00:24:54Porque a gente tinha um amigo.
00:24:55Você não queria?
00:24:56Não.
00:24:57Foi assim.
00:24:58A gente tinha um amigo chamado Lafayette.
00:24:59Ele sempre teve sorte com bons clientes.
00:25:01E.
00:25:02E sempre ele casava com algum cliente.
00:25:03Aí.
00:25:04O meu amigo Álvaro.
00:25:05Que é o verdadeiro Christian Pior.
00:25:06Que é o.
00:25:07Que eu me inspirei.
00:25:08Que.
00:25:09Que.
00:25:10Deus o tenha.
00:25:11Ele falou assim.
00:25:12Sá.
00:25:13Ele era o Christian Pior.
00:25:14Sá.
00:25:15Lafayette casou de novo.
00:25:16Eu falei.
00:25:17Puxa.
00:25:18De novo ele tá casado.
00:25:19Puxa.
00:25:20Casou com a bicha chamada Jaira.
00:25:21Não.
00:25:22Bicha.
00:25:23O nome do homem é Jair.
00:25:24Puxa.
00:25:25Jaira tem.
00:25:26Tem uma empresa de eventos.
00:25:27Que faz telegramas animados.
00:25:28Eu falei.
00:25:29Bicha.
00:25:30Que que é isso.
00:25:31Bicha.
00:25:32A senhora se veste de drag.
00:25:33Vai numa festa.
00:25:34Anima uma pessoa.
00:25:35Se veste de anjo.
00:25:36Se anima.
00:25:37Não.
00:25:38Porque eu sou ator sério.
00:25:39Eu estudo Stanislavis.
00:25:40A senhora.
00:25:41Onde a senhora é boa no balé.
00:25:42Bicha.
00:25:43A senhora é no máximo engraçada.
00:25:45Bicha.
00:25:461, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8.
00:25:501, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8.
00:25:541, 2, 3.
00:25:55Cai na real.
00:25:56Bicha.
00:25:57A senhora vai lá.
00:25:58A senhora decora o fax.
00:25:5915 minutinhos.
00:26:00A senhora já pega.
00:26:01Bicha.
00:26:02A senhora já engraçada.
00:26:03Eu não sou engraçado.
00:26:04Eu estudo balé sério.
00:26:06Eu estudo teatro grego.
00:26:07Não.
00:26:08Não.
00:26:09Bicha.
00:26:10A senhora ainda vai precisar.
00:26:11Aí teve um dia que o nome da agência se chamava Alegria e Companhia.
00:26:14E o Lafayette já tinha falado.
00:26:17Porque era muito engraçado no meio do...
00:26:18Porque assim.
00:26:19Quando você tem amigos prostitutos.
00:26:20Você faz muita bagunça.
00:26:21Tipo.
00:26:22Ai.
00:26:23Você abriu o caixa.
00:26:24Abri.
00:26:25Ai.
00:26:26Bati portinhas.
00:26:27Fiz mais que 4 programas.
00:26:28Ai.
00:26:29O programa é o O.
00:26:30Você entra nele.
00:26:31Ai.
00:26:32Ele falou assim.
00:26:33Bicha.
00:26:34Um tal...
00:26:35Alexandre.
00:26:36Faltou.
00:26:37Estão precisando de um cara para fazer um telegrama.
00:26:38Que é uma despedida de um cara da Ford de Veículos da Cantareira.
00:26:41Então.
00:26:42Tá bom.
00:26:43Vou lá.
00:26:44Fui na agência.
00:26:45O Jair chegou e falou assim.
00:26:46Ó.
00:26:47É uma personagem que chama Dulcine.
00:26:48Que você vai fazer.
00:26:49Você vai ficar 15 minutos.
00:26:50Aqui tá os dados do cara.
00:26:52Ele passou o fax.
00:26:53Você decora.
00:26:54Dá 15, 20 minutos.
00:26:55Você canta parabéns e vai embora.
00:26:57Ok?
00:26:58Ok.
00:26:59Foi a metade de um programa.
00:27:00Tipo.
00:27:01Você vai reproduzir um telegrama.
00:27:02Era isso?
00:27:03Era um telegrama.
00:27:04Era de uma festa.
00:27:05Era de uma festa.
00:27:06É.
00:27:07Uma empresa com 100 pessoas.
00:27:08Tá.
00:27:09Aí me vesti de mulher.
00:27:10Tive que colocar salto alto.
00:27:11Onde eu aprendi a fazer um catwalk maravilhoso.
00:27:12Era um salto alto.
00:27:13Maravilhoso.
00:27:14E eu chamava Dulcinea.
00:27:15Aí foi o scooter da agência tal.
00:27:16Ia lá decorando o texto nervosamente.
00:27:18Só que eu não tinha ideia do que era.
00:27:20Quando eu chego.
00:27:21É uma Ford de Veículos imensa.
00:27:22Umas 200 pessoas.
00:27:24Uma música alta.
00:27:25Aí chega uma mulher esbaforida.
00:27:27Ei, ei, ei.
00:27:28Ó.
00:27:29Ele tá ali de camisa vinho.
00:27:30É ele.
00:27:31Aqui tá o microfone.
00:27:32Aqui tá o microfone.
00:27:33Tudo bem.
00:27:34Eu fazia teatro na escola.
00:27:35Mas aqui tá o microfone.
00:27:36200 pessoas.
00:27:37Eu vestido de mulher.
00:27:38De salto.
00:27:39Eu travei.
00:27:40Eu falei.
00:27:41Mano.
00:27:42Onde eu me meti?
00:27:44Foram três segundos assim.
00:27:46É tipo eu quando comecei a apresentar o programa aqui na Jovem Pan.
00:27:49Eu.
00:27:50Com salto branco e meia preta.
00:27:53Era uma brega queen que chamava Dulcinea.
00:27:55Eu só lembro de gritar.
00:27:57Aí eles dizem.
00:27:58Ó.
00:27:59Quando a gente desligar o som você entra.
00:28:00Aí eu gritei.
00:28:01Parem a festa.
00:28:02Aí fui pra cima do cara.
00:28:04É porque você.
00:28:05Você tá me devendo a minha poupança do dia a dia.
00:28:07Só que o briefing sumiu da minha cabeça.
00:28:09Nisso que eu esqueci o briefing.
00:28:10Eu fui com uma pessoa que não tinha nada a ver com ele.
00:28:13Fui brincar com outra pessoa que era o diretor que não podia brincar.
00:28:16Aí o texto voltou pra minha cabeça e eu voltei pro aniversariante.
00:28:19Aí eu esqueci de novo.
00:28:20Fui pra uma outra pessoa que eu não podia brincar.
00:28:22Era pra ficar 15 minutos.
00:28:23Nesse zigue-zague da cabeça.
00:28:25Do improviso.
00:28:27Que a sinapses não se conectavam.
00:28:29Do improviso.
00:28:30Eu fui brincando, brincando e eu vi que eles riam.
00:28:33Aí eu me animei.
00:28:34E ria, ria, ria.
00:28:35Quando eu vi eu fiquei 55 minutos e era pra ficar 15.
00:28:38O Scouter.
00:28:39Cara, ele comeu meu fígado.
00:28:41Ele falou.
00:28:42O Jair nunca mais vai te chamar.
00:28:43Ninguém fica 55 minutos.
00:28:45Isso é um abuso.
00:28:47Isso é um trabalho de 15 minutos.
00:28:48Porque eu poderia ganhar mais.
00:28:50Vem falando até Pinheiros, onde era a agência.
00:28:53Falei, eu não preciso disso.
00:28:55Eu faço outras coisas.
00:28:56Então foi a primeira e última.
00:28:58Aí cheguei na agência, né?
00:28:59Fui tirar a maquiagem.
00:29:00O Jair falou.
00:29:01Vem aqui.
00:29:02Que merda que você fez lá.
00:29:05Falei, cara, eu fui esquecendo o texto.
00:29:07Aí eu fui lembrando.
00:29:08Fiz o que dava, meu querido.
00:29:10Aí quando eu vi eu fui.
00:29:11Eu não sei o que você fez lá.
00:29:15Mas eles pediram pra você, domingo, ir numa festa de despedida de um amigo do Banespa.
00:29:21E trate de manter o mesmo tempo.
00:29:23E aí você foi.
