O encerramento do segundo dia da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém, foi marcado por momentos de confusão e protestos. O tumulto ocorreu após ambientalistas e grupos de oposição tentarem se manifestar contra a exploração de petróleo na Margem Equatorial. Cristiano Vilela e Luiz Felipe D’Avila comentaram. Reportagem: Patrícia Costa Comentaristas: Cristiano Vilela e Luiz Felipe D'Avila
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00:00O segundo dia da COP30 em Belém terminou com uma tremenda confusão.
00:05A Patrícia Costa, que acompanha o dia a dia da Conferência do Clima, explica o que aconteceu.
00:10No final do dia, um grande grupo de manifestantes invadiu a área da conferência.
00:16Uma porta chegou a ser derrubada à força.
00:30Um tumulto, um segurança foi atingido na testa.
00:44Ele foi socorrido e passa bem.
00:46A organização informou que a situação foi controlada rapidamente, mas o clima continuou tenso.
00:52Do lado das discussões, o foco das negociações foi em cidades, adaptação e tecnologia.
01:00O Brasil defendeu a ideia de juntar adaptação e mitigação nas mesmas políticas urbanas.
01:06Um modelo que une redução de emissões, planejamento e desenvolvimento local.
01:12Houve evolução nas discussões sobre como levar recursos diretamente a estados e municípios.
01:18A proposta é descentralizar o financiamento climático, permitindo que as cidades tenham acesso direto a fundos internacionais.
01:26para investir em infraestrutura, alertas de desastres e resiliência urbana.
01:32A CEO da COP30, Ana Tônia, admitiu que o dia foi de negociações intensas, com sugestões positivas sobre temas específicos e avanços em relação à transição energética justa.
01:44Então você já vê posições e grandes grupos já ficando cada vez mais fortes, cada vez mais sólidas, para a gente conseguir caminhar.
01:55É o primeiro, segundo dia de COP, onde você já vê os negociadores falando de temas muito específicos na negociação, o que nos dá muita esperança que sim, a gente vai ter textos negociados.
02:09Mas quem roubou a cena foi o governador da Califórnia, Gavin Newsom.
02:14Na coletiva, ele criticou a ausência do governo Trump na conferência.
02:19Eu estou aqui porque o governo dos Estados Unidos desprezou essa conferência.
02:23Eu estou aqui porque eu quero que vocês saibam que nós reconhecemos nossa responsabilidade e reconhecemos nossa oportunidade.
02:31A Califórnia se dedica a contribuir para ampliar investimentos na geração de energia limpa.
02:36A gente reconhece que o risco climático é também um risco financeiro.
02:44Nilson lembrou a parceria assinada com o Brasil em setembro em Nova Iorque, um acordo para a cooperação em energias limpas, bioeconomia e cidades resilientes.
02:55E afirmou que a Califórnia vai estar ao lado do Brasil na ação climática.
03:00Falas foram vistas como um recado político à Casa Branca e um sinal de que os governos regionais têm assumido o protagonismo que falta às grandes potências.
03:10Num dia marcado por protestos e declarações políticas, a COP30 mostra que o clima é mais do que uma questão ambiental.
03:19Também passa por poder e justiça social.
03:22Nesta quarta, o debate segue com o tema de direitos humanos e povos vulneráveis.
03:27Entre as primeiras entregas técnicas sobre cidades e financiamento, Belém vive uma COP de vozes fortes, nas ruas e nas negociações.
03:39Cristiano Villela, na sua avaliação, a conferência vai trazer resultados positivos para o país, mesmo com ausências importantes, como é o caso dos Estados Unidos?
03:50E esse tipo de confronto e confusão que a gente viu no começo da reportagem pode trazer algum impacto até para a imagem do país?
03:58Olha, Soraya, uma COP como essa que estamos tendo no Brasil, recebendo no Brasil, ela é uma oportunidade histórica do país marcar posição referente a esse tema,
04:10um tema tão importante que salta aos olhos de todo mundo.
04:14O Brasil seria realmente algo valioso para o Brasil marcar sua posição, especialmente o Brasil, que tem elementos para se posicionar quando se trata de energia verde,
04:25quando se trata de novas matrizes energéticas.
04:28É um país que realmente tem voz.
04:30É um tema que o Brasil tem capacidade de dialogar.