00:29:24Você ficou humorista.
00:29:25Aí eu dei um padrão de atores que faziam telegramas animados.
00:29:28Que tinham vergonha de fazer um anjo, um amante latino, um garçom maluco e tal.
00:29:34Eu peguei e criei uma maneira de improviso.
00:29:37De onde vem tanto improviso.
00:29:38Aí o que os atores faziam com vergonha.
00:29:41Que não contavam quando a gente ia fazer teste pra comercial.
00:29:44Eu transformei em arte.
00:29:45Então eu conseguia segurar cinquenta em cinco minutos.
00:29:47Cinquenta.
00:29:48Aí eu fui me aprimorando.
00:29:49Fui fazendo outros personagens.
00:29:51Aprendi a atender o telefone.
00:29:52E como é que era a sensação?
00:29:54O que você sentia?
00:29:55Você sentia bem de fazer todo mundo rir?
00:29:57Eu sempre amava.
00:29:58Porque eu tremia muito.
00:29:59Eu rezava dez mil vezes.
00:30:01E eu sempre entrava pela porta de serviço.
00:30:04Alguém me dava uma taça de champanhe.
00:30:06Vai lá e arrasa.
00:30:07E aí aconteceu uma coisa que eu tava trabalhando muito.
00:30:10E ele não aumentava meu cachê.
00:30:12Meu amigo falou assim.
00:30:13Vamos montar nossa própria agência.
00:30:14O Álvaro.
00:30:15Você se sentia feliz?
00:30:16Você tava bem?
00:30:17Não foi prostituição.
00:30:18Foi talento.
00:30:19E foi prazer.
00:30:20Nunca mais me prostituí.
00:30:21Parei.
00:30:22Não.
00:30:23É porque quando você falou.
00:30:24Eu entrei no humor também pela prostituição.
00:30:25Pelo meu amigo que era prostituto.
00:30:26Mas é por conta do amigo prostituto.
00:30:28Não.
00:30:29Porque você tenha se corrompido de alguma maneira.
00:30:31Como é que aconteceu?
00:30:32Deus salvou.
00:30:33Foi só uma pontinha.
00:30:34Deus às vezes usou umas pontes tortas.
00:30:35Pra gente chegar no caminho certo.
00:30:36Agora me conta uma coisa.
00:30:38Você começou a falar um pouco mais adiante.
00:30:42Depois que você saiu do pânico.
00:30:43Enfim.
00:30:44Ficou dez anos no pânico.
00:30:46Começou a falar sobre seu problema com drogas.
00:30:49Sim.
00:30:50E eu queria que você contasse um pouco.
00:30:52Porque me chama a atenção que você entrou no mundo das drogas velho.
00:30:59Entre aspas.
00:31:00Velho.
00:31:01Vinte e nove.
00:31:02Porque com vinte e nove anos não é aquele momento de experimentação.
00:31:04E da gente descobrir quem a gente é na adolescência.
00:31:06E talvez até pela sua adolescência ter sido bastante...
00:31:09De batalha.
00:31:10Conturbada e problemática pelo que você contou aqui.
00:31:14Como é que com vinte e nove anos você decide que você vai experimentar tudo.
00:31:19E aí depois acaba se perdendo.
00:31:21Como é que foi isso?
00:31:22Porque...
00:31:23Por amor.
00:31:24Meu melhor amigo.
00:31:25Não que eu amava o como homem.
00:31:27Mas como amigo.
00:31:28Ele começou a mudar o comportamento com a gente.
00:31:30O Álvaro.
00:31:31Que eu me inspirei no Christian Pior.
00:31:32Ele não queria mais sair com a gente.
00:31:33Não queria mais.
00:31:34Falei.
00:31:35O Álvaro tá estranho.
00:31:36A gente éramos em seis.
00:31:37Éramos seis.
00:31:38Eu falei assim.
00:31:39Ele tá estranho.
00:31:40Aí eu vi ele com as bichas diferentes na boate.
00:31:42Colose e tal.
00:31:43Falei.
00:31:44Álvaro.
00:31:45O que que tá acontecendo?
00:31:46O que que...
00:31:47Aí o André matou a charada.
00:31:48O Álvaro tá tomando êxtase.
00:31:49Uhum.
00:31:50E ele tá fazendo after...
00:31:51Ele tá fazendo esquenta na casa dele.
00:31:53Aí eu falei.
00:31:54Eu falei assim.
00:31:55Você tá...
00:31:56Você tá traficando êxtase?
00:31:57É?
00:31:58Você tá...
00:31:59Você tá usando tua casa pra vender drogas?
00:32:01É isso?
00:32:02Ou não?
00:32:04E detalhe.
00:32:05Um cara que nunca tinha...
00:32:06Eu não tinha nem bebido ainda.
00:32:08Eu não bebia.
00:32:09Eu nunca tinha fumado maconha.
00:32:10Loló.
00:32:11Nada.
00:32:12Era balé.
00:32:13Teatro.
00:32:14Sexo.
00:32:15E trabalho.
00:32:16Aí eu falei.
00:32:17Eu quero experimentar.
00:32:18Ele falou.
00:32:19Não.
00:32:20Eu falei.
00:32:21Eu quero.
00:32:22Eu quero sentir o que você sente.
00:32:23Eu quero saber.
00:32:24Por que que você tá diferente com a gente?
00:32:25Você mudou.
00:32:26E aí ele falou assim.
00:32:27Vai chegar a hora certa.
00:32:28Aí teve uma rede do bareto.
00:32:29Aí todo mundo comprou.
00:32:31Eu comprei meu primeiro êxtase.
00:32:32Isso foi...
00:32:3399,2 mil.
00:32:34Aí eu tomei.
00:32:36Aí...
00:32:37Ansioso.
00:32:38Como sempre.
00:32:39Deu meia hora.
00:32:40Eu falei.
00:32:41Ele falou.
00:32:42Ele falou.
00:32:43Ele falou.
00:32:44Ele falou.
00:32:45Ele falou.
00:32:46Ele falou.
00:32:47Ele falou.
00:32:48Ele falou.
00:32:49Não aconteceu nada.
00:32:50Bicha.
00:32:51Para quieta.
00:32:52Na quarta vez que eu fui.
00:32:53Ele falou assim.
00:32:54Viado.
00:32:55Vem cá.
00:32:56Ele me pegou.
00:32:57Me jogou num pulso.
00:32:58Fica quieta.
00:32:59Espere se eu bater.
00:33:00Deu dois minutos.
00:33:01Eu senti um soco aqui na minha nuca.
00:33:02Uma coisa muito estranha.
00:33:03Pá.
00:33:04Eu vi as luzes assim.
00:33:05Muito fortes.
00:33:06Uma situação estranhérrima de bem-estar.
00:33:08Aí eu comecei a me achar a pessoa mais linda do mundo.
00:33:10Aí eu fui parecendo um vagalume lento.
00:33:13Aí ele falou.
00:33:14Bateu.
00:33:15Bateu.
00:33:16Aí bateu.
00:33:17Eu ia dançar.
00:33:18Daqui a pouco eu estava beijando um cara.
00:33:19Meu amigo falou.
00:33:20Para de beijar esse cara.
00:33:21Eu falei.
00:33:22Álvaro.
00:33:23Ele é lindo.
00:33:24Ele não é lindo.
00:33:25Ele é bonito lá em Guayanazes.
00:33:27Chegando na Penha.
00:33:28Ele já é um canhão.
00:33:29Isso se chama paixão de êxtase.
00:33:30Você está completamente alucinado.
00:33:32Isso vai passar.
00:33:33Bicha.
00:33:34Tem gente melhor para você beijar.
00:33:35Enfim.
00:33:36Aí a gente combinou.
00:33:37Lá.
00:33:38Os seis.
00:33:39E nós faríamos isso.
00:33:40Uma vez por ano.
00:33:41No Rio de Janeiro.
00:33:42Nas festas do Rio de Janeiro.
00:33:43Querex de mente.
00:33:44A Marina da Glória.
00:33:45E a Rosane Amaral.
00:33:46A Rosane Amaral.
00:33:47E a gente seguiu esse protocolo.
00:33:48De usar drogas.
00:33:49Uma vez por ano.
00:33:50Durante cinco anos.
00:33:51E deu certo.
00:33:52Só que com a expansão.
00:33:53Da The Week.
00:33:54Da Bubu.
00:33:55Das Watts.
00:33:56Começaram a vir os festivais.
00:33:57Os DJs internacionais.
00:33:58Peter Halhofen.
00:33:59Vitor Calderoni.
00:34:00Aí começou a ter festa.
00:34:01Cada seis meses.
00:34:02Três meses.
00:34:03Quando a gente viu.
00:34:04A gente estava tomando todo mês.
00:34:05Daqui a pouco.
00:34:06A gente estava tomando toda semana.
00:34:07E aí.
00:34:08Assim.
00:34:09Só que a gente era funcional.
00:34:10A gente tomava.
00:34:11Samia 400.
00:34:12Que é o repositor de serotonina.
00:34:13E está tudo ok.
00:34:14E ótimo.
00:34:15E tal.
00:34:16Mas por exemplo.
00:34:17Se eu ficasse.
00:34:18Uma semana sem ir.
00:34:19Eu também não tomava.
00:34:20Aí.
00:34:21Ele me deu ketamine.
00:34:22Eu odiei.
00:34:23Falei.
00:34:24Que coisa horrorosa.
00:34:25Eu saí do meu corpo.
00:34:26Eu não consigo voltar.
00:34:27Que coisa ruim.
00:34:28Ruim.
00:34:29Que anestesiou para acabá-lo.
00:34:30Aí.
00:34:31Ele falou assim.
00:34:32É que você.
00:34:33Cheirou.
00:34:34Olha.
00:34:35A explicação da pessoa.
00:34:36É que você cheirou usando êxtase.
00:34:37Você tem que cheirar ela pura.
00:34:38Quando eu cheirei pura.
00:34:39Ela me anestesiou.
00:34:40Eu gostei.
00:34:41E aí.
00:34:42A gente começou.
00:34:43Assim.
00:34:44A gente começou.
00:34:45Aí.
00:34:46Nossa turma.
00:34:47Toda semana.
00:34:48Ou a cada 15 dias.
00:34:49A gente usava uma bala.
00:34:50Fazia um key.
00:34:51E ok.
00:34:52Então não ia trabalhar.
00:34:53A gente tinha preconceito com cocaína.
00:34:55Tinha preconceito com tudo.
00:34:56Era assim.
00:34:57Nós.
00:34:58as drogas sintéticas.
00:34:59Somos melhores que você.
00:35:00Cocaína.
00:35:01É para gente maldosa.
00:35:02Maconha para preguiçoso.
00:35:04E craque.
00:35:05A gente nem sabia o que era.
00:35:06E nisso.
00:35:07Eu comecei a namorar.
00:35:10Eu casei.
00:35:11Com o Gabriel.
00:35:12O Gabriel.
00:35:13O Gabriel era exagerado.
00:35:14Tomava duas balas.
00:35:15Eu falei.
00:35:16Para que tudo isso.
00:35:17E a gente.
00:35:18Aí.
00:35:19Nesse inteirinho.
00:35:20Eu entrei no pânico.
00:35:21Perfeito.
00:35:22Para gravar.
00:35:23De sábado.
00:35:24De domingo.
00:35:25Tinha que viajar.
00:35:26Então eu diminuía.
00:35:27Porque tipo.
00:35:28Eu estava viajando.
00:35:29Eu não ia tomar êxtase.
00:35:30Assim.
00:35:31Então.
00:35:32Era muito legal.
00:35:33Quando eu viajava.
00:35:34No final de semana.
00:35:35Eu chegava a ficar um mês.
00:35:36Um mês e meio.
00:35:37Sem drogas.
00:35:38Até abrir a The Week.
00:35:39Do Rio de Janeiro.
00:35:40Eu vivia no Rio.
00:35:41Fazendo matéria.
00:35:42Aí.
00:35:43Obviamente.
00:35:44Acabava a matéria.
00:35:45E ia para o Rio de Janeiro.
00:35:46Entendeu?
00:35:47Mas até aí.
00:35:48Era legal.
00:35:49Porque eu não chegava.
00:35:50Chapado.
00:35:51Teve um ano.
00:35:52Que eu chamo de.
00:35:53O ano do Enem da Alma.
00:35:54Que tudo deu errado.
00:35:55Que.
00:35:56Foi assim.
00:35:57Minha mãe apareceu com câncer.
00:35:58A minha.
00:35:59Manager.
00:36:00Andréa.
00:36:01Que Deus a tenha.
00:36:02Apareceu com câncer.
00:36:03O Álvaro.
00:36:04Esse meu grande amigo.
00:36:05Também estava com câncer no reto.
00:36:06Foram três cânceres.
00:36:07Um ano só.
00:36:08Eu descobri uma dívida.
00:36:09De 70 pau.
00:36:10Na Receita Federal.
00:36:11Cagada.
00:36:12Do meu contador.
00:36:13E da minha produtora.
00:36:14Que estava com câncer.
00:36:15Foi processado.
00:36:16Em Londrina.
00:36:17Por um show.
00:36:18Que eu fiz.
00:36:19Por culpa do Alan Rappi.
00:36:20Que marcou.
00:36:21Uma matéria furada.
00:36:22De polidense.
00:36:23No dia do meu show.
00:36:25Que.
00:36:26E era jovem.
00:36:27Pan Londrina.
00:36:28Você tinha que respeitar o Tutinha.
00:36:29Ele pega.
00:36:30Ele desafia.
00:36:31Ele marca.
00:36:32Uma matéria.
00:36:33Desafiando a rede.
00:36:34Porque.
00:36:35Eu nunca fui contratado pelo Pânico.
00:36:36Sempre fui da Ad Carvalho.
00:36:37Sempre fui do Tutinha.
00:36:38Tá.
00:36:39Sempre pertencia a Ad Carvalho.
00:36:40Ele pegou.
00:36:41E marcou.
00:36:42Uma coisa furada.
00:36:43Aí.
00:36:44Mesmo assim.
00:36:45Eu fiz o show.
00:36:46Eu fui no Teco Teco.
00:36:47De Jacaré Paguá.
00:36:48Do Rio.
00:36:49Até Londrina.
00:36:50Cheguei.
00:36:51Era onze horas.
00:36:52Muita gente estava puta.
00:36:53Não avisaram que eu ia atrasar.
00:36:54Fui processado.
00:36:55Fiquei três anos respondendo.
00:36:56Esse processo.
00:36:57No Ministério Público.
00:36:58E aí.
00:36:59Como você estava com muitos problemas.
00:37:00Da vida.
00:37:01Isso foi um dos.
00:37:02Aí teve.
00:37:03Mamãe com câncer.
00:37:04André com câncer.
00:37:05Álvaro com câncer.
00:37:0670 pau.
00:37:07Mais.
00:37:08O.
00:37:09O processo.
00:37:10E aí.
00:37:11O Gabriel já tinha.
00:37:12A gente já tinha terminado.
00:37:13Estava namorando o Léo.
00:37:14Aí eu descobri que o Léo.
00:37:15Estava me traindo na cama.
00:37:16Com o melhor amigo dele.
00:37:17Que cuidava do meu site.
00:37:20Aí eu explodi.
00:37:23Aí eu comecei a usar muita ketamina.
00:37:25Eu falei.
00:37:26Mano.
00:37:27O que que eu fiz de errado.
00:37:28Eu fui legal com todo mundo.
00:37:29E.
00:37:30Aí eu comecei a.
00:37:31Assim.
00:37:32Eu devo ter feito.
00:37:33Vamos lá.
00:37:34Vamos fazer uma.
00:37:35Uma dosagem aqui no pânico.
00:37:36Eu fiz mil.
00:37:37Matérias do pânico.
00:37:39Na TV.
00:37:4015.
00:37:41Eu tava chapado.
00:37:42Tá.
00:37:43Então não era uma coisa.
00:37:44Foi mais.
00:37:45Quando a doença avançou.
00:37:46Tá.
00:37:47E aí.
00:37:48E só pra explicar.
00:37:49O que você chama de doença.
00:37:50É a adicção.
00:37:51A adicção.
00:37:52E a minha é emocional.
00:37:54Porque eu tenho um transtorno bipolar afetivo.
00:37:56Eu tenho o TDAH.
00:37:57E tenho o SPA.
00:37:59Síndrome do pensamento acelerado.
00:38:01Mais as carências da vida.