04:34Infelizmente, tem alguns pontos que vêm fazendo com que o Brasil acabe aproveitando menos essa oportunidade e deixando passar possibilidades que poderiam fazer o Brasil se destacar.
04:47Uma delas, por exemplo, é esse episódio que você citou bem, essa confusão à vida num evento como esse, que é algo totalmente inadmissível
04:55e que muitas vezes é colocado de uma forma, colocado num segundo ponto de relevo, de uma forma sem o destaque devido.
05:03Não, não pode acontecer isso em um evento internacional como esse.
05:08Outro ponto é a dificuldade estrutural que Belé tem.
05:11É evidente, todo mundo adoraria um evento como esse na Amazônia, mas não tem estrutura.
05:17E o evento, ele está demonstrando isso, as críticas vão sendo demonstradas com relação à falta de estrutura para um evento como esse.
05:24Então, nesse contexto, as falhas vão fazendo o Brasil perder uma oportunidade.
05:30Seguramente vai ser um marco um evento como esse, mas poderia ser um marco muito mais significativo e alçar o Brasil a um patamar ainda maior.
05:41Dávila, como é que você está vendo esse evento como um todo, esse protesto que aconteceu ontem, mas que também acontece em outros grandes eventos.
05:47Por exemplo, fora o econômico mundial, a gente sempre tem um protesto do lado de fora, do evento e por aí vai.
05:53E por outro lado, a ausência de Estados Unidos e de uma presença mais efetiva também dos chineses.
05:58Por outro lado, veja como a gente tem uma série de possibilidades e análises, né Dávila?
06:04A gente tem o Gavin Newsom, que é um adversário concreto do presidente Donald Trump.
06:08Pode até vir a ser candidato à presidência na próxima eleição americana, dependendo de quem é o democrata ou o partido democrata escolher.
06:15E ele aproveita esse vácuo aí de ausência de Donald Trump para criticar o líder norte-americano.
06:20Como é que você vê tudo isso? Que camada você quer destacar, Dávila?
06:24Olha, Nonato.
06:25Primeiro, a tristeza num evento desse, né?
06:28Porque no fundo é isso que você acabou de falar.
06:30É usado como uma plataforma política, para cada um vai lá se posicionar politicamente.
06:35Segundo, o Brasil poderia ter uma enorme oportunidade para impor uma agenda concreta e até exemplar para o resto do mundo essa questão ambiental.
06:48Vou aqui dizer apenas dois pontos em relação ao Brasil.
06:51Primeiro, nós poderíamos ter um comprometimento do governo em atender o marco da universalização do saneamento básico.
07:00O maior problema socioambiental do Brasil hoje é a ausência de saneamento básico.
07:05E a COP é realizada numa cidade que tem o segundo pior saneamento em todas as capitais brasileiras.
07:13É uma vergonha. Está faltando água para a turma.
07:15Então, nós poderíamos ter um compromisso claro de levar saneamento básico à população brasileira.
07:22Não podemos esquecer que 100 milhões de brasileiros não têm acesso a esgoto tratado.
07:28Apenas 30 milhões hoje têm acesso a água tratada.
07:32Então, nós precisamos resolver essa questão fundamental.
07:35É um problema do século XIX que ainda não resolvemos no século XXI.
07:40Esse poderia ser um primeiro comprometimento objetivo, pragmático e sério de compromisso do Brasil
07:48com uma questão fundamental que é o saneamento básico.
07:50Segundo, é a questão do plantio em terras degradadas.
07:55Nós temos no Brasil áreas degradadas que não servem para a agricultura.
07:59Nós poderíamos ter um programa correto de plantio de árvores nessas áreas degradadas.
08:05Por que não tem?
08:07Porque a reforma agrária acaba não dando o que nós chamamos do título de propriedade para os pequenos agricultores.
08:15E por quê?
08:16Porque o MST é contra, Nonato.
08:18O MST tem um modelo de concessão e não de título de propriedade.
08:23Porque no momento que se dá título de propriedade para o pequeno agricultor,
08:27ele se torna independente e não militante do MST.
08:31Ou seja, a questão ideológica atrapalha o Brasil de atingir duas metas muito importantes para o meio ambiente.
08:39Saneamento universal e titularização de terra para pequenos agricultores,
08:44que não ocorrem porque o MST impede e inclusive assume cargos no INCRA impedindo que essa titularização seja feita,
08:54dando independência e podendo transformar essa terra em crédito de carbono ao plantar árvores.
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