00:38:03Falta de mãe.
00:38:04Falta de pai.
00:38:05Sabrina.
00:38:06Terminava a matéria.
00:38:07Ia lá.
00:38:08Tinha a dona Kika.
00:38:09Carioca.
00:38:10Tinha a dona Nildete.
00:38:11Levando.
00:38:12Ia sozinho pro apartamento na Augusta.
00:38:13Pros amigos dele.
00:38:14Então.
00:38:15Aí.
00:38:16Foi quando eu comecei a perceber.
00:38:17Comecei a perceber.
00:38:18Que o núcleo familiar.
00:38:19Fazia falta.
00:38:20Eu sentia falta de algo.
00:38:21Aí eu descobri que.
00:38:22Toda essa loucura.
00:38:23De ficar.
00:38:24Famoso.
00:38:25Se alguém.
00:38:26Era pra impressionar a mãe.
00:38:27Foi caindo a ficha.
00:38:28E aí.
00:38:29Teve aquele documentário.
00:38:30Que eles fizeram do meu pai.
00:38:31Que chamaram minha mãe.
00:38:32E eu não queria que tivesse chamado.
00:38:33Aí no final.
00:38:34Eu.
00:38:35Fiquei três meses na geladeira.
00:38:36Eu concordei com o documentário.
00:38:37Foi um sucesso.
00:38:38Valeu muito a pena.
00:38:39Porque eu voltei a falar com a minha mãe.
00:38:40E a gente.
00:38:41Se.
00:38:42Se.
00:38:43A gente se entendeu.
00:38:44Aí eu.
00:38:45Consegui me colocar no lugar dela.
00:38:46O que que é uma mulher grávida.
00:38:48Em 73.
00:38:49Com 17 anos.
00:38:50Na periferia.
00:38:51Tendo um pai violento.
00:38:53Eu tive que.
00:38:54Me colocar no lugar dela.
00:38:56Foi aí que a gente ficou muito amigo.
00:38:57E.
00:38:58A gente se perdoou.
00:38:59E como eu fui expulso de casa.
00:39:00Por ser gay.
00:39:01Os dois filhos.
00:39:02Que ela teve com meu padrasto.
00:39:03Meus meus irmãos.
00:39:04Eu tenho um irmão gay.
00:39:05E uma irmã transex.
00:39:06Então.
00:39:07Eu vi.
00:39:08De uma certa forma.
00:39:09O que era o karma.
00:39:10Então.
00:39:11Eu.
00:39:12Eu comecei.
00:39:13A ver minha mãe.
00:39:14De uma certa forma.
00:39:15Como.
00:39:16Uma grande heroína.
00:39:17Uma mulher.
00:39:18Que.
00:39:19Que batalhou.
00:39:20Eu fiquei completamente.
00:39:21Apaixonado.
00:39:22Então.
00:39:23Quando a minha mãe vinha.
00:39:24A gente ficava trancado.
00:39:25Quatro dias.
00:39:26Em casa.
00:39:27Vendo.
00:39:28American Horror History.
00:39:29Grey's Anatomy.
00:39:30Eu não queria desgrudar.
00:39:31Porque.
00:39:32Minha mãe morava.
00:39:33Meus irmãos não gostavam de mim.
00:39:34E ainda assim.
00:39:35A.
00:39:36A.
00:39:37A.
00:39:38A.
00:39:39A.
00:39:40Quando eu pedi.
00:39:41Demissão pro tutinha.
00:39:42Eu cheguei chapado.
00:39:43Na.
00:39:44Eu.
00:39:45Vim umas 20 vezes chapado.
00:39:46Pra rádio.
00:39:47E.
00:39:48Nesse tempo.
00:39:49Eu tive.
00:39:50Born out.
00:39:51Eu não sabia.
00:39:52Tive.
00:39:53Síndrome do pânico.
00:39:54Eu falei.
00:39:55Tu tinha.
00:39:56Me manda embora.
00:39:57Eu não tô valendo nada.
00:39:58Eu tô doente.
00:39:59Eu quero ir embora.
00:40:00Eu quero ir embora.
00:40:01Você já sabia que você tava doente?
00:40:02Eu não sabia que era uma doença.
00:40:03Ninguém nunca me falou que era uma doença.
00:40:04Falava que eram drogas.
00:40:05E não viciavam.
00:40:06Eu nunca ouvia falar.
00:40:07A palavra.
00:40:08Adicção.
00:40:09Que era progressivo.
00:40:10Eu nunca.
00:40:11Eu fui saber isso quando eu fui internado.
00:40:12Pelo Moreira.
00:40:13Que é meu terapeuta.
00:40:14Que é meu gestor hoje.
00:40:15Que é o cara que cuida da minha cabeça.
00:40:16Que é um puta de um cara.
00:40:17Um cara.
00:40:18Porque.
00:40:19Aí.
00:40:20Ele falou assim.
00:40:21Não.
00:40:22Você vai se internar.
00:40:23A gente vai te internar.
00:40:24Porque eu era muito querido pela produção.
00:40:25Sabe.
00:40:26Tinha briga pra ver quem ia gravar comigo.
00:40:28Porque eu não atrasava.
00:40:29Não chegava atrasado.
00:40:30Tipo.
00:40:31Nunca deixei ninguém carregar minha mala.
00:40:32Achava.
00:40:33Ai que absurdo carregar minha mala.
00:40:34Eu mesmo carrego.
00:40:35Caramba.
00:40:36E.
00:40:37Ele falou.
00:40:38Não.
00:40:39Você vai ser internado.
00:40:40A gente vai te internar e vai cuidar de você.
00:40:41É.
00:40:42Aí fui internado na Maia.
00:40:43Eu cheguei completamente fora.
00:40:44Demorei uma semana pra aterrissar.
00:40:46Aí tipo.
00:40:47O.
00:40:48O Mauade.
00:40:49Que era um psiquiatra.
00:40:50Ele falou.
00:40:51Putz.
00:40:52Difícil esse cara.
00:40:53Que eu tava.
00:40:54Barrento.
00:40:55Aí a Caterine.
00:40:56Que depois foi minha psicóloga tal.
00:40:57Manda pro Moreira.
00:40:58Moreira.
00:40:59Na época era terapeuta holístico.
00:41:00Hoje ele fez pós em psicanálise e gestão hospitalar.
00:41:03Aí.
00:41:04Com o Moreira.
00:41:05Quando eu bati o olho nele.
00:41:07Bateu.
00:41:08Porque eu senti respeito.
00:41:09Aí ele foi me ajudando.
00:41:10Aí ele foi me ajudando nos passos.
00:41:11Me explicando.
00:41:12Aí ao mesmo tempo eu comecei a respeitar a Caterine.
00:41:14Comecei a respeitar o.
00:41:15O Mauade.
00:41:16Todo mundo daqui a pouco.
00:41:17E aí você entendeu a doença.
00:41:19Entendi.
00:41:20Aí eu virei o líder da oração.
00:41:21Eu acordava todo mundo.
00:41:23Eu fazia bagunça.
00:41:24Eu fazia todas as atividades.
00:41:25Só que eu não vi a hora de sair pausar.
00:41:28Não tinha entrado na minha cabeça ainda.
00:41:30E a minha psicóloga me explicou.
00:41:32Você só vai parar quando você entender tudo.
00:41:35Porque você.
00:41:36Enquanto você não entender tudo.
00:41:37Do passo a passo dessa doença.
00:41:39Em todos os aspectos.
00:41:41Você não vai parar.
00:41:42E o que você não tinha entendido ainda?
00:41:44Não.
00:41:45Eu já tinha entendido que era um adicto.
00:41:47Que era uma doença.
00:41:48Eu já sabia como funcionava a ketamina.
00:41:49E o que você não sabia que você.
00:41:51Que fazia com que você.
00:41:52Tivesse muito claro na sua cabeça.
00:41:54Eu vou sair.
00:41:55E vou voltar a usar.
00:41:56Vou voltar a usar.
00:41:57Até porque também.
00:41:58Meu amigo.
00:41:59O Davis.
00:42:00Fez o favor.
00:42:01De falar para a boate toda.
00:42:02Que eu fui internado.
00:42:03E uma vez que você é internado.
00:42:04Você é.
00:42:05Tirado da turma.
00:42:06Então.
00:42:07Eu não podia mais sair também.
00:42:08Porque também era área de risco.
00:42:10E aí.
00:42:11Eu usava às vezes em casa.
00:42:12Sozinho.
00:42:13Assistindo.
00:42:14Algum tipo de série.
00:42:15Alguma coisa assim.
00:42:16Ela falou assim.
00:42:17E eu continuei fazendo terapia com Moreira.
00:42:19Continuei fazendo terapia com Mauade.
00:42:21E com a Caterine.
00:42:22E ela falou.
00:42:23Você vai entender o que eu estou te falando.
00:42:24Você só vai entender.
00:42:25Quando você descobrir.
00:42:26Aí.
00:42:27Na pandemia.
00:42:28Eu tive uma recaída.
00:42:29Que eu precisei me internar de novo.
00:42:30Me internei com Moreira.
00:42:31Aí.
00:42:32Eu fiquei quatro meses.
00:42:33E pedi para ele.
00:42:34Falei.
00:42:35Posso ficar três meses aqui na Moreira.
00:42:36Que hoje é a Casa do Alto.
00:42:37Que é essa aqui.
00:42:38Que eu trabalho.
00:42:39A Casa do Alto.
00:42:40A Moreira virou a Casa do Alto.
00:42:41Ele falou assim para mim.
00:42:42Evandro.
00:42:43Eu falei.
00:42:44Eu posso ficar como.
00:42:45Voluntário.
00:42:46Por três, quatro meses.
00:42:47Eu quero entender.
00:42:48A parte dos terapeutas e tal.
00:42:50E aí.
00:42:51Foi a segunda parte.
00:42:52Que eu entendi.
00:42:53Como funciona um terapeuta.
00:42:54Como funciona a cabeça de um psiquiatra.
00:42:55Como funciona o hall.
00:42:57A farmácia.
00:42:58A medicação.
00:42:59Eu queria entender essa parte.
00:43:01A parte.
00:43:02Eu já entendi a minha parte de usuário.
00:43:04Eu queria entender a outra parte dos terapeutas.
00:43:06Comecei a dar grupo.
00:43:07Aprendi bastante coisa.
00:43:08E aí.
00:43:09A gente.
00:43:10Por ego.
00:43:11Obviamente.
00:43:12Todo discípulo.
00:43:13Briga com o mestre.
00:43:14Eu briguei com ele.
00:43:15Por que você brigou com ele?
00:43:16Ah.
00:43:17Porque na época.
00:43:18A gente ficou muito famoso.
00:43:19Eu fui o primeiro a abrir.
00:43:20Então.
00:43:21Era muita gente.
00:43:22Era.
00:43:23Geraldo.
00:43:24Indo lá.
00:43:25E.
00:43:26Record.
00:43:27A gente começou a fazer um podcast.
00:43:28E aí.
00:43:29Muita gente começou a colocar o olho em cima.
00:43:30A família dele teve ciúme também.
00:43:31Sabe.
00:43:32De mim.
00:43:33Todas as pessoas tinham ciúme de mim.
00:43:34Todo mundo queria tirar um pedaço da gente.
00:43:36Porque.
00:43:37O que acontece.
00:43:38O Moreira me colocou num mundo novo.
00:43:40Que era o mundo da dicção.
00:43:42Do estudo.
00:43:43Da coisa.
00:43:44Eu me tornei um estudante disso.
00:43:45E você colocou na mídia?
00:43:46Na fama.
00:43:47Na mídia.
00:43:48Na exposição.
00:43:49Na visibilidade.
00:43:50É.
00:43:51E os dois se dão muito bem.
00:43:52Porque ele é extremamente ao meu contrário.
00:43:53Certo.
00:43:54Ele é reservado.
00:43:55Certo.
00:43:56Ele é sarcástico.
00:43:57Ele é elegante.
00:43:58Ele pensa no que ele fala.
00:43:59E por que que ele...
00:44:00Ele é id e eu sou superego.
00:44:02Perfeito.
00:44:03Não.
00:44:04Eu sou id e ele é superego.
00:44:05E aí a gente brigou por causa de...
00:44:07De produtora.
00:44:08De ganância.
00:44:09Eu saí da clínica dele.
00:44:11E fui morar em Atibaia.
00:44:12Numa residência assistida.
00:44:15Que é onde você pode fazer o que você quiser.
00:44:17Continuei meus estudos.
00:44:18Aí continuei a palestra em algumas clínicas.
00:44:20Eu fiquei um ano e sete meses.
00:44:23Tranquilo.
00:44:24Até sem transar.
00:44:26Só.
00:44:27Eu adorava acordar cinco horas da manhã.
00:44:29E fazer as coisas.
00:44:30Até que eu fui convidado pra abrir uma clínica em São Carlos.
00:44:32Não é uma clínica.
00:44:33Uma residência com 14 pessoas.
00:44:37Só que aí...
00:44:38Aquele pessoal é tão mau caráter.
00:44:40Tem muita gente com mau caráter em São Carlos.
00:44:41E eu falo isso na cara dura.
00:44:43É uma gente que fala coisas horríveis.
00:44:44Tipo.
00:44:45Fulana é mãe solteira.
00:44:46Fulana tinha um áudio e agora tem um Peugeot.
00:44:49É uma sociedade muito hipócrita.
00:44:50Hipócrita.
00:44:51Quanto mais você se afasta de São Paulo, mais hipócrita fica as coisas.
00:44:54E...
00:44:55Hipócrita em que sentido?
00:44:57Hipócrita.
00:44:58Um fala da vida do outro.
00:44:59As pessoas não se...
00:45:01O interior é hipócrita.
00:45:03Tipo.
00:45:04Fala mal do outro, mas todo mundo tá fazendo a cagada.
00:45:06O interior é hipócrita.
00:45:07O interior é falso.
00:45:08Uhum.
00:45:09Raras cidades.
00:45:10Não assim.
00:45:11São José que aqui perto.
00:45:12Já querem ir.
00:45:13Essas coisas.
00:45:14Já ir.
00:45:15Aí eu fui lá pra montar com o grupo da Adriana.
00:45:18Que era um grupo bem bom.
00:45:20Só que...
00:45:22O sócio começou a roubar.
00:45:24A essa altura você já tinha parado de usar droga?
00:45:26Não.
00:45:27Já tava um ano e sete meses.
00:45:28Bicha limpo.
00:45:29Sem...
00:45:30Sem transar.
00:45:31Sem nada.
00:45:32Nem sexo eu queria.
00:45:33A gente tá falando isso mais ou menos no meio da pandemia.
00:45:35Não.
00:45:36Já tava depois da pandemia.
00:45:37Porque você...
00:45:38Então eu vou fazer um parênteses.
00:45:39Eu fui enterado na pandemia.
00:45:40Exato.
00:45:41Vou fazer um parênteses porque você perdeu a sua mãe nesse...
00:45:44Nesse meio do caminho, não?
00:45:45Eu perdi minha mãe quando eu completei um ano.
00:45:4622.
00:45:47É.
00:45:48Em 2022, certo?
00:45:492023.
00:45:50É.
00:45:51Aí...
00:45:52Assim...
00:45:53Eu fiz toda a metodologia.
00:45:55Eu falei...
00:45:56Eu quero história da drogadição que as pessoas não sabem.
00:45:58História da drogadição.
00:45:59Eu quero filosofia.
00:46:01Eu quero aula de psicanalistas.
00:46:04Eu quero que saibam quem é Carl Rogers, Freud.
00:46:06Eu...
00:46:07Assim...
00:46:08Além dos doze passos.
00:46:09Doze tradições.
00:46:10Ahm...
00:46:11Rei bebê.
00:46:12É...
00:46:13Tudo que tem...
00:46:14Eu quero dar mais.
00:46:15Eu quero que seja tipo uma escola.
00:46:17Em que você entenda tudo sobre você.
00:46:19Porque eu sempre tive essa curiosidade.
00:46:21Aí...
00:46:22Cara...
00:46:23Teve uma decepção que ele começou a roubar a Adriana.
00:46:24Eu fiquei...
00:46:25Eu expulsei o cara da cidade, né?
00:46:26Porque eu sou o cão.
00:46:27Ahm...
00:46:28Ele começou a roubar ela.
00:46:29Ela tinha seis unidades.
00:46:30Mas ela não tinha nenhuma unidade de saúde mental.
00:46:33E eu falei pra ela...
00:46:34Viaja comigo.
00:46:35Eu vou te mostrar as coisas que eu conheço.
00:46:36Já que tibá...
00:46:37A...
00:46:38A Moreira...
00:46:40A Maia...
00:46:41Você precisa ver.
00:46:42E o outro não deixava.
00:46:43Aí eu descobri que ele tava roubando ela.
00:46:45Isso me decepcionou muito.
00:46:47Aí eu recaí.
00:46:48Eu falei...
00:46:49Não adianta fazer nada.
00:46:50Porque...
00:46:51Como é que o outro rouba a sócia?
00:46:53E isso e aquilo e tal...
00:46:54Ali eu...
00:46:55Deu uma recaída.
00:46:56Ah...
00:46:57Deu uma recaída em cocaína.
00:46:58Em São Carlos.
00:46:59Sua mãe fez você recair?
00:47:00Não.
00:47:01Não.
00:47:02Não porque...
00:47:03Mas essa decepção com esse novo propósito de vida...
00:47:05Digamos assim...
00:47:06Porque minha mãe...
00:47:07Um ano...
00:47:08Eu completei...
00:47:09Eu tava...
00:47:10É...
00:47:11Foi quando minha mãe morreu.
00:47:12Eu fui usar sete meses depois.
00:47:13A decepção com o ser humano.
00:47:14Foi aí que eu detectei isso.
00:47:15Eu falei...
00:47:16Ah...
00:47:17A decepção com o ser humano me faz recair.
00:47:19O meu problema de drogas é emocional.
00:47:21E a sua mãe te viu limpo?
00:47:23Minha mãe morreu vivendo limpo.
00:47:25Que foi legal.
00:47:26Aí depois voltei pra São Paulo.
00:47:28Eu queria voltar pro Moro.
00:47:29Mas eu achava tudo muito chato.
00:47:31Já tava essa divisão de direita e esquerda.
00:47:33E essa chatice toda.
00:47:34Eu tinha derrubado o meu Instagram por causa do Bolsonaro.
00:47:37Que eu apoiei.
00:47:38Aí ganhei um processo da meta.
00:47:40São Paulo virou inferno.
00:47:41Fui morar na Freicaneca.
00:47:42Tava tudo muito ruim.
00:47:43Eu...
00:47:44Já não gostava mais de comédia.
00:47:46Eu já não tava me encaixando em nada.
00:47:48Comecei a fazer algumas coisas.
00:47:50Algumas festas.
00:47:51Aí vai...
00:47:52Fui entrar num...
00:47:53Aquele hotel Braston.
00:47:54Que eu até processei.
00:47:55Tem dois ali na Augusta.
00:47:57Me falaram que eu ia montar um...
00:47:59Um centro cultural.
00:48:00Eu entrei nessa...
00:48:01Essa mentira do...
00:48:02Do Fábio...
00:48:03É...
00:48:04Esmério.
00:48:05É o nome desse filho da mãe.
00:48:06É o dono lá do...
00:48:07É o dono lá do...
00:48:08É o dono lá do...
00:48:09É o dono, gente.
00:48:10É o que é assim mesmo.
00:48:11É o dono da mãe.
00:48:12Falou que ia fazer uma coisa cultural.
00:48:14Eu chamo um monte de artista pra ver.
00:48:15Eu acordava cinco e meia da manhã.
00:48:17Ficava até tal hora naquele teatro daquele Braston lá da Augusta.
00:48:22Tem dois.
00:48:23E aí, cara...
00:48:26A gente viu que era uma faça.
00:48:27Que era uma lavagem de dinheiro carioca.
00:48:29Que era uma quadrilha.
00:48:30Eu tava super limpo.
00:48:31Pum, recaí.
00:48:32De decepção.
00:48:34E aí...
00:48:35Como é que você vira o que você tá fazendo hoje?
00:48:38Conta o que você tá fazendo hoje.
00:48:39Beleza.
00:48:40Aí...
00:48:41E se você tá, finalmente, né?
00:48:43Limpo.
00:48:44Ou se isso ainda é um trabalho pro resto da sua vida.
00:48:46Aí passaram esses seis meses.
00:48:48Aí...
00:48:49Uma amiga minha que eu amo muito.
00:48:50A Rita.
00:48:51Psicanalista de Maceió.
00:48:52Que cuida de...
00:48:53De pessoas com...
00:48:55Carcerárias.
00:48:57Ela falou...
00:48:58Evandro, você tem uma missão.
00:48:59Que você precisa voltar pra saúde mental.
00:49:02Eu falei, como é que eu faço isso?
00:49:03Eu recaí.
00:49:05Eu tenho vergonha.
00:49:07Eu queria colocar humor também.
00:49:09Mas eu não sei.
00:49:10Ela falou assim...
00:49:11Deus te dá o caminho.
00:49:12Faz o primeiro passo.
00:49:13Pede ajuda.
00:49:14Aí eu...
00:49:15Eu falei assim.
00:49:16Eu quero uma prova.
00:49:19Eu quero uma prova de Deus.
00:49:20Aí...
00:49:22Alguém do nada.
00:49:23Que era do meio.
00:49:24Me chamou pra cuidar de uma menina que tava mal.
00:49:26Com uma T.
00:49:27Que tava cheirando muito.
00:49:28Eu fui lá ajudá-la.
00:49:29Ali eu percebi.
00:49:30Eu disse, não.
00:49:31Nisso, Moreira, me liga.
00:49:32Eu tava brigado com o Moreira.
00:49:34Eu tinha falado mal do Moreira.
00:49:35Um monte de podcast.
00:49:36Tava puto com ele.
00:49:37Mas sempre observando.
00:49:38Estalqueando ele.
00:49:39Sabendo o que ele tava fazendo.
00:49:40Sabia assim.
00:49:41Mas...
00:49:42Eu tava com raiva.
00:49:43Porque a gente...
00:49:44A gente brigou.
00:49:45Sem ter brigado.
00:49:46E a gente era sócio.
00:49:47Tinha um podcast e tal.
00:49:49E...
00:49:50E a família dele não gostava de mim nem um pouco.
00:49:52Sei lá.
00:49:53A filha tinha ciúme.
00:49:54A mulher tinha ciúme.
00:49:55Cara, era uma ciumeira.
00:49:56Porque as pacientes têm ciúme.
00:49:58E eu não faço força.
00:49:59A gente é amigo.
00:50:00E pronto.
00:50:01A gente é brother.
00:50:02Entendeu?
00:50:03Aí...
00:50:04Ele pegou e me ligou.
00:50:05Falou...
00:50:06Você não quer dar uma palestra?
00:50:07Aqui na clínica e tal, tal, tal.
00:50:09Falei...
00:50:10Tá bom.
00:50:11Eu vou.
00:50:12Dou.
00:50:13E ali...
00:50:14Eu dei a palestra.
00:50:15Você...
00:50:16Dorme em casa.
00:50:17E amanhã você vai.
00:50:18Esse dorme em casa.
00:50:19Ele nunca mais...
00:50:21Eu nunca mais voltei pra minha casa.
00:50:23Aí eu tô fechando o apartamento da Frey Caneca.
00:50:25E eu comecei a trabalhar com ele direto de novo.
00:50:28A gente começou a fazer bastante coisa.
00:50:30Aí a gente saiu da outra clínica que a gente tava.
00:50:32Que era vencer.
00:50:33Você passou a morar na Casa do Alto.
00:50:34E ajudar.
00:50:35Não.
00:50:36Eu moro com o Moreira.
00:50:37A gente vive apartamento.
00:50:38Aí ele...
00:50:39E ele...
00:50:40É muito engraçado.
00:50:41Porque ele é extremamente hétero.
00:50:43É que nem o...
00:50:44É que nem o...
00:50:45Ele é que nem o Arthur Duval.
00:50:46Tipo assim...
00:50:47E eu evando.
00:50:48Então a gente se dá super bem.
00:50:49Aí a Casa do Alto veio.
00:50:50Como um convite.
00:50:51Porque tem mais a ver com o que a gente acredita.
00:50:54É...
00:50:55Por causa de grade de...
00:50:57De...
00:50:58De paciência.
00:50:59A...
00:51:00Acolhimento.
00:51:01Cinco refeições.
00:51:02As meninas têm realmente...
00:51:04É...
00:51:05É...
00:51:06Tratamento.
00:51:07Não tem que ficar limpando clínica.
00:51:08Não tem que ficar fazendo laboterapia.
00:51:10É...
00:51:11Tem psiquiatra o tempo todo.
00:51:12Porque tem...
00:51:13Tem muita clínica que cobra barato.
00:51:14Tipo...
00:51:15Um pau e meio.
00:51:16E joga lá a menina.
00:51:17Daqui a pouco a menina vira pátio.
00:51:18A menina vira empregada doméstica.
00:51:20Inclusive tem...
00:51:21Tem clínicas que abrem como ONGs.
00:51:24Recebem como ONGs.
00:51:27Cobram dos...
00:51:29Dos...
00:51:30Dos pacientes.
00:51:31Pegam cestas básicas da prefeitura.
00:51:33E ali eles fazem a comida.
00:51:35Ainda cobram dos pacientes em condições desumanas.
00:51:37Eu já estou para denunciar para o Palumbo já.
00:51:40E nisso eles vão fazendo esse sistema que não tem tratamento.
00:51:43E mistura o paciente psicótico.
00:51:45Que é diferente do paciente adicto.
00:51:47Ou do que tem transtorno.
00:51:49Então assim...
00:51:50É...
00:51:51Essa é a nossa briga para moralizar.
00:51:53Casa do alto não.
00:51:54Ó...
00:51:55A gente faz isso, isso, isso.
00:51:56Tem esse protocolo aqui.
00:51:58Tal hora é tal hora.
00:51:59E o meu...
00:52:00O Moreira é gestor.
00:52:02O meu chefe, que é o Marcos, falou assim.
00:52:04Aqui...
00:52:05Ele falou para o paciente.
00:52:06Aqui você pode...
00:52:07Você pode dar uma de gostosa.
00:52:09Você pode dar uma de gatinha.
00:52:11Porque você está pagando.
00:52:12Se você passar do limite, a gente fala com você.
00:52:14Mas aqui é para você se sentir bonita.
00:52:15Especial.
00:52:16Para você aprender sobre você.
00:52:18Evandro, você...
00:52:21Começou disso falando que você pediu...
00:52:23Para Deus falar com você.
00:52:24E esses foram os sinais.
00:52:26E essa foi a sua conversa com Deus.
00:52:28Essas coisas que foram acontecendo...
00:52:30Te levaram a crer que você tinha um caminho nessa direção.
00:52:34Estou correndo?
00:52:35Ele já tinha avisado antes.
00:52:36Porque...
00:52:37Perfeita.
00:52:38E aí você vira evangélico.
00:52:39Virei.
00:52:40Virei cristão.
00:52:41Como é que é isso?
00:52:42Maravilhoso.
00:52:43Porque eu...
00:52:44O meu...
00:52:46O meu Instagram, na época das eleições, foi derrubado.
00:52:49Porque eu, sendo macumbeiro, estava defendendo os gays evangélicos.
00:52:52Estavam sendo atacados por gays de esquerda.
00:52:54Falei, deixa o bicho ser evangélico.
00:52:55Eu vi louvor.
00:52:56Gente, é para isso que a gente lutou.
00:52:58Entende?
00:52:59Deixa o viado ser evangélico.
00:53:00Tua religião aceita a sua sexualidade numa boa?
00:53:03Hum...
00:53:04Cara, eu acho assim.
00:53:06Eu não conseguiria fazer as coisas que eu fazia antes.
00:53:08Hum...
00:53:10De...
00:53:12De direto ao assunto.
00:53:13Porque o gay é assim.
00:53:14Ele vai direto ao assunto.
00:53:15Quando eu namorava.
00:53:16Eu sempre fui um bom namorado fiel.
00:53:17Mas, obviamente, eu vou namorar alguém.
00:53:19Entendeu?
00:53:20Mas, com...
00:53:21Com respaldos.
00:53:22Tipo, você conhece.
00:53:23Conversa.
00:53:24Vê se bate a conversa.
00:53:26Essa...
00:53:27Mas a sua religião aceita e respeita a sua sexualidade?
00:53:30A religião, eu não sei.
00:53:31Mas Jesus aceita.
00:53:32Ele me fez desse jeito.
00:53:33A religião, eu não me importo com isso.
00:53:36Eu não me importo se o pastor gosta ou não.
00:53:39Mas Jesus me fez assim.
00:53:41Se não, eu tenho ereções com mulher.
00:53:43E eu já tentei.
00:53:44Não sobe.
00:53:45E isso não faz de mim um cara...
00:53:47Eu sou um...
00:53:48E isso é o desafio.
00:53:49É ser cristão, gay e de direita.
00:53:51De direita.
00:53:52É uma nova ordem.
00:53:53É que você...
00:53:54Não precisa ficar se lambendo o tempo todo.
00:53:56Ou lacrando que nem a esquerda pra mostrar que você é gay.
00:53:59Deus me fez exatamente assim.
00:54:01Pra desafiar o mundo.
00:54:02Pra questionar o mundo.
00:54:04A direita aceita bem a sua sexualidade, suas decisões...
00:54:07O público sempre foi a direita.
00:54:08Sempre me contrataram pra festa de pessoas de direita.
00:54:11Eu trabalhei 12 anos pra comunidade judaica, amor.
00:54:13Uhum.
00:54:14Entendeu?
00:54:15Então assim...
00:54:16Sempre quem pagou o meu salário foi a direita.
00:54:17O pânico é de direita.
00:54:18Que tipo de opinião e de fundamento fazem com que você se considere de direita?
00:54:24Direita.
00:54:25Primeiro.
00:54:26Eu sou contra a transição de crianças.
00:54:29Completamente.
00:54:30Porque como eu já fui...
00:54:31Transição de gênero, você disse?
00:54:33É, transição de gênero, de sexo.
00:54:35Não pode a criança.
00:54:36Se eu com 12 anos, sem dúvida...
00:54:38Como é que eu vou transitar de sexo com 5, 6 anos?
00:54:42Com 5, 6 anos a criança está na fase rígida.
00:54:44Que é...
00:54:45Você tem a fase esquizóide, a fase oral, a fase masoquista, a fase psicopata e a fase rígida.
00:54:51Onde você fica sexualizado.
00:54:52Você pega o menino, transforma em menino.
00:54:54Imagina o pedófilo em cima.
00:54:55E se esse menino com 12 anos que tirou o pipiu dele, volta a se sentir homem com 13?
00:55:01Como é que fica a cabeça dessa criança?
00:55:02Com que direito você tira a criança de sonhar?
00:55:06E essas travestis e esses transexos e essa viadada que fica lacrando?
00:55:11Eles vão adotar essas crianças?
00:55:13Eles vão dar apoio psicológico a essas crianças?
00:55:15Você sabe o que é ser uma criança gay?
00:55:16Você sabe o que é ser uma criança confusa?
00:55:18Criança tem que ser criança.
00:55:19Ela tem que se cobrir por si própria.
00:55:21Não tem que mudar.
00:55:22Palavreado.
00:55:23Transição tem que ser feita a partir de 18 anos sob terapia.
00:55:28Porque eu já vi muitas se matarem que fizeram transição e tiraram pinto.
00:55:32Eu sou do tempo que as travestis se operavam em Marrocos e se matavam.
00:55:37Essa opinião te define como uma pessoa de direita?
00:55:40Não.
00:55:41E também outra coisa.
00:55:42Eu quero um país bom.
00:55:43Eu acredito em família.
00:55:45Eu acredito em pai e mãe.
00:55:47Eu acredito num país mais seguro.
00:55:51Num país melhor.
00:55:52Eu não tenho filhos, mas eu quero gente inteligente no meu país.
00:55:55Eu quero crianças crescendo inteligentes no meu país.
00:55:58Entendeu?
00:55:59Eu não gosto de...
00:56:00Eu acho que a parada gay está defasada.
00:56:03Sabe?
00:56:04Outro dia eu critiquei no Instagram.
00:56:05Engraçado, né?
00:56:06Ninguém faz uma ala para os médicos que criaram o PrEP.
00:56:10O retroviral.
00:56:11Ninguém faz uma ala para as enfermeiras.
00:56:13Ou para os assistentes sociais.
00:56:15Ou para as pessoas que curaram.
00:56:17Isso que vocês usam hoje para transar a vontade que chamam de PrEP.
00:56:20E vocês...
00:56:21E custa muito.
00:56:22Que é caro.
00:56:23Embora foi quebrada a patente no governo do Fernando Henrique.
00:56:27Isso não.
00:56:28Vocês homenageiam.
00:56:30Vocês cagam para o assistente social.
00:56:31Para a enfermeira e para o médico.
00:56:32Para o infecto.
00:56:33Nunca vi ninguém de branco homenageando a medicina.
00:56:35Que é o que mantém a gente vivo.
00:56:37Então se você pega lá seu PrEP e faz o teu exame.
00:56:41Você deve a eles.
00:56:42Não.
00:56:43Aí eu vou homenagear não sei quem.
00:56:44E para que bunda de fora?
00:56:46Gay não é bunda.
00:56:47Porra.
00:56:48A Pabllo Vittar só mostra aquela bunda.
00:56:49Quando é que essa pessoa vai subir do mapa?
00:56:50O show da Madonna.
00:56:51A Madonna.
00:56:52Foi tão humilhante.
00:56:53A Madonna põe ela no palco.
00:56:55Uma música que não estava no set list.
00:56:57Que é music.
00:56:58Coloca a bicha no palco.
00:57:00A bicha não solta a voz.
00:57:01Um minuto.
00:57:02Só rebola a bunda.
00:57:03Aí a Madonna coloca a camiseta do Brasil.
00:57:05E aí todo mundo aceita.
00:57:07Quer dizer.
00:57:08Língua loeira americana.
00:57:09Para falar que a camiseta do Brasil verde e amarelo é de todos.
00:57:13Aí todos selam a paz.
00:57:14Então.
00:57:15E ela é muito burra né.
00:57:16Tudo.
00:57:17Ela é repetitiva essa Pabllo Vittar.
00:57:19Acho ela muito chata e burra.
00:57:20Desnecessária.
00:57:21Não gosto dessa bicha.
00:57:22Virar glória groove.
00:57:23Então assim.
00:57:24É tudo muito bunda.
00:57:25O veado é bunda.
00:57:26É peito é bunda.
00:57:27Eu falei para um cara que eu estava paquerando esses dias.
00:57:29Falei.
00:57:30Cara.
00:57:31Você nunca vai ser levado a sério.
00:57:32Só tenho você pagando peitinho, peitão.
00:57:33Como é que você quer falar de espiritualidade.
00:57:35De coisas bacanas, gays.
00:57:37Você só está assim.
00:57:38Se oferecendo com o gatinho.
00:57:39Muda teu perfil.
00:57:40Tenha coragem.
00:57:41Faça que nem eu.
00:57:42Transmuta.
00:57:43Não precisa pagar.
00:57:44Mas vai transmutando.
00:57:45Nem suas vendedoras devem acreditar em você.
00:57:46Tanto que eu bloqueei ele.
00:57:47Que eu achei ele muito ridículo.
00:57:48Entendeu?
00:57:49É difícil abrir mão dos seus três quilos de bíceps.
00:57:54Para dar razão ao seu cérebro.
00:57:56Ninguém vai te levar a sério com essa ideia.
00:57:58Você vai ser sempre um objeto sexual.
00:58:01Essa visão é mais conservadora?
00:58:03Ela é uma visão de direita?
00:58:04É a lista.
00:58:05Ou é as duas coisas?
00:58:06Realista.
00:58:07Porque se eu vou no seu Instagram.
00:58:09E vejo você com o seu cachorrinho.
00:58:11Daqui a pouco eu vejo você comendo um cheesecake.
00:58:14Ou você com o seu namorado e com a sua família.
00:58:16Eu sei quem você é.
00:58:17Só te vejo de biquíni.
00:58:18Fazendo boquinha e tal.
00:58:21Eu sei que você é o que você quer.
00:58:23Infelizmente a gente posta o que a gente escolhe.
00:58:26E aí isso não é conservador.
00:58:28Isso é ser realista.
00:58:31Evandro.
00:58:32O que eu não te perguntei nessa entrevista que você gostaria que eu tivesse te perguntado?
00:58:38O mimimi.
00:58:39O mimimi.
00:58:40Não é mimimi.
00:58:41É oportunismo.
00:58:42Não existe mimimi.
00:58:43É oportunismo.
00:58:44Eu faço mãe e tenho atenção.
00:58:46Eu faço mãe e lacro.
00:58:48Eu faço mãe e ganho um iPhone.
00:58:49O que é mimimi?
00:58:50Eu não querer trabalhar muito.
00:58:51Eu querer processar meu chefe por oito horas de trabalho.
00:58:54Isso se chama oportunismo.
00:58:56Não é mimimi?
00:58:57Isso é uma geração preguiçosa.
00:58:59É uma geração que não tem coragem de falar eu te amo.
00:59:02Não tem coragem de transar sóbrio.
00:59:04Não tem coragem de encarar as coisas.
00:59:07Gente, eu vejo meninas de 16 anos com vergonha de perguntar para uma vendedora e pedir para
00:59:12a mãe.
00:59:13É uma geração que o pai e a mãe tem que se dobrar para dar.
00:59:17Não é mimimi.
00:59:18É oportunismo.
00:59:19É uma geração oportunista.
00:59:20Tanto que se você der o mais fácil, eles vão fazer.
00:59:23Então, eu não acho que tenha...
00:59:25Por exemplo, o cara processou o Emílio por 3 milhões por homofobia.
00:59:28Isso é mimimi.
00:59:29Isso é oportunismo.
00:59:30Não é mimimi.
00:59:31Esse é o seu gay.
00:59:33E o cara brinca.
00:59:34Ai, o Cristiano.
00:59:35Cara, eu sou gay.
00:59:36Pronto.
00:59:37O outro pode brincar o que for.
00:59:38Mas não.
00:59:39Eles aproveitam porque você abre um mercado processual de processos.
00:59:44E você tira vantagens disso.
00:59:46E você tira vantagens que você é negra.
00:59:47Que você é gorda.
00:59:48Que você é gay.
00:59:49Que você é trans.
00:59:50Que você é boiceta.
00:59:51Que você é isso.
00:59:52Que você é aquilo.
00:59:53E isso vira uma lacração.
00:59:55Vira likes.
00:59:56Isso se chama oportunismo.
00:59:58De pessoas que não tem criatividade ou não tem nada a oferecer.
01:00:01Então, vão criando essas pataquadas que a gente tem que aguentar.
01:00:03Pra mim, é um bando de oportunistas.
01:00:08Mais alguma coisa?
01:00:10Se você tiver algum problema com álcool, drogas...
01:00:13Liga pra mim.
01:00:14Não, vai no grupo Casa do Alto.
01:00:16Tá aqui escrito.
01:00:17Maravilhoso.
01:00:18E você vai ter contato comigo diariamente.
01:00:20Porque, geralmente, eu tô nas unidades.
01:00:22Tá lá o Moreira.
01:00:23Tá lá o Marcos.
01:00:24Tá lá todo mundo.
01:00:25Querer mandar um beijo principalmente pro...
01:00:27O Lucas Borges, que é o meu editor, que eu amo de paixão.
01:00:31Um beijo no coração do Moreira, que salvou minha vida.
01:00:34Um beijo pro Marcos.
01:00:36Toda a equipe da Casa do Alto é incrível.
01:00:38Pro meu pai, pra minha mãe, especialmente pra você.
01:00:40Pro seu stylist.
01:00:41Obrigada.
01:00:42Pro pastor.
01:00:43Eu adorei.
01:00:44Obrigada.
01:00:45Eu amei.
01:00:46Se eu pudesse, ficava aqui horas e horas.
01:00:47Estão expulsando no ponto há muito mais tempo do que você imagina.
01:00:51Esse foi o meu papo com o Evandro Santo.
01:00:54Não perde o próximo em off na semana que vem com o meu próximo convidado.
01:00:57Até lá.
01:01:06A opinião dos nossos comentaristas não reflete necessariamente a opinião do Grupo Jovem Pan de Comunicação.
01:01:17Realização Jovem Pan
01:01:19BAM
01:01:20BAM
01:01:21Comunicação Jovem Pan
01:01:31Inspector
01:01:36Veja a Patrei
